Logan olhou para o meu rosto, abrindo e fechando a boca várias vezes antes de limpar a garganta. "Então, Suécia, né? Ainda bem que você é loira."
Eu me certifiquei de que minha voz fosse mais forte desta vez. "Logan, o que é ser um companheiro?"
Logan suspirou e passou as mãos pelo rosto. "Um companheiro é como uma alma gêmea."
"Uma alma gêmea? Só pode estar brincando comigo."
Logan me deu um olhar chato. "Todo lobo tem um companheiro. Seu companheiro é o par perfeito para você, o único que pode equilibrar o bem e o mal."
Seus olhos encararam os meus. "Você está ligada ao seu companheiro por causa de seus genes. Quando você tem um filho juntos, sua composição genética deve produzir uma criança forte e saudável."
"Você está me dizendo que eu tenho que ter filhos com você?" Mordi a língua para não dizer mais nada. Eu tinha que lembrar que estava em uma sala cheia de outras pessoas – pessoas normais.
Logan balançou a cabeça. "Não, bem, sim, mas há mais do que isso. Um companheiro completa você; o vínculo entre dois companheiros é forte, é mágico, por falta de uma palavra melhor. Nossos destinos estão entrelaçados, Haven. Não há como escapar do destino."
Eu abaixei minha cabeça sobre a mesa, tentando absorver o que eu estava ouvindo. "Você quer dizer que eu não tenho escolha com quem eu quero me casar? Eu nunca vou me apaixonar à moda antiga?"
Logan parecia aflito. "Mas por que você quer isso? Agora que você me tem, você não sente uma conexão?"
Logan se encolheu. "Você está mentindo."
Dei de ombros e virei o rosto, não querendo mais vê-lo.
"Haven, me diga que você está mentindo."
Olhei para trás para ver seus olhos começando a ficar vermelhos na borda. Eu podia sentir a atração física em direção a ele.
A necessidade crua de confortá-lo, de lhe assegurar que tudo ficaria bem. Eu lutei contra isso.
"Eu não estou mentindo, Logan. Tô sendo muito sincera. Sinto mais uma conexão com Jude do que com você."
As palavras pareciam falsas na minha boca, como se não fosse realmente eu que as estivesse dizendo. Eu não quis dizer nada do que estava dizendo, simplesmente não conseguia lidar com a informação que acabara de obter.
Logan olhou para mim e eu vi seus olhos ficarem mais escuros.
"Eu vou te mostrar, Haven, vou te mostrar que estamos destinados a ficar juntos. Ninguém desrespeita seu Alfa e ninguém trai seu companheiro."
Ele se levantou e saiu da sala, ignorando o Sr. Gades quando ele o chamou para voltar.
Eu o encarei, tentando processar tudo. Eu estava apenas levemente ciente de que minhas mãos estavam tremendo.
Deacon caminhou até mim e tomou o lugar que Logan estava ocupando momentos antes.
"Então, vocês dois são companheiros, né?" Deacon riu e entrelaçou os dedos atrás da cabeça.
Eu rosnei para ele em resposta. "Vá embora, Deacon."
"Eu não posso resistir, não depois daquela conversa suculenta. Essa audição de lobo é boa demais, né?"
Eu dei a ele um olhar afiado. "Pra ser honesta, eu não sei."
"O que você quer dizer?" Deacon perguntou, inclinando-se para frente em sua cadeira.
Dei de ombros. "Eu não tenho nenhum poder quando sou humana."
A mandíbula de Deacon caiu aberta. "O que você quer dizer? É uma parte de quem somos, Haven; isso nos dá a capacidade de ser mais espertos que nossos inimigos, não importa em que forma estamos. Você não pode ouvir melhor, ou cheirar melhor, ou ver melhor?
Dei de ombros e desviei o olhar. "Na verdade, não. Quero dizer em forma de lobo, sim, mas não como humana."
Deacon parecia pasmo. "Logan sabe disso?"
