Coturnos no Laço - Capa do livro

Coturnos no Laço

Riley Maylon

Círculo da Deusa

LINK

Meus olhos se arregalaram quando percebi que o rosto na minha frente era o de Rowan.

Minhas mãos estremeceram quando as arranquei de sua garganta.

Rowan engasgou e tossiu, se afastando de mim.

"Rowan," eu respirei, piscando para afastar o pesadelo e tentando dar sentido ao que tinha acontecido. Eu ainda sentia o pânico doentio da memória.

Perplexo, olhei em volta.

Onde diabos estou? ~

Cortinas desiguais nas janelas.

Uma mesa de centro perto da minha perna.

Quatro vasos de plantas pendurados em uma fileira contra a parede oposta.

Era o apartamento do Rowan.

Rowan cambaleou alguns metros, apoiando-se no gabinete de mídia.

Tentei me levantar, mas a tontura me dominou e me sentei no sofá. "Sinto muito", eu disse.

Rowan olhou para mim. "Você ia me matar, porra," ele rosnou, tocando cuidadosamente sua garganta dolorida.

"Sinto muito," eu disse novamente.

"Você precisa de ajuda, Link."

O pavor tomou conta de mim e segurei minha cabeça com as mãos.

Ele está certo. ~

Eu preciso de ajuda. ~

***

O prédio branco do Centro dos Veteranos de Guerra ficava voltado para um grande gramado verde com vários mastros de bandeira.

Estacionei e fiquei sentado por um momento, sentindo a minha frequência cardíaca mais alta do que o normal.

O Rowan não queria me acompanhar ao Centro dos Veteranos de Guerra e eu não podia culpá-lo.

Era o final da manhã. Ele saiu sem me dizer para onde estava indo, e eu fui com minha caminhonete para o Centro dos Veteranos de Guerra, 10 quilômetros a leste do apartamento do Rowan.

Vou só entrar e dar uma olhada. ~

A situação com Rowan e meu pesadelo não saíam da minha cabeça, me empurrando para fora do carro e para a calçada. Fiquei olhando para o prédio sério, tentando me mover.

Eu não queria conhecer outros veteranos agora.

Eu não queria me inscrever em nenhum tipo de terapia ou algo parecido.

Desenterrar o que tinha acontecido comigo no exterior era a última coisa que eu queria fazer.

Eu só precisava deixar isso para trás.

Mas eu ainda podia sentir a pele de Rowan, e os músculos da sua garganta em minhas mãos.

Esse lugar me ajudaria de algum jeito? ~

Eu encarei o edifício totalmente branco.

Eu quero ser normal. ~

Nada de especial. ~

Apenas um cara comum, um bom irmão - alguém com um futuro. ~

Meu corpo parecia muito pesado para se mover, mas fui colocando um pé na frente do outro até abrir a porta do centro e entrar...

… E vi a deusa parada lá.

Que diabos...? ~

Estou tendo alucinações agora? ~

A área de entrada era pequena, com uma mesa de um lado e algumas cadeiras de plástico baratas do outro. Ela estava ao lado da mesa, conversando com uma mulher corpulenta que tinha o cabelo preso em centenas de tranças.

A deusa estava com o cabelo ondulado preso em um coque bagunçado, vestia uma blusa branca impecável, que contrastava com o bronzeado de sua pele.

Ela olhou para mim, e o peso daqueles lindos olhos castanhos me prendeu onde eu estava.

"Olá", disse ela, arrebatando-me com aquele sorriso deslumbrante. "Veio para o grupo?"

"Ahn," eu disse. Tão eloquente. ~

"Bem-vindo", disse ela. "Você chegou na hora, o encontro vai começar em alguns minutos. Sou a Lexi, estou coordenando hoje. Basta assinar aqui com a Sra. Bell, e eu o levarei até a sala."

"Ah," eu disse novamente, e consegui me aproximar dela para que eu pudesse assinar a prancheta que a outra mulher me ofereceu.

A mulher me olhou com ceticismo por cima dos óculos, mas a Lexi sorriu para mim quando me endireitei.

"Você é novo por aqui?" ela perguntou, tocando meu braço para me guiar.

Senti pequenos choques elétricos onde ela tocou.

Eu não me sentia tão vivo há cinco anos. Pelo menos.

"Eu, ah, eu sou daqui," eu disse. "Mas eu estive... no exterior por alguns anos."

Ela assentiu com a cabeça, as ondas castanho-douradas de seu cabelo balançaram em frente do seu rosto. "Bem-vindo ao lar, então," ela disse.

