FML: O Príncipe das Profundezas

"Poderia ser pior", diz Steve, e se senta na cama de pedra, encolhido no canto.

Poderia.

O nosso quarto é um cubículo esculpido na rocha negra com uma cortina grossa cobrindo a entrada; uma luz baixa pendurada, brilhando como brasas vermelhas.

Surpreendentemente, a cidade é um pouco mais civilizada do que eu imaginava inicialmente. Mas ainda é ruim.

"Pelo menos estamos seguros aqui", murmuro. No nosso minúsculo santuário rochoso.

A cidade dos Orcs consiste em túneis profundos e se estende até o subsolo. Como um iceberg, embaixo da água há uma estrutura maciça.

Felizmente, se você andar curvado e manter a cabeça baixa, ninguém realmente vai notar você. Sinto uma sensação de pânico andando pelos túneis imponentes.

Eu me sinto tão claustrofóbica, quase como se não pudesse respirar ou escapar.

Não vejo a hora dessa semana acabar.

Conheci o Brayja e, surpreendentemente, ele conseguiu falar comigo. Eu disse a ele que estava me escondendo, e ele precisava manter isso entre nós, mas eu ia ajudá-lo a escapar.

Ele parecia muito entusiasmado.

"Então o Brayja já gosta de você, hein?" Steve dá um trago no baseado.

"Eu só consegui falar com ele por um curto período de tempo, mas acho que sim", digo. "Talvez isso não seja uma má ideia. Ele me disse o quão corajosa eu sou e que ele vai me recompensar." Eu sorrio, não sendo capaz de evitar.

Steve ri. "Você não pode já estar apaixonada por esse cara."

"Com o dinheiro dele, eu estou sim", eu digo, e reviro os olhos.

Eu sei que é bad vibe, mas eu não posso evitar.

"Então você é uma golpista de alta classe. Chique." Ele ri mais. "Sacou? Chique?"

"Saquei", eu digo, e me encolho no canto oposto. "Eu não posso evitar. Só sei que eu não quero ter que me preocupar em ser pobre.

Fiquei sem-teto por cinco anos, morando nas ruas, depois que o meu pai morreu." Eu dou de ombros, não querendo pensar em como eu estava tão magra a ponto de desmaiar em público.

Isso me levaria ao hospital, e pelo menos eu me hidrataria por um tempo. Mas isso era apenas temporário, e logo eu voltaria para as ruas num loop eterno.

A equipe do hospital me conhecia, e me lembro de não ser capaz de suportar os olhares de pena. Pobre Camila.~ Eles me alimentavam e me davam roupas, mas no final das contas eu dependia de mim mesma. Pelo menos eu amadureci.

Jurei nunca mais passar por algo assim.

Isso me traumatizou.

Me cansou.

"Eu entendo," Steven diz, parecendo muito pensativo. "Tenho um desejo por relógios e correntes de ouro. Combina com o meu tom de pele."

Eu sorrio, percebendo que ele está falando sério.

Ele olha para mim. "Então, você não quer saber de amor e todas essas coisas de felizes para sempre?" ele pergunta, e traga mais uma vez. "Todas as mulheres não querem essa porcaria?" Ele solta a fumaça.

Eu rio. "Eu não sou contra ter um carinho mútuo por um homem, mas amor? Eu prefiro não. Foi o que me matou. Ou, quase ~me matou. O amor é cego e torna você vulnerável."

Ele pensa por um segundo. "Estou sacando." Ele respira fundo e descansa a cabeça para trás.

"Mas para ganhar uma Colar Místico, você vai ter que fingir. Tem que ser um verdadeiro jogo de amor. Ou você não receberá nenhum benefício da Fada Madrinha após a missão. E confie em mim, você quer os benefícios da Fada Madrinha LTDA.

"Você recebe toneladas de coisas da hora; é como um acordo de aposentadoria. Uma coisa eu vou dizer, a Fada Madrinha cuida dos seus funcionários. Mas os benefícios não cobrem as dívidas de jogo, fica a dica."