"Por que eu confiaria em Logan? Eu nem conheço ele direito, e não gostei do que vi até agora", eu rebati.
Deacon sorriu. "Parece que esse é um assunto delicado – a coisa toda do companheiro. Acho que você não sabia muito sobre a magia da cerimônia de acasalamento, não é? Que pena, agora você está realmente interessada nisso."
Mordi meu lábio, mordendo sua isca. "O que você quer dizer com eu estou 'interessada'?"
Deacon riu. "Você não deve brincar com o processo de acasalamento, Haven, e isso é exatamente o que você está fazendo. Brincando com Jude, outro lobo macho."
Ele balançou um dedo. "Tsc, tsc, que loba travessa você é. Eu não acho que isso faria seu companheiro muito feliz agora, sabia? E você não quer mexer com seu companheiro."
Eu zombei, ansiosa para me livrar de qualquer verdade por trás de suas palavras. Eu disse a mim mesma que Deacon estava apenas me provocando.
"Eu mal o conheço, talvez possamos voltar a não nos conhecer."
Deacon riu novamente. "Você realmente não sabe nada. Seu acasalamento com Logan já começou; começou com aquele contato visual tão importante, é meio que um gatilho, sabe?"
Ele revirou os olhos e sorriu. "Já que Logan é sua alma gêmea, e os olhos são a janela da alma, faz sentido que o contato visual dê início a tudo, você não acha?"
Meus olhos se arregalaram. "O que você quer dizer com meu acasalamento com Logan?"
Deacon fingiu inspecionar as unhas e apoiou os pés em uma cadeira na frente dele.
"Bem, ele tem que reivindicar você, obviamente. Não pode ter outros lobos machos farejando, você será uma mercadoria disputada em breve, minha querida. Os companheiros Alfa são os mais fortes."
O pânico começou a subir pela minha garganta.
"Eu não quero que ele me reivindique! Eu não quero ter nada a ver com Logan, ou com essa Matilha!"
Deacon sorriu novamente. "Quanto mais você adiar a aceitação de Logan, pior será para você no final."
"Por que seria pior?"
Deacon riu, mas não foi um som feliz. "Ele é um Alfa, eles são territoriais por natureza. Os Alfas conseguem o que querem e, se não conseguem, ficam bravos."
Ele piscou para mim. "Se eu fosse você, eu me vigiaria, porque Logan não gosta que mexam com ele. Feliz acasalamento."
Com isso, ele se virou para Christine, deixando minha cabeça girando.
Caminhei entorpecida até o refeitório e fui em direção à mesa de Jude. Ele sorriu quando me viu aproximar, mas não disse nada.
"Jude?" Minha voz falhou enquanto eu falava e mentalmente me amaldiçoei por parecer fraca, carente.
Jude olhou para mim, distraído. "Sim, Haven?"
"P-posso falar com você? Sozinho, talvez lá fora?" Eu gaguejei e mudei minha postura nervosamente, meus olhos varrendo a sala para Logan.
Jude finalmente percebeu como eu estava angustiada e se levantou, então pegou minha mão e me levou para fora do refeitório. Eu segui sem questionar, sentindo náuseas.
Finalmente, estávamos em espaço aberto, e consegui respirar. Jude me puxou e nos sentamos debaixo de uma grande árvore em frente à escola.
Embora estivéssemos sentados, mantivemos nossas mãos entrelaçadas.
"E aí? O que te deixou assim?" Jude perguntou, dando um aperto rápido na minha mão. Foi uma loucura a rapidez com que me senti confortada. Presumi que este era o seu papel como Pacificador assumindo.
Mordi o lábio e olhei para o chão. "Você é um lobisomem."
Jude respirou fundo e passou a mão livre pelo cabelo loiro. "Sim, eu sou."
"Você nunca me contou."
Jude riu. "Não mesmo. Então, como você descobriu?"
"Logan me disse. Por que você não contou?"
