
“Ei, Chance! Estamos saindo em cinco minutos!” ouço um dos meus amigos gritar lá de baixo. Vamos para uma cidade chamada Woodridge, a uns trinta minutos de moto daqui.
Vamos nos encontrar com um novo fornecedor. Tivemos problemas com os antigos. Tentaram roubar nossas drogas e machucaram um dos nossos. Eu os fiz pagar por isso. Não gosto de gente que mente ou rouba.
Na verdade, não gosto muito da maioria das pessoas.
Exceto pelo meu grupo, os Hell Razors. Sou o segundo no comando, como meu pai era. É a única vida que conheço. E estou de boa com isso. Se você me machucar, eu te machuco mais. Se você machucar minha família, aí eu te ferro de verdade.
Ralo pelo grupo, pego mulheres e curto muito. O grupo é minha família. Não tenho mais família de sangue, mas esses caras são como meus irmãos.
Chegamos a Woodridge em menos de vinte e cinco minutos. Hoje é só para conversar com os fornecedores, não vamos comprar nada ainda. Não confio fácil nas pessoas. Paramos numa loja grande nos arredores da cidade.
Uns caras abrem o portão pra gente, e entramos. Cinco homens de outro grupo chamado Twisted Reapers saem pra nos encontrar.
São um grupo de cidade pequena tentando fazer negócio com grupos de cidades maiores. Estão oferecendo um bom negócio em drogas, então decidi falar com eles.
Desço da minha moto com dez dos meus homens e me aproximo dos cinco caras com cara de nervosos.
“Ouvi dizer que vocês têm uma oferta que não dá pra recusar”, digo pro segundo no comando deles, Trigger.
“Sim, senhor. Nos encontre aqui a cada duas semanas, e te daremos cocaína de qualidade pela metade do preço normal”, ele me diz.
Eu rio.
“Metade do preço? Qual é o truque?” Agarro o pescoço dele, fazendo seus homens sacarem suas armas pequenas. Meus homens sacam suas armas maiores, e os Twisted Reapers param, sendo espertos.
Aperto o pescoço de Trigger com mais força e olho nos olhos dele.
“Por que vocês tão fazendo isso? Não gosto de ser enrolado!” grito pra ele.
“Não tô te enrolando, cara!” Ele tenta respirar e tirar minha mão do pescoço dele.
Eu solto, curioso pra ouvir o que ele tem a dizer.
“A gente trabalhava com um grupo perto de Chicago, mas eles foram embora. Não estamos ganhando muito dinheiro. Nosso grupo tá se desfazendo”, ele diz, tossindo. “Temos a polícia comprada nessa cidade. Ninguém vai fazer perguntas se você passar por aqui de vez em quando.”
Ele tem um ponto. Mas se as drogas são tão boas quanto ele diz, não deveria ter problemas pra vender. Ou tem algo errado com elas, ou ele é ruim de venda. Acho que é a segunda opção.
“Me mostra as drogas”, digo. Trigger acena e me entrega um papelote pequeno.
“Que é isso?”
“Achei que você só quisesse uma amostra”, ele diz, parecendo assustado.
“Tá vendo quantos homens eu tenho? Todo mundo precisa experimentar antes de pensar em comprar de você.”
Ele acena e me entrega mais três papelotes. Dou um tapinha no ombro dele. “Eu te ligo”, digo antes de voltar pra minha moto.
No caminho pra fora da cidade, paramos num barzinho. Todo mundo quer experimentar as drogas, e eu quero uma bebida. Afinal, é véspera de Ano Novo.
O bar se chama Suzy's. Todo mundo lá dentro provavelmente vai ficar surpreso de ver tantos motoqueiros num lugar só. Não parece ser um lugar movimentado.
Os Twisted Reapers têm uns vinte membros no total, espalhados por Illinois. Não acho que o pessoal dessa cidade veja muito eles. Meu grupo, os Hell Razors, tem uns 120 membros só em Chicago, e estamos por todo o estado. É normal ver um ou dois membros em todo lugar que a gente vai.
Entramos no bar, e todo mundo parece um pouco assustado quando chegamos. Trouxe todos os meus caras de aparência mais durona. Queria assustar um pouco os novos fornecedores.
Vou ao banheiro e experimento um pouco da cocaína. Faz minha garganta e nariz ficarem dormentes, e meus olhos lacrimejam. É forte. Experimento mais um pouco pra ter uma boa ideia de como é. Parece muito boa, mas vou ver o que todo mundo acha.