Ela abriu uma porta e me conduziu para dentro. Havia uma sala grande com um círculo de cadeiras dobráveis ​​na outra extremidade, onde algumas pessoas já estavam sentadas.

"Temos o grupo de bem-estar lá", disse ela. "Eu coordeno aos sábados e quartas-feiras, e outro cara lidera aos domingos e segundas-feiras. Você pode vir quando quiser."

Eu balancei a cabeça, pensando em vir apenas para vê-la.

"Também temos reuniões de AA e NA, um grupo de apoio para familiares e adultos dependentes de veteranos às quintas-feiras... Vou pegar um calendário com a Sra. Bell quando terminarmos."

"Você dirige o grupo de bem-estar?" Eu perguntei, sem lembrar de nada mais do que ela tinha dito.

Sua pele tinha o brilho da seda. Eu queria tanto tocá-la que mordi o interior da minha bochecha para me distrair.

"Sim, nesse último ano", disse Lexi. "Estou fazendo mestrado em aconselhamento profissional e tinha que fazer um estágio. Era uma boa oportunidade."

"Então... esse é o seu trabalho?"

Lexi sorriu e balançou a cabeça, suas mechas de cabelo brilhante dançaram. "Não, aqui não paga muito, apenas uma bolsa. Eu sou garçonete na lanchonete Rise & Shine quase todos os dias."

Guardei aquela informação para o futuro.

"Venha, vou apresentá-lo", disse Lexi, caminhando em direção ao círculo de cadeiras.

Eu segui alguns passos atrás dela, minha relutância ressurgindo, mesmo enquanto eu admirava o balanço dos seus quadris.

"Ei, pessoal," Lexi disse para as pessoas sentadas nas cadeiras. "Como estão hoje?"

"Oi, Lexi", disse um homem de meia-idade com uma barba crespa e espessa.

"Oi", disse uma mulher com cabelo castanho muito curto.

As outras duas pessoas apenas assentiram.

A porta se abriu atrás de nós e eu me virei. Mais pessoas estavam entrando.

"Temos um recém-chegado", disse Lexi, indicando-me. "Por favor, deem as boas-vindas ao…"

"Lincoln. Vocês podem me chamar de Link," eu disse, me sentindo nervoso.

"Bem-vindo ao grupo, Link", Lexi disse, com seus olhos calorosos.

"Oi, Link", disse o homem barbudo com um aceno de cabeça. Outros balançaram a cabeça e acenaram.

Lexi apontou para uma cadeira e eu sentei. "Hoje vamos fazer uma meditação guiada e, em seguida, relaxamento e respiração."

Que tipo de grupo de terapia é esse? ~

Vou ter que me apresentar, como em uma reunião de AA? ~

"Olá, meu nome é Link e sou um veterano que está voltando com problemas de estrangulamento." ~

Todos: "Oi, Link." ~

Provavelmente vir aqui foi um erro. ~

Talvez eu deva ir embora. ~

"Ei, Link, venha sentar aqui", disse Lexi, indicando a cadeira ao lado dela.

Do outro lado estava o cara barbudo, e me inclinei quando a Lexi se aproximou de alguém que estava entrando. "Precisamos falar sobre nossos sentimentos aqui?" Eu sussurrei.

"Normalmente não", disse o cara. "Eles têm outro grupo para isso… esqueci como é chamado. Este é mais um tipo de gerenciamento de estresse. A Lexi gosta de meditação e coisas assim."

Um pouco da tensão em meus ombros diminuiu.

"Tudo bem", eu disse. Eu posso lidar com isso. ~

Eu espero... ~

Todos se acomodaram e a Lexi se sentou por último.

Escutei sua voz suave e calorosa quando ela começou a nos guiar.

"Escolha um local para olhar e desfocar os olhos, respirando fundo três vezes: inspire pelo nariz e expire pela boca", disse ela.

Tentei fazer o que me foi dito, mas me senti estranho fazendo isso com todos os outros ao redor.

Ninguém mais parecia desconfortável, no entanto.

"Se você se sentir pronto, pode fechar os olhos, mas não é necessário. O objetivo é se sentir confortável e seguro", disse Lexi.

Ela está ciente de que alguns de nós podem não se sentir seguros com os olhos fechados. Inteligente. ~

Lexi continuou falando, e eu finalmente fechei meus olhos, o que ajudou com minha autoconsciência.

Por fim, ela nos fez contar nossas respirações e atribuir uma cor para a inspiração e outra cor diferente para a expiração.

Ela ficou em silêncio, e eu continuei: azul para um, amarelo para dois, azul para três, amarelo para quatro... até dez, e depois voltava para o um novamente.

Eu tinha feito a contagem pelo menos cinco vezes quando ela falou novamente.

