As Cores do Fogo - Capa do livro

As Cores do Fogo

Daphne Anders

0
Views
2.3k
Chapter
15
Age Rating
18+

Summary

Fiquei no rastro de minha destruição; satisfeito, contente, mas forçado por um desejo interno. Ela. Eu não conseguia separar minha mente do pensamento dela, nem mesmo durante a guerra. E eu sabia que estava perdido, amaldiçoado com uma única fraqueza, cercado de anseios, não mais satisfeito com minha violência. E o Dragão da Ruína sofreria a própria condenação, pelas mãos de uma criatura delicada, sem nenhum poder real, exceto o poder do desejo.

O Rei Cerion, o temível Dragão da Ruína, vive do caos e da destruição. Temido por seus inimigos e isolado por seu poder, ele acredita que é intocável—até que uma princesa inocente abala sua determinação. A força silenciosa e a compaixão inabalável da princesa Kira despertam algo que Cerion pensava estar enterrado há muito tempo: a capacidade de desejo e, talvez, de redenção. Mas quando seus mundos se cruzam, Kira precisa navegar na perigosa linha tênue entre salvar um monstro e ser consumida por ele. Será que o amor conseguirá domar o Dragão da Ruína ou sua ira ardente consumirá os dois?

Ver mais

23 Chapters

Chapter 1

Capítulo 1

Chapter 2

Capítulo 2

Chapter 3

Capítulo 3

Chapter 4

Capítulo 4
Ver mais

Capítulo 1

CERION

Acordei em lençóis de seda preta, meu corpo nu espalhado na cama grande. A luz da manhã entrava pelas cortinas, fazendo o quarto brilhar suavemente.

Olhei para as duas morenas deitadas ao meu lado, suas peles nuas reluzindo na luz do sol nascente. Eu me perguntava se era o meu charme ou o medo da minha fama que as atraía. Dei um sorrisinho.

As mulheres não resistiam a mim de jeito nenhum. Caíam aos meus pés como se eu fosse sua última esperança, sonhando em se tornar minha rainha.

Mas eu não queria uma rainha ou sequer uma namorada. Preferia casos rápidos e sem sentimentos, sem compromisso.

O conselho, no entanto, insistia para que eu encontrasse uma rainha. Se escolher uma os fizesse parar de me encher o saco, que seja, eles teriam sua rainha.

Eu escolheria alguém que não se importasse com minhas outras aventuras. Ela iria querer o nome Dani, o poder e a grana.

Uma das morenas se mexeu, sua pele roçando a minha. Não senti nada, nem um arrepio.

Era sempre assim—depois que eu conseguia foder uma mulher, eu perdia o interesse. O desejo de antes era arruinado, assim como os reinos que conquistei. As pessoas me chamavam de Dragão da Ruína—um título apropriado.

Ela se sentou, os cabelos castanho-claros caindo sobre a pele bronzeada. Me observava com os olhos arregalados, com medo de abrir a boca.

A outra já estava se vestindo, me olhando de relance enquanto se aprontava para cair fora. O quarto estava num silêncio sepulcral.

Encarei a mulher ao meu lado com um olhar duro. Ela estendeu a mão para mim, mas balancei o dedo.

“Não”, disse, minha voz gelando o ambiente. Ela rapidamente recolheu a mão e saiu apressada da cama.

“Tenham um bom dia, senhoritas”, gritei enquanto elas corriam para fora do quarto, querendo se mandar o mais rápido possível.

Deitei de volta nos lençóis, colocando as mãos atrás da cabeça. Mais um dia e tanto como o Rei da Ruína, pensei, rindo do título.

Recebi esse nome quando destruí minha primeira vila. Aqueles aldeões não eram santos—estavam conspirando contra a minha família.

Eu tinha dado a eles a chance de se redimirem, mas eles recusaram. Por isso, eles deveriam sentir as chamas do meu dragão, e foi o que aconteceu.

Meu dragão era forte, e meu primeiro ato como rei foi queimar aqueles aldeões e suas casas até virarem pó. Meu pai teria ficado orgulhoso, aquele desgraçado.

Mas eram apenas negócios. E para os Danis, isso significava serem temidos.

