A Chama nos Une - Capa do livro

A Chama nos Une

Suri Sabri

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Chapter
15
Age Rating
18+

Summary

Em seu aniversário de dezoito anos, Lydia descobre que está destinada a se casar com o rei Gabriel de Imarnia, e sua vida inteira vira de cabeça para baixo. Usando seus raros poderes de fogo e anos de treinamento, Lydia tenta resistir ao destino a todo momento.

Mas o rei Gabriel tem outros planos...

Classificação etária: 18 +

Autor Original: Suri Sabri

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Segredos e Fogo

LUCIUS VOLTAIRE, ~

Você foi convocado para a Montanha Vidente pelas Vigilantes do Destino. ~

Apresse-se e não conte a ninguém sobre esta carta. ~

O futuro de toda Ignolia depende disso. ~

Aguardamos sua chegada... ~

-SEVERINA ~

LUCIUS

Nenhum ser mortal jamais pisou dentro da caverna antiga e sobreviveu para contar a história. Felizmente para Lucius, ele não era um mero mortal.

O velho feiticeiro entrou mais fundo na escuridão, arrastando os dedos enluvados ao longo das paredes rochosas, examinando os desenhos a carvão que descreviam a história de seu mundo.

Imagens de reis e rainhas, magos e lobisomens...

Ele reconheceu uma das figuras, ele pensou. Uma pequena mancha negra heroica enfrentando o que parecia ser... um dragão.

Lucius reprimiu uma expiração forçada, pegando seu cantil e tomando um longo gole. Fazia muitos anos desde que Lucius era aquele ~feiticeiro. Ele só estava aqui agora porque as Vigilantes do Destino exigiram sua presença.

As três poderosas irmãs bruxas não eram brincadeira. Ninguém tinha vindo para esta montanha em séculos. E o motivo dessa carta, desse convite... intrigava Lucius.

Há décadas que ele não fazia magia. O que elas poderiam querer com um velho bêbado como ele?

O caminho escuro torceu e girou até que, finalmente, Lucius viu: uma abertura em uma grande caverna, iluminada por estranhas estalactites brilhantes acima.

Era uma sala do trono, Lucius percebeu. Sentadas em três tronos de mármore idênticos, estavam três mulheres idênticas.

As irmãs sagradas.

As bruxas videntes.

As Vigilantes do Destino.

"Lucius, bem-vindo..."

A do meio, que ele imaginou ser Severina, levantou-se lentamente. Ela tinha cabelos brancos e sedosos que chegavam aos joelhos. Sua pele era da cor de mel escuro e seus lábios um tom ainda mais escuro. Suas vestes prateadas abraçavam seu corpo esguio e etéreo.

Embora ela fosse idêntica às irmãs, havia uma autoridade em seu tom que dizia a Lucius que ela estava no comando.

"Já faz muito tempo que não te vemos..." Severina disse.

Eles nunca se conheceram, é claro, mas as Vigilantes do Destino podiam ver qualquer pessoa em qualquer lugar do reino. No presente, no passado ou no futuro.

Lucius sorriu com uma careta. "Eu tenho estado ocupado."

Ele percebeu então porque estava apertando os olhos. A bruxa da direita estava segurando um orbe branco brilhante cheio de energia incandescente.

Era a única fonte de luz na caverna. Era magnífico e assustador ao mesmo tempo, como se o menor movimento pudesse fazer com que explodisse.

Severina continuou: "Minhas irmãs e eu temos algo urgente para compartilhar com você".

"Se for uma missão," Lucius disse, balançando a cabeça, "você sabe, existem outros feiticeiros mais jovens , ~mais adequados—"

"Esta ordem não vem de nós, Lucius," Severina o interrompeu.

"Mas dos Deuses..."

Com isso, Lucius ficou mortalmente em silêncio. A vontade dos Deuses nunca deveria ser questionada. Ainda assim, Lucius achou que isso não soava bem. A última vez que os Deuses interferiram nos assuntos mortais, o resultado foi uma guerra de um século.

