Megan ficou ali, congelada.
Assim que ela deu o primeiro passo à frente, dois médicos entraram correndo na sala. Ela sabia que eles eram lobos. Nenhum médico humano se movia com essa velocidade.
Eles correram até a cabeceira da Myra e começaram a trabalhar.
Megan observou-os removendo cabos e girando os mostradores. Um deles teve que conter o corpo convulsionante da Myra.
Os médicos recuaram e enxugaram o suor da testa.
"E aí?" perguntou Megan, com o coração ainda batendo forte no peito.
"Ela vai ficar bem," disse um dos médicos da matilha. Eles verificaram mais alguns números em uma das telas acima da cama da Myra e saíram do quarto.
Megan olhou para o Declan, com o rosto cheio de alívio. Ela estava tão feliz de saber que a sua amiga estava bem que quase não o odiava.
Mas em vez de parecer aliviado, ele estava sorrindo.
"O que foi?" ela perguntou, defensivamente.
"Isso tá ficando desconfortável", ele riu.
Ele baixou os olhos, e Megan seguiu o seu olhar para as suas mãos.
Megan estava segurando a mão dele com tanta força que estava ficando branca. Ela deve ter agarrado a mão dele quando a Myra entrou em parada.
Eca! Que nojo. Ela afastou a mão e lançou ao Declan um olhar desgostoso.
Então, ela saiu correndo da sala. Ela tinha que tomar um banho frio para se acalmar. Assim ela poderia tirar esse homem irritante da cabeça, de uma vez por todas.
UMA SEMANA DEPOIS
Com quatro metidas, Declan foi dominado pelo orgasmo.
Quando uma enxurrada de porra espirrou em seu abdômen, ele se deitou no travesseiro, ofegante.
Para piorar as coisas, ele não tinha dormido com outra mulher em todo esse tempo.
Isso não estava certo. Ele não era um cachorrinho apaixonado que só pensava em uma garota. Ele era um maldito garanhão e trazia duas ou três lobas para a sua cama em uma semana, às vezes todas vinham juntas.
Mas desde que ele colocou os olhos naquela humana irritante, seu urso não o deixou pensar em nenhuma outra mulher, muito menos transar com elas.
A ideia de olhar para a buceta de qualquer outra mulher era broxante.
Mas pensar na buceta de Megan... Ele já ficou de pau duro novamente.
Não, seja ela a companheira ou não, era melhor que ele mantivesse as coisas como estavam.
Além disso, ela parecia odiá-lo tanto quanto ele fingia odiá-la.
Seu urso ganiu com esse pensamento.
Então, o seu telefone tocou, tirando-o de seus pensamentos.
Declan gemeu. Não que ele não gostasse da Myra.
Ela era doce e gentil, e ele ficou muito feliz quando ela se recuperou do ataque dos ladinos e o Sloan anunciou que eles eram companheiros.
Mas a cerimônia de reivindicação dela e do Sloan aconteceria neste fim de semana, efetivamente tornando impossível para ele ficar longe da Megan.
Ela estava na casa do bando todos os dias.
Ele pegou uma camisa suja do chão e a usou para limpar o sêmen em seu abdome perfeito.
Então, ele respondeu a mensagem do Sloan.
Dar carona para a Myra estava sendo uma experiência bastante agradável, no geral.
Ela era uma garota doce, e Declan apreciava seu gosto musical.
Depois de várias paradas, a Myra pediu que ele parasse em uma concessionária para ela perguntar sobre o seu jipe. Ele entrou na concessionária e desligou o carro.
Então, ele olhou para ela incrédulo.
"Por que você precisa se preocupar com o seu velho Jeep?" Declan perguntou. "Você é a ômega agora. Você não precisa mais dirigir pra lugar nenhum."
"Eu vou precisar do meu próprio carro. Eu não vou depender do Sloan pra tudo," ela respondeu, levantando uma sobrancelha.
Declan refletiu. Ele gostava do fato de ela falar tudo o que pensa.
Ela realmente seria uma boa luna para o bando.
"Ei, eu amo uma mulher independente, Luna. Por que eu, seu beta obediente, não vou lá pra perguntar sobre o carro pra você?
"Não", disse Myra, abrindo a porta do carro, "já se passaram semanas e eles ainda não conseguiram arrumar. Acho que o mecânico, Baron, tá tentando me enrolar, mas não tenho certeza.
Além disso, ele e a Megan estão ficando, então eu tenho que ser legal com ele."
De repente, a visão do Declan ficou vermelha. Seu coração batia forte no peito.
Ele estava tão ocupado pensando em sua própria incapacidade de ir para a cama com outras mulheres que nem pensou se ela tinha a mesma aflição.
Antes que ele pudesse se conter, Declan escancarou a porta e invadiu o estacionamento.
Ele marchou direto em direção ao homem que a Myra havia apontado e o agarrou pelo pescoço.
"Que porra é essa, cara," o homem empalideceu.
"Você é o Baron, né?" Declan rosnou, lutando contra o seu urso, que estava naquele momento tentando explodir e arrancar a cabeça deste homem.
Baron assentiu nervosamente, como se desejasse ser outra pessoa.
Declan se acalmou um pouco, colocando o seu urso de volta no seu subconsciente.
"Minha amiga precisa do carro dela consertado e perfeito. Você tem uma hora. Então, para de enrolar," ele afirmou simplesmente.
Baron olhou para a Myra, que ainda estava sentada no carro.
Seus olhos se arregalaram e ele balançou a cabeça freneticamente.
Baron gritou com um mecânico que estava passando.
