Mackenzie Madden
ANNA
Eles voltaram juntos para o covil, Zach alcançando Anna facilmente.
Eles caminharam em um silêncio agradável, e isso fez Anna se perguntar por que ela estava mais confortável com Zach como um lobo do que como um homem.
Quando ele estava em forma humana, ela se sentia intimidada por ele, embora ele não tivesse feito nada para provocar isso.
Parecia bobagem se sentir menos intimidada por um lobo enorme que poderia praticamente comê-la inteira com uma mordida.
Quando eles contornaram a pedra, Zach foi direto até as roupas que ele havia deixado cuidadosamente dobradas ao lado da entrada da caverna, e Anna rapidamente desviou o olhar quando uma nuvem de faíscas pareceu envolver o corpo dele, transformando-o de lobo em homem.
Ele se vestiu em tempo recorde e se virou para olhar para Anna, que ainda estava olhando fixamente para longe até que ele pigarreou.
"Você já pode olhar."
Sua voz estava cheia de humor, mas Anna o ignorou e começou a descer a encosta íngreme até o covil.
Ela tentou se concentrar em seus pés, mas ele estava bem atrás dela, uma onda de calor em suas costas que a fez sentir-se tonta.
Em um momento, ela estava colocando um pé na frente do outro e, no outro, ela estava prestes a cair e rolar até o final da descida.
Assim que ela começou a se preparar para o impacto, as mãos dele agarraram seus ombros e puxaram suas costas contra ele.
A respiração de Anna saiu de seus pulmões ao sentir o corpo dele colidir contra o dela.
O calor parecia queimar sua pele em cada ponto de contato, mesmo através de suas roupas. Anna respirou fundo, sentindo uma espécie de eletricidade correndo entre seus corpos.
A sensação durou apenas um segundo antes de Anna rapidamente encolher os ombros e se afastar dele.
"Uh... obrigada..." Ela se virou para olhá-lo e encontrou seus intensos olhos azuis fixos em seu rosto.
Eles pareciam quase brilhar na penumbra da caverna, e Anna se perguntou se ele poderia ler cada pensamento que passava por sua cabeça.
Ele continuou a observá-la de perto por mais uns instantes, em silêncio, seu rosto completamente ilegível.
Por fim, ele fez um gesto para que ela continuasse andando e, depois que chegaram ao fundo da encosta, Zach assumiu a liderança.
Anna o seguiu até que estivessem de volta à enfermaria.
Não havia ninguém lá, mas Zach atravessou a sala até uma porta que Anna não havia notado antes.
Ele bateu rapidamente e Natalie gritou: "Sim, entre." Ao entrarem, Natalie levantou-se da cadeira.
Ela parecia confusa, com o cabelo castanho começando a cair em um rabo de cavalo solto e um pequeno lápis enfiado atrás de uma das orelhas.
Ela estava sentada em frente a uma grande mesa de madeira cheia de vários papéis e arquivos.
Anna olhou ao redor da sala, notando que as paredes estavam decoradas com desenhos que os filhotes haviam desenhado para Natalie.
Anna entrou e, depois que Natalie fez um gesto para que ela se sentasse, ela se jogou em uma poltrona macia em frente à mesa, ainda se sentindo mal depois do momento estranho que teve com Zach.
Ela olhou para ele com o canto do olho, observando ele se inclinar contra uma parede com um joelho apoiado contra ela e os braços cruzados sobre o peito.
Ele não parecia nem um pouco perturbado, então Anna concluiu que ela estava tendo uma reação exagerada a... o que quer que fosse.
Ele obviamente não sentiu o que ela sentiu.
Ela deve ter imaginado o jeito que os olhos dele pareciam brilhar, e quando ele parou, provavelmente foi apenas para verificar se ela estava bem, como qualquer bom alfa faria.
Natalie sentou-se atrás de sua mesa e começou a falar.
Anna piscou, tentando se concentrar em suas palavras enquanto ignorava o homem silencioso do outro lado da sala.
"Estou feliz que você está de volta. Anna, Zach me disse que você está tendo problemas com a transformação. Você pode descrever exatamente o que está acontecendo?"