Jude soltou minha mão. "Eu só conheço você há alguns dias, Haven. Claro, você é uma garota legal, mas ainda não posso confiar em você."
"Mas eu também sou um lobisomem!"
Jude parecia aflito, "Eu não tinha certeza se você sabia o que você era; você parecia tão ingênua. Outro lobisomem teria me farejado em um instante, mas você não parecia perceber que algo estava errado. Foi estranho."
"Eu simplesmente não posso acreditar nisso. Eu não posso acreditar que você é um lobisomem; é insano. Achei que estava sozinha".
Jude agarrou minha mão e me olhou nos olhos.
"Você não está sozinha, Haven Mathie", disse ele. "Você nunca esteve sozinha. Há uma Matilha inteira aqui, e eles estão esperando por você de braços abertos. Você está entre amigos nesta cidade."
Eu bufei, tentando afastar minha inquietação. "Eu não tenho certeza."
A testa de Jude enrugou. "Por que você diz isso?"
Fiquei em silêncio por um minuto antes de dizer: "Jude, você sabe sobre companheiros?"
Um olhar de dor passou pelo rosto de Jude; ele soltou minha mão e se afastou de mim. "Eu sei sobre os companheiros, sim."
Estendi a mão para ele, mas ele apenas se afastou.
"Logan disse que ele é meu companheiro", eu disse.
Mais dor brilhou em seus olhos. "Eu sei que ele é."
Eu recuei. "Você sabia que Logan era meu companheiro?"
Jude assentiu. "Eu sei desde o seu primeiro dia aqui, Haven. Vocês dois deixaram isso dolorosamente óbvio."
Eu engoli a seco. "Deacon disse que Logan ficaria bravo comigo se eu não acasalasse com ele. Você acha que ele me machucaria?"
Em minha mente, imaginei um lobo derrubando um veado. Engoli a seco.
Jude zombou. "Ninguém pode machucar o próprio companheiro, Haven. Dê a Logan mais crédito do que isso. Você realmente vai acreditar em Deacon?"
Ele ergueu uma sobrancelha. "Eu te disse, Logan pode ser um cara legal. Ele é um Alfa – te juro, ele está mais no controle do que qualquer um. Ele tem que estar."
Agora eu me sentia estúpida. "Ah, certo."
Jude me encarou. "Ele será um bom companheiro para você, Haven."
Senti lágrimas brotarem em meus olhos. O pânico estava mais uma vez tomando conta. "Eu não quero ser companheira dele."
E eu não queria mesmo. Eu poderia ter tido uma ideia romântica de conquistar um bad boy, mas eu não queria ficar presa a um pelo resto da minha vida.
Jude congelou. "Você não quer companheira dele?"
Eu balancei minha cabeça. "Não! Não, eu não. Ele é um idiota egoísta que pensa que é meu dono. Quem iria querer isso?"
Eu puxei uma respiração trêmula. "Toda essa coisa de companheiro é uma palhaçada, e eu não vou aceitar isso."
A expressão de Jude passou de simpática a enfurecida em questão de segundos.
"Por que você não quer seu companheiro? Você tem ideia do quão sortuda você é? Pare de sentir pena de si mesmo e aceite. Você poderia conseguir algo muito pior do que um Alfa! Nossa, Haven, você é uma pirralha!"
Eu congelei no meu lugar, meus olhos arregalados. Eu nunca tinha visto Jude tão zangado, nunca o tinha visto se afastar tanto de sua compostura habitual.
O que aconteceu com o Pacificador? Lágrimas subiram quentes e rápidas quando ele se virou e foi embora, sem se importar que ele tivesse me machucado.
Eu precisava de um amigo, e fui tola o suficiente para pensar que Jude estaria lá para mim.
Ele estava certo. Nós nos conhecemos há apenas alguns dias, e qualquer confiança que eu senti foi por causa de seu papel na Matilha, não por carinho por mim.
