A jovem Anna, de dezenove anos, foi excluída durante toda a sua vida, e nem seus pais nem seu bando querem saber dela. Quando ela é transferida para outra matilha, ela finalmente é recebida de braços abertos. Mas por que ela não pode mudar para sua forma de lobo? E por que o enigmático alfa Zach está tão interessado nela?
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ANNA
Dali de cima, a única coisa que se via eram as copas das árvores da floresta.
A mata parecia estender-se até onde a vista alcançava, um vasto oceano repleto de diversos tons de verde.
Havia árvores de todos os tipos, tão altas que pareciam alcançar o sol alto no céu acima delas.
Anna Davis sabia nomear algumas: pinho, sequoia, abeto e cedro. Ela sabia que a vida selvagem prosperava ali, protegida sob todos os seus galhos grossos, aninhada em seus troncos.
Anna não havia explorado muito desde que chegara ao vale, então não tinha certeza sobre os tipos de animais que residiam ali, mas apostava que o local estava cheio de criaturas que ainda iriam causar bastante medo nos humanos.
Esta terra era protegida, intocada, mas Anna não era ingênua.
Seria apenas uma questão de tempo até que os humanos descobrissem a floresta e a destruíssem em busca de terras de primeira para produção e desenvolvimento.
Anna olhou por cima do ombro e viu as cordilheiras de Calmariel atrás dela, a maior das montanhas bem próxima.
Ela se elevava acima da terra e bloqueava completamente qualquer visão da cidade que ficava atrás dela, a cerca de cinquenta quilômetros de distância.
O desejo humano por mais era incessante, como um vírus que esticava suas garras e destruía tudo o que tocava…
Só que esse vírus também ergueu prédios e fábricas de concreto onde antes havia uma natureza de tirar o fôlego.
Anna virou as costas para a vista sobre o cume, sorrindo.
Quando os humanos e a ganância deles chegarem até aqui, eles irão encontrar alguns pequenos obstáculos.
A terra estava cheia de colinas, ravinas profundas, e também lobos predadores que eram muito protetores e territoriais sobre sua terra e casa.
Anna chutou os pés descalços contra a face da rocha, olhando para baixo, observando suas pernas penduradas e a distância até o chão.
Ela chutou que poderia ser uma queda de cerca de 25 metros, mas isso não a incomodou. Ela nunca teve medo de altura.
Antes de vir para cá, Anna morava em um complexo de apartamentos na cidade com sua matilha.
Sempre que ela conseguia fugir de sua família, ela corria para o telhado e olhava fixamente para o horizonte.
Um dia, sua mãe a encontrou lá e disse sarcasticamente a Anna que ela deveria ter nascido um pássaro, porque com certeza não daria um bom lobo.
Anna suspirou. Pensar em sua família a deixava melancólica.
Ela havia sido transferida para a Matilha Rio Prateado alguns dias atrás e, quase imediatamente, começou a experimentar uma sensação avassaladora de alívio.
Era difícil acreditar que ela finalmente havia escapado das garras de seu antigo bando, Asa Cinzenta, mas, ao mesmo tempo, Anna estava frustrada. Ela nunca iria descobrir os segredos de seu passado ou o porquê havia sofrido nas mãos de sua família e do resto do bando.
Na verdade, ela nem esperava ver alguém da Matilha Asa Cinzenta novamente, nem mesmo seus pais, mas eles eram a única família que ela tinha.
A Matilha Rio Prateado era muito diferente, e Anna constantemente se sentia insegura e deslocada.
Ela só se tornaria um membro oficial da Matilha Rio Prateado após a cerimônia de união, e ela não tinha ideia de qual seria seu papel uma vez que isso acontecesse.
Anna nunca teve um papel real dentro da Asa Cinzenta, embora ela claramente conhecesse seu lugar lá.
A vida era bastante previsível, mas isso a tornava confortável, mesmo que não fosse cheia de felicidade ou totalmente agradável.
Anna balançou a cabeça, tentando esvaziar a mente, e endireitou a coluna.
Esta vista incrível à sua frente foi uma das principais razões pelas quais ela aceitou sua transferência para cá - esta vista e a liberdade que a acompanhava.