Isso me assustou.

Eu realmente tinha feito a contagem.

"Agora, permita que sua respiração vá para o fundo de seus pensamentos e traga sua consciência de volta para a sala, prestando atenção em todos os sons que você ouvir."

Houve um barulho de clique.

O barulho do ar condicionado - ainda muito necessário em setembro, no Tennessee.

O rangido de cadeiras conforme as pessoas mudavam de posição.

Alguém limpando a garganta.

A Lexi então nos orientou a contrair e relaxar os músculos, da mandíbula aos pés. Eu nunca tinha feito nada parecido.

"Agora concentre-se nos músculos do pescoço, contrai-contrai-contrai. Solte. Agora os ombros..."

Fiz o que me mandaram, principalmente porque gostava de ouvi-la e queria fazê-la feliz.

"Pressione os braços nos apoios de braços da cadeira... pressione com força", disse Lexi.

Eu obedeci, empurrando com força e me perguntando se dobraria o plástico... até que ela disse para soltar.

"Contraia os músculos das suas coxas..."

A ideia dela falando sobre as partes do meu corpo começou a me distrair.

Tentei me concentrar no processo e não me deixar levar por isso, mas não foi fácil quando ela nos disse para apertar os ossos dos glúteos.

Pense no jogo de beisebol de antes. ~

Os Padres são otários. ~

Manny Machado é um idiota. ~

Eu imagino qual é o gosto da pele sedosa dela? ~

Droga. ~

Ela terminou pedindo para que pressionássemos os pés no chão, e foi um alívio quando o exercício acabou.

Em seguida, teve outro exercício de respiração: inspirar contando até oito, segurar até quatro e expirar quatro.

Então ela disse: "Quando você estiver pronto, se seus olhos estiverem fechados, você pode abri-los e se alongar".

Abri meus olhos, que estavam embaçados. Pisquei e girei a cabeça algumas vezes.

Uau. Na verdade, me sinto... mais relaxado. Melhor. ~

Isso foi bom. ~

Eu poderia me ver fazendo isso regularmente.

A Lexi estava sorrindo para todos.

Só de olhar para ela me acalmou – ao mesmo tempo que me causou uma onda de energia e calor.

"Obrigada, rapazes. Agora sim, tenham um ótimo fim de semana," ela disse.

Algumas pessoas começaram a se levantar.

Fiquei sentado por mais um momento, pegando meu telefone e mandando uma mensagem de texto para Rowan.

LincolnEi. Fiz uma coisa de grupo no VFW
Lincolnfoi bom
LincolnVou continuar fazendo
Rowan...
RowanÓtimo.
LincolnSinto muito, Ro.
LincolnNunca farei isso de novo
RowanEu sei.
RowanQue bom que você foi para o VFW.
Lincolnaquela garota está aqui
RowanQue garota?
Lincolndo bar. Amiga do Damien
Rowan😲
Lincolnela coordena o grupo
RowanNão é à toa que você gostou!
Lincolnqualquer coisa que funcione, certo
RowanIsso é Deus tentando te dizer algo, cara.
Lincolnacho que sim

Guardei o telefone no bolso com um sorriso. De pé, fui até onde a Lexi estava guardando as cadeiras com a ajuda do cara barbudo.

"Ei, Link", disse Lexi. "Acho que você conheceu o Bryan." O barbudo acenou para mim com a cabeça.

Depois de guardar a última cadeira, Bryan disse: "Bem, estou indo agora, Lexi. Vejo você na quarta." Em seguida, acrescentou: "Bem-vindo, Link", ao sair.

"Então, o que você achou da sessão?" Lexi me perguntou.

"Foi muito bom," eu disse, sorrindo para ela.

Ela sorriu de volta. "Isso é ótimo. Você continuará vindo? Todos os sábados?"

Como eu poderia dizer não para aquele rosto lindo?

"Claro que sim," eu disse. "Talvez às quartas-feiras também."

Eu olhei ao redor. A sala estava vazia.

Éramos apenas eu e ela.

Eu queria tanto convidá-la para sair.

Mas uma parte de mim se conteve.

Estou pronto? ~

E se ela disser não? ~

Eu tentei segurar as palavras na minha boca.

"Sabe... eu estava pensando," eu disse.

Ela olhou para mim com expectativa.

Meu coração começou a bater forte enquanto eu tomava coragem para dizer o que viria a seguir.

"Você quer ir tomar um café?"

Próximo capítulo
Classificado com 4.4 de 5 na App Store
82.5K Ratings
Galatea logo

Livros ilimitados, experiências imersivas.

Facebook do GalateaInstagram do GalateaTikTok do Galatea