
Acordei com o agradável som de água caindo e a luz do sol entrando na caverna. A fogueira tinha se apagado, restando apenas alguns pedaços de madeira fumegantes.
Abri os olhos algumas vezes, olhando ao redor antes de sentir algo pesado ao meu lado. Max ainda me abraçava por trás, seu corpo colado ao meu, quentinho. Os braços dele eram confortáveis, mas havia outra coisa que notei...
Era normal para um rapaz da idade dele ter uma ereção matinal, mas eu não sabia o que fazer enquanto ela pressionava minhas costas. Não queria acordá-lo, mas também não dava para ficar assim por muito mais tempo, me deixava meio sem jeito, e eu estava mesmo precisando fazer xixi.
Com cuidado, me soltei dos braços dele e sentei. Meu corpo doía todo—estava completamente moído—mas eu me sentia melhor que ontem.
Max continuava dormindo, o rosto escondido no braço, o peito subindo e descendo devagar. Ele parecia uma gracinha. E todo colorido. E gato. Os músculos da barriga e do peito eram bem definidos.
Percebi que estava olhando demais.
Balancei a cabeça e pensei em mim. Eu me sentia imunda.
Minha camisa branca e calça jeans clara, antes limpinhas, estavam em um estado lastimável, cobertas de areia e sal do mar seco. Eu fedia a água do mar velha—era nojento.
Decidi me lavar no lago.
Saindo de fininho da caverna, parei. O chão perto da entrada estava uma bagunça—havia pegadas pequenas de bichos marcadas na terra úmida indo em direção às árvores.
Fiquei assustada. Lembrar dos barulhos e movimentos da noite anterior me deu um frio na barriga.
Tentando esquecer o medo, corri para a água. Sem pensar duas vezes, tirei a roupa e entrei, deixando a água fresquinha limpar minha pele.
Enquanto lavava meu corpo, a água ia levando a sujeira embora, e comecei a me sentir melhor.
Depois de lavar minhas roupas, estendi-as no sol para secar e nadei até a cachoeira para tirar a água do mar do meu cabelo.
Uns peixinhos nadavam em volta dos meus pés—isso era bom. Significava que a gente podia achar comida.
Fechei os olhos, deixando a água fresquinha cair na minha cabeça.
A cachoeira era pequena, então a água não era muito forte. Nadei um pouco, curtindo a água, e pela primeira vez desde o acidente do barco, senti uma certa paz.
“Cassie?”
A voz do Max me pegou de surpresa. Olhei para cima e vi ele parado na beira da água.
Ele desviou o olhar quando percebeu que eu estava nua.
Não pude deixar de rir. O cara gato e sarado tinha virado um menino tímido. Que fofo era isso?
“Tudo bem, Max,” gritei, afundando na água até só minha cabeça ficar de fora. “Pode olhar agora. Você deve estar com areia na bunda também—entra aí. A água está uma delícia. Até lavei minhas roupas.”
Virando de costas para ele, acrescentei, “Não vou olhar. Juro.”
“Ah, tá. Acho que estou meio sujo mesmo.”
Ouvi o barulho de roupa sendo tirada, depois água espirrando, e sorri.
“Gostoso, né?” perguntei, vendo ele lavar a calça debaixo d'água. Só a parte de cima do corpo dele estava fora da água.
Enquanto nadava, fiquei olhando para ele.
O cabelo preto comprido e molhado estava jogado para trás, pingando nos ombros.
O corpo tatuado brilhava, cada desenho se destacando na pele.
Um dragão colorido cobria um dos peitorais, as escamas vermelhas, amarelas e laranjas bem vivas, enquanto um tigre com cara de bravo estava no outro.
Os braços eram todos cobertos de tatuagens coloridas e em preto e branco no estilo tradicional. Eu não amava todas, mas gostava da maioria.
Os músculos da barriga eram muito bonitos—de cair o queixo mesmo—e uma linha fininha de pelos pretos descia da calça até o umbigo.
Meu rosto esquentou enquanto as mãos dele passavam pelo peito e barriga. Fiquei agradecida pela água estar fria.
De repente, ele olhou para cima e sorriu. “Você estava bem gelada ontem à noite, hein?”
“Sério?” ri. “Foi mal por fazer você abraçar alguém tão fria.”
“Que nada.” Ele riu também. “Não me importei. Fiquei com dó de você e feliz por poder ajudar.”
Percebi o olhar dele percorrendo meu corpo. Mesmo a gente estando na água o suficiente para cobrir as partes íntimas, dava para ver as formas, e os olhos dele não paravam de voltar para os meus peitos.