Eu mordo o meu lábio. "Você acha que eu consigo enganar o Encantado?"

"Aquele cara é um ninja. Se você conseguir, eu vou ficar muito impressionado." Ele ri.

"A sua boca é um túmulo, então?"

Ele pisca para mim. "Eu não sei o que você viveu, mas eu sou um parceiro leal." Ele continua com um sorriso lento, "Só não se apaixone por mim, eu não quero saber de drama extra.

Eu já sou pai de três crianças, cada uma com uma mulher diferente." Ele me dá um meio-sorriso que estou assumindo que é seu sorriso de garanhão ~e levanta as sobrancelhas repetidamente.

Uau.

O Steven Chapadão ficou assustador.

Eu luto contra um sorriso e inclino a minha cabeça para trás, na pedra fria. "Vou tentar o meu melhor, Steven."

Nós dois rimos e fechamos os olhos, em exaustão.

Brayja, o meu futuro marido.~ Penso nisso e percebo que ele não tinha uma focinheira como o pobre Eluno, e eu pude ver o seu rosto.

Surpreendentemente, ele estava bonito mesmo depois de ter sido prese, para meu o alívio. Olho para as minhas unhas, exalando um suspiro. Ele é meio peludo, mas tem boa estrutura óssea. Isso tornará o meu caso mais crível quando eu confessar o meu amor por ele.

Eu quase rio. Eu acho que o Brayja vai tentar o máximo para que dormir com ele não seja ruim.

Porque eu gosto de uma atração mútua. Não estou a fim de fingir amar um homem de oitenta anos só pelo dinheiro. Eu amo dinheiro, mas não tanto assim ~. Eu também tenho limites.

É bom saber disso.

Embora eu assuma que o seu guarda-costas é o campeão do departamento oftalmológico. A cor dos olhos do Brayja não pode competir com os chocantes orbes em tons de laranja do Eluno. Talvez eu possa causar ciúme no Brayja com isso?

Se ele tivesse os olhos de Eluno, eu certamente me apaixonaria por ele.

"O que o Eluno fez para ganhar aquela focinheira?"

Steve dá de ombros, com os olhos ainda fechados. "Não tenho certeza, provavelmente fez algo violento. Mas o Raine levou a pior, eu acho. Os Orcs odeiam as Ninfas mais do que as Valquírias." Ele abre os olhos e parece distante, deve estar no modo místico.

"O tipo de Raine é uma ameaça maior para os orcs, eles se odeiam há gerações. O Raine, pelo que eu li, faz essa coisa estranha com eletricidade como a mãe dele, e então eles enfiam uma vara dobrada na garganta dos inimigos."

Meus olhos se arregalam, pensando em como isso seria doloroso. "Credo!"

"Sim. Se a pessoa falar, pode engasgar e morrer."

"Merda," eu sussurro, tremendo. "Você acha que eles fizeram a mesma coisa com o Eluno?"

Steven balança a cabeça. "Eu não sei. Os Orcs são filhos da puta malvados que odeiam todas as outras raças. Eles podem fazer isso apenas por diversão."

Só mais uma semana.

"Duas semanas é muito tempo para suportar essa tortura", eu digo.

Steven assente. "Parceira. Esses mundos de fantasia são brutais. Tem muito poder e merda aqui, muitas viagens. Essas criaturas têm zero empatia." Ele dá de ombros. "Mas se você fuma um, não fica tão ruim assim."

Eu não digo nada, mordendo o meu lábio.

"Ok, gatinha, dia dois. Vamos te levar até o seu amante falso e rico.

De volta às masmorras, vamos nessa.

***

Estamos respirando com dificuldade enquanto nos achatamos contra a parede. Essa montanha com certeza quer dar uma surra na gente.

Esquivar de guardas e equipes de segurança são as minhas especialidades, mas isso é ligeiramente ~diferente. É difícil ver nessa escuridão, e tudo parece igual.

Um ar de malevolência envolve as passagens escuras. Faz muito eco, então uma gota de água pode soar mais perto do que realmente está. Mas estamos conseguindo, o barulho das ondas quebrando suavemente nos ajuda.

