Domando Theo - Capa do livro

Domando Theo

Mira Matic

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Chapter
15
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18+

Summary

"Por favor", ela tremeu.

Depois que dormimos juntos, sua presença era inebriante.

Segurei seu queixo em minha mão, trazendo seu rosto ainda mais perto do meu.

"Se pararmos de brigar e começarmos a transar," Ela tentou se livrar de mim, e eu sorri. "As coisas vão fluir muito melhor."

Tara e Theodore vivem brigando desde a infância, com a rivalidade alimentada por personalidades conflitantes. Ela é a criança rebelde e ousada; ele é o menino de ouro que sempre tem o controle. Mas uma noite impulsiva muda tudo, borrando a linha entre inimigos e amantes. Agora, Tara é forçada a confrontar suas inseguranças, enquanto Theodore se vê atraído pelo caos que ela traz para seu mundo perfeitamente organizado. À medida que a paixão se intensifica e seus mundos se misturam, eles devem decidir se querem continuar enfrentando um ao outro—ou encarar a possibilidade de que o amor pode ser a âncora que eles nunca souberam que precisavam.

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A Deusa da Idiotice

TARA

Quando o ponteiro se aproximava da meia-noite, o salão estava quase vazio. Os poucos convidados que ainda restavam circulavam pelos cantos ao som de uma música suave. Há pouco tempo, eu fazia o mesmo.

Nunca imaginei que acabaria numa festa.

Vim à casa da Sasha para ficar sozinha e em silêncio, para esconder meu coração partido, longe das pessoas e do grande problema que havia piorado meu mundo já despedaçado.

Houve uma época em que esta casa era um refúgio para mim, um lugar onde eu me sentia livre quando criança. Mas naquele tempo, eu era jovem e inocente.

Nessa noite, tudo cheirava e soava exatamente como na última vez que estive aqui. Naquela ocasião, o irmão da Sasha havia virado meu inocente mundo de 17 anos de cabeça para baixo.

Sasha e eu costumávamos dar uma espiadinha quando Theo dava uma festa. Naquela noite, o encontrei neste cômodo—completamente bêbado. Mesmo depois de cinco anos, eu ainda podia sentir a mistura de excitação e medo pela qual havia passado.

Olhei para o sofá, onde ainda podia vê-lo deitado. Senti um aperto no peito ao lembrar como me aproximei dele, minha mão trêmula tocando seu cabelo escuro.

Ele agarrou meu pulso e me puxou para baixo. Não fiz nenhum som, pois não queria que ele soubesse que era eu e me soltasse.

Eu mal conseguia respirar. Meu peito queimava mesmo antes de sua boca tocar a minha.

Pensei que o medo me faria esquecer tudo, mas não foi assim.

Lembrava-me de cada detalhe—o cheiro de álcool e cigarros, que eu detestava tanto quanto amava seus beijos. Naquela noite, fiquei acordada relembrando minha primeira paixão.

No dia seguinte, Theo se casou.

Ele pensou que eu era a mulher com quem ia se casar e que a estava beijando, ao invés de mim.

Balancei a cabeça tentando afastar as lembranças. Mesmo após cinco anos—e mesmo após o divórcio do Theo—ainda doía lembrar o dia em que minha paixão tola foi por água abaixo.

Eu não deveria ter vindo aqui, mas não sabia para onde mais ir.

Após a morte do meu avô, me senti sozinha. Ele era a única pessoa que sempre esteve ao meu lado quando eu precisava, que atendia o telefone não importava a hora.

Sua morte repentina não me deu tempo para lamentar. Quando um homem tão rico quanto o Nono morre, há muito a fazer—advogados para encontrar, papéis para assinar, regras da empresa para seguir e, claro, o dinheiro que ele deixou.

Ninguém parou para realmente sentir sua falta. Todos agiam como se fosse um negócio—não a perda do melhor homem que já conheci.

Então, fugi. Aceitei viajar com meu ex e seu namorado.

Se eu não estivesse fugindo da minha vida, talvez tivesse pensado melhor, mas não era um bom momento para tomar decisões. Adiei a abertura do testamento e assinei o que meu pai queria que eu assinasse. Afinal, ninguém se importava onde eu estava ou o que estava fazendo.