***

“Hora de levantar, Cerion”, disse a mim mesmo, deixando os lençóis caírem enquanto me levantava. Olhei-me no espelho, franzindo levemente a testa.

Estou ficando mole, pensei, vendo como minhas cicatrizes de batalha estavam sumindo. Meu corpo não parecia mais tão assustador quanto antes.

Afastei meus cabelos castanhos do rosto, xingando minha barba cheia. Precisava fazer a barba logo.

Pelo menos meu corpo ainda estava sarado pelos treinos diários. Minha pele ainda tinha aquele tom marrom claro e meus olhos o habitual castanho quente—embora ficassem vermelhos quando eu me irritava.

Me espreguicei, sentindo os músculos se esticarem. Pela janela, eu podia ver as árvores e plantas verdes do meu reino.

Senti o chão tremer sob meus pés, lembrando-me da minha magia terrestre. Dentro de mim, Celen, meu dragão, estava inquieto, querendo voar.

A última vez que deixei Celen voar livremente havia sido há dias. “Em breve”, sussurrei para ele, sentindo-o se acalmar dentro de mim.

“Meu rei!” Uma voz irritante interrompeu meu momento de paz.

Abri um olho para ver Verion no canto do quarto perto da janela. Sua mão estava no meio da cortina enquanto ele a abria, deixando a luz do sol entrar.

“Você tem que me encher o saco tão cedo, Verion?”, resmunguei.

“As candidatas a rainha chegarão em breve, meu rei”, disse Verion, com ar sério. “Aqui está seu traje especial!” Ele estendeu as roupas.

Era um terno preto completo com detalhes em preto suave, feito sob medida para meu corpo musculoso.

Não pude deixar de revirar os olhos enquanto me vestia. “Okay, okay, eu sei. O conselho está doido para que eu escolha uma rainha.”

Verion tentou me acompanhar enquanto eu caminhava pelo corredor, mas suas pernas curtas não conseguiam acompanhar as minhas. Quer dizer, o cara tem apenas 1,78m de altura, e eu tenho 1,96m—não é exatamente uma corrida justa.

Chegamos à sala de jantar e olhei para minha mãe. Seus longos cabelos castanhos caíam pelas costas, contrastando com seu vestido vermelho.

Meu irmão, Arion, estava sentado ao lado dela, seus olhos castanhos me observando como sempre. Qual é o problema dele?

“Bom dia, Cerion”, disse minha mãe, sorrindo para mim. Ela parecia muito mais jovem do que era, com a pele apenas um pouco mais clara que a minha.

Herdei os olhos dela, mas todo o resto? Isso veio do meu pai—incluindo seu amor pela violência e sua cara de poucos amigos.

“Bom dia, mãe, Arion.” Sentei-me à ponta da mesa, observando meu irmão. Ele estava sempre vigiando, com ciúmes e segundas intenções, além de um orgulho incabível.

Continuei encarando-o até que meu café da manhã chegasse. Ele finalmente desviou o olhar, e comecei a comer, tentando não sorrir. Continue planejando, Arion. Isso não vai te levar a lugar nenhum.

Assim que eu estava aproveitando o silêncio, Verion irrompeu novamente. Quase pulei de irritação.

“Meu rei, desculpe interromper seu café da manhã”, disse ele, parando para recuperar o fôlego.

Suspirei. “Verion…”

“Meu rei, a cerimônia de escolha começará em breve.” Ele parecia estar esperando que eu ficasse irritado, a julgar por sua testa franzida e olhos arregalados.

Quase revirei os olhos. Eu queria acabar logo com essa cerimônia chata. “Tudo bem.” Levantei-me e segui em direção à sala do trono.

Enquanto descia as escadas, lembranças vieram à minha mente. O conselho tinha praticamente exigido que eu escolhesse uma rainha. Disseram que eu estava quase velho demais, e que “o Sangue do Dragão faz um verdadeiro herdeiro”. Tinha sido nosso costume por centenas de anos, e eles faziam questão de me lembrar disso.

Eu tinha deixado o conselho escolher quatro mulheres para mim. Só pedi que fossem únicas. Eu queria que cada mulher viesse de uma família importante diferente e que fosse bonita. Eu sabia que as famílias reais tinham mulheres bonitas, assim como tinham mulheres ambiciosas. Mas eu queria que a rainha fosse apenas para exibição, para política, e nada mais.