Ela sorriu, claramente tentando fazer Anna se sentir à vontade. Anna pensou por um minuto, tentando encontrar as palavras certas.
"Fui capaz de me transformar desde que comecei a andar, assim como todo mundo. Com o tempo, lembro que pareceu ficar mais difícil... Cada vez parecia demorar mais do que antes. Parecia que minha loba estava em uma névoa, uma que eu não conseguia penetrar."
Anna recostou-se, olhando vagamente para o nada.
"Mas eu ainda podia senti-la logo abaixo da superfície sempre que estava triste ou com raiva. Até…"
Anna parou, seus olhos dispararam para Zach antes de olhar para Natalie novamente.
Natalie, que pegou o lápis atrás da orelha e começou a fazer anotações enquanto Anna falava, ergueu a cabeça quando Anna parou. Ela olhou para ela atentamente.
"Até?" Sua voz era baixa, como se ela não quisesse assustar Anna e fazê-la parar de falar.
Anna olhou para as próprias mãos, notando que elas estavam tão apertadas que os nós dos dedos estavam quase brancos. Ela quase não queria confessar.
Era algo que ela nunca tinha falado em voz alta para ninguém, embora achasse que a maioria de sua família sabia.
"Não sinto minha loba interior há quase um ano." Sua voz parecia chocantemente alta na sala silenciosa, mas Anna se recusou a olhar para cima.
Ela não queria ver a reação deles à sua revelação.
Ela sabia que deveria ter mencionado isso quando foi transferida, mas estava tão desesperada para deixar seu bando que não queria arriscar que o Rio Prateado a rejeitasse.
Agora Zach sabia e provavelmente ia a expulsar da matilha o mais rápido possível.
Ela pensou no que ele havia dito antes, em como a Asa Cinzenta poderia estar planejando usá-la como uma arma.
Anna sabia que ele não a deixaria ficar, não se ela fosse fraca e ele a visse como uma possível ameaça para o bando.
Ela arriscou um olhar para ele, espiando por baixo de seus cílios, e engoliu em seco quando o encontrou observando-a atentamente.
Sua cabeça estava inclinada para baixo e sua testa franzida, lançando uma sombra sobre seus olhos.
"Gostaria de fazer alguns testes."
A voz de Natalie fez Anna olhar para ela. A curandeira, recostada na cadeira, também a observava atentamente.
"Eu acho que a privação da energia do bando é a responsável por isso."
Ela colocou o lápis atrás da orelha e se inclinou para frente, cruzando os braços sobre a mesa.
"Eu vou ser honesta; Não vi muitos casos como o seu, mas sempre que um metamorfo chega ao ponto de não ser capaz de sentir seu animal... bem, esse é o ponto crítico. Pouco tempo depois, a forma humana geralmente começa a se deteriorar. Eu acho que o fato de você estar aqui, sentada na nossa frente hoje, mostra o quanto você é forte."
Anna tinha algumas dúvidas sobre isso, mas não comentou, refletindo sobre as palavras da curandeira.
"Minha loba se foi para sempre?" Sua voz era baixa, mas ela estava orgulhosa por ter saído clara e firme.
Ela não tropeçou em suas palavras, embora sua cabeça estivesse repleta de diferentes emoções e medos.
"Não posso dizer com certeza, Anna... mas acho que não." Natalie se levantou de seu assento e foi até a cadeira de Anna.
Ela arrastou Anna para um abraço, e Anna ficou rígida antes de abraçá-la desajeitadamente.
Depois de um momento, ela sentiu um pouco de sua tensão dissipar e relaxou contra a curandeira. Fazia muito tempo desde a última vez que alguém a abraçou.
"Não se preocupe, Anna. Acho que você vai ficar bem. Eu acredito nisso, de verdade. Agora, vá descansar um pouco."
***
Anna acabou voltando para seus aposentos; ela sentou na cama e olhou vagamente ao redor do quarto.
Ela se sentia sobrecarregada com tudo o que havia acontecido hoje, e os momentos que passou com Zach não saíam de sua mente.
Ele a acompanhou de volta ao quarto, mas ficou totalmente em silêncio, e não era o silêncio confortável que eles compartilharam lá fora, quando Zach era um lobo.
