
Quer Ficar Preso Comigo?
Holly pensava que tinha tudo—casando-se com o homem que amava, esperando um filho dele e começando uma vida juntos. Collin era tudo o que ela sonhava. Mas no dia do seu casamento, segredos destroem seu mundo. O que deveria ser o dia mais feliz de sua vida se transforma em um pesadelo quando ela descobre a verdade sobre os sentimentos de Collin. Agora, Holly é forçada a confrontar a vida que construiu e descobrir como seguir em frente sozinha. Com mudanças se aproximando, ela parte em uma jornada para encontrar seu verdadeiro final feliz—um que seja só dela.
Capítulo 1
HOLLY
“Olha só, se eu não tivesse engravidado ela sem querer, já tinha pulado fora. Esse negócio de casamento é tudo pressão dos meus pais pra eu fazer o que eles acham certo. Nunca que eu ia casar com ela por vontade própria”, diz Collin para alguém nos fundos da igreja.
Eu não devia estar ali. A noiva não pode ver o noivo antes da cerimônia.
Dizem que dá azar. Pelo jeito, estavam certos.
Fui dar uma espiada no homem com quem ia me casar e ouvi a pior notícia possível. Collin não queria se casar comigo?
Ele achava que eu tinha engravidado de propósito? Que eu ia usar o bebê para ele ficar preso a mim? Isso queria dizer que ele também não me amava?
Dava pra entender casar cedo demais, mas será que não dava pra sentir isso e ainda assim amar a pessoa com quem ia se casar? Né?
Fico parada encostada na parede, mão na boca, quase chorando. “Pensei que você gostasse dela”, pergunta a outra voz.
Sei que é o irmão dele, Tommy, falando. “Ah, ela é legal e tal, mas amar é outra história. A gente está junto há só uns anos”, Collin responde grosseiramente.
Só há uns anos? Quanto tempo precisa pra saber se ama alguém?
Eu soube depois de uns três meses que estava começando a me apaixonar. E agora, dois anos depois, ele não sabe se me ama?
O que eu não estava vendo? Ele vivia me dizendo que me amava, e eu não tinha motivo pra duvidar.
Collin sempre foi sincero sobre tudo no nosso relacionamento. Se ele não curtia algo, sempre falava na lata.
A gente conversava sobre tudo, ou pelo menos eu achava que sim. “E aí, o que você vai fazer? Se não ama ela e não quer casar, não acho que isso vai durar muito não”, diz Tommy.
Tommy era mais novo, mas sempre pareceu ter mais juízo que Collin. Tommy admirava o irmão, mas nunca pegou nenhuma das manias ruins dele.
Por que Collin não podia ter sido mais maduro nessa situação? “O que você quer que eu faça? Me diz como eu saio dessa? Mamãe e papai falaram que eu ia perder minha herança se não casasse com ela! Eles amam tanto ela, e agora que ela está esperando o neto deles, ela nunca mais vai precisar se preocupar com nada na vida!”, diz Collin irritado.
“Tá dizendo que acha que ela fez isso por dinheiro?”, Tommy perguntou, surpreso. Dava pra ouvir que ele estava chateado.
Enquanto Collin demorava pra responder, meu coração se despedaçou. Ele estava demorando demais, e isso era tudo que eu precisava ouvir.
Vou embora porque sei que não tem nada que ele possa dizer agora que vai mudar como me sinto sobre o que ouvi. Collin deixou bem claro que não sentia o mesmo por mim que eu por ele.
Coloco a mão na minha barriga. Eu estava grávida de só três meses, então ainda não dava para ver.
Mas o bebê fazia questão de lembrar meu estômago todo dia que estava lá e no comando. Meu Deus, o que eu vou fazer agora?
Não posso casar com Collin sabendo que ele se sente assim sobre o casamento. Nunca pensei no que faria se fosse mãe solteira.
Tenho certeza que nossas famílias iam ajudar, mas eu não queria que pensassem que eu estava só usando essa criança pra conseguir algo. Os pais do Collin eram ricos, mas nunca agiram como se fossem melhores que ninguém.
Meus pais eram gente comum de classe média que ganhava o suficiente e era gente boa. Eles não ficaram felizes quando souberam que eu estava grávida e não casada.
Mas conforme o tempo passou, foram se acostumando com a ideia. Será que ainda vão ficar felizes quando souberem que não vou mais casar?
Viro a esquina, voltando para o quarto de vestir, e dou de cara com minha irmã Haven. Leva só um segundo pra ela olhar pro meu rosto e ver que tem algo errado.
Sinto sua mão pegar a minha, e ela me leva pra longe da sala onde todo mundo está esperando o casamento começar. “O que aconteceu?”, ela pergunta, parecendo preocupada.
“E nem pense em mentir pra mim.” Haven é cinco anos mais velha que eu, e eu nunca consegui enganar ela.
Ela tem aquele sexto sentido de mãe de saber quando alguém está mentindo. Haven sempre foi minha melhor amiga, irmã e protetora, tudo numa pessoa só.