Saio do bar agora barulhento pra ligar pro líder do nosso grupo, Rage. Ele era o melhor amigo do meu pai. Eles cresceram juntos no grupo. Desde que meu pai morreu, Rage tem cuidado de mim, garantindo que eu transe, ganhe dinheiro pra ele e mantenha o grupo feliz.
Ando pro lado do prédio onde ninguém pode me ver.
“Como estão as drogas?” ele pergunta no telefone.
“São muito boas. Vou te trazer um pouco pra experimentar em algumas horas.” Ele grunhe e desliga. Volto pra frente do prédio e subo as escadas até a entrada.
Uma mulher pequena com cabelos castanhos e uma blusa vermelha justa tá bloqueando a porta. Ela é muito pequena comparada a mim, eu tenho um metro e noventa. Ela é pequena comparada a qualquer um.
A única coisa grande nela é a bunda - eu adoraria fazer coisas com aquela bunda! Ela é muito gostosa vista por trás.
Ela dá um passo pra trás e esbarra em mim, quase caindo, mas se recupera. Então ela se vira e olha pra mim com os olhos mais azuis que já vi.
Mas isso não é uma mulher. Não acho que essa garota tenha nem dezoito anos! O que ela tá fazendo nesse bar tão tarde? Então, pergunto pra ela. Ela só me olha como se eu fosse a coisa mais interessante que ela já viu.
Essa garota parece inocente demais pra estar aqui. Digo pra ela que acho que ela é muito jovem, e ela de repente fica corajosa, responde e se afasta. Mas não antes de eu avisar ela.
“Não sou criança”, ela diz, parecendo irritada. “E não tenho medo de você.”
Sorrio, ouvindo risadas altas e copos tilintando. Se essa garota continuar indo a bares nessa idade, ela vai encontrar problemas.
“Ainda não tem medo”, digo, avisando ela. “Mas deveria ter. Porque uma vez que você entra neste mundo, não dá pra sair.”
Ela tenta pensar em algo esperto pra responder. Quando não consegue, faz um som irritado e se afasta. A calça jeans serve tão bem nela, não posso deixar de olhar pra bunda dela. E já falei dos peitos? São perfeitos.
Ela também tem lábios que parecem muito gostosos. Quero morder o lábio de baixo dela e ouvir ela fazer um som suave.
Observo enquanto ela se senta no bar, e a mulher mais velha que trabalha lá sorri pra ela. Parece que elas se conhecem.
Sento com meus amigos por um tempo, mas por algum motivo, não consigo parar de olhar pra essa garota. Ela parece perdida e frágil, mas tá sentada num bar cheio de motoqueiros e homens velhos, parecendo muito confiante.
Mesmo ela parecendo muito jovem, posso muito bem tentar falar com ela. Ela pode só parecer nova pra idade, e eu não sou velho - tenho só vinte e um anos.
Enquanto eu a observo, vejo que não tá usando maquiagem - não que precise. A pele dela é perfeita, e os cílios são tão escuros e grossos que ela não precisa de maquiagem nos olhos.
Ando até ela. Ela tem sobrancelhas escuras e cheias que tenho certeza que outras garotas invejam, e elas se juntam quando ela me vê.
“Qual é o seu nome?” pergunto pra ela, soando mais sério do que queria.
Os olhos dela se arregalam e ela olha em volta como se tivesse se certificando de que tô falando com ela.
“Duas doses de uísque”, digo pro barman.
Olho de volta pra garota, que tá me encarando, mas não parece assustada. Ela parece interessada.
“Sou Kyra”, ela diz baixinho enquanto o barman traz nossas bebidas.
“Sou Chance”, digo pra ela.
Ela sorri pra mim com dentes brancos perfeitos. Ela tem um pequeno espaço entre os dentes da frente, mas na verdade deixa ela ainda mais bonita.
“Que nome legal.”
Entrego pra ela uma das doses, e brindamos. Ela bebe a dose muito bem. Eu realmente gosto disso, e meu corpo também.
Bem quando tô prestes a perguntar pra essa garota linda quantos anos ela tem, a porta da frente se abre, e o rosto de Kyra fica branco. Ela parece que vai desmaiar. De repente, ela pula nos meus braços e sussurra:
“Me esconde!”