Me preparei para o grupo de mulheres que logo viriam até mim com elogios falsos e olhares apaixonados. Mesmo sendo princesas, todas queriam uma coisa: se tornar a próxima rainha. Era o que toda mulher com quem eu já tinha dormido esperava.

Fiz minha grande entrada na sala do trono, toda decorada em vermelho e dourado—as cores da nossa família. A madeira do trono estava entalhada com o símbolo Dani, o símbolo do dragão. As cores do fogo.

A sala estava cheia de gente importante e membros da corte, todos ali para assistir à cerimônia. Verion estava de pé no canto perto do meu trono.

Ele me chamou para meu assento. Eu não o usava há muito tempo. Não era a mesma coisa para mim como era para meu pai.

Ele levava ser rei tão a sério quanto ser um guerreiro, mas para mim, ser rei era só política, e eu me importava mais com a luta. Sentei-me no trono dourado com suas almofadas vermelhas macias.

Verion colocou a coroa de ouro com joias vermelhas e entalhes de dragão no topo da minha cabeça.

“Meu rei”, disse ele. “Espero que encontre sua rainha. Estarei aqui para ajudá-lo.” Ele se curvou para mim. Verion quase me fez sorrir, mas mantive o rosto impassível e apenas assenti.

Verion correu para o lado e ficou em posição enquanto a voz do anunciante vinha da porta. “Apresentando agora a Princesa Theodora da Família Galve!”

A Princesa Theodora entrou, seus cabelos ruivos brilhantes e olhos verdes chamando a atenção de todos. Ela fez uma reverência, como uma princesa, e sorriu para mim. Olhei para ela por um momento, sem demonstrar aprovação.

A voz do anunciante ecoou novamente. “Apresentando agora a Princesa Helen da Família Pacvoic!”

A Princesa Helen tinha cabelos castanho-escuros e olhos castanho-claros. Ela parecia comum, mas eu podia ver o fogo e sua natureza calculista por trás de seus olhos. A princesa política. Desviei o olhar dela para mostrar quem estava no comando. Ela pareceu magoada com o que fiz. Ótimo, pensei.

A voz do anunciante soou mais uma vez. “Apresentando agora a Princesa Anya da Família Vuttoli!”

A Princesa Anya usava um vestido preto para combinar com seus cabelos negros, e tinha pele bronzeada e olhos verdes. Ela era bonita, mas parecia vazia por dentro, sem graça.

O anunciante tomou mais fôlego. “Apresentando agora a Princesa Kira da Família Valon!”

Houve uma pausa. Finalmente, a porta se abriu, e eu esperava ver a quarta e última princesa entrar, mas o vão da porta estava vazio.

Um minuto depois, lá estava ela—a Princesa Kira, parada e nervosa no meio da entrada. Um homem estava atrás dela. Devia ser seu pai, o Rei Harold.

Meu dragão se mexeu dentro de mim, interessado nela e surpreso com sua timidez.

A inocência estava estampada em seu rosto e em seus olhos. Kira Valon, uma jovem de dezenove anos de cabelos loiro-claros, olhos azuis e pele branca como mármore.

Olhei para seu rosto por um momento. Todas as mulheres escolhidas eram bonitas, mas sua beleza era diferente. Ela parecia delicada e muito, muito jovem.

Eu nunca tinha conhecido ninguém da Família Valon antes. Eles viviam no alto das montanhas, onde era inverno quase o ano todo.

Caramba, quem eu estava enganando, eu queria dormir com ela mesmo que não a escolhesse como minha rainha.

A Família Valon me fascinava. Eles descendiam de dragões de gelo, respirando geada em vez de fogo. Seu poder tinha sido famoso até parar de aparecer em seus filhos. Agora, eles eram como todos os outros—exceto por sua beleza deslumbrante.

A escolha deveria ter sido fácil. Deveria ter sido simples.

Mas as coisas ficaram um pouco mais complicadas, porque quando olhei de volta para seus olhos azuis cristalinos, algo despertou dentro de mim, junto com meu dragão se agitando.

Próximo capítulo
Classificado com 4.4 de 5 na App Store
82.5K Ratings