Anna se sentia claustrofóbica na cidade, cercada por uma selva de concreto repleta de arranha-céus e ruas cheias de veículos velozes e barulhentos.
Os lobos não foram feitos para correr pelas cidades, e ela ainda não conseguia entender por que a matilha Asa Cinzenta escolheu aquele local para chamar de lar.
Agora, Anna se sentia mais conectada com sua loba interior do que nunca.
Ela tinha certeza que não importava o que acontecesse após a cerimônia de união - ela nunca se arrependeria de ter vindo aqui.
Os últimos dois dias já haviam provado para ela que sua vida aqui seria melhor do que sua vida na matilha Asa Cinzenta.
Anna foi arrancada de seus pensamentos pelo som de alguém pigarreando. Sua cabeça girou e ela avistou um homem parado perto das árvores.
Seu movimento repentino a fez perder o equilíbrio. O homem deu um passo à frente, com o braço erguido, como se estivesse prestes a se lançar para a frente e salvá-la da queda.
Anna rapidamente se firmou, olhando o estranho com cautela.
"Sinto muito," ele disse, sua voz suave como se estivesse falando com um animal indefeso. "Eu não queria te assustar."
Anna o analisou rapidamente, avaliando se ele era uma ameaça ou não. Ele estava vestindo jeans desbotados. E só.
Anna notou que seus pés estavam descalços, e seu peito nu estava salpicado de pelos castanhos curtos e encaracolados.
Ele tinha ombros musculosos que ficavam tensos conforme ele se movia, cruzando os braços sobre o peito.
Parecia que ele havia se transformado recentemente e encontrado o jeans que usava em um dos vários esconderijos de roupas localizados estrategicamente ao redor do território do Rio Prateado.
Ele tinha cabelo castanho-escuro e ondulado, e as maçãs do rosto salientes. Sua mandíbula definida era perceptível mesmo coberta com a barba por fazer.
Anna finalmente encontrou seus calorosos olhos castanhos, que a observavam com uma expressão preocupada, e ela percebeu que ele estava esperando que ela respondesse.
Ela finalmente registrou o que ele havia dito, e sentiu suas bochechas esquentarem.
Era extremamente difícil se aproximar furtivamente de um lobo metamorfo por causa de sua audição aguçada, e Anna sabia que qualquer outro lobo o teria ouvido chegando.
Envergonhada, ela abanou a mão para o estranho. "Tudo bem. Quer dizer, eu deveria ter escutado você chegar, mas eu estava perdida em meus pensamentos," ela mentiu, mas ele apenas deu um pequeno sorriso e enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans.
"Como não ficar perdido com esta vista?" ele murmurou, olhando para a floresta atrás de Anna antes de olhar para a menina.
"Meu nome é Mitch. Sou um dos soldados do Rio Prateado. Nunca te vi por aqui antes." Ele afirmou, mas sua voz se elevou ligeiramente, indicando uma pergunta.
Anna se sentiu um pouco aliviada com a menção de que ele era um membro da Matilha Rio Prateado.
"Estou aqui há apenas alguns dias; fui transferida da Asa Cinzenta." Ela se levantou e caminhou até ele, estendendo a mão para ele apertar. "Meu nome é Anna."
Ele pegou a mão dela com força, oferecendo um pequeno sorriso, que ela retribuiu.
"Prazer em conhecê-la, Anna. Você precisa de um guia? Eu ficaria feliz em mostrar tudo a você. Nasci e cresci aqui no Rio Prateado."
Depois que ele soltou sua mão, Anna recuou para colocar espaço entre eles novamente enquanto considerava sua oferta.
Finalmente, ela disse: "Isso seria ótimo! Podemos começar agora?"
Mitch assentiu, rindo de seu entusiasmo. "Claro, não tenho nada para fazer agora. O treinamento só começa daqui a três horas."
Anna sorriu, sentindo-se mais à vontade a cada minuto.
Ela voltou até a beira do cume para pegar suas meias e sapatos descartados. Ela os calçou enquanto Mitch esperava pacientemente.