Pensei que fugir me faria sentir melhor.

Não fez.

Sasha se jogou no sofá ao meu lado. Ela colocou as pernas sobre as minhas.

“Que bom que você voltou. Senti muito sua falta”, ela disse. “Lembra de todas as coisas divertidas que fazíamos aqui?”

Mordi o lábio e assenti. Nossa casa de férias ficava logo na rua de baixo. O pai da Sasha e meu avô eram melhores amigos, e esse pequeno vilarejo era perfeito para nossas famílias passarem tempo juntas.

Ela virou a cabeça, observando a festa terminar.

“Aposto que suas festas neste verão foram muito melhores do que esta.”

Olhei para minhas mãos. Não queria falar sobre o grande escândalo, que era só mais uma cereja no bolo do pior ano da minha vida.

“Todos aqueles gatos com corpos bronzeados…” Ela se contorceu de um jeito engraçado. “De babar. O sexo estava estampado naquelas fotos.”

Pensei em cada homem no barco em que estivemos navegando pela Europa e tive que concordar.

Todos pareciam perfeitos. Eles também sabiam mais sobre cuidados com a pele, proteção solar e alimentação saudável do que eu—sem falar em exercícios e roupas. Eu provavelmente era quem mais tinha hormônio masculino naquele barco.

As bochechas de Sasha estavam coradas pelo excesso de bebida.

“Vi aquela foto do topless. Você parecia uma deusa.”

Todo mundo tinha visto aquela foto, mas nem todos acharam que valia a pena comentar ou ligar—pelo menos não meus pais.

Na verdade, eu queria que eles ligassem para me dar um puxão de orelha. Pela primeira vez na vida, eu queria que agissem como pais. O silêncio nunca pareceu tão ensurdecedor.

Ajeitei minha blusa.

“É, a deusa da idiotice.”

Isso a fez rir, e senti que precisava me explicar, mesmo tendo prometido não fazer isso. As pessoas acreditavam no que queriam, não importava o que eu dissesse ou fizesse.

Mas eu estava preocupada que os pais dela vissem a foto e ficassem desapontados comigo. A opinião deles importava para mim, especialmente agora, com meu avô falecido. Não me restava muita família. Era só eu, Sesi e Mike.

“Eu não estava fazendo topless. O biquíni era cor de pele, e o fotógrafo tirou uma foto ruim daquele ângulo.”

Sasha segurou minha mão.

“Você não precisa se justificar. Nós não nos importamos. Meus pais te adoram. O único que ficou chateado foi o Theodore. Papai teve que acalmá-lo e explicar que você estava triste. A dor te fez fazer besteiras.”

Tentei virar o rosto, me sentindo envergonhada, mas ela segurou meu rosto com as mãos.

“Para com isso. Amanhã, vai ter outra garota nua em algum lugar, e todos vão se esquecer de você.”

“Eu não estava nua.”

Ela sorriu.

“Diga isso ao Theo. Você devia ter visto: a veia no pescoço dele ficou enorme.”

Fechei os olhos e afundei mais no sofá enquanto meu coração doía.

“Ele tem uma péssima opinião sobre mim. Isso só provou que ele está certo.”

Faróis de carro iluminaram a casa e a Sasha foi até a janela. Quando olhou para mim, seu rosto estava branco como papel.

“Ele chegou”, ela sussurrou.

“Quem?” Levantei, minha pele formigando, esperando que alguém muito ruim aparecesse lá fora.

“O Theodore.”

Minha boca balbuciou confusa.

“Por que você está tão preocupada?”, perguntei, tentando parecer calma, mesmo que minha garganta de repente estivesse seca.

“Se ele descobrir sobre a festa”, ela abriu as mãos, “vai me mandar de volta para Milão. Não quero ir para casa.”

Abri a boca e sabia que me arrependeria, mas ainda assim falei.

“Fala para ele que foi ideia minha.”

Ela parou de se preocupar.

“Sério?”