Fortes correntes de vento levam as gotículas para longe.

É bom respirar o ar fresco, longe da atmosfera abafada e sufocante dentro da montanha infernal.

"Você nunca vai me dar um celular? Eu poderia aproveitar o tempo melhor nessa escuridão."

Um pequeno luxo nesse inferno.

Steve levanta o queixo. "Quem é o melhor parceiro?" ele diz, como se eu fosse um cachorro.

"Você?"

Ele ri. "Isso mesmo, maluquinha! Eu consegui um aparelho de MP3 para você, e eu também coloquei algumas músicas lá. Considere isso um presente de um parceiro perfeito.

"Ah, e a música foi traduzida para esse idioma, para que você possa entendê-la. Então, vai soar igual para você – é indetectável."

Que estranho.

"Primeiro, não me chame de maluquinha, é estranho, Steven. E em segundo lugar, obrigada," eu digo, e pego o pequeno tocador de música com fones de ouvido minúsculos. "Você é incrível."

Ele irradia.

Eu dou um tapinha na cabeça dele. "Okay, vejo você em breve. Me deseje sorte," sussurro, e tento acalmar o meu pulso enquanto saio com a cabeça baixa.

Finalmente, chego à cela do Eluno, e dessa vez não estou chapada, então o arrombamento da fechadura é muito mais suave. Olho em volta enquanto ouço a fechadura abrir, fazendo um pequeno eco.

Eu solto um suspiro, esperando que ninguém tenha ouvido. Eu engulo em seco, abro a grande porta rapidamente e deslizo para dentro.

Ótimo.

Eu não vou mentir. Eu tive alguns pesadelos com aqueles olhos laranja estranhos. Respiro fundo e me viro lentamente, vejo Eluno abrir os olhos para me olhar por baixo do capuz de sua capa.

Ele é muito maior que o Brayja, mas acho que faz sentido para um guarda-costas.

Eu tremo.

"Olá", eu sussurro.

Respiro fundo quando vejo que um de seus olhos está preto e azul. Eu mordo o meu lábio enquanto seu olhar me segue, o outro olho laranja de fogo me prende e me mantém muito alerta.

"Eu vou tirar você daqui", eu sussurro, esperando que ele entenda. Eu me pergunto que dor eles estavam causando no pobre coitado.

Os olhos pouco visíveis de Eluno se arregalam ligeiramente. Como se ele tivesse entendido o que eu disse.

Preciso perguntar pro Steven qual o nível de compreensão que ele tem – talvez eu não esteja dando crédito suficiente para ele.

Eu lentamente sento contra a parede, grata por não estar chapada. Isso provavelmente foi bizarro para ele testemunhar, da última vez.

"Eu sei que o Império Gaya está a caminho. Falta pouco," eu digo, tentando aliviar um pouco a sua dor.

O olhar dele queima em mim.

Eu tremo. O Eluno tinha sido tão intenso da última vez?

Não me lembro muito por causa da maconha, infelizmente.

Olho ao redor, me sentindo estranhamente exposta, sem saber o que dizer com toda a sua atenção voltada pra mim. Eu limpo a minha garganta e pego o meu MP3 player. O olhar dele desce para ele, depois volta para mim.

Eu sorrio. Ele está curioso.

"Eluno, esse é um tocador de música para passar o tempo", eu digo, e dou de ombros. "Não é perigoso."

Ele olha para baixo enquanto eu o ligo, a pequena tela acendendo. Eu ligo meus fones de ouvido e os coloco nos meus ouvidos. "Tudo bem, Steven," eu digo para mim mesma. "O que você colocou aqui para mim?"

Eu tremo.

Eu suspiro. "Ricky Martin? É sério?" Eu sussurro para mim mesma. Quantos anos eu tenho? Dez? Só tem umas quatro músicas aqui – o Steven não sabia que dá pra colocar muito mais? Muito mais músicas atuais?~

Suspiro.

Os mendigos não podem escolher.