Esse silêncio estava cheio de tensão e, quando chegaram à porta, a cabeça de Anna estava doendo.
Sua mente estava acelerada, pensando em tudo o que havia acontecido desde a transferência e imaginando como seria seu futuro no Rio Prateado, ou se ela ainda tinha um.
A última coisa que Zach iria querer era um metamorfo que não pudesse, bem, se transformar.
O que ela poderia oferecer ao bando que os beneficiaria ou os tornaria mais fortes?
Ao olhar a simplicidade de seus aposentos, Anna ficou feliz por não ter ido às compras ainda.
Se lhe pedissem para partir, as únicas coisas que ela precisaria levar eram suas roupas. Ela estava começando a desejar nunca ter vindo aqui.
Na Asa Cinzenta, pelo menos, ela sabia qual era o seu lugar.
Ela estava no fundo da cadeia alimentar, mas pelo menos não tinha que lidar com toda essa incerteza.
No entanto, o pensamento de voltar para a Asa Cinzenta fez o estômago de Anna revirar, e ela mordeu o lábio inferior.
Ela não poderia voltar lá, não importa o que acontecesse.
Anna foi ao banheiro e jogou água fria no rosto. Enquanto enxugava o rosto com uma toalha, olhou-se no espelho.
Seus olhos ainda pareciam machucados e sua pele estava pálida, mas suas bochechas estavam aos poucos voltando a sua cor original.
Ela imaginou o que Zach pensava dela. Um segundo depois, ela se repreendeu por se importar com o que ele pensaria.
Ela tinha acabado de conhecê-lo, e alfa ou não, o que ele pensava dela não importava. Anna endireitou sua coluna.
Se Zach decidisse que ela não se encaixaria aqui, ela nunca mais voltaria para a Asa Cinzenta.
Se eles decidissem que ela não poderia ficar, ela partiria sozinha e viveria longe de qualquer um dos bandos.
***
Alguns dias depois, Anna estava sentada sozinha em uma mesa, almoçando no refeitório.
Ela tinha acabado de dar uma mordida em um sanduíche de bacon e salada quando uma mulher de meia-idade se aproximou de sua mesa.
Ela tinha cabelo castanho-escuro com mechas grisalhas que estava preso em um coque.
Ela usava uma camiseta branca enfiada em uma saia boho de cores vivas com uma jaqueta jeans por cima.
Ambos os pulsos dela estavam cobertos por pulseiras que tremiam com cada movimento de seus braços.
Ela se sentou em frente a Anna sem esperar por um convite, sorrindo calorosamente.
"Oi, Anna," ela cumprimentou. "Eu sou a Theresa, a Mãe principal." Anna pegou a mão que Theresa estendeu e a apertou.
"Oi, Theresa, prazer em conhecê-la." Anna sorriu de volta para ela, gostando instantaneamente da mulher. Ela emanava uma aura calorosa e acolhedora. "Como você está?"
"Eu acho que sou eu quem deveria estar te perguntando isso. Sei que não tem sido fácil para você."
Theresa inclinou a cabeça, seus olhos verdes varrendo o rosto de Anna e demorando-se nas olheiras ainda proeminentes sob os olhos dela.
"Essa com certeza não é a primeira impressão que eu queria causar!" Anna disse com tristeza. "Porém, eu estou perfeitamente bem agora."
"Fico feliz em ouvir isso, porque quero falar sobre algo importante com você."
Theresa se virou para acenar para alguém que havia chamado seu nome antes de se concentrar novamente em Anna.
"Todos os que foram recebidos durante a cerimônia receberam papéis dentro da matilha. Todos eles, exceto um... você. Falei com Zach e achamos que você definitivamente se encaixaria em uma função sob minha jurisdição."
Anna precisou de um minuto para entender o que ela havia dito, e logo depois se sentiu aliviada. Isso significava que eles iam deixá-la ficar aqui.
Eles não iriam atribuir um papel a ela para depois expulsá-la... certo? Anna sentiu a agitação em seu estômago diminuir um pouco.
"Onde você estava pensando em me colocar?" ela perguntou à Theresa, afastando o prato.
Metade do sanduíche ainda estava no prato, porém Anna andava sem apetite depois de todo o caos da semana anterior.