“Sim.” Fingi estar tranquila, mas sabia que ele pensaria isso de qualquer forma, não importava o que disséssemos. O que era mais um problema na lista de coisas que ele odiava em mim?

Quando a porta da frente se fechou com força, ouvi a voz profunda e irritada do Theo.

Quis fugir imediatamente e corri para a porta dos fundos—eu podia assumir a culpa, mas não precisava ficar e encarar esse homem. Não quando minha casa de férias estava logo ao lado.

Mas a sorte não estava ao meu lado ultimamente.

Minhas pernas tropeçaram no terreno irregular, e caí desajeitadamente na grama molhada.

“Droga”, disse, ouvindo um estalo.

Claro que algo ruim aconteceria—eu sabia que meu relógio tinha quebrado antes mesmo de olhar para ele.

Hoje de manhã, decidi não colocá-lo, já que ele tinha chegado a um preço bom no leilão on-line. E então o coloquei à noite mesmo assim, por hábito.

Um longo arranhão no visor me fez entrar em pânico. Eu precisava do relógio para pagar o projeto da minha avó, no qual vinha trabalhando há muito tempo.

Era coisa minha, algo que eu queria fazer por mim mesma, e não queria pedir dinheiro aos meus pais.

Respirei fundo quando dois sapatos brilhantes apareceram na minha frente.

Lentamente, me levantei e me recompus calmamente. Encarar Theodore Morelli era sempre difícil.

Quando achei que estava pronta, olhei para seu rosto. Seus olhos azuis intensos me deixaram sem fôlego.

THEO

Como eu tinha chegado a essa situação?

O sereno deixou a camiseta branca da Tara toda molhada e transparente. Dava para ver os seios dela. Estava sem sutiã, e me vieram à mente aquelas fotos dela nua. Cerrei os dentes para conter a saliva.

Eu sabia que ela estava aqui. Afinal, foi por isso que passei metade do dia voltando de Milão. Mas eu não esperava que ela trouxesse seus hábitos extravagantes para a vida da Sasha.

Essa mulher era um furacão. Por onde passava, deixava um rastro de escândalo.

Ela se levantou e ajeitou aquela cabeleira escura com ar de superioridade. O sapato do pé esquerdo quase caindo. Cruzei os braços para me conter e não agarrá-la pelos ombros e sacudi-la.

“Não dá para você manter essa sua loucura longe da minha irmã?” perguntei.

Ela fez um som de desdém e umedeceu o lábio superior. “Só paro quando você parar de tratar ela como criança. Ela é um ano mais velha do que eu, sabia?”

Tara Ricci tinha vinte e um anos, e eu vinte e sete. Percorri o corpo dela com o olhar e depois fitei seu rosto.

Os olhos dela estavam um pouco marejados, mas o sorriso era todo provocante. Essa mistura de tristeza com ousadia me deixava completamente confuso.

“Você me conhece. Eu gosto de uma farra”, ela disse, me tirando do sério.

Todo mundo sabia que ela curtia uma bagunça depois daquela foto escandalosa.

Aproximei-me. “Achou que a minha casa, com a minha irmã dentro, era um bom lugar para as suas festinhas de sacanagem?”

Ela engoliu em seco e arqueou as sobrancelhas. “Quem falou em festas de sacanagem? E eu não curto garotas, então a Sasha não é meu tipo.”

Senti minha raiva crescendo, e ela provocou ainda mais.

“E Theo…” Ela se inclinou, olhando para minha boca. “Não me faça repetir: pare de tratar ela como se fosse um bebê.”

Ela deve ter notado meu maxilar se contraindo. Então virou-se para fugir bem na hora em que agarrei sua cintura, puxando-a de volta. Nossos corpos se chocaram e senti ela estremecer.

“Ai.” Ela soltou o ar e virou-se para olhar meu rosto. A bochecha quente dela encostada no meu peito. “Não precisa me agarrar assim. Se quer festinha, a gente pode organizar uma.”

Tive que morder o interior da bochecha para não rir desse comentário atrevido. Aproximei-me até meus lábios tocarem a orelhinha dela.

“A farra acabou, princesa. Vou te levar para ouvir o testamento em Roma.”

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