Assim que ela terminou, eles começaram a caminhar juntos em direção às cadeias de montanhas e ao esconderijo da matilha.
As árvores ficavam cada vez mais densas, e era possível ouvir os passos de Anna e Mitch amassando a folhagem no chão enquanto caminhavam.
Anna se certificou de manter pelo menos trinta centímetros de distância para que o corpo de Mitch não tocasse acidentalmente o dela.
Ela esperou que Mitch perguntasse por que ela não havia se transformado ainda. Ela já estava pensando em várias explicações que poderia dar, mas depois de um tempo, ela aceitou que tal pergunta não viria.
Em vez disso, ele contou a ela sobre como as coisas funcionavam no Rio Prateado. Anna ouviu, fascinada.
Quando ela chegou, eles apenas disseram a ela que o alfa estava viajando a negócios, logo a recepção oficial do bando só aconteceria quando ele voltasse.
Portanto, Anna não fez praticamente nada nos últimos dois dias.
Ela não estava acostumada a ficar tão ociosa, mas até que fosse atribuído a ela um papel, ela não tinha muita escolha.
"A Matilha Rio Prateado está nesta terra há quase vinte anos. O alfa anterior, Phillip Stone, a encontrou e achou que era algo especial."
Mitch passou por cima de uma grande árvore caída, virando-se para ajudar Anna a passar por cima dela. "A matilha passou anos criando o covil, modernizando-o e tornando-o o que é hoje."
"Eu já explorei um pouco a área, mas são tantos corredores que parecem iguais! Eu até já me perdi algumas vezes", disse Anna enquanto passava a mão contra a casca áspera de um árvore.
Mitch riu. "Isso não me surpreende. Há anos venho dizendo a todos que deveriam começar a fazer mapas!"
"Por que Phillip decidiu construir o covil sob uma montanha?" Anna perguntou, olhando para a montanha em questão.
"Ele queria que seu esconderijo fosse difícil de encontrar e que fosse impenetrável. Proteger os jovens e vulneráveis sempre foi prioridade do bando Rio Prateado", explicou Mitch. "E quanto ao Asa Cinzenta? Ouvi dizer que a casa principal deles fica na cidade."
Anna sorriu ao ouvir o desgosto na voz dele ao dizer isso.
"Não tenho certeza de quanto tempo eles estão lá... Desde que nasci, pelo menos, e tenho dezenove anos."
"Você gostava de morar lá?" ele perguntou.
"Pra ser sincera, não." Ela parou, lembrando-se de seus pensamentos anteriores. "Parecia que era difícil respirar lá, como se o ar fosse mais denso. Aqui, no entanto…" Anna fez uma pausa, inalando profundamente e sorrindo para Mitch. "Aqui, eu posso respirar de verdade."
Mitch olhou em volta como se estivesse vendo tudo pela primeira vez.
"Às vezes esqueço de apreciar esse lugar. Esqueci como somos sortudos." Ele sorriu nostalgicamente antes de voltar a conversa para Anna novamente.
"Voltando o assunto para a Asa Cinzenta, o que você fazia na matilha?"
"Meio que um pouco de tudo. Eu não tinha uma função oficial, então eu meio que... fazia um pouco de tudo. Eu ficava principalmente nos aposentos de nossa família e ajudava meus pais."
Anna deu de ombros, desviando o olhar da expressão curiosa de Mitch.
Ao observar o bando Rio Prateado nos últimos dois dias, ela sabia que o que havia acontecido com ela na Asa Cinzenta era anormal.
Anna imaginou que essa também era uma grande parte da razão pela qual ela se sentia tão deslocada aqui e insegura de como mudar isso. Ela não se sentia à vontade para começar em qualquer trabalho porque tinha medo de fazer algo errado ou pisar no calo de alguém.
"Mas você não disse que tem dezenove anos?" Anna assentiu. Mitch olhou para ela de forma estranha antes de dizer: "Entendo. Acho que cada matilha é diferente."
A dupla continuou caminhando entre as árvores até chegarem em uma grande clareira gramada.
As árvores foram cortadas de modo que a linha de árvores tivesse a forma de um semicírculo.
