
A Tentação Proibida
Ela volta para casa no Dia de Ação de Graças esperando o de sempre: peru, drama familiar e talvez uma soneca no sofá. O que ela não esperava? Braxton. O melhor amigo do pai. Divorciado. Irresistível. E completamente proibido… ou pelo menos era o que ela pensava. Ela sempre teve uma queda por ele, mas agora ela não está só olhando, está agindo. Faíscas voam, regras são quebradas e o segredo deles? Quente demais para esconder. Ela tem um único objetivo neste feriado: transformar uma fantasia de anos em uma realidade bem real (e deliciosamente perigosa). Chega de esperar. Chega de fingir. É hora de ir atrás do que ela quer, e ela não vai aceitar um não como resposta.
Capítulo 1
PAYTON
Eu me sento na minha cadeira de sempre à mesa de jantar. Respiro o cheiro gostoso do peru que a mamãe preparou.
“É só isso mesmo? Só nós três?” pergunto. Observo a mamãe colocar a molheira na mesa. Ela não olha para o papai. Tem algo errado entre eles. Consigo sentir. Nunca vi isso antes.
Lá fora, a tempestade de inverno bate com força nas janelas. O vento faz barulhos altos contra o vidro.
“Com esse tempo? Vamos ter sorte se a energia não cair” o papai diz baixinho. Ele bate no copo vazio sem pensar.
A campainha toca e corta o silêncio. Faz todos nós darmos um pulo. Graças a Deus. Outra pessoa pode ajudar com o que quer que esteja acontecendo entre meus pais.
A cadeira da mamãe range no chão.
“Eu atendo” ela diz. Soa quase ansiosa demais.
Do corredor, ouço vozes baixas. Uma voz grave se mistura com a voz mais aguda da mamãe. Meu coração começa a bater rápido. A voz soa familiar, mas não consigo descobrir de quem é.
Mas quando sinto o cheiro fraco de loção pós-barba — limpa, picante, cara — meu estômago se revira de preocupação. Só existe uma pessoa no mundo que usa esse cheiro, e não o vejo desde... bem, desde que deixei de ser criança.
Ele aparece na porta. Parece maior que a vida. Seus ombros são tão largos que mal cabem no batente. Meu coração pula de um jeito constrangedor. Tenho que me lembrar que sou uma mulher adulta e não uma adolescente com sentimentos descontrolados.
O cabelo dele está mais comprido do que eu lembrava. Tem fios prateados nas laterais. Ele se move com a confiança tranquila de alguém que sabe exatamente quanto espaço ocupa no mundo. E é muito sexy.
Braxton Saunders.
O melhor amigo do meu pai.
Ele era como meu tio quando eu estava crescendo, embora não por sangue ou casamento.
Ele sempre foi só “Brax”. Estava em todos os aniversários, piqueniques e grandes eventos de família. É por causa dele que sei trocar um pneu. É por causa dele que consigo beber uísque sem fazer careta.
Mas ele também é, desde que completei dezoito anos, o motivo dos meus devaneios mais errados sobre ele terem ficado... bem sujos.
Ele sorri quando me vê. É um sorriso lento e perigoso que começa nos olhos e desce até a cicatriz no canto do lábio. Sinto meu rosto esquentar. Meu corpo me entrega de cem maneiras diferentes.
“E aí, pestinha” ele diz. A voz dele é baixa, rouca e íntima de um jeito que me faz querer desviar o olhar, mas também nunca parar de olhar para ele.
“Brax” sussurro enquanto ele cruza a sala em três passos longos e abre os braços. Ele não me abraça do jeito paternal de antes. Há uma fome real que parece um convite e um desafio ao mesmo tempo.
Espero exatamente uma batida do coração, depois me levanto da cadeira e me jogo nele. Não me importo que meus pais estejam assistindo. Não me importo que eu possa explodir de tanta empolgação.
Braxton mantém os braços em volta de mim um pouco tempo demais, depois me solta. Seus olhos azuis percorrem meu corpo em um olhar tão claro que faz meus joelhos tremerem.
Então ele faz aquela coisa que sempre fazia — morde o lábio inferior como se estivesse pensando se ri ou me devora inteira.
“Caramba, garota, você cresceu. Agora é uma mulher” ele diz, e não é só um elogio.
Meus pais estão sorrindo enquanto nos observam nos reencontrar. Quase consigo sentir o quanto estão orgulhosos, mas tudo em que consigo pensar é o quanto quero puxar Braxton para o banheiro de hóspedes e cair de joelhos. O homem melhorou com a idade.
Não nos vemos desde que terminei o ensino médio há mais de três anos.
Mas o arrependimento de verdade foi não ter ido atrás do homem que está na minha frente agora.
As tatuagens de Braxton sobem pelos braços e desaparecem sob a camisa. Não consigo parar de olhar para ele. Com a barba por fazer, olhos azuis brilhantes e voz grave e rouca, ele é tudo que um homem deveria ser.
