
Keily - Gordinha e Fabulosa
Ela: a garota gorda que está começando – bastante ansiosa – seu último ano do ensino médio em uma nova escola.
Ele: o jogador de futebol de cara fechada que se senta perto dela.
Ele percebe que a garota nova está de olho nele e se inclina na direção dela. Ela sente o calor dele. Ele, então, coloca seu dedo sob o queixo da novata, levantando a cabeça dela para que ela encare seus lindos olhos.
“Está olhando o quê, porquinha?”
Classificação etária: 18+
Perigosamente bonito
Eu estava com o coração na boca por três motivos.
Primeiro, eu nunca tinha ido a uma festa na casa de alguém antes. Entrei e o som alto das caixas de som batia no mesmo ritmo do meu coração acelerado. Vi gente dançando, bebendo e se agarrando.
Segundo, ele estava lá. Em um piscar de olhos o encontrei no meio da multidão. Era alto, bonito e rodeado de meninas sorridentes. Mas ele só tinha olhos para mim.
Era o cara que vivia pegando no meu pé.
O terceiro motivo era por causa da bebida que eu tinha tomado e das roupas que eu estava vestindo por baixo do meu casaco comprido. Ou melhor, das roupas que eu não estava vestindo.
O cara alto, bonito e maldoso sempre tirava sarro de mim por eu ser gorda. Ele me chamava de porquinha todo santo dia. Zombava das roupas que eu usava para esconder meu corpo. Dizia que eu me vestia que nem uma freira.
Eu sorri, provavelmente por causa da bebida, enquanto olhava pra ele. Por baixo do casaco, eu só estava de lingerie. Nada de camisetões pra esconder minha barriga, nada de saias largas para esconder minhas pernas.
Só meus seios, meus quadris e minhas curvas, cobertos com um pouquinho de seda e renda.
Vamos ver o que ele acha disso.
Ninguém estava olhando para mim quando comecei a abrir meu casaco, meu coração a mil. Ninguém dava bola para a nova gordinha da escola. Ninguém além dele.
Vi seus olhos se arregalarem quando o primeiro botão do meu casaco se abriu. Ele podia ver o decote do meu sutiã de renda.
Ele veio na minha direção, ignorando as garotas tentando chamar sua atenção, abrindo caminho no meio da galera bêbada e dançante.
Abri o segundo botão, sem pensar direito por causa do frio na barriga. Mais da minha lingerie estava à mostra, a seda apertada contra meu corpo.
Antes que eu pudesse abrir o terceiro botão, mãos fortes agarraram as minhas. Olhei para cima, ele estava me encarando, com a raiva estampada em cada pedacinho do seu rosto bonito, naquele seu queixo quadrado.
“Que merda você está fazendo?”, ele perguntou. Seus olhos passaram pelos meus seios por um segundo a mais antes de me fuzilarem.
Aquilo me deu coragem. Isso é um pouco de álcool demais.
“Provando que você está errado.”
Addison, minha prima, estava me esperando no carro. Sua pele escura parecia linda sob a luz do sol, e seu cabelo castanho cacheado estava preso em um rabo de cavalo alto.
Puxei minha blusa um pouco para baixo, me certificando de que minha barriga estava coberta. A blusa larga que eu usava hoje era mais comprida que o normal, mas mesmo assim chequei duas vezes se cobria o que precisava cobrir.
“E aí?”, Addison disse quando me sentei ao lado dela.
“Oi.”
“Então, animada? Hoje é seu primeiro dia!”, ela disse toda alegre e ligou o carro. “Você vai ser a novata, Keily.”
Eu ri, seu bom humor fazendo eu me sentir melhor. “Você está falando como se eu estivesse em uma série de TV, em que os caras gatos vão se apaixonar por mim e as líderes de torcida vão implicar comigo.”
“Ei! Minhas meninas não arranham, elas socam.” Addison sorriu.
“Ah, se for assim, me lembra de cortar as unhas e aprender a lutar boxe”, brinquei de volta.
