
Rosas Mortais
O pior pesadelo de Valerie? O detetive Roman esbarrar em seu esconderijo particular dos livros mais ousados que ela possui. Agora, ele usa cada comentário provocante e sorriso arrogante para deixá-la desconfortável… e não exatamente de um jeito ruim. Mas a tensão entre eles toma um rumo perigoso quando um serial killer implacável mira nela. Com o caso se aproximando, Valerie está vivendo sob o olhar atento de Roman — literalmente, já que agora dividem o mesmo teto. Ela deveria se concentrar em sobreviver, mas com aquele corpo esculpido, a proteção implacável e aquelas algemas sempre à mão, sua imaginação se recusa a se comportar. Sonhos e perigo se chocam, e nenhum dos dois está brincando de ser bonzinho.
Colidindo com você
VALERIE
Mansões, carros, ações em uma grande corporação. Valerie poderia ter tudo isso. Mas ela deixou para trás. E estava feliz com sua decisão.
”Droga!” Valerie freou de repente e tentou agarrar seu lenço que escorregava dos braços.
Estava atrasada de novo, e desta vez, Janice ficaria uma fera. O lenço caiu no chão.
Com um suspiro, ela se abaixou para pegá-lo, sem se importar com o cabelo despenteado.
Deu uma olhada ao redor do local de trabalho. O escritório fervilhava com o som de papéis sendo impressos e celulares tocando.
Ser assistente social era bacana. Mais bacana do que ser rica feito seus pais.
”Quinn!”
Valerie deu um pulo quando Janice Holloway surgiu no corredor. Janice parecia severa com o cabelo puxado para trás.
”Ah... bom dia, Janice!”, Valerie disse com voz animada.
A mulher mais velha não caiu nessa. ”Por que está atrasada, Quinn? Isto não é a empresa do seu pai.”
Valerie quis revirar os olhos. Estava apenas 15 minutos atrasada. Além disso, seu pai não era dono de uma fábrica. Ele tinha joalherias. Quase 50 delas. Em diferentes países.
”Quinn?”
A mulher mais velha parecia irritada. ”Sério? Cafeteria? O café do escritório não é bom o bastante para você?”
Valerie ficou quieta. O café do escritório era horrível. Mas ela não disse isso.
Em vez disso, esperou Janice terminar de falar.
”Não é tão bom quanto o café chique que você toma na casa do seu pai ricaço, né?”, Janice disse.
Valerie quase suspirou. ”Desculpe, Janice. Com licença, mas tenho trabalho a fazer, então vou indo.”
”Sei que você pegou esse emprego por diversão, mas tente chegar na hora.”
Ela assentiu, sem discutir. Não valia a pena.
”Tudo bem.”
Valerie contornou Janice e foi para seu escritório. Ou o que deveria ser seu escritório.
Abriu a porta com o cotovelo e olhou para a salinha. Era apertadíssima, com arquivos, sua cadeira e mesa.
Com um suspiro, colocou o café na mesa e jogou suas coisas na cadeira.
”Sinto cheiro de menina rica”, disse uma voz simpática da porta.
Valerie olhou para cima quando sua amiga e colega, Valentina Gomez, entrou.
Valerie suspirou. ”Oi, Tina.”
A mulher bonita ergueu uma sobrancelha. ”Quer que Janice goste de você? Acha que trazer café chique vai ajudar?”
Valentina grampeou alguns papéis. ”Não está? Bem, talvez devesse. Se não parar de ser a nova garota rica, ela vai continuar te dando os piores casos.”
Tina saiu, fechando a porta, e Valerie suspirou, olhando para as pilhas de pastas em sua mesa.
Pegou uma, pronta para trabalhar.
Isso não era sobre Janice ser má ou sobre a família rica de Valerie. Era sobre Valerie. Sobre ela e todas as crianças que poderia ajudar como assistente social.
Sim, começou como um plano para irritar seu pai, mas enquanto estudava serviço social e psicologia, Valerie descobriu que gostava.
Toda sua vida, ela teve tudo do bom e do melhor. Todas as crianças que conhecia tinham o mesmo. A melhor escola, todas as roupas que queria e muito dinheiro para gastar.
Então Valerie aprendeu sobre serviço social, e isso lhe mostrou um novo mundo.
Pela primeira vez, percebeu que nem toda criança tinha sua vida. Algumas crianças viviam em lares péssimos, machucadas por pais cruéis. Por isso ela continuou no serviço social.
O plano inicial era estudar serviço social, assustar o pai o suficiente para conseguir dinheiro da empresa, mais um apartamento novo, e depois largar os estudos.
É, não deu certo.
Primeiro, o pai disse que pararia de dar dinheiro se ela não estudasse administração como ele queria, e então... ele fez isso mesmo.
A única vez que ela tentou ser um pouco rebelde, não deu certo.
Mas ela estava se virando, então se Janice queria lhe dar os piores casos, tudo bem! Ela seria como a Mulher Maravilha em Nova York para essas crianças.
Ligou o computador e começou a trabalhar, olhando casos e fazendo listas de coisas para fazer.
Ficou interessada ao ver que em uma semana teria que ajudar uma criança a voltar a morar com os pais.
Putz.
Levantou-se da mesa e correu para fora do escritório para perguntar a Valentina sobre os pais da criança e quase esbarrou em Tina.
”Opa!” Valerie quase caiu com seus saltos altos, mal se segurando na parede. ”O que houve?”
Valentina se virou com um suspiro. ”Estou de saco cheio desses moleques mexendo no meu carro!”, ela disse, arrumando o cabelo.
Valerie fez uma careta. ”Os furadores de pneus? Voltaram?”
Tina tinha razão em estar brava. Um grupo de garotos tinha começado a furar os pneus dos carros nos estacionamentos.
Um carro até foi roubado uma vez, e foi quando todos ficaram assustados. Dois seguranças a mais foram contratados, mas isso não parecia ajudar.
Valerie mordeu o lábio. ”Caramba. Isso significa que nenhum dos nossos carros está seguro.” Ela pensou em seu carro e ofegou. ”Meu xodó! Preciso mover meu carro para um lugar mais seguro, não posso arriscar!”
Valentina ergueu uma sobrancelha. ”Eca? Ontem mesmo você estava me dizendo como queria que um bombeiro te amarrasse no poste dele—”
Sua amiga riu. ”Mas você não diria não se um de verdade aparecesse, né?”
”Claro que diria!” Ela empinou o nariz, parecendo sua mãe esnobe. ”Sou refinada demais para—”
”Seu carro, querida.”
”Ah, é!” Valerie saiu correndo para verificar seu carro, esperando que estivesse bem.
Seus saltos altos faziam barulho enquanto ela caminhava até o carro. Estava no final de uma fileira de uns 15 carros, e Valerie se sentiu aliviada ao vê-lo.
Era vermelho brilhante, reluzente pela chuva da manhã.
Ela levantou o braço para destravá-lo, mas parou, franzindo a testa ao olhar mais de perto.
Alguém encapuzado estava escondido atrás do seu carro.
Valerie congelou, sentindo medo enquanto olhava horrorizada.
”Ai, meu Deus...”, ela sussurrou. Os furadores de pneus. Um deles estava tentando roubar seu carro!
Com a mão trêmula, tentou pegar o celular na jaqueta para ligar para o 190. Não ia deixá-lo escapar.
Ela ia fazer com que ele fosse preso por furar pneus e tentar roubar seu carro vermelho! Abaixou-se para que ele não a visse, segurando o celular na orelha.













