Me peguei gostando da atenção, mesmo sem saber direito por quê. Eu devia estar pensando na nossa situação, mas queria que ele me olhasse.
“Você é tão legal. Bonito e legal,” falei, e ele desviou o olhar.
“Você não sabe receber elogio muito bem, né?” provoquei.
A gente tinha acabado de sobreviver a um acidente horrível e ficado preso em uma ilha—pelo menos, eu achava que era uma ilha. Nem tinha certeza.
Talvez eu estivesse tentando esquecer o quão ruim era nossa situação. Eu tinha lido que as pessoas costumam ficar excitadas em momentos de estresse, principalmente depois de desastres.
“Não sei receber elogio nem para salvar minha vida,” ele admitiu.
“Também não gosto de falar de mim mesmo. Então... a gente devia ir para a praia hoje fazer aquele sinal de SOS? Tenho certeza que alguém vai ver logo e pode nos resgatar.”
“É, vamos fazer isso... Mas e se ninguém ver? E se a gente tiver que ficar aqui por muito tempo? Nossas famílias, e-”
“Ei,” ele me interrompeu, olhando nos meus olhos. “A gente tem que ficar positivo. De que adianta ficar sentado, com medo e preocupado o tempo todo? Não vai fazer a gente ser salvo mais rápido.”
A calma confiante dele me fez sentir melhor.
Max e eu saímos da água, a luz do sol refletindo na superfície como milhares de espelhinhos.
Ele vestiu a calça enquanto eu me trocava. Minhas roupas, finalmente secas, estavam ásperas e salgadas na minha pele, mas era melhor que nada.
Max tentava secar o cabelo molhado. As partes mais compridas passavam dos ombros, enquanto as mais curtas emolduravam o rosto—e o queixo forte. Ficava bem nele. Eu gostava que fosse um pouco mais comprido.
“A gente devia ir para a praia,” ele disse, quebrando o silêncio. “É o melhor lugar para fazer o SOS. Precisa ser visto do ar.”
“Sim,” concordei. “Dá para fazer com pedras e galhos.”
“Bom plano.”
Max entrou na caverna e voltou com uma bolsa no ombro. Tirou duas facas e me deu uma.
“Vamos ver o que a gente consegue achar no caminho.”
Fiz que sim com a cabeça, segurando a faca. Me senti poderosa com ela. “Agora me sinto muito Robinson Crusoé.”
Max riu, mas olhou para o chão bagunçado perto da entrada. “Antes de ir, a gente devia dar uma olhada nessas pegadas de novo.”
Nos abaixamos perto das marcas, examinando-as à luz do dia. Eram pequenas, mas estranhamente espaçadas.
“Não são humanas, pelo menos,” disse baixinho.
“Com certeza não,” Max concordou. “Pode ser algum bicho que come restos ou algo que sai de noite.”
Levantei. “Vamos só torcer para que não volte.”
Max sorriu e ergueu a faca. “Bem, se voltar, agora a gente tem armas.”
O ar estava muito úmido enquanto a gente caminhava para a praia. Pássaros faziam barulho em cima da gente, voando entre as árvores. O chão estava macio debaixo dos nossos pés, uma mistura de areia e folhas caídas.
O oceano imenso se abriu na nossa frente quando chegamos à praia. Nenhum barco. Nenhum avião. Só água.
Max olhou em volta. “A gente precisa de coisas que se destaquem. Galhos escuros, algas—o que puder achar.”
Nos separamos, recolhendo o que dava. Madeira trazida pela água, algas emaranhadas, galhos e até umas pedras escuras.
“Você acha que alguém está procurando a gente?” perguntei enquanto colocava uns galhos grossos na areia para formar um “S”.
Max demorou para responder. “Acho,” disse. “Mas a gente ainda tem que facilitar para eles nos acharem.”
Continuamos trabalhando em silêncio, arrastando coisas para o lugar. As letras começaram a se formar—meio toscas, mas provavelmente grandes o suficiente para serem vistas do céu.
Então, enquanto cortávamos mais galhos, alguma coisa se mexeu no arbusto logo atrás da gente.
Congelei. “Você ouviu isso?”
Max ficou ereto, olhando atentamente para a vegetação. “Ouvi.”
Ouvimos de novo—um barulho de folhas se mexendo. Não era o vento. Não era um pássaro. Algo maior.
Apertei a faca com mais força enquanto Max dava um passo cuidadoso para frente.
O arbusto se agitou.
Um galho se quebrou.
Uma sombra se moveu rapidamente quando uma forma escura pulou para frente.
E antes que pudesse me conter, soltei um grito agudo.