Nossas brincadeiras me ajudaram a ficar menos nervosa. Hoje era meu primeiro dia na Jenkins High.
Eu tinha morado em Remington por todos os meus 18 anos de vida, então me mudar e começar meu último ano do ensino médio em uma cidade nova era de dar frio na barriga.
A gente não tinha planejado nos mudar, mas quando a empresa da minha mãe decidiu abrir um novo escritório aqui, pediram para ela ser a gerente. Ela não pôde recusar.
Bradford era a cidade natal da minha mãe. Ela morou aqui por 21 anos, então se adaptou fácil.
Meu pai não se importava com onde iria morar, ele trabalhava de casa fazendo programação de sites.
Mas eu não queria deixar o lugar e as pessoas que eu conhecia – mesmo que essas pessoas fossem chatas às vezes. Essa mudança era para acontecer ano que vem quando eu fosse para a faculdade, não agora.
Durante as férias, tive quase dois meses para me preparar e conhecer a cidade antes de começar na Jenkins. Addison, filha do irmão da minha mãe, tinha sido uma ótima guia e uma boa amiga (ou prima).
Ela até disse que me daria carona para a escola, já que a casa dela ficava a apenas alguns quarteirões da minha. Eu achava que ela se sentia obrigada a fazer isso porque eu era sua prima.
Ainda assim, pegar carona com a minha prima era melhor do que me espremer em um banco apertado de ônibus e receber olhares tortos de outros adolescentes toda manhã.
Eu tinha passado muito por isso em Remington.
“Chegamos.” Addison buzinou, fazendo a galera no estacionamento se mexer.
Olhei para o prédio grande na nossa frente, me sentindo muito nervosa de novo.
“Bem-vinda à sua nova escola, mocinha”, minha prima brincou. Ela saiu, e eu a segui que nem um cachorrinho perdido (um cachorrinho bem grande).
Mais uma vez, puxei minha blusa para baixo, me sentindo desconfortável andando do lado da Addison.
Minha prima não era só líder de torcida, ela também estava no time de atletismo – era uma das melhores corredoras, segundo suas amigas. Obviamente, ela tinha o corpo dos sonhos de qualquer menina.
Ela era magra, mas também curvilínea e musculosa, com quase 1,80m de altura. Usando jeans apertado e uma blusa curta, mostrando um pouco da barriga lisa, parecia que tinha saído de uma revista de moda.
Eu, por outro lado, era bem mais baixa que ela. Tinha uma barriga grande, braços flácidos e pernas grossas.
As únicas partes boas do meu corpo provavelmente eram meus seios e quadris. Mas às vezes, até eles eram um problema na hora de comprar roupas.
Hoje, eu estava usando uma blusa larga – para esconder minha gordura – e uma legging preta.
Mesmo achando que essas eram minhas melhores roupas casuais, do lado da Addison, me sentia mal vestida, e muito fora de forma.
Olha só para ela: é um avião!
“Você tem seu horário, mapa e código do armário, né?”, ela perguntou quando chegamos às escadas que levavam às portas abertas da escola.
“Sim, peguei no sábado. Você não precisa ficar de babá, não importa o que minha mãe tenha te dito.” Entramos, e fui envolvida pelo barulho familiar do ensino médio.
Addison fez uma cara triste. “Keily, não estou com você porque sua mãe ou meu pai mandaram. Eu realmente gosto de passar tempo com você. Te vejo mais como uma amiga do que como prima.”
Aquilo fez eu me sentir mal pelo que eu disse.
“Desculpa. Eu só não quero te incomodar. Você já está me dando carona para a escola. Não quero ser um peso.”
“Para que servem os amigos se não for para serem um peso?”, Addison brincou, me fazendo sorrir.
Ela é perfeita.
“Quando você diz assim, faz sentido”, respondi.
“Falando em amigas, deixa eu te apresentar algumas” Ela começou a andar em direção a um grupo de garotas – todas magras, bonitas e altas. Com um olhar, qualquer um podia dizer que eu não me encaixava ali.
Disse a mim mesma para não pensar assim e tentei ignorar esses sentimentos ruins. Em vez disso, com um sorriso animado, segui Addison.
“Como está indo o primeiro dia de aula?”, nosso professor perguntou. Era nossa terceira aula do dia.
Todos gemeram e algumas pessoas disseram “Chato” e “Tudo bem”. Esses alunos não pareciam tão animados quanto o professor.
“Está nas regras da escola vocês sempre serem tão mal-humorados?” Ele suspirou e escreveu na lousa. Joseph Crones.
“Para os alunos novos aqui” – ele olhou para mim por um pouco mais de tempo – “eu sou Joseph Crones. Podem me chamar de Sr. Crones.”
Eu assenti quando ele olhou para mim de novo. Eu era a única aluna nova nessa turma?
“Já que é nosso primeiro dia de inglês, que tal nós-” Ele parou de falar quando a porta da sala se abriu.
Um garoto entrou e entregou um papel ao Sr. Crones. Eu não pude evitar olhar pra ele. Era alto, mais de 1,80m, e parecia um atleta.
Pelos músculos nos braços dele, dava para ver que o resto do corpo também era forte.
Os olhos dele encontraram os meus, e percebi que estava o encarando. Rapidamente olhei para baixo, meu rosto ficando vermelho. Eu odiava como meu rosto me entregava quando eu ficava com vergonha.
“Sr. Haynes, diga ao treinador para te liberar mais cedo ou te manter no campo com ele”, o Sr. Crones disse a Haynes.
“Diga você”, ouvi Haynes dizer baixinho enquanto andava. O professor não ouviu, ou decidiu ignorar.
Minha cabeça ainda estava abaixada, então quando vi um par de tênis Nike perto de mim, fiquei confusa e olhei para cima. Ainda tinham algumas carteiras vazias na sala, mas Haynes decidiu sentar na carteira do meu lado.
Só podia ser meu azar. Meu Deus...
Eu sabia que estava exagerando, mas o cara tinha acabado de me pegar olhando para ele. Era constrangedor. Se eu fosse minimamente parecida com a Addison, não estaria tão preocupada.
Mas eu era eu, uma garota gorda, e a gente não tinha o direito de gostar de caras bonitos como ele.
“Como eu estava dizendo”, o Sr. Crones continuou, “é o nosso primeiro dia de aula, então vou dar a todos vocês um projeto que devem terminar até o final deste semestre. O que acham?” Ele deu um sorriso simpático.
Todos gemeram de novo.
“Muito bom.” Ele queria que a gente escrevesse um trabalho de cinco mil palavras sobre qualquer obra de Shakespeare.
Durante a aula, falamos sobre como a política e a cultura da época de Shakespeare influenciaram a escrita dele.
Sinceramente, eu estava animada com o projeto. Eu gostava de literatura; era divertido.
Mas, mesmo tentando me concentrar nas palavras do Sr. Crones, eu não parava de pensar no garoto bonito sentado do meu lado. Agora que ele estava perto, eu pude sentir o cheiro do desodorante gostoso dele.
Meu Deus, ele cheirava bem demais.
Durante toda a aula, ele olhou para mim quando achou que eu não fosse notar. Eu fiquei pensando que ele ia sussurrar algo maldoso ou me passar um bilhete grosseiro. Mas ele não fez nada disso.
Então, mordi meu lábio, fazendo o meu melhor para ignorá-lo até o sinal tocar. Finalmente, coloquei as tampas nas minhas canetas e fechei meu caderno.
Mas, antes que eu pudesse guardá-lo, uma mão pousou sobre meu caderno, mantendo-o na carteira. Olhei para cima, surpresa, seguindo o braço musculoso até a carteira do meu lado.
Mechas do cabelo castanho-escuro de Haynes caíam sobre a testa dele, o que de alguma forma o fazia parecer perigosamente bonito. Um ar pensativo, mas provocador pairava sobre seus olhos muito escuros.
“E aí?”, ele disse.













