“Não achei que você enfrentaria esse tempo” o papai diz. A voz dele corta a eletricidade entre nós enquanto ele se levanta para apertar a mão de Braxton.
Braxton se senta na cadeira ao meu lado, perto o suficiente para eu sentir aquela loção pós-barba de novo. Meu pulso acelera enquanto me sento de volta na cadeira.
“Nem um furacão me impediria” ele diz, olhando para a comida com apreciação. “Tenho vivido de delivery desde que o divórcio terminou.”
Não deixo passar o jeito como ele olha para mim esperando minha reação. Meu coração pula. Divorciado, o que significa que ele está disponível.
“Que presente ter vocês dois aqui” a mamãe diz da outra ponta da mesa. O sorriso dela está tenso enquanto ela cuidadosamente olha para qualquer lugar menos para o papai. “Nossas duas pessoas favoritas de volta ao mesmo tempo. Com certeza algo pelo qual ser grata neste Dia de Ação de Graças.”
Braxton inclina a cabeça, aquele sorriso característico de meio lado aparecendo.
“Você não vem para casa há muito tempo, Payton” ele diz, os olhos se erguendo para olhar nossa plateia. “Sua família com certeza sentiu sua falta.”
Dou de ombros, tentando parecer tranquila, mas minhas bochechas já estão quentes.
“Estive ocupada com a faculdade.”
“Ocupada com aquele garoto bonito Matthew, você quer dizer” a mamãe provoca, me deixando muito constrangida. Lanço um olhar para ela que poderia matar, mas ela só ri.
Arrisco um olhar para Braxton, onde vejo um lampejo de algo afiado e possessivo que não estava lá antes. A mandíbula dele fica tensa, e meu pulso acelera.
“Nós terminamos. Eu te contei” digo. Minha voz está mais áspera do que eu pretendia.
A verdade é que tenho transado por aí pela cidade desde o término, a faculdade sendo a menor das minhas preocupações. É melhor do que ficar acordada a noite toda pensando no homem que me machucou, e no outro homem que nunca posso ter.
“Como você tem passado, Braxton?” pergunto, mudando de assunto.
Ele dá de ombros.
“Ainda administrando a concessionária em Seattle. Nada muito empolgante.”
O papai se serve de um copo de uísque tão cheio que me pergunto se ele está tentando provar alguma coisa. A mamãe bebe sua água com gás, olhos fixos nos movimentos dele.
A energia na sala mudou. Sinto meus ombros ficando tensos por causa disso, então me sirvo de dois dedos de uísque e inclino o copo para tomar um gole lento do licor envelhecido.
O papai levanta uma sobrancelha enquanto deixo a queimação defumada rolar pela minha língua.
“O que você pensa que está fazendo, mocinha?”
Limpo o canto da boca e dou de ombros.
“Pai, tenho vinte e um anos agora. Com certeza esse não é meu primeiro copo de uísque” digo, depois digo baixinho: “Na verdade, você provavelmente ficaria chocado se soubesse o quanto tenho bebido na faculdade. Junto com todas as outras coisas de adulto que tenho feito.”
Jogo essa última parte na direção de Braxton, cujos olhos permanecem em mim.
“Não me faça ir com Braxton para o leste colocar uns garotinhos no lugar” o papai resmunga, tentando soar como se realmente se importasse com o que estou fazendo da minha vida de repente.
“Ah, por favor” rebato, sorrindo amplamente. “Se não fosse pela mamãe, você teria transado por toda a faculdade.”
Dessa vez, o silêncio é completo. O rosto do papai fica sem expressão, e a mamãe empalidece, o aperto no copo deixando os nós dos dedos brancos.
Há algo frágil no jeito como a mamãe limpa a garganta, se desculpando da mesa. E quando olho para o papai, há algo falso no jeito como ele sorri e tenta continuar conversando com Braxton.
Mas um estrondo da cozinha o puxa para longe da mesa, deixando Braxton e eu sozinhos, o silêncio pesando.
Eu o observo, o jeito como as mãos dele se curvam em volta do copo, o jeito como os olhos dele sempre se movem na minha direção. Há uma facilidade instantânea no corpo dele quando se vira para mim. Os olhos dele se fixam nos meus, pupilas dilatadas e escuras.
“Não consigo acreditar o quanto você cresceu, Pay” ele diz com sua voz grave e rica.
Sorrio, dentes à mostra.
“Você também, velho” rebato, e ele ri, baixo e rouco, o som atravessando meu corpo inteiro. “Você veio me ensinar algumas lições de vida novas?”
Ele se inclina, voz baixa para só eu ouvir.
“Depende de que tipo de lições você está falando, porque de onde estou sentado, parece que você já sabe de tudo.”
“Mm...” digo, me inclinando mais perto. “Há muitas coisas que ainda não aprendi.”