Eu sorrio.

Livin La Vida Loca,~ ~aqui vou eu na Orc Mountain, ~ ~oh não ~, alguém me pare. Eu aperto o play, e instantaneamente a música toca em meus ouvidos, me fazendo rir um pouco. ~

A melodia familiar da música latina imediatamente melhora o meu humor.

Eluno inclina ligeiramente a cabeça, me olhando por baixo do capuz do manto.

Eu começo a mover a minha cabeça e meus ombros ao ritmo. "Eluno, se eu não tivesse medo de você, eu deixaria você ouvir." Começo a mexer as pernas.

"Seus lábios são vermelho como o do diabo, e a sua pele é da cor do café," eu canto junto com a música, então calo a minha voz. "~Ela vai te deixar doido" ~E balanço a minha cabeça.

Ele se senta um pouco, me fazendo parar de cantar.

"Desculpe", eu respiro. "Pisque duas vezes se eu estiver te irritando."

Ele apenas olha para mim, em seguida, olha de volta para o tocador de música.

Estou curiosa para saber se ele sabe o que acabei de dizer ou se está apenas confuso. "Pisque uma vez se quiser me ver dançar."

Eu não vou dançar, apenas tô curiosa para ver se ele me entende.

Eluno pisca.

Meus olhos se arregalam.

"Você quer me ver dançar? Você entendeu o que eu disse?" Eu pergunto, com a minha boca aberta em choque.

Seus olhos travam com os meus, e ele pisca.

Eu tremo um pouco, me sentindo estranha. Seu olhar está me fazendo sentir... Como posso descrever? Desconfortável?

Ele parece muito inteligente, o que eu sei que não é o caso, mas estou começando a me questionar.

Talvez ele esteja interessado em mim?

Eu fecho a minha boca. Eu me pergunto se o Eluno já teve uma experiência com uma mulher antes. Seria muito natural que ele ficasse curioso. Quer dizer, eu mostrei a minha calcinha fio dental pra ele.

Ele quase me viu seminua graças à erva do Steven.

Minhas bochechas ficam vermelhas, lembrando de seus olhos traçando sobre as minhas pernas e bunda.

"Eu não vou dançar para você, Eluno. É sério, isso chocaria a sua sensibilidade. Você nunca mais seria o mesmo. Traumatizado. De onde eu venho, a nossa dança é muito," faço uma pausa, procurando a palavra "inadequada".

Danadinha.

Vou guardar isso para o Brayja.

Mierda ~.

Seu olhar se estreita, me deixando curiosa.

"Eluno", eu digo, "você tem alguma experiência com mulheres? Pisque uma vez para dizer sim."

Apenas curiosa.

Ele não pisca, confirmando as minhas suspeitas. Ele fica ali me observando daquele jeito intenso. Eu mordo o meu lábio enquanto penso nele. Parece que ele é capaz de ter conversas básicas, tornando isso um pouco menos chato.

Ele ainda me observa e fica olhando para o meu MP3 player.

Eu tremo um pouco. "Música latina, Eluno." Eu sorrio através do meu mando. "A batida é muito divertida." Eu inclino a minha cabeça. "Você quer ouvir?" Eu pergunto. "Pisque uma vez..."

Ele pisca.

Eu exalo. "O Steven me avisou para não chegar muito perto de você. Você poderia me matar."

Seus olhos se estreitam novamente.

Mordo o lábio, pensando no quanto esse homem foi torturado. Não faria mal para ele tirar a sua mente desse lugar escuro com um pouco de diversão.

E seria divertido ver sua reação ao Ricky Martin.

Eu tenho os três salva vidas, certo?

Sim.

"Eluno, você vai me machucar?"

Ele balança a cabeça dizendo que não,~ e eu posso ouvir as correntes em seu pescoço ecoando na rocha dura.

Meu queixo cai. Ele está respondendo mais. Seus olhos queimam em mim, e não consigo me lembrar de ninguém com essa quantidade de expressão em um único olhar. Fascinante, na verdade.

Seus olhos são fogo líquido.