Eu tinha muita sorte de ter ela. Ela era durona e fazia parte de um motoclube na cidade vizinha.
“Eu fui escondida ver o Collin”, digo. Minha língua parece grande na minha boca, dificultando falar.
“Isso não ia te deixar com essa cara triste”, ela diz simplesmente. Eu realmente gosto daqueles patinhos que vivem num lago no parque da cidade.
“Eu também ouvi ele conversando com o Tommy. Haven, ele não quer casar comigo. Ele acha que não me ama, e se sente forçado a casar.” Finalmente começo a chorar.
Haven vem e senta do meu lado num sofá na biblioteca da igreja. Estávamos sozinhas, e o silêncio no cômodo era total.
Com todos os sentimentos passando por mim, senti meus outros sentidos ficarem mais aguçados. Eu podia sentir o cheiro das flores na sala principal da igreja do outro lado do prédio.
Também podia sentir o cheiro do desodorante de coco que Haven estava usando. Olho para as prateleiras cheias de livros.
Meus olhos parecem enxergar melhor que nunca, e consigo ler os números nas laterais dos livros. Pisco algumas vezes para tirar as lágrimas dos olhos.
Fico assim, esperando Haven dizer algo, qualquer coisa pra fazer tudo isso ir embora. “O que você quer fazer, querida?”, Haven pergunta enquanto passa o braço pelo meu ombro.
Olho para como nossos braços são diferentes. Estamos as duas usando vestidos sem mangas, e é difícil acreditar que somos irmãs se olhar nossos braços lado a lado.
Haven tem a pele escura, enquanto eu sou mais clara. O cabelo preto dela é o oposto do meu muito claro, quase prateado.
Os braços dela são cobertos de tatuagens, enquanto os meus ainda são lisos e brancos sem nenhuma marca. “Não posso seguir com esse casamento. Por que eu ia casar com um homem que quase me odeia? Você acha que ele vai tirar o bebê de mim?”
“Holly, se ele não quer casar com você, acho difícil que também vá querer o bebê. Vou chamar a mamãe e o papai”, Haven disse e saiu da sala.
Enquanto esperava, fiquei sentada tentando pensar em algum sinal de que Collin não queria ficar comigo. Ele tinha sido quem sugeriu o casamento.
Eu estava de boa em ficarmos como estávamos, mas ele insistiu. Mas acho que agora sei por quê.
Os pais dele queriam o casamento. Eu não podia culpá-los por nada disso.
Eles sempre foram gentis comigo e eu não conseguia achar nada de errado no que eles queriam. Quem sabe se Collin sequer disse a eles que não estávamos preocupados com casamento?
“Holly, querida!”, minha mãe gritou enquanto corria até mim. Ela sentou do meu lado e me abraçou.
Eu sabia que ela estava chorando por mim e não por perder Collin. Meus pais eram justos com Collin, mas eu sempre pude perceber que havia algo nele que eles não gostavam muito.
“Você falou com aquele idiota?”, papai perguntou. “Não, só ouvi ele conversando com o irmão. Vocês estão chateados comigo já que vou ser mãe solteira?”, perguntei, com medo da resposta que poderia receber.
“Não! Pelo amor de Deus, não. Querida, nós te amamos e não tem nada nesse mundo que você possa fazer pra mudar isso”, papai diz enquanto vem e abraça a mim e a mamãe.
“Como a gente deve fazer isso? Os convidados já tão quase todos aqui esperando o casamento começar”, Haven pergunta.
Tem um olhar nos olhos dela que me diz que ela adoraria dar uma surra no Collin na frente da igreja cheia de gente. Parte de mim quer isso também.
Eu amava—ou amo—aquele idiota. Sempre fiz o que ele queria e fiz com prazer.
Mas sou eu quem estou com o coração partido. “Quando for a hora de caminhar até o altar, vou até lá ao lado do papai e dizer a todos que não vai ter casamento.”
“Querida, você não precisa fazer isso. Um de nós pode resolver isso. Não quero que você se estresse mais. Você está grávida”, mamãe diz, colocando a mão no meu rosto.
Era uma sensação estranha saber que por um lado eu não era amada pela pessoa que eu pensava, mas por outro estava minha família me amando do jeito que eu precisava. Era como ter uma pequena guerra no meu coração.
Eu fiquei muito triste mas feliz ao mesmo tempo. Sei que logo vai cair a ficha e vou ficar muito chateada.
Posso até perder a cabeça. Estive tão apaixonada pelo Collin que nunca pensei na gente não ficar junto.
Vivi toda essa relação achando que o amor que eu sentia por ele era recíproco. “Não, preciso enfrentar isso. Vou precisar dessa força que vou usar hoje para me mostrar o caminho depois que tudo isso acabar.”














