Ele me olha por um longo momento, olhos brilhando com algo que não consigo ler, algo que faz meu estômago se revirar de um jeito que não quero nomear. A tensão entre nós é uma coisa viva, crescendo, se enrolando, esperando que um de nós a quebre.
“Cuidado” ele diz finalmente, voz rouca. “Dizer coisas assim pode dar ideias a um homem.”
Eu pisco.
“Talvez eu esteja contando com isso.”
A mandíbula dele se contrai. Ele se inclina para trás só um pouco, como se colocar espaço entre nós fosse esfriar alguma coisa, mas não esfria.
“Você é sempre tão imprudente?” ele pergunta.
Inclino a cabeça.
“Só perto de homens mais velhos.”
O sorriso de Braxton é lento, sabido.
“Então é melhor eu me cuidar.”
“Ou não...”
Me inclino na direção dele, o decote da minha blusa se abrindo, minha pele brilhante captando a luz das velas do centro de mesa. Observo ele lutar, vejo o músculo da mandíbula dele pular enquanto ele tenta e falha em não olhar.
Os olhos dele descem, seguindo a linha da minha mandíbula até minha boca, permanecendo lá como uma pergunta. Depois mais abaixo, para a pele na minha clavícula.
Nos anos desde que ganhei minhas curvas, fiquei muito boa em tensão. Sei como deixar um homem tenso como um fio, como manter um homem equilibrado na beira do desejo e do arrependimento.
“Se eu não te conhecesse melhor, diria que você está tentando flertar comigo” ele diz.
Dou de ombros, fingindo que não me importo.
“E se eu estiver?”
Ele abre a boca como se fosse dizer algo de volta, mas nada sai. Alcanço meu uísque, e quando faço isso, deixo as costas dos meus dedos roçarem os nós dos dedos dele. Ele estremece, mas a mão dele fica onde está.
Deslizo meu mindinho ao longo do dele, do jeito que eu fazia quando era mais nova e queria que ele me confortasse, e ele enlaça o mindinho dele de volta no meu.
É um gesto que não é nada e é tudo. Meu coração bate alto atrás das costelas.
“Payton...” ele meio que sussurra.
“Relaxa. Sou só eu” sussurro de volta, baixo demais para qualquer um além dele ouvir.
Ele tenta fazer um som de aviso, mas há uma súplica nele também, uma fome que anos de autocontrole não conseguem segurar completamente.
Então há um lampejo, uma fração de segundo, em que acho que ele vai fazer isso. Em que acho que ele vai se inclinar, segurar meu rosto naquelas mãos muito grandes, e me beijar tão forte que faria qualquer outro beijo parecer fraco.
E eu quero que ele faça isso.
Quero que ele me arruíne para todos os outros.
Mas em vez disso, ele só me olha, o olhar dele quente o suficiente para queimar minha pele, e quando a mamãe volta para a sala com um prato fumegante de pãezinhos frescos, nós nos afastamos como duas crianças pegas passando bilhetes na escola.
A tempestade bate contra as janelas, e o sono não vem. Toda vez que fecho os olhos, vejo ele — o homem do outro lado do corredor no nosso quarto de hóspedes.
Meu lado racional sussurra para eu me virar e contar carneirinhos, mas meu corpo lembra do choque elétrico quando o mindinho dele se entrelaçou com o meu. Aquele toque minúsculo acordou algo primitivo que agora pulsa entre minhas coxas.
Visto meu robe de seda e abro minha porta com cuidado, só para encontrar a porta dele aberta e o quarto vazio. Uma olhada rápida confirma que a porta dos meus pais ainda está fechada, nenhuma luz vindo por baixo.
O som de cliques de teclado vem da sala de jantar enquanto desço as escadas.
Meu pulso acelera. Eu tinha planejado ser ousada e direta, mas agora a hesitação se infiltra. Melhor jogar isso com cuidado — preciso que ele me deseje com a mesma fome desesperada que está me levando até ele agora.
Mantenho meu rosto neutro enquanto atravesso a cozinha descalça. A presença de Braxton na sala ao lado é forte, o brilho azul-branco fraco do monitor dele jogando luz no rosto dele.
Para fazer barulho, abro a geladeira e fico na luz fria, olhando para as fileiras organizadas de sobras do jantar. O frio faz arrepios aparecerem nas minhas coxas enquanto alcanço uma garrafa de cerveja escondida atrás de uma caixa de leite de aveia.
Devagar, me viro para encarar a sala de jantar, garrafa na mão, e deixo meus olhos caírem sobre Braxton.
Ele está sentado rígido, na beirada da cadeira, uma mão ainda sobre o teclado como se pego no meio de digitar.
Os olhos dele estão arregalados, pupilas grandes, o azul quase coberto pelo preto, e não consigo deixar de me perguntar se ele está tão bêbado desse calor proibido quanto eu.















































