F.R. Black
"Eles vão ficar de olho em você", Mama diz enquanto caminhamos pelo centro, com o sol alto no céu.
"O Encantado disse para manter a guarda e não cometer mais erros", diz ela, e ajeita seus seios grandes, abrindo mais o decote em sua blusa amarela.
O destino tem um senso de humor engraçado, me escolheu para esse trabalho, dentre todas as pessoas.
Eu ajusto os meus óculos de sol de gatinho enquanto tento acompanhar a Mama, que tem uma caminhada feroz, mesmo sendo bem mais baixa. Todas as mulheres mais velhas sensuais sempre têm essa caminhada rápida que ninguém consegue acompanhar?
"Eu acho que ele está brincando comigo", eu digo, depois de levar recados pra lá e pra cá a manhã toda para ele. "Não tem como ele pensar que eu sou de verdade."
"Androides são bem críveis aqui, e alguns têm personalidade", ela responde, e pisca para alguns homens que passam por nós.
"Tenho certeza de que vadia não é uma dessas personalidades", murmuro. Sinto que caminhei quilômetros essa manhã, e meu humor está abaixo da média, pra ser otimista.
Eu tive que passar os ternos, enviar isso e aquilo e entregar listas de pedidos. Eu tive que pegar café para todos os seus capangas e pegar os almoços deles enquanto mantinha um sorriso brilhante no meu rosto.
Estou sem fôlego de tentar dar conta de todos os meus compromissos que foram carregados neste chip implantado em mim. Eu posso acessá-los usando os meus óculos pretos de gatinho.
Óculos computadorizados que mantêm todos os meus deveres e compromissos em dia.
"Não, querida. Se ele pensasse que você é quem você realmente é ~, você seria expulsa e provavelmente morta," ela diz, e olha para mim.
"E tão cedo no jogo, não queremos usar os nossos salva-vidas. O Dion não checou você, para ver se você era um robô de verdade ou um humano com chip.
"Isso importaria, se eu fosse um humano escravizado?"
"É difícil de dizer. Você carrega informações contundentes no seu chip que podem colocar o Dion e a Le' Rose Enterprise atrás das grades." Ela me dá um olhar. "Especialmente porque você trabalha para o FBI. Você pode estar em grande perigo."
Deixo escapar um suspiro irritado enquanto ando, meus saltos cor-de-rosa brilhantes se afastando. Hoje estou usando um vestido verde-mar com detalhes em rosa que aposto que o Encantado adorou fazer.
Eu quase posso imaginar o seu brilhante olhar azul ao montá-lo. A saia se alarga e termina logo abaixo do joelho com algumas rendas verde-limão visíveis.
"Então, agora eu tenho que conhecer esse tal de Bruno?"
Mama diminui a velocidade e caminha ao meu lado, sussurrando: "Ele é aquele homem que está lendo o jornal, apenas vá até ele e pegue a carta".
Estreito o meu olhar para o homem fingindo ler o seu jornal, encostado na vitrine da barbearia.
Bruno.
Ele tem um cabelo loiro arenoso e parece um tipo de homem rude. Seu terno cinza é legal, mas você pode dizer que ele se parece com um daqueles caras que você não gostaria de cruzar na rua.
Eu ando até ele e percebo que ele não é feio – talvez o seu nariz tenha sido quebrado algumas vezes.
Seu olhar castanho se levanta para o meu, e seus olhos se arregalam ligeiramente. Eu paro na frente dele, mas olho na minha frente enquanto estendo a minha mão ligeiramente para a carta.
"Droga," ele diz, me olhando de cima a baixo. "A academia não disse que eles contrataram uma porra de uma Barbie loira," ele fala com uma voz áspera como se ele fumasse dois maços de cigarro por dia.
Eu ligeiramente olho para ele, sentindo a minha raiva borbulhando. "A academia também não me disse que merda feia você era, então nós dois estamos surpresos," eu digo em um tom baixo e relaxado.
Se houvesse alguma coisa na boca dele, ele teria engasgado. Olho para a mão dele e vejo a pequena carta, e a pego, me afastando dele rapidamente. ESCROTO.
