Disfarçada no Motoclube - Capa do livro

Disfarçada no Motoclube

M. Wolf

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Chapter
15
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18+

Summary

Vanessa, encarregada de se infiltrar em um clube local de motociclistas suspeito de atividades ilegais, se vê atraída por um mundo áspero e complexo que nunca esperou. Sua missão é clara: ganhar confiança, coletar evidências e reportar. Mas à medida que ela se torna parte desse grupo unido e caótico, a realidade começa a se confundir, e suas lealdades vacilam. Presa entre o dever e a atração magnética por um certo gigante mal-humorado de olhos cinzentos, Vanessa enfrenta um dilema impossível. Quando todos ao seu redor têm segredos e a traição parece inevitável, Vanessa precisa decidir se a verdade vale o custo—ou se seu coração a levará por um caminho diferente.

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Capítulo 1: Um Desafio

VANESSA

Olho para cima e para baixo da rua com cautela, ajeitando o capuz sobre minha cabeça. Tudo parece tranquilo. Dou uma última olhada para trás antes de me apressar em direção à delegacia, cabeça baixa, carregando uma sacola com comida.

Faz tempo que não venho à delegacia. Abro um sorriso largo ao ver a Mary na recepção. Ela ergue os olhos do computador quando entro e se levanta num pulo para me abraçar.

“Que bom te ver de novo! Como vão as coisas?", ela pergunta. Pego um pote da minha sacola.

"Lentas, é hora de uma reunião. Toma". Ofereço o pote a ela. “Rolinhos de canela, feitos hoje cedo, ainda quentinhos.”

O rosto dela se ilumina com um sorriso. Sei que os rolinhos de canela são sua paixão.

“Você é demais! Boa sorte", ela deseja enquanto me afasto.

Vou apressada para os fundos do prédio, onde fica meu departamento. Ouço vozes graves e sigo o som até a sala de reuniões.

Nossa equipe é formada por policiais à paisana. Trabalhamos principalmente em casos sigilosos. Jack Hall é nosso chefe. Temos várias funções, mas minha principal missão no momento é me infiltrar num motoclube local chamado Red Devils.

“Vanessa! Ah, adoro quando você vem cheia de comida", alguém exclama quando entro. Rio e balanço a cabeça, colocando os doces na mesa.

“Também senti sua falta, Mick", digo, e ele me envolve num abraço de urso.

Mick é meu parceiro. Ele e Jack são meus principais contatos no trabalho. Mick cuida do caso dos Red Devils do escritório, mas também faz outros trabalhos policiais.

Ele é um homenzarrão, principalmente na barriga. A esposa dele, Alice, não curte muito meus quitutes, porque a obriga a comprar roupas maiores para o Mick toda semana. Palavras dela, não minhas. Não tenho culpa se ele come feito um leão. Ele só precisa aprender a se controlar.

“Ela andou ocupada de novo!", Jack grita do outro lado da sala.

Jack Hall é nosso chefe e meu amigo. Tem 55 anos, mas ainda parece ter 30.

Sentamos à mesa com café e a comida que eu trouxe. É um grupo pequeno agora, porque esta reunião é só sobre o motoclube.

“Certo, então, o trabalho com os Red Devils", diz Jack, olhando suas anotações e esfregando a testa.

“Como vão as coisas com aqueles encrenqueiros, Nessie?", pergunta Brady, um colega que adora dar apelidos sem graça.

Eu o encaro com um olhar feio, e ele ergue as mãos em sinal de rendição.

“As coisas estão quietas", digo. “Quietas demais. Estou lá há quanto tempo? Quatro meses? E ainda não tenho nada para contar.”

Eu me aproximei da Morgan, esposa do Hammer, o presidente. Ela me contou outro dia que o motoclube costumava fazer umas coisas ilegais. Mas, desde que o Hammer assumiu o lugar do pai, tudo entrou na linha.

Eu me recosto na cadeira.

Ao meu lado, Jack faz um ruído e balança a cabeça. Continua esfregando a testa, parecendo irritado.

“Você não vai me convencer que não tem nada de errado rolando lá”, ele diz, franzindo o cenho. “Minhas fontes me dizem que eles estão fazendo uns negócios suspeitos.”

Dou de ombros. “Você nunca me disse de onde vieram essas informações, Jack. Mas vou te falar, até agora, está tudo na santa paz. Estou me aproximando do Navy, então talvez consiga algo útil dele. Ele é o irmão caçula do VP Steel, então dá para imaginar que eles conversam.”