"Vamos fazer desse Jeep a prioridade número um." O mecânico assentiu e saiu correndo.
Sentindo seu temperamento fervendo, Declan colocou o Baron de pé.
"Deixa o Jeep lavado e encerado também", acrescentou enquanto tirava o celular do bolso. Ele olhou para a tela, rapidamente enviou uma mensagem de texto e guardou o dispositivo no bolso novamente.
Mas seu urso não deixaria o homem ir embora sem antes dar um aviso. Ele agarrou seu pescoço novamente e puxou-o para frente para que ele pudesse sussurrar em seu ouvido.
"Uma última coisa. Fica... longe... da... Megan. Você entendeu?" advertiu-o em voz baixa e ameaçadora.
Baron engoliu em seco, tremendo como uma folha.
"Vai estar pronto em uma hora", ele disse para a Myra, depois girou a chave na ignição e saiu do estacionamento, deixando os mecânicos boquiabertos atrás dele.
Myra ficou quieta durante a maior parte do caminho para casa, mas o Declan notou um pequeno sorriso brincando nos cantos de seu rosto.
Ela era esperta, ele sabia disso. Ele sentiu que ela ia dizer algo sobre o seu comportamento no mecânico. Finalmente, ela falou.
"Umm... você tá bem?"
"Tô", ele retrucou, enfiando o pé no acelerador.
"E eu sou um filhote da poodle. Do nada, parece que enfiaram uma tora de madeira no seu cu."
"Você ainda não é a luna pra falar assim comigo."
"Os chupões no meu pescoço dizem que eu sou, sim. Só pra você saber, a Megan é um espírito livre... e muito, muito, muito humano.
Ela não entende completamente os nossos costumes. Ser possessivo e dar uma de homem das cavernas com ela não produziria os mesmos resultados que produzem com as metamorfas."
Declan mordeu o lábio interior e olhou para a Myra no banco de trás.
"Et voilà!" Megan colocou a bandeja de cupcakes na mesa da cozinha
Estavam lindos, dessa vez ela arrasou.
Ela nem sempre cozinhava, mas quando resolvia entrar na cozinha, dava tudo de si. E ela fez isso com esses cupcakes.
Esta noite seria uma das últimas antes da cerimônia de reivindicação do Sloan e da Myra, e todas as mulheres estavam na casa de Myra para uma despedida de solteiras. Nenhum macho foi permitido.
Em homenagem à ocasião, Megan fez esses deliciosos cupcakes de baunilha com cobertura de coco, cada um adornado com uma bandeirinha onde se lia "Parabéns, Myra + Sloan".
"Que fofo", sorriu Sian, a mãe do Sloan.
Megan foi apresentada às mulheres da família do Sloan hoje cedo, e ela já as amava.
Ela passou a maior parte da tarde conversando com a irmã do Sloan, a Brin, tanto que quase deixou os cupcakes queimarem.
"Ela chegou", gritou Brin agora, correndo de volta para a cozinha, arrastando a Myra atrás de si. Megan cheirou o ar, que de repente ficou pesado com o cheiro de chocolate com menta.
Seus olhos se moveram para a porta da cozinha como se estivessem sido atraídos por um ímã. Ela sentiu a respiração sair dos seus pulmões em um instante.
Lá estava ele, parado na porta com as mãos nos bolsos, com a mesma expressão gélida no rosto que usara todas as vezes que eles se cruzaram na última semana.
Desde o acidente de mãos dadas na semana passada, ela tentou evitá-lo. Mas sempre que eles estavam na mesma sala, era como se os olhos dela fossem magneticamente atraídos para ele.
Ela odiava isso pra caralho.
"Você não tem permissão de ficar aqui," ela disse com uma voz entrecortada. "Vocês homens estão tendo as suas próprias festividades na casa da matilha. Xô."
Declan apenas olhou para ela, com raiva.
Então, a Megan percebeu que ele trocou um olhar com a Myra. A expressão dele se suavizou ligeiramente.
"Você poderia vir comigo, por favor?" ele perguntou, com ar de alguém que estava tentando ser educado.
No momento em que ficaram sozinhos, ele se virou para ela, com fúria em seus olhos.
"Você tá transando com o mecânico?"
"E se eu tiver?"
Ele parecia fisicamente doente.
"Ele é um pedaço inútil de lixo," Declan engasgou.
"E? Você e eu não estamos juntos. Realmente não é da sua conta."
Por um momento, Megan teve medo de que ele pudesse se transformar ali mesmo.
Então, em uma fração de segundos, ele se lançou para frente e a prendeu contra uma árvore.
Ele estava sendo surpreendentemente gentil, suas mãos fortes a mantinham firme no lugar. Ela sentiu arrepios ao longo de seus braços ao toque dele.
"É perigoso lá fora. A Myra foi atacada na semana passada. Ladinos estão nos atacando, e você é frágil."
Megan riu, causando um grunhido profundo no Declan. "Caso você tenha esquecido, eu sou humana. Guerras de ladinos não têm nada a ver comigo."
"Você está conectada ao bando," ele retorquiu. "Se eles estão nos atacando, eles não terão problema nenhum em atacar você."
Mas Megan já estava de saco cheio. Ela sabia o que realmente estava passando pela mente deste beta.
Ela tinha visto a mesma coisa em seus clientes no trabalho.
O brilho em seus olhos. O engasgo na voz. A força de seu aperto.
"Não é disso que se trata," disse Megan, com um sorriso açucarado.
Ela se inclinou para que seus lábios estivessem a centímetros dos dele.
"Se você quer me comer, eu estou bem aqui. Me come."