Eu odeio homens assim. Sem boas maneiras, porque o seu ego é do tamanho dessa cidade quando deveria ser do tamanho do seu pintinho atarracado e torto.
As mulheres não falam assim aqui, só os homens, aparentemente.
"Ok, eu vou te dar um passe livre para isso, ~" ~Mama bufa na minha cabeça. "~ ~Ele ainda está chocado, olhando para você como se você tivesse acabado de mostrar as tetas." ~
Eu sorrio.
"Cuidado, você pode ter essa cidade inteira apaixonada por você até o final desse mês ~. ~" Ela ri, de um jeito esquisito.~ ~"Devagar. Eu não posso correr, a menos que eu queira que meus peitos batam na minha cara. ~"~
Eu me viro e espero por ela. "Você é esquisita demais", eu digo quando ela está ao meu lado, então começamos a andar.
"Querida," ela olha para mim, "às vezes os homens gostam que eu fale sujo com eles, para eles se sentirem pra baixo degradados. É um fetiche estranho. Eu imagino que em um lugar como este, pode ser a tática perfeita."
Eu bufo. "Você está começando a soar como o Encantado. Eu não vou ser o fetiche estranho de ninguém."
Caminhamos em silêncio.
"O que essa carta diz?" Eu pergunto, ignorando os sorrisos ~e ~bons dias~ ~das pessoas.
"Não sei. Provavelmente um ponto de encontro secreto para discutir o que você descobriu até agora", diz ela, e acena com a mão no ar para um táxi amarelo brilhante. "Vamos, vamos sair desse sol quente. As minhas coxas estão assando."
***
Estou de volta ao escritório-laboratório.
Eu fiz muita pesquisa e estudei essa tarde e, felizmente, nenhuma outra tarefa tonta apareceu no meu feed de notificações.
Meus pés doíam, então tirei os meus saltos e os deixei debaixo da mesa. Bato a caneta no queixo enquanto olho para as grandes portas de metal à minha direita.
Não vi o Dion sair do escritório dele o dia todo, mas alguns homens vieram e se foram.
Tudo aqui é tão estranho.
Mas sobre a carta de Bruno...
Devo encontrá-lo em alguns dias, em um beco. O FBI quer algo importante desse lugar. Mas, aparentemente, eles não vão me contar essa informação secreta.
Mas um dos meus dons é ser muito inteligente, e deduzi que não se trata apenas de controlar as pessoas contra a vontade delas.
É algo a mais.
Algo mais sombrio.
Li os arquivos que carreguei no meu chip — ou o máximo que pude. E os registros são estranhos, mas não posso dizer o porquê.
Muitas pastas são sobre a fabricação de seus chips ilegais e muitos nomes de grandes políticos e empresários. Listas de chantagem, possivelmente?
Mas ainda assim, parece muito deliberado, e por que colocar isso em mim? Um robô.
Estranho.
Tipo, e se eu for atropelada por um ônibus e desligada? Ou se alguém me capturar? Ou se eu for, hipoteticamente ~, uma maldita agente secreta?
Esse jeito de esconder ~informações não parece nada seguro.
Mas também existe a possibilidade de que talvez seja por isso que eles decidiram fazer assim. Porque ninguém suspeitaria que as informações confidenciais estejam em robô.
Eu também estaria em grave perigo se as informações vazassem – tem muitas pessoas importantes nessas listas. Elas iriam querer me destruir para eliminar as provas.
Admito que isso está ficando um pouco mais interessante do que eu pensava. Essa utopia feliz pode ter algumas camadas muito sombrias.
Respiro fundo e observo a Alicia caminhando com uma bandeja de licor na direção do escritório de Dion. Eu me pergunto quanto tempo ela já teve a sós com ele. Eu me pergunto se alguma das garotas teve algum tempo de qualidade com ele.
"Mama," eu sussurro, "como estão as agentes? Alguma atualização no feed da Fada Madrinha LTDA?"