No meio da clareira havia uma grande pedra, grande e redonda com muitos apoios para os pés.
Anna sabia que era uma ferramenta de escalada, pois viu um monte de filhotes brincando nela antes.
Toda a área era surpreendentemente plana e verde, embora estivesse bem em frente a uma montanha que se estendia abruptamente para cima.
A face da rocha era cinza claro e parecia quase lisa ao toque em alguns lugares. Anna sabia que ela era fria, pois havia pressionado sua pele contra ela antes.
Ela olhou para cima, tentando ver o pico da montanha, mas o sol estava brilhando atrás dela, deixando o céu claro demais para os olhos de Anna.
Mitch caminhou em direção à base da montanha, parecendo cada vez menor ao passo que se aproximava da parede cinza.
Anna seguiu mais devagar, seus olhos observando cada detalhe ao seu redor como se fosse sua primeira vez.
Ela imaginou o momento em que Alfa Phillip chegou e reconheceu o potencial da terra para a criação de um lar, e ela ficou mais uma vez impressionada com o que ele havia feito para o seu bando.
Eventualmente, ela alcançou Mitch, que estava parado na frente das entradas da caverna.
Eles estavam no cantinho da base da montanha, inclinando-se abruptamente para baixo, de modo que pareciam menores e camuflados contra uma rocha.
Se você não soubesse que eles estavam lá, seria quase impossível vê-los à distância.
Havia duas entradas, uma ao lado da outra, divididas por uma parede de pedra.
Anna sabia que uma levava a onde ficavam seus aposentos e todas as áreas domésticas do bando, enquanto a outra levava diretamente às garagens e salas de treinamento dos soldados.
Tudo se conectava mais afundo no covil, mas ela ainda não sabia exatamente como.
Ela sabia como chegar ao seu quarto, ao refeitório e à saída. E só.
Mitch conduziu Anna pela entrada da esquerda, os dois descendo com cuidado o caminho íngreme até o chão começar a se nivelar.
O piso do corredor era de cimento e as paredes naturais, embora a pedra tivesse sido totalmente alisada.
Luzes de antepara redondas forravam o teto, com pequenas aberturas espalhadas entre elas - um sistema de ventilação de ar que dispersava o ar limpo e o calor por todo o covil.
Mitch conduziu Anna para o leste, em direção ao refeitório, e apontou salas importantes e diferentes corredores ao longo do caminho.
Anna tentou acompanhar o que ele estava dizendo, mas sabia que a probabilidade dela se perder ainda era alta. Eles finalmente chegaram ao refeitório, que estava rapidamente se enchendo de gente à medida que a hora do jantar se aproximava.
A sala continha cerca de trinta mesas e, ao longo de um lado, havia uma grande mesa de serviço em estilo bufê. Bem ao lado havia uma janela de serviço que dava para a cozinha.
Pessoas de avental entravam e saíam por uma porta a poucos metros da janela, carregando grandes bandejas de comida e colocando-as na mesa do bufê.
Mitch levou Anna a uma mesa com seis pessoas sentadas. Ele bateu a mão com firmeza na superfície da mesa para chamar a atenção de todos.
"Ei, pessoal," ele anunciou, parando enquanto esperava que todos se virassem e olhassem para ele. Eles olharam curiosamente para Anna enquanto isso.
"Essa é Anna, a que veio da Asa Cinzenta. Eu disse a ela que seria seu guia turístico. Anna, estes são Tori, Josh, Adrian, Lucy e Piper."
Mitch nomeou cada pessoa na mesa da esquerda para a direita, apontando para cada um deles. Anna deu um pequeno aceno, sorrindo para a mesa como um todo.
"Não vou me lembrar de nenhum nome, mas oi! É um prazer conhecer todos vocês."
Todos riram e então um menino, que Anna achava que se chamava Josh, convidou Mitch e Anna para se juntarem a eles na mesa.
Anna sentiu uma pitada de esperança. Isso aqui poderia ser o começo de sua nova vida no Rio Prateado.
Ela nunca sentiu isso na Asa Cinzenta, mesmo tendo nascido na matilha e vivido com eles durante toda a sua vida.