Uma guerra em que Lucius havia perdido muito.

"O que os Deuses poderiam querer de mim?" ele perguntou.

Severina se virou para sua irmã segurando o orbe e assentiu. De repente, as bruxas fecharam os olhos, murmuraram em uníssono e o orbe se ergueu no ar...

Lucius sentiu os pelos de seus braços se arrepiarem. Nunca em sua vida ele sentiu uma magia tão poderosa como esta.

A esfera começou a tremer descontroladamente no ar, ficando cada vez mais brilhante, como se estivesse prestes a explodir. Lucius ergueu a mão para proteger os olhos.

Finalmente, o orbe flutuou para descansar em um altar de pedra e, com um estalo ensurdecedor, se abriu, deixando apenas uma substância derretida branca...

"Contemple, Lucius", Severina sussurrou. "Sua missão."

Dentro da substância leitosa escorrendo do altar, havia uma pequena forma cor de rosa. E agora um estranho som ecoava nas paredes da antiga caverna.

O som do choro de um bebê.

Lá, deitado na superfície dura, nascido do próprio orbe, estava uma criança. Lucius não podia acreditar em seus olhos quando deu um passo trêmulo em direção a ela.

"Por que…?" ele gaguejou. "Quem…?"

"Ela não é uma criança comum, Lucius", disse Severina. "Ela é uma Slifer."

Essa era a última palavra que Lucius esperava ouvir. Uma Slifer ?! Eles eram apenas mitos, ele pensou. Feiticeiros que podiam controlar um dos quatro elementos da natureza.

Esse poder elemental era algo que só os Deuses podiam fazer...

"O que você espera que eu faça com ela?" ele perguntou.

A última vez que ele viu uma criança, terminou com um coração partido. Ouvir o som dos gritos desta, ver seu corpinho inocente... o perturbava profundamente.

"Segure-a, Lucius," Severina exigiu.

Ele relutantemente pegou a criança e olhou para ela.

"Você vai protegê-la. Cuide dela. Por dezoito anos. Até o dia fatídico em que seu destino se entrelaça com o do Rei."

Então por isso ~ela era tão importante. Lucius balançou a cabeça. Ele não poderia criar uma criança. O que essas bruxas e os Deuses estavam pensando?!

"Eu sei que isso deve ser difícil para você", Severina disse conscientemente. "Mas você deve fazer isso, Lucius. Por Ignolia. Pelo seu povo."

Lucius olhou mais uma vez para a criança. Ele prometeu a si mesmo naquele momento que faria o que os Deuses exigissem, mas ele não criaria laços.

Ela seria sua aprendiz, nada mais.

Ele a chamaria de... Lydia, pois parecia um nome totalmente comum. E para uma criança com destino como esse, a aparência de normalidade seria o mais importante.

"Você vê o que ela é, Lucius?" Severina perguntou. "Seu verdadeiro poder?"

O bebê olhou para ele com grandes olhos inocentes. Eles eram da cor de chamas, uma mistura de dourado, vermelho e laranja. As sombras de fogo giravam e dançavam quase como chamas reais, brilhando de forma não natural.

"Fogo," Lucius sussurrou. "Ela vai queimar o mundo se eu não tomar cuidado."

"Isso mesmo", Severina disse, acenando com a cabeça solenemente. "Você controla o destino do nosso mundo, Lucius. A filha das chamas."

DEZOITO ANOS DEPOIS...

LYDIA

"Concentre seus sentidos, Lydia! Mire com precisão!"

Embora pudesse ouvir a voz distante de um homem, Lydia só viu escuridão. Nada. E no vazio, um longo e fino poste de madeira começou a tomar forma.

Seu alvo.

"Você não deve ficar tensa! A magia só funcionará se estiver calma..."

Ela fechou os dedos em um punho, tentando abafar seu conselho de bêbado. Suas calúnias estavam apenas deixando-a mais furiosa.