"Hmm, não tem muita atividade, já que o homem nunca sai do laboratório do escritório dele, ~", diz ela. " ~Ele é muito misterioso.~ ~" ~
"A Alicia está levando bebidas para ele?" Será que a ideia dela é deixá-lo bêbado e então seduzi-lo? Okay, certo.
"Sim, ela está tentando fazer o melhor possível para ser notada. Ela definitivamente assumiu o papel de robô feliz, ~" ~ Mama resmunga. ~ ~"Eu preciso transar. Até eu estou começando a ficar irritada com ela. ~"~
Eu reviro os olhos. "Essa é a personalidade natural dela." Faço uma pausa e vejo a Alicia sair do escritório. "Você precisa fazer um pouco de reconhecimento. Estou percebendo que as coisas não são o que parecem."
" Vou fazer."
Horas se passam, e eu assisto enquanto a última pessoa sai, as luzes se apagam e um fraco brilho azul é emitido ao redor do enorme laboratório. É meio assustador.
Eu poderia ir para o meu pequeno apartamento aqui no 14º andar – sim, os robôs vivem como pessoas normais. Estranho. Mas o Dion despertou a minha curiosidade. Ele dorme aqui, então?
Eu me levanto da minha mesa e caminho lentamente em direção às portas do escritório dele, o chão frio faz os meus pés formigarem.
Meu coração bate forte quando levanto o punho para bater.
Vai logo.
Você é a secretária dele, afinal.
A batida alta parece ecoar nas paredes altas desse lugar. Eu me encolho e espero. Os segundos passam e nada.
"Merda", eu murmuro. Isso é embaraçoso. Bato novamente e espero.
Nada.
Eu descanso a minha cabeça contra o metal frio da porta e a sinto ceder contra o meu peso. Eu desacelero a minha respiração e a empurro mais. Eu entro e digo: "Senhor? Sr. Le'Rose?
Meu coração bate forte quando observo o seu grande escritório com o seu próprio laboratório menor. As luzes estão apagadas, exceto por algumas menores.
Olho ao redor, vejo assentos de couro e um bar completo na extremidade oposta da sala. É como uma suíte chique com o seu próprio laboratório.
Cacete.
Eu quase engasgo quando a porta se abre, e Dion entra com apenas uma toalha branca enrolado na cintura e encharcado.
Puta merda ~. Ele estava tomando banho. Acho que meus olhos saltam das órbitas, e tento não cobiçar o seu torso malhado. Mas é difícil não se maravilhar com os seus peitorais salientes e grandes bíceps.
Eu já vi muitos homens sensuais no meu trabalho, então não sei por que o meu cérebro está se esvaindo.
"Me desculpe." Eu me viro para sair.
Estou morta e enterrada.
"Não tão rápido, Luna, baby," Dion diz naquela voz baixa que faz as minhas bochechas esquentarem. Ele é tipo os italianos, que chamam todo mundo de "baby".
Né?!
Eu paro, sentindo o pulso martelando. "Desculpe senhor. Eu só estava querendo saber se você, uh, se você precisava de mais alguma coisa antes de eu sair."
Ele não diz nada, mas posso sentir que ele está bem atrás de mim. Os cabelos do meu pescoço se arrepiam.
"Hmm, eu vou ter que olhar nos seus circuitos. Vire."
Eu respiro.
Eu me viro e tento nivelar a minha respiração. Eu posso sentir o cheiro limpo dele, e o cabelo escuro e grosso de Dion está pingando tão tentadoramente. Sim, tudo bem, ele está DELICIOSO – er, muito bonito. ~Foco, cérebro ~.~
Seu olho vermelho brilha na penumbra, contrastando com o outro, muito pálido.
"Seu rosto está vermelho", diz Dion suavemente. "Você está recebendo algum alerta vermelho para o superaquecimento do seu sistema?" ele pergunta, com o seu rosto ilegível e intenso.
Ele está pingando e sexy—oh, e eu não percebi o quão cheios são os seus lábios.
Isso é doloroso. Eu provavelmente poderia ouvