
A Corte do Inverno 2: A Rainha do Fae
Seraphina sempre ficou presa entre dois mundos: meio mortal, meio fada e completamente indesejada. Quando ela é obrigada a formar uma aliança instável com o frio e imperioso Rei Cazimir, sua vida já perigosa se transforma em um emaranhado de segredos, traições e uma tensão que arde sob a superfície. A política da corte é letal, a magia é imprevisível e a confiança é um bem raro. Mas, enquanto inimigos se aproximam e as lealdades se confundem, Seraphina precisa escolher: proteger seu coração ou arriscar tudo para salvar aqueles que ama. Nesse reino das fadas, nada é o que parece, e o amor pode ser o poder mais perigoso de todos.
Capítulo 55
A PRISIONEIRA DO FAE - PARTE II
Caz era uma bagunça de raiva e tristeza, ódio e desejo, enquanto encarava Seraphina. Sua mente estava cheia de pensamentos dolorosos dos quais não conseguia escapar.
Mesmo agora, quando não queria nada além de apontar todos os crimes dela, de puni-la por cada verdade que Beatrix havia lhe contado apenas minutos atrás, ele não conseguia deixar de notar o quanto sua companheira era linda. O quanto era deslumbrante, mesmo com medo.
Mas uma parte maior e mais cruel via isso como prova de que ela era culpada. Por que estaria com medo dele se fosse inocente?
Foi ela quem fez isso—abriu esse buraco no relacionamento dele. Mentiu para entrar em sua cama, em seu coração. Ele estava apenas cavando ainda mais fundo. Jogando gasolina no incêndio que ela começou.
De certa forma, ele ainda não conseguia acreditar onde estavam agora, com o futuro sombrio e arruinado a seus pés.
As mentiras de Seraphina os levaram a este momento.
Alguma coisa já tinha sido real entre eles? Ou mentir sempre foi natural para sua companheira, suas mentiras tão bem escondidas que ele nunca as notou até agora?
A tristeza o atingiu como um raio, queimando-o até que ele não sentisse nada além de uma enxurrada de dor e uma tempestade furiosa que não conseguia controlar.
Então, ele não controlou.
Ele descarregou tudo nela. Queria que ela sofresse como ela fez com ele.
“Sim, eu sei tudo o que preciso saber sobre você, Seraphina,” Caz disse com uma voz sombria. “Uma serva mestiça,” ele cuspiu, odiando a palavra enquanto ainda passava pelos seus lábios. “A filha do meu inimigo. Uma fêmea que me apunhalou pelas costas a cada chance. Seus crimes contra mim são infinitos.”
Até onde esses crimes iam?
O Rei Auburn há muito tempo havia se mostrado um rei esperto. Ele teria descoberto quem Seraphina era para Caz dez anos atrás, antes mesmo de ele perceber, e planejado usá-la contra ele?
Alguma coisa entre Caz e Seraphina já foi real? Ou a sua companheira o enganou com suas palavras doces, sua temperatura excitante e seu corpo envolvente, fazendo-o sentir emoções que há muito pensava ter perdido?
Ele nunca havia sentido por ninguém o que sentia por Seraphina, nem mesmo por Celeste.
E ainda assim, Seraphina mentiu para ele tão facilmente quanto aquela mulher terrível. Seu coração apertou forte, e a dor se espalhou pelo seu corpo.
Mas não era física, era emocional. Profunda em sua alma. O tipo de dor que ele pensava ser incapaz de sentir novamente. Ele a engoliu, deixando sua raiva, seu ódio por toda essa situação vir à superfície, trazendo de volta sua fúria.
Como ele podia querer enxugar suas lágrimas e se desculpar quando era ela quem o havia machucado? Ele não sabia, mas queria. Em vez disso, cerrou a mandíbula com tanta força que sentiu um dente rachar com a pressão.
“Não é justo,” Seraphina sussurrou, sua voz engrossada pelas lágrimas. “Eu não escolhi meus pais, e nunca te traí...”
Ele a interrompeu, não querendo ouvir outra mentira daqueles lindos lábios. Não querendo que sua determinação enfraquecesse como havia acontecido desde o momento em que ela entrou em sua vida.
Amar sua companheira foi uma fraqueza que lhe custou caro, e ele precisava que isso acabasse.
“Você me fez te desejar, me enganou para me importar com você, sabendo o tempo todo que eu nunca aceitaria a filha suja do Rei Auburn na minha cama,” ele respondeu, sua voz cheia de ódio por si mesmo.
O Rei Auburn era imundo, escória, incapaz de produzir qualquer coisa além da sua própria podridão.
Era impossível encontrar essas características em Seraphina, mas Caz estava determinado a tentar. Determinado a acabar com os sentimentos batendo sem parar no seu coração em pedaços.
Tudo o que ele queria era ouvir suas desculpas, suas mentiras, acreditar em tudo o que ela havia dito. Mas se fizesse isso, só se enfraqueceria ainda mais. Ele abriria a si mesmo, e a seu povo, à possibilidade de outra traição.
O que a próxima lhe custaria? Seu reino?
“Aquela Cascavel da Morte,” Cazimir continuou com raiva, desesperado para encontrar a verdadeira motivação de Seraphina. “Foi mesmo um ataque real, ou foi um truque para chamar a minha atenção? Para que eu prestasse atenção em você, uma mestiça patética e sem valor?”
Ele distorceu sua pergunta e os insultos, formando-a de tal maneira que suas palavras soassem verdadeiras, mesmo que ele ainda não acreditasse nelas.
“Pare de me chamar assim,” Seri disse secamente, uma lágrima deslizando por sua bochecha.
Caz ignorou, se endurecendo.
Ela enxugou a lágrima rapidamente antes de agarrar a saia do vestido com força. “O que você está me perguntando, afinal?”
“O quanto você me traiu, Seraphina?” Cazimir exigiu, balançando a cabeça enquanto se forçava a continuar.
“Você me distraiu do que eu deveria fazer desde o início. Esse era o plano? Me fazer esquecer de mim mesmo e do meu plano de guerra contra seu povo? Você sabia que era minha companheira antes mesmo de vir para cá? Seu pai idiota armou outro grande plano contra mim, e você ficou feliz em tentar se tornar mais importante?”
“Ouça o que está dizendo!” Seri exclamou. “Você acha que eu planejei que você me sequestrasse? Que planejei quase morrer envenenada, só para que você me notasse? Por que eu jamais...”
“Me enganar, fazendo com que eu me importasse com você!” ele berrou, dor e tristeza grossas em sua voz enquanto suas palavras ecoavam na noite.
“Como você pode fingir que se importa comigo? Você nem sequer conversa comigo sobre isso. Você só me disse coisas cruéis o tempo todo. Você jogou uma lança em mim!” Seri gritou, a mesma mistura de emoções transparecendo em sua própria voz.
“Eu fiz a lança desaparecer antes mesmo que chegasse perto de você,” Cazimir retrucou, incapaz de responder aos outros pontos.
Se fizesse isso, então sabia que admitiria a verdade. Ele não apenas se importava com Seraphina. O que ele sentia ia muito mais fundo—e era isso que tornava toda essa situação dolorosa. Insuportável.
Cazimir sibilou, caminhando em direção a ela. Ele invadiu seu espaço, o frio saindo dele em ondas.
Apesar de tudo, a atração por ela era grande demais. Ele queria segurá-la, arrastá-la para seus braços e fingir que estava tudo bem. Mas pelo que ela fez ele passar, ele não podia ceder ao seu impulso básico e natural de encontrar conforto no toque dela.
Ele não podia arriscar outro erro, não quando isso poderia custar tudo para ele e seu povo.
E ainda assim ele não conseguiu resistir a colocar uma mão na bochecha dela, desesperado para sentir sua pele macia.
“Fazer de você minha rainha foi um erro,” ele sussurrou asperamente, sua alma chorando.
Ele acasalou com ela rápido demais. Ele havia deixado entrar alguém que poderia arruinar seu reino tão facilmente quanto salvá-lo.
Ele deveria ter sido mais cuidadoso.
Seraphina estremeceu como se ele a tivesse golpeado, e sua respiração prendeu na garganta, uma nova onda de lágrimas vindo à superfície.
Sua determinação de machucá-la diminuiu, mesmo quando ele disse asperamente, “Se eu soubesse que você era filha do Rei Auburn, nunca teria tocado em você. Como eu poderia querer alguém como você?”
Porque, não importava o que ela havia feito, o coração dela o chamava para mais perto, como uma mariposa para a chama. E a alma dele, aquela coisa sombria e danificada, ansiava pela luz dela. Precisava dela, como precisava sentir a geada no ar. Como precisava sentir o calor dela contra sua carne, e seus gemidos suaves e sensuais enchendo seus ouvidos enquanto a possuía.
Ela poderia ter fingido tudo?
“Se eu soubesse que você tinha transado com a Celeste, também nunca teria tocado em você", Seraphina disse entre dentes cerrados, outra lágrima descendo pelo seu rosto.
Os olhos dele se arregalaram de surpresa, e suas narinas dilataram.
“Isso mesmo” ela provocou. “Enquanto você descobria os meus segredos, eu estava descobrindo os seus.”
“Quem te contou isso?” ele perguntou, sua fúria parando de repente diante das lágrimas frescas que deslizavam pelo rosto dela.
Incapaz de se conter, ele as enxugou, seu coração doendo por uma razão completamente diferente agora.
Ela não reagiu ao seu toque. Era quase como se ela nem conseguisse senti-lo.
Quando ela não respondeu, seus olhos cheios de tanta confusão e dor, ele perguntou novamente. “Quem te contou isso?”












