Mierda.~

~

Vou ter que perguntar mais ao Steven sobre o Eluno porque ele não está olhando para mim como se fosse limitado. ~Na verdade, sinto um rubor subir ao meu pescoço e rosto por causa da intensidade dele. Eu balanço a minha cabeça e limpo a garganta.

"Se você tentar fazer qualquer coisa, eu não vou mais te ajudar a escapar. Sou muito íntima do Brayja, então haverá repercussões."

Ele concorda.

Acho que sou especialmente estúpida.

Jogue jogos estúpidos, ganhe prêmios estúpidos.

Sento e rastejo muito lentamente em direção a ele. A maneira como ele me observa é bastante enervante, como um predador atraindo a presa pequena e ingênua.

"Nada de fazer gracinhas", murmuro, engolindo em seco.

Ele é um homem muito grande, eu percebo, pois agora estou bem na frente dele. Eu me pergunto se ele consegue sentir o meu cheiro. O Encantado me lambuzou de um perfume mágico de baunilha e coco que é sexy e potente.

Achei que o Brayja iria gostar.

Eu posso sentir o meu pulso martelando enquanto ele me observa.

Seus olhos parecem ainda mais exóticos de perto, e eu tenho que reprimir um arrepio. Por que eu fui inventar isso? Eu posso dizer que o Eluno é extremamente musculoso pelo tamanho dele em sua capa escura.

Ele é um guarda-costas, pelo amor de Deus. Ele poderia me quebrar ao meio.

Ele acena com a cabeça como se estivesse me incentivando.

Eu engulo novamente. "Ok", eu respiro.

Eu posso sentir o poder dele, e isso me assusta. Talvez o destino me queira morta porque eu o enganei... é o carma ~vindo atrás de mim.

Eluno poderia quebrar o meu pescoço.

Fim de jogo.

De joelhos trêmulos, me ajoelho bem ao lado dele.

"Vou colocar isso nos seus ouvidos, não se assuste."

Eu me inclino bem perto dele, com nossos rostos a centímetros de distância. Eluno provavelmente pode ouvir a batida rápida do meu coração.

Ele só pode ver os meus olhos, assim como eu só posso ver os olhos dele.

E são hipnotizantes.

"Eluno, alguém já te disse," eu paro, engolindo em seco, "que você tem olhos muito vibrantes?"

Não importa que ele esteja todo sujo e machucado.

Ele apenas me encara, sem piscar.

"Bem, você tem uma cor de olhos muito impressionante. Isso é um elogio" digo, certificando-me de que ele entenda. Eu olho para baixo e franzo a testa. O fio dos fones de ouvido é muito curto, e eu xingo.

Não é longo o suficiente para essa distância.

Ele acena para o colo dele.

"Você quer que eu sente no seu colo?" Eu sussurro, com admiração.

Essa é uma cena tão estranha.

Ele concorda.

Meus olhos traçam sobre a sua máscara de couro, em seguida, para a sua coleira de cachorro espetada com grandes correntes presas a ela. Eu engulo, tentando ver mais do seu rosto.

Se eu não soubesse de nada, eu diria que esse guarda-costas não é nada feio. Estou pensando que ele poderia ser... gostoso.

Tipo, muito ~gostoso.

Eu fecho os meus olhos. Não. Eu não vou ficar excitada pelo Eluno. Não mesmo.

Não.~

~

Só se eu gostasse de sadomasoquismo.

Ele está apenas curioso.~ Eu respiro e mergulho. Eu me inclino sobre ele e monto em seu colo, o que nos leva a uma posição muito estranha.

Péssima ideia.

Mierda, Camila.~

~

Estou respirando rápido enquanto sinto o seu corpo duro sob o meu. Ele parece ser feito de titânio – tem tanta energia contida. Meus sentidos estão sobrecarregados, meus pensamentos funcionam mal.

O Eluno é extremamente poderoso.

Perigoso.

Eu me pergunto se eu poderia aproveitar o seu poder e libertá-lo. Vou ter que perguntar ao Steven sobre isso.