Levantei-me e voltei para a escola, sentindo-me perdida e um pouco sem esperança. Eu tropecei pelas portas e olhei ao redor do refeitório.
Engoli um soluço e me virei, fugindo do refeitório e pelos corredores.
Corri para fora, pensando no que deveria fazer a seguir.
Eu poderia ficar na escola e sofrer pelo resto do dia, ou poderia pular e me soltar na floresta atrás da minha casa. Me perder um pouco.
"Haven!" Eu me virei e vi Logan vindo em minha direção, parecendo zangado.
Eu me virei e estava prestes a fugir quando ele agarrou minha mão e me virou, sua expressão suavizando quando viu que eu estava chorando.
"Me diga o que está errado. Porque você esta chorando?"
Limpei minhas bochechas e funguei antes de dar de ombros.
"Haven, quem fez isso com você? Quem te fez chorar?" Ele estava ficando cada vez mais irritado a cada segundo.
"Você."
Ele congelou, e eu levei isso a meu favor. Eu arranquei meu braço de seu aperto e corri em direção a minha casa.
Era uma viagem de quinze minutos, mas em forma de lobo, eu poderia chegar lá em cinco. Corri para a floresta do outro lado da estrada e me mexi, deixando minhas roupas em farrapos atrás de mim.
Algumas horas depois, o jantar que eu havia preparado estava esquentando no forno e eu estava esperando minha tia voltar para casa.
Nem cinco minutos depois, ela o fez. Desci correndo para encontrá-la, mas imediatamente me arrependi.
"Haven, o que está acontecendo?" ela gritou, largou sua pasta e fez uma careta para mim.
"O que você quer dizer?"
Ela apertou os lábios e ergueu o celular. "Por que você faltou à aula esta tarde? Você sabe que não pode sair da escola!"
Minha tia pareceu amolecer. "Eu tenho um celular, Haven. Por que você não tentou isso?"
"Eu não tinha o número."
Minha tia estreitou os olhos e olhou para mim, como se examinasse meu corpo em busca de alguma mentira. Depois de um momento, ela sorriu: "Você está se sentindo melhor então?"
Eu balancei a cabeça. "Muito."
"Perfeito, desculpe por ter enlouquecido ali, só fiquei preocupada quando a escola ligou. Ainda estou me acostumando a ser guardiã de alguém."
Ela deu um passo à frente e me arrastou para um abraço, acariciando meu cabelo.
"Vamos lá, o jantar está quase pronto." Ela me soltou e me ajudou a colocar a mesa e servir a comida.
Infelizmente, eu tinha feito muita lasanha para apenas nós duas, então embrulhei um pouco e guardei na geladeira para mais tarde. Assim que estávamos prestes a comer, a campainha tocou.
"Eu atendo, você come", tia Sarah disse.
De repente, uma sensação estranha tomou conta de mim e eu me levantei. "Não, não, eu vou atender!"
Corri da cozinha para o corredor da frente e abri a porta. Tia Sarah me seguiu, apesar da minha insistência de que ela não precisava.
"Haven, eu disse que atenderia – oh! Olá." Minha tia veio e ficou atrás de mim, sorrindo por cima do meu ombro.
"Olá, estou aqui para verificar Haven, ouvi dizer que ela não estava se sentindo bem e queria ter certeza de que estava melhor", disse Logan.
Ele lançou um sorriso deslumbrante para minha tia e enfiou as mãos nos bolsos, parecendo encantador, inocente e genuinamente preocupado.
Minha tia sorriu de volta e reajustou sua blusa. "Que simpático de sua parte. E qual é o seu nome?"
Logan estendeu a mão para ela pegar. "Logan Evers, senhora. Prazer em conhecê-lo. Eu sou um dos colegas de classe de Haven. Também somos vizinhos; Eu moro aqui na rua."
Minha tia sorriu. "Que maravilhoso! Você gostaria de entrar, Logan? Acabamos de começar o jantar."
Logan olhou para mim e sorriu.