"É sobre isso que eu queria falar com você." Theresa pegou o sanduíche não comido do prato de Anna, piscando para ela.
"Eu gostaria de ouvir sua opinião. Pelo que entendi, você não tem muita experiência em nada. Desculpe."
Ela fez uma careta quando viu Anna estremecer.
"Não, está tudo bem." Anna riu, mas foi um som áspero e autodepreciativo. "É apenas a verdade."
"Bem, não importa. Eu sei que você será uma grande aprendiz." Theresa estendeu a mão e deu um tapinha reconfortante em uma das mãos de Anna.
"Me diga, existe alguma área específica em que você acha que gostaria de trabalhar? Temos várias opções como as cozinhas, jardins e fazendas, limpeza… A lista continua."
Ela deu uma mordida no sanduíche que estava segurando, observando Anna pacientemente enquanto mastigava.
Anna colocou os cotovelos sobre a mesa, segurando o queixo com as palmas das mãos. Ela olhou ao redor da sala como se estivesse tentando encontrar inspiração.
Ela tentou se imaginar em todos os diferentes empregos. Jardins envolviam sujeira, então não. Ela não conseguia imaginar que seria boa na cozinha; ela provavelmente perderia um dedo.
Escolher um papel era bem difícil, pois ela realmente não tinha ideia no que poderia ser boa, exceto... talvez...
"Existe alguma possibilidade de eu trabalhar no berçário?" ela perguntou timidamente.
"Não tenho muita experiência, mas às vezes ficava encarregada de cuidar dos pequenos quando todos estavam ocupados. Eu amo crianças. Acho que me dou melhor com crianças do que com adultos, na verdade. Acho que eu poderia ser muito boa no berçário, se for possível... Se não for, acho que posso tentar ser da limpeza."
Theresa sorriu para ela, e Anna parou de falar quando percebeu que estava tagarelando nervosamente.
"Para ser sincera, eu acho que você se adequaria sim ao berçário." Theresa terminou o sanduíche e se afastou abruptamente da mesa, levantando-se.
"Você vai começar amanhã. Encontre-me do lado de fora do berçário às oito em ponto e eu a apresentarei aos outros cuidadores."
Sem esperar por uma resposta, Theresa se afastou, cumprimentando vários outros membros do bando.
Anna observou-a partir, sentindo-se um pouco em estado de choque. Isso foi fácil.
Ela pensou que seria designada para um trabalho difícil de conseguir voluntários, algo cansativo ou nojento.
Mas ficar no berçário com os pequenos... Um sorriso radiante tomou conta do rosto de Anna. Ela poderia ser boa nisso, e gostar do seu trabalho.
Ela ainda estava sorrindo quando Mitch sentou no assento que Theresa havia desocupado.
Ele colocou o prato na mesa e Anna olhou para ele; estava transbordando de comida. Mitch sorriu ao ver a expressão em seu rosto.
"É só um lanchinho." Ele encolheu os ombros. "Tenho que manter meus níveis de energia elevados para o treinamento!"
"Claro," Anna concordou. "Não posso deixar você definhar... eu sinto que você está desaparecendo bem diante dos meus olhos!"
Mitch revirou os olhos para o drama dela antes de cavar em sua comida.
"Eu vi você conversando com a Theresa," ele disse entre garfadas. "Você conseguiu um emprego?"
"Sim! Fui designada para trabalhar no berçário!"
"Ai, sinto muito." Mitch olhou para ela com pena. "Isso é horrível... Não havia espaço para você na cozinha?"
Anna olhou para ele confusa, mas ele continuou.
"Imagine ficar preso com filhotes o dia todo. Cocô e ranho por toda parte... Sem falar no barulho e na choradeira."
Anna riu, finalmente levantando a mão para parar o discurso de Mitch.
"Na verdade, eu pedi para ser colocada lá. Eu gosto de crianças - cocô, ranho e tudo."
Mitch olhou para ela como se ela fosse comprovadamente louca antes de confirmar dizendo: "Eu não acho que posso ser amigo de uma pessoa louca. Minha mãe não iria gostar."
Anna riu antes de se levantar de seu assento.
"Bem, o mundo seria um pouco menos divertido se eu não fosse louca. Eu vou dar um passeio. Aproveite seu almoço."
Mitch acenou para ela, sua boca cheia demais para dizer qualquer coisa.
***
Anna saiu do refeitório e virou à esquerda, sorrindo para as pessoas por quem passava no caminho. Ela realmente não tinha um destino em mente, mas estava se sentindo inquieta.
Seus pés pareciam ter vontade própria, então Anna decidiu deixá-los guiá-la.
Zach apareceu em sua cabeça, e ela se perguntou o que ele estava fazendo. Ela não o tinha visto desde que ele a acompanhou até seu quarto, o que obviamente era normal. Ele era o alfa de um bando de duzentos e poucos lobos, o que deve mantê-lo muito ocupado.
Uma nova integrante da matilha que não pode nem se transformar não apareceria em seu radar.
Anna rosnou para si mesma, balançando a cabeça para limpá-la de todos os pensamentos sobre Zach Thomas. Era ridículo o quanto ela não parava de pensar nele, especialmente desde que o conhecera.
Ele era muita areia para seu caminhãozinho. Ele era um alfa poderoso, e ela era uma metamorfa fraca que não conseguia nem se transformar. Ele era forte e confiante, enquanto ela era uma garotinha insegura cuja própria família a desprezava.
Anna de repente levantou a cabeça, olhando em volta.
Ela já estava andando por um bom tempo, e embora o sistema de cavernas parecesse um pouco familiar, todos os corredores por aqui pareciam iguais.
Eles foram todos moldados na rocha, com luzes e poços de ventilação no teto. Anna percebeu que nunca havia descido por aqui antes.
Os cheiros da cozinha tendiam a se espalhar pelos corredores, principalmente em torno dos aposentos. Aqui, porém, o cheiro era completamente diferente. Não era desagradável, mas era um aviso de que esta era uma área inexplorada para Anna.
Também não havia tráfego de pedestres por ali, o que era incomum em comparação com o que Anna tinha visto do covil até agora.
Sempre havia pessoas por perto, trabalhando ou apenas socializando. Anna não conseguia nem ouvir nenhuma voz. O silêncio era enervante.
Ela se perguntou se estava ficando mais escuro quanto mais ela andava, mas decidiu que sua mente estava pregando peças nela.
Anna congelou, inclinando a cabeça para trás enquanto cheirava o ar.
Havia um cheiro novo invadindo o corredor. Era fraco, mas causou uma mudança dentro dela.
Ela sentiu como se uma parte dela estivesse acordando de um sono profundo. Anna olhou para seu corpo como se pudesse de alguma forma descobrir o que estava acontecendo por dentro apenas olhando para ele.
Ela continuou andando, tentando encontrar a origem do cheiro. Enquanto ela se movia, seus ouvidos captavam vozes abafadas.
Pareciam estar vindo de uma sala cerca de dez metros à frente dela, e estavam aumentando de volume, como se os ocupantes da sala estivessem parados do outro lado da porta.
Anna parou, olhando fixamente para a porta. Ela nem percebeu que estava prendendo a respiração enquanto esperava que ela abrisse.
Quando isso aconteceu, tudo pareceu se mover em câmera lenta. As pessoas que estavam dentro da sala ainda estavam conversando, sem se mover ainda.
Anna podia ouvir suas vozes, embora não pudesse entender o que diziam.
Uma voz, em particular, chegou aos seus ouvidos. Anna começou a entrar em pânico e seus olhos dispararam ao redor, procurando algum lugar, qualquer lugar, para se esconder.
A porta mais próxima ficava ao lado da que estava aberta, e não havia como alcançá-la sem ser vista ou ouvida.
Anna girou nos calcanhares e começou a andar rapidamente na direção oposta.
Ela nem percebeu que, assim que começou a andar, as vozes se calaram.
"Anna?" Seu nome foi falado baixinho, mas Anna fingiu que não tinha ouvido.
Ela estava respirando rápido, com dificuldade, suas bochechas começando a corar de vergonha por ter sido pega ali.
Agora ela sabia por que seus pés estúpidos a levaram nessa direção.
"Anna." Ele estava mais perto e agora sua voz era áspera, penetrando o ar como um chicote.
Anna não podia agir como se não tivesse escutado, e ela congelou, quase como se tivesse batido direto em uma parede.
Ela tentou acalmar a respiração, mas o cheiro dele parecia envolvê-la, e era tudo em que ela conseguia se concentrar.
Depois de um minuto, ela virou a cabeça para olhar para ele por cima do ombro.
Ele estava parado bem atrás dela, a cabeça ligeiramente inclinada para o lado enquanto a observava.
Ele estava tão perto que ela podia ver umas manchinhas em seus olhos que pareciam prateadas sob esta luz. Ele a encarava intensamente.
Parecia que os olhos dele estavam alcançando a sua alma, e Anna se sentia como um livro aberto, incapaz de esconder qualquer coisa dele.
Uma mecha de cabelo branco caía sobre a testa do alfa, e a palma da mão dela coçava para empurrá-la para trás, para tocar o cabelo dele e descobrir se era tão macio contra a sua pele quanto o pelo de seu lobo.
Anna deu a ele um sorriso pálido antes de dizer: "Hã, oi."
Ele não se moveu ou falou, apenas continuou observando-a e esperando.
Ela não sabia para quê, mas sentia que precisava preencher o silêncio. "Peguei o caminho errado, mas tenho que ir. Tchau."
Ela acenou com a mão fracamente para ele antes de virar as costas e ir embora. Ela mas conseguiu se impedir de correr.
Ela havia se movido apenas cerca de três metros quando uma grande mão envolveu firmemente seu bíceps.
Anna engasgou baixinho, sentindo as mesmas faíscas que sentiu quando ele a impediu de cair.
Era como se seu coração fosse sair do peito.
Seu aperto era gentil, mas Anna sabia com certeza que não iria a lugar nenhum enquanto ele a segurasse.
"Onde você pensa que está indo?"
As palavras foram ditas em um tom divertido, e Anna apostou tudo o que possuía que um canto dos lábios dele estava curvado em um sorriso, mas ela se recusou a olhar.
Ele lentamente se aproximou como se estivesse tentando não assustá-la e agarrou seu outro braço, puxando até que ela se virasse para encará-lo.
Ela se deixou ser levada, mas Anna olhava fixamente para frente, para o peito do homem.
"D-de volta para os meus aposentos." Anna gemeu por dentro, querendo se beliscar por soar como uma idiota gaga. Ela limpou a garganta e tentou novamente.
"Eu estava explorando, mas já terminei, então... é isso."
Essa resposta foi um pouco melhor - uma frase completa e coerente.
Em seguida, houve uma longa pausa em que nenhum dos dois disse nada e ninguém se mexeu.
Eventualmente, Anna não aguentou mais o silêncio e olhou para ele.
Ele estava olhando pensativo para o rosto dela, mas quando seus olhos encontraram os dela, seus lábios se curvaram em um sorriso.
"Deixe eu te acompanhar. Não gostaria que você pegasse o caminho errado de novo."
Zach soltou seu braço, e Anna se virou para começar a caminhar de volta pelo caminho que tinha vindo.
Ao começar a andar ao lado dela, ele descansou a mão na parte inferior de suas costas.
A respiração de Anna engatou em seu peito, todo o seu ser focado no toque quente que ela podia sentir através de sua camisa.
O resto de seu corpo parecia frio em comparação com a mão dele, e ela não conseguia decidir se queria que ele parasse de tocá-la ou não.
Ela olhou para ele com o canto do olho, mas ele estava olhando para frente. Sua expressão era séria, como se estivesse imerso em pensamentos, e ele não dava nenhuma pista do que estava sentindo.
Isso a fez se perguntar se a reação física era completamente unilateral. Anna rapidamente virou os olhos para frente novamente antes que ele pudesse pegá-la olhando para ele.
Ela se perguntou por que estar em sua companhia parecia tão diferente desta vez, muito mais intenso.
Ela estava nervosa no outro dia, mas hoje, exceto quando ele a segurou, ela não sentiu como se fosse explodir em chamas só porque a mão dele estava sobre ela.
Ela se sentia quase embriagada ao lado dele e começou a se perguntar se talvez ele tivesse esse tipo de efeito em todas as mulheres.
A ideia de Zach com qualquer outra mulher deixou Anna irritada, e ela sentiu Zach se virar para ela.
"Qual é o problema?" ele perguntou baixinho. Anna recusou-se firmemente a olhar para ele e encolheu os ombros.
"Nada," ela murmurou. "Apenas imaginando como alguém consegue andar por aqui sem se perder."
Zach levantou uma sobrancelha incrédula para ela, mas respondeu de qualquer maneira.
"Vou imprimir um mapa especial, só para você."
"Não há necessidade," ela respondeu inteligentemente. "Tenho um senso de direção fantástico."
"Você não acabou de dizer que acabou aqui porque pegou o caminho errado?" Anna parou de andar para poder se virar e olhar para ele, com as mãos nos quadris.
Ele retirou sua mão das costas dela, e ela não sabia se estava desapontada ou aliviada.
"E você apontar isso é bem grosseiro."
Anna cutucou-o no peito e quase imediatamente se arrependeu, principalmente quando ele começou a rir dela.
Ela rosnou baixinho antes de sair pisando duro, mas passos pesados a seguiram.
"Pare de me seguir!"
"Só quero ter certeza que seu senso de direção não vai te deixar na mão de novo."
Anna o ignorou ao virar uma esquina e imediatamente reconheceu onde ela estava.
Ela podia ouvir conversas vindo do refeitório do outro lado do corredor.
Ela se virou para Zach e disse mal-humorada: "Tá, vá embora. Eu sei onde estou agora."
Zach a observou pensativo por um momento, sem comentar nada sobre sua ingratidão.
"A Theresa falou com você?" Anna foi pega de surpresa pela mudança repentina de assunto, mas então assentiu.
Ela se concentrou em um ponto sobre seu ombro esquerdo. Era mais fácil conversar com ele se ela não tivesse que olhar para seu rosto, principalmente seus olhos.
"Vou começar no berçário amanhã."
Zach colocou as duas mãos nos bolsos da frente de sua calça jeans, sem tirar os olhos do rosto dela.
Anna sentiu que estava ficando vermelha de novo e abaixou a cabeça para que ele não pudesse ver. Ela se concentrou em sua camisa cinza escura. Era uma camisa com decote em V, ela notou, com mangas curtas que deixavam seus grandes braços nus.
Ela não conseguia desviar os olhos da parte inferior do V, que mostrava o pescoço bronzeado e a parte superior do peito dele.
"E você está satisfeita com isso?" ele perguntou e ela assentiu com a cabeça; ela não confiava em sua voz no momento.
Ela pensou em como seria bom mordê-lo bem onde sua camisa estava aberta, bem onde seu pescoço encontrava seu ombro.
"Você está satisfeita com seus aposentos?"
Ela assentiu novamente, sem realmente ouvi-lo, seus olhos ainda grudados naquele ponto em seu pescoço. Ela não percebeu que sua respiração havia acelerado.
"Anna." A voz dele tinha se tornado mais profunda, se é que isso era possível, e era áspera com um rosnado que parecia começar em seu peito. Os olhos dela ergueram-se até os dele.
Os olhos do alfa eram luminosos, quase como se estivessem brilhando, e Anna sabia que seu lobo interior estava perto da superfície.
Ela engoliu em seco e observou como os olhos dele focaram no movimento em sua garganta.
Suas narinas dilataram como se ele estivesse cheirando alguma coisa, e sua cabeça abaixou em direção a ela. Ela ouviu um estrondo vindo de dentro dele, e isso a fez entrar em pânico.
"D-desculpe, eu tenho que ir," Anna gaguejou, e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela correu na direção de seu quarto.
Ela não ousou olhar para trás, mas instintivamente sabia que desta vez ele não a estava seguindo.
Ela não parou de correr até chegar ao quarto, entrar e bater a porta. Ela se encostou nela, respirando com dificuldade e se perguntando o que diabos tinha acontecido.
Naquele momento, ela tomou a decisão de ficar longe do alfa. Qualquer um que a fizesse agir como uma louca era definitivamente alguém que ela precisava evitar.