Eu limpo a minha garganta, as minhas bochechas ficam vermelhas quando eu o sinto se mover debaixo de mim, com as correntes batendo. Não vou pensar demais ou me debruçar sobre o que estou sentindo debaixo de mim. As minhas partes femininas estão bem em cima das partes masculinas dele.

Pare.

Já.

Eu preciso de ajuda.

Não vou sexualizar um homem que foi torturado e que provavelmente não entende o que sente. Eu tento sacudir a minha mente, não encontrando o seu olhar.

"Ok, escute a música, e eu vou sair." Olho levemente para ele e ele está olhando para a minha panturrilha nua, já que o meu vestido marrom subiu um pouco.

Ele levanta o seu olhar para o meu, e eu me sinto tonta.

O que está acontecendo?

Por que ele está me olhando assim?

Eu sinto que estou experimentando ondas de calor. Ele olha para mim e acena para o meu MP3 player, sacudindo os quadris um pouco para me mover. Eu respiro devagar.

"Você entende mais do que eu pensava, Eluno", eu sussurro, sentindo como se tivesse corrido dez quilômetros. Eu me levanto de joelhos, ficando quase no nível dos olhos dele. O que eu estou fazendo?

Meus dedos parecem desajeitados quando puxo o seu capuz ligeiramente para trás, revelando cabelos pretos brilhantes. Eu mordo o meu lábio enquanto meu olhar trava com o dele.

Eu engulo em seco, reparando na sua orelha ligeiramente pontuda. Não, não vou pensar em como a minha avaliação anterior da atratividade desse guarda-costas está correta.

Eu acho que o Eluno é uma criatura impressionante.

Foco, Camila.~

~

"Ok, essa música foi muito popular por muito tempo de onde eu venho. Apesar de estar fora de moda, ainda é bem legal," eu digo, tentando defender o pobre Ricky Martin.

Ele provavelmente não tem ideia do que eu estou dizendo. Eu vou ter que me lembrar de pedir pro Steven conseguir músicas mais atuais.

Ele concorda.

Coloco os fones em seus ouvidos e aperto o play, um sorriso se forma em meus lábios enquanto o observo. Seus olhos estão estreitados em mim, então de repente seu olhar se alarga.

Eu rio, capaz de ouvir a música.

Estou riscando tantas coisas da minha lista de desejos agora.

Eu murmuro a letra que ouço, ′ Sinto uma premonição, aquela garota vai me destruir...'

Sorrio enquanto ele olha para baixo, ouvindo a música estrangeira. Isso deve ser tão estranho para ele.

Começo a dançar levemente, fazendo-o olhar para mim e murmuro: ′ Ela vai fazer você tirar a roupa e dançar na chuva...′

'Depois de experimentar essa mulher, você nunca mais será o mesmo...Virando do avesso, ela está vivendo a vida louca! ~′

~

O clima entre nós muda.

Eu paro de me mover quando percebo que as suas mãos acorrentadas estão agora segurando as minhas coxas, com força, levemente apertando. Eu prendo a respiração - eu não tinha pensado em como ele poderia reagir. É uma música sexual e divertida.

Eu pensei que ele poderia não entender a letra e apenas achar que é bizarro, divertido até.

Olho para baixo e vejo as suas mãos afrouxarem e soltarem as minhas coxas. Olhando para ele, ainda posso ouvir a música, e lentamente tiro os fones dele.

"Eluno, eu vou descer agora, ok?" Estou tensa e alarmada.

Ele assente e fecha os olhos.

Eu quero gemer, ele deve estar frustrado, confuso...

Eu olho para a sua mão exposta e franzo a testa. Tudo nele é bonito? As mãos e dedos dele parecem longos e graciosos, fortes. Nem um pouco o que eu esperava.

Acho que já fiz o suficiente por aqui hoje.

Eu saio de perto dele me sentindo estranha, abalada e confusa. Acho que tenho mais em comum com o Eluno do que eu pensava.

Nós dois não somos muito inteligentes.

Ou talvez seja só eu...