Mas…

Talvez isso ajudasse.

Lydia já podia sentir o vapor quente deslizando entre seus dedos.

Um estalo e um som crepitante se seguiram. Lydia não precisou abrir os olhos para reconhecer o fogo laranja envolvendo seu punho inteiro.

Estava funcionando. Ela poderia fazer isso! ~

"Não hesite! Liberte o seu poder, Lydia! AGORA!"

Droga, velho! ~Ela não estava hesitante até ele mencionar o fato. Agora, enquanto ela arremessava a bola de fogo pelo ar, ela abriu os olhos e...

A bola de chamas voou logo ~depois do poste de madeira, chamuscando o material, mas mal o queimou. O fogo explodiu no ar com um chiado esvaziado.

Enfurecida, Lydia se virou para repreender seu guardião, mas ele nem estava prestando atenção. Deitado na grama sob uma árvore estava o outrora grande feiticeiro Lucius Voltaire.

Guardião de Lydia e única família.

Lucius estava virando o que restava de uma garrafa barata de rum élfico, com o pescoço esticado para trás, alheio.

"Sério?!" ela perguntou, cruzando os braços com um olhar feroz.

Com isso, ele se virou para considerá-la, com os olhos turvos. "Você não está praticando o suficiente, criança. O que posso dizer?"

Lydia detestava quando ele a chamava de criança. Era tão condescendente.

"Talvez se você realmente me treinasse em vez de beber o tempo todo..."

"Desculpas e mais desculpas", disse ele, acenando com a mão e tomando outro gole.

"Bem, vovô—"

Seus olhos cor de jade brilharam com intensidade súbita e sóbria. "Eu já disse para não me chamar assim!"

Lydia sorriu. Esta era a única maneira que ela sabia de irritá-lo. "Qual é o problema? Você tem novecentos e dezoito anos mesmo!"

A verdade é que, embora ele a tivesse criado, ele sempre instruiu Lydia a chamá-lo de Lucius. Por quê? Ele nunca diria. Mas todos os anos, por volta de outubro—no aniversário de Lydia, exatamente—ele ficava muito mais bêbado do que o normal.

Como hoje.

Aniversário de dezoito anos de Lydia.

"Se você me perguntar, você foi ótima, Lydia."

Lydia olhou para baixo e viu Lux se enrolando em seu pé. Ele era um gato preto com olhos amarelos penetrantes e um lado sociável. Afinal, o felino podia falar.

"Obrigada, Lux" Lydia disse com um suspiro. "Mas você também acha que peixe combina perfeitamente bem com bolo."

Ele pulou nos braços de Lydia e se aninhou contra ela enquanto ela coçava atrás de suas orelhas. Lux era seu melhor amigo desde os cinco anos de idade. Ela o encontrou em um beco atrás de uma loja de poções.

Lydia presumiu que Lux devia ter tomado um gole de algo mágico para lhe dar o poder da fala. Mas ela nunca perguntou a ele.

"Então, o que vamos fazer no seu aniversário?" ele ronronou afetuosamente.

"Boa pergunta, Lux," Lydia disse, virando-se para Lucius. "Alguma ideia, vovô?"

Mas ela ficou surpresa com a expressão atormentada no rosto do velho feiticeiro. Parecia que ele estava escondendo algo profundamente doloroso.

"Vá se arrumar para a escola," ele murmurou.

Em seguida, ele se levantou e deixou Lydia e seu gato sozinhos no quintal. Ela acariciou a cabeça de Lux.

"Tudo bem, Lux. Nós vamos encontrar algo."

"Você tem dezoito anos! É algo importante."

Lydia assentiu. Talvez ~. Mas por que isso era tão importante para Lucius?

***

A casa deles ficava no topo de uma colina em uma cidade chamada Vera, nos arredores do reino de Imarnian. Da janela do quarto de Lydia, ela podia ver as torres do palácio distante.