Jack e Brady acenam com a cabeça, mas Mick me olha pensativo.

“Vê se consegue chegar mais perto do VP”, ele sugere. “Ele está no motoclube há mais tempo que o irmão, não é?”

Balanço a cabeça. Eu me aproximar do Steel? Só de pensar nisso já me dá arrepios.

Lembro do dia em que o conheci — um cara grandão e musculoso que nunca sorria. Eles estavam me entrevistando para o trabalho na cozinha, e o VP me olhou como se eu fosse um inseto.

Enquanto eu esperava do lado de fora do escritório pela decisão deles, ouvi-o dizendo ao presidente que não achava que eu seria boa para o trabalho.

“Parece mais uma garota para os Devils do que uma funcionária”, ele disse. “Os caras vão todos querer dar em cima dela. Vou ficar surpreso se ela souber descascar uma batata.”

Agora, sempre que me vê, ele vira a cara como se não gostasse de olhar para mim.

“Foi mal, Mick”, digo. “Isso não vai rolar. O Navy é fácil de conversar, do tipo animado. O irmão dele, o VP? Totalmente diferente. Ele é muito fechado e distante comigo. Simplesmente não dá para trocar ideia com ele.”

Às vezes, acho que o VP percebe que não estou realmente interessada no motoclube pelos motivos que falei para eles. Eu ficaria com medo de chegar muito perto dele — ele parece ser do tipo que não confia em ninguém.

“Parece que você precisa se esforçar mais com esse cara, Vanessa”, diz Brady. “Todo homem curte alguma coisa. Vê se consegue descobrir do que ele gosta. Talvez possa usar seu charme e fazer ele gostar de você.” Ele sorri de um jeito malicioso, e eu reviro os olhos.

“Não vou usar sexo para conseguir informações, Brady. Deixo esse tipo de coisa para você”, digo irritada, e ele ergue as mãos em sinal de rendição novamente.

“Pelo menos parece que a Ink's Tattoo Shop é honesta”, diz Mick, mudando o assunto do comportamento chato do Brady. “Não acho que vamos encontrar nada de errado lá. Achei uns documentos fiscais, e tudo parece em ordem. Além disso, a loja parece estar funcionando como um estúdio de tatuagem normal.”

Lanço um olhar agradecido para Mick, e ele pisca rapidamente para mim.

“Beleza, valeu pelas informações, Mick”, diz Jack. “Preciso ver algum progresso neste caso, então sugiro que você tente investigar mais a fundo, Vanessa. Vê o que consegue descobrir. Tenho certeza que tem algo lá.”

Aceno com a cabeça. Se tiver algo para achar, vou achar. Odeio traficantes de drogas, porque já vi muita gente morrer por causa de drogas no meu trabalho.

Falamos sobre mais algumas coisinhas, e a reunião termina. Brady e Jack saem da sala, mas Mick pega outro rolinho de canela, e eu balanço a cabeça para ele.

“O que foi?”, ele diz com a boca cheia, e eu começo a rir.

“Você sabe que vou receber outra ligação brava da Alice se continuar comendo assim.”

Ele revira os olhos — mas seu sorriso é gentil. A Alice precisa parar de se preocupar tanto”, diz ainda mastigando. “Ela só teve que me comprar calças novas uma ou duas vezes. Não conta para ela que eu falei a primeira parte.”

Balanço a cabeça, ainda rindo. Então pergunto: “O Jack tem andado muito ocupado ultimamente?”

Ele parece surpreso. “O Jack está sempre ocupado, não está? O homem praticamente mora aqui.”

Concordo. “Verdade, mas ele parecia cansado e ficava esfregando a testa como se estivesse com dor de cabeça.”

Mick olha pela janela enquanto pensa. “Este caso está fazendo o Jack trabalhar pra caramba, eu acho”, ele diz. “Ele está sempre falando sobre isso. Precisa que dê certo. Além disso, acho que ele está tendo uns problemas com o filho de novo.”

Faz sentido. O filho do Jack é adulto, mas ainda parece preocupar muito o pai. Às vezes, ele vem à delegacia, e os dois entram no escritório do Jack por um tempo antes do jovem sair correndo parecendo irritado.

“É, bom... se o Jack continuar assim, vai ficar doente de estresse. Realmente não acho que tem algo de errado para achar no motoclube, mas vou fazer o meu melhor para descobrir.” Eu me levanto para sair.

“Toma cuidado, Vanessa. Quero ver você de volta inteira”, diz Mick.

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