O Rio Prateado era sua chance de recomeçar e, talvez, finalmente se tornar parte de uma família de verdade.
Ela voltou à realidade quando se sentou e a mulher à sua direita se virou para ela. "Então quer dizer que você é da Asa Cinzenta?"
Anna olhou para ela, lembrando-se de que essa mulher havia sido apresentada como Piper.
Piper tinha cabelos ruivos, presos em um rabo de cavalo, e olhos cinzentos bem expressivos. Seu nariz e suas bochechas estavam cobertos de sardas. Ela estava vestindo o uniforme padrão dos soldados do Rio Prateado, uma camisa polo preta e calças cargo pretas.
"Isso mesmo. Aqui é bem diferente da Asa Cinzenta."
"Eu sei como é; Na verdade, fui transferida também. Cheguei aqui há cerca de um ano. A Matilha Nuvem Sombria era muito menor do que o Rio Prateado, com cerca de cinquenta membros no total."
"Por que eles deixaram você ser transferida?" Anna perguntou, surpresa.
"Eu não dei a eles uma escolha. Meus pais foram mortos em uma batalha territorial com outro bando, e eu não iria suportar viver ali, com todas as memórias."
Piper desviou o olhar e Anna imediatamente se arrependeu de ter feito a pergunta.
Depois de uma pausa breve, mas intensa, Piper olhou para trás, claramente tentando colocar o sorriso de volta em seu rosto.
"Quer dizer que você chegou aqui há dois dias? E você está gostando, mesmo sendo diferente da sua antiga casa?"
"É difícil dizer, porque ainda não sei onde me encaixo aqui." Anna deu de ombros. "Eu não tenho nada para fazer, e é estranho me meter nas coisas quando ninguém me conhece."
A testa de Piper franziu. "Espera, você chegou aqui há dois dias? E Zach... Tori, quando que o alfa viajou?"
Piper virou-se para uma mulher de cabelo preto sentada na outra ponta da mesa.
"Quatro dias atrás, eu acho. Ele deve voltar a qualquer momento." Com a resposta, Piper voltou-se para Anna, olhando-a com preocupação.
"Isso quer dizer que você ainda não faz parte do vínculo do bando. Você está sem matilha há três dias? Você está se sentindo bem?"
Anna olhou para Piper, confusa. "Eu não sei se entendi o que você quer dizer", respondeu ela.
"Nosso curador-chefe acredita que quando um lobo decide partir, a mente rompe os laços emocionais com o bando. Se, além disso, ele se distancia fisicamente da matilha, o vínculo é completamente rompido."
"Eu não sei como isso funciona com os outros metamorfos, mas os lobos precisam desse vínculo porque, sem ele, podemos nos tornar selvagens ou ficar doentes. Estou bem chocada que eles deixaram você nessa situação por tanto tempo."
"Minha energia está um pouco fraca", respondeu Anna, pensativa. "Mas a Asa Cinzenta me deixou de fora do vínculo da matilha por tanto tempo que eu nem notei nenhuma diferença."
Piper ficou boquiaberta, abrindo e fechando a boca várias vezes antes de exclamar: "Eles deixaram você de fora?!"
Sua voz alta atraiu olhares curiosos do resto da mesa.
Anna fez contato visual com Mitch, que levantou uma sobrancelha, mas Anna apenas sorriu antes de se virar para Piper.
"Está tudo bem, Piper," ela disse baixinho, esperando que Piper fizesse o mesmo e baixasse o tom de voz. "Não sinta pena de mim. Era simplesmente uma parte da minha vida; não tenho como sentir falta de algo que nunca tive."
Piper parecia querer discutir, mas desistiu. Ela recostou-se na cadeira, os olhos ainda fixos em Anna.
"Tudo bem, mas saiba que você irá se surpreender quando for aceita na matilha e no vínculo dela. Isso aconteceu comigo, e eu vim de um bando com um quarto do tamanho do Rio Prateado."
Quando ela terminou de falar, a pessoa sentada na outra ponta da mesa disse algo e ela se virou.
Anna ficou sentada em silêncio, imaginando nervosamente o que Piper quis dizer com aquilo.