O palácio onde o rei, Gabriel James Imarnia, vivia e governava.

O homem mais bonito do mundo.

Ou era o que diziam.

A verdade era que Lydia sabia muito pouco sobre o rei. Mas ela sempre foi curiosa. Aparentemente, ele tinha trezentos e trinta e nove anos, mas por causa de sua magia de feiticeiro, parecia não ter mais de vinte e oito.

E ele nunca se casou por algum motivo. Então, ele ainda estava sem uma Rainha.

Às vezes, Lydia encontrava cartas seladas entre o rei e Lucius e se perguntava sobre o que poderiam ser relacionadas. Lucius não praticava magia há anos, exceto para treiná-la como usar seus poderes de Slifer.

Então, o que era?

Ela se vestiu, colocando seu horrível uniforme escolar—um avental cinza sem graça, com uma camisa de manga curta branca e uma gravata borboleta vermelha e cinza ainda mais feia—e tentou adicionar um pouco de glamour usando o máximo de pulseiras possível.

Mesmo que ela tivesse que usar a mesma roupa que todos os outros na escola, todos sabiam que ela era diferente.

Da pele cor de oliva aos cabelos, com mechas vermelhas e pretas intensas, Lydia sempre se destacou.

Seus olhos, acesos com fogo, diziam a todos na cidade que ela era uma Slifer, quer ela quisesse que eles soubessem ou não. Pelo menos a marca em seu pulso, dois S’s brilhantes entrelaçados, ela poderia esconder com a manga ou acessórios.

Contudo, principalmente, as pessoas olhavam para ela de forma estranha por causa do bruxo bêbado que por acaso era seu guardião. Lucius havia feito com que ela prometesse preservar a sua virgindade.

Por quê? Sinceramente, depois de todos esses anos, Lydia se cansou até de perguntar. Mas ela obedeceu com a esperança de um dia entender.

Quando finalmente ficou pronta, Lydia desceu correndo as escadas com Lux correndo atrás dela.

"Certo, estamos prontos!"

"Bom," Lucius resmungou, estendendo a mão. "Estou com pressa. Então…"

Lydia conhecia o procedimento. Quando Lucius não estava a fim de viajar a pé, ele os teletransportava para onde precisassem ir. Ela pegou a mão dele e abriu a bolsa para que Lux pudesse entrar.

"Vamos", disse ela.

Com um redemoinho repentino, o mundo girou ao redor deles e eles foram transportados.

Lydia piscou, ajustando-se ao novo ambiente, então franziu a testa.

"Vovô..." ela disse, confusa. "Onde…?"

"Eu disse para você não me chamar assim," ele disse, com firmeza.

Ele dobrou uma esquina e Lydia o seguiu rapidamente, chocada ao ver os enormes portões do palácio Imarnian diante deles. O que eles estavam fazendo aqui? ~

"Talvez seja uma surpresa!" Lux ronronou da bolsa de Lydia. "Para o seu aniversário!"

"Lucius", disse ela, usando o nome que ele preferia. "Você vai me dizer o que está acontecendo?"

Lucius se virou e suspirou, com os olhos voltados para baixo. "Há algo que preciso lhe contar, Lydia. Algo que eu deveria ter contado a você anos atrás..."

Agora, Lydia sentiu seu estômago apertar em um nó. O que quer que estivesse por vir não era bom. Até aí, ela sabia.

"O que, Lucius?" ela perguntou em um sussurro.

Ele se virou para considerar o palácio. "Anos atrás, três bruxas poderosas me disseram que esse dia chegaria. O dia em que o seu destino e o do rei se entrelaçariam. No seu aniversário de dezoito anos."

"Entrelaçariam?" Lydia perguntou, sentindo sua mente girar. "O que isso significa?"

Ele se virou para observá-la, com seus olhos verdes cheios de emoção descuidada.

"Lydia, hoje... você será reivindicada pelo rei."

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