"Onde ela está agora?" A voz era suave. Sinistra.
Os cabelos da nuca de Blake Williams estavam arrepiados e ele rosnava silenciosamente em sua mesa.
A mão que segurava o telefone em seu ouvido apertava o dispositivo com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos e ele ouviu um estalo ameaçador. Ele rapidamente afrouxou seu aperto. Este era seu terceiro telefone celular este mês. Mathias daria uma bronca nele se outro quebrasse.
Blake odiava sentir que estava trabalhando para outra pessoa. Ele era um alfa muito forte. Ele liderava a Asa Cinzenta há quase vinte e cinco anos. A matilha pode não ter sido a maior de todas no passado, mas seria em breve.
Ele ia mostrar a todos aqueles tolos que não era alguém que eles deveriam questionar. Ele merecia respeito.
Blake sentiu suas garras pressionando contra sua pele e sabia que estava perto de perder o controle de seu lobo. Isso o deixou ainda mais irritado, porque ele tinha uma reputação de controle absoluto.
Ele respirou fundo, controlando as emoções enquanto se concentrava no telefonema.
"Anna está no Rio Prateado", ele finalmente respondeu, tentando manter a raiva fora de sua voz. "Nossa fonte nos disse que ela foi formalmente recebida na matilha há uma semana. No entanto, algo aconteceu…"
Blake parou de falar, esperando que a voz do outro lado da linha perguntasse o que havia acontecido, mas nada foi dito. Apenas silêncio mortal.
Blake pigarreou desajeitadamente antes de continuar.
"Ela quase morreu após a cerimônia de união. Nossa fonte não foi capaz de reunir muitas informações, apenas que entrar no vínculo da matilha foi demais para a mente dela."
O silêncio continuou e Blake sentiu-se ficar mais tenso.
"Bom", a voz pensativa respondeu finalmente. "Então está tudo dentro do cronograma. Espere até que o Rio Prateado a aceite completamente como um deles e confie nela, logo em seguida você pode agir.
"Eu sei qual é o plano," Blake disse com raiva, eriçado com o tom autoritário. "Tenho tudo sob controle."
"Ela quase morreu por sua culpa!" Disse a voz aguda, estalando como um chicote contra a orelha de Blake.
Ele rapidamente afastou o telefone do ouvido antes de responder: "Eu já te disse! Não sabíamos dos efeitos a longo prazo do bloqueio! Foi você quem insistiu em isolá-la…"
"E olha como deu certo," a voz interrompeu suavemente, todas as ameaças de violência desaparecendo como se nunca tivessem existido.
Blake sentiu um músculo em seu olho começar a se contrair.
"Apenas certifique-se de que ela não morra antes do necessário. Se esse plano falhar, a sua matilha será responsabilizada."
Uma promessa sussurrada, que Blake sabia que seria cumprida. Antes que ele pudesse formular uma resposta, o tom de discagem ecoou no ouvido de Blake.
Ele olhou para o telefone em descrença. Um grunhido escapou de sua garganta e ele jogou o telefone pela sala.
O aparelho se chocou contra a parede, deixando um buraco nela antes de cair no chão.
Blake recostou-se em sua cadeira, olhando para o telefone quebrado e se perguntando como diabos ele havia se metido nessa situação.
Mesmo depois de anos de parceria, se é ele que podia chamar assim, o Círculo ainda era um mistério para ele.
Blake não conseguia mais se lembrar de como tinha se envolvido com eles, mas sabia que Anna Davis sempre fora o alvo principal.
Ela era o instrumento necessário para a destruição do Rio Prateado.
De qualquer forma, as intenções do Círculo eram compatíveis com os planos que Blake tinha para a garota. Ele precisava de um motivo legítimo para se livrar dela, e os pais dela nutriam um ódio ardente por ela.
Quando chegasse a hora, ninguém culparia Blake por sua morte, e ele também teria um motivo legítimo para banir os pais dela. Ou simplesmente matá-los se continuassem a antagonizá-lo.
Primeiro, eles não queriam se separar do capacho deles. Além disso, eles têm sido uma pedra no sapato de Blake desde que Anna partiu.
Ele foi arrancado de seus pensamentos quando ouviu uma batida forte na porta.
Mathias entrou sem esperar pela permissão de Blake, e Blake ergueu uma sobrancelha para seu segundo em comando.
"O que você quer?" ele perguntou, seu tom entediado.
Mathias olhou para o buraco na parede e o telefone quebrado no chão antes de sorrir para Blake.
"Outro? Já foram quantos esse mês, cinco?" Ele entrou e se sentou em uma poltrona do outro lado da mesa de madeira de Blake.
Mathias levantou as pernas e as esticou, descansando seus calcanhares no canto da mesa.
Blake soltou um rosnado baixo e profundo. Mathias jogou os pés para trás, plantando-os no chão.
"Suponho que a ligação não foi boa?" ele perguntou ao alfa, seu tom muito mais cauteloso.
"Já foi boa alguma vez?" Blake se apoiou na mesa, esfregando as têmporas. "O plano vai seguir em frente. Precisamos encontrar uma maneira de abrir uma linha de comunicação com Anna."
Mathias assentiu, pensativo. "O que você tinha em mente? Ela não tinha muitos amigos por aqui."
"O Círculo sugeriu usar a família dela."
Assim que as palavras saíram da boca de Blake, Mathias lançou-lhe um olhar desdenhoso. "Ela nunca falaria de bom grado com eles. E se eles entrarem em contato com ela, quem garante que ela não vai correr para contar a Zach Thomas?"
Blake olhou para Mathias, furioso porque sabia que seu subordinado estava falando a verdade. Blake bateu com o punho fechado com força contra a superfície de sua mesa.
"É melhor garantirmos que eles encontrem uma maneira de falar com ela. Se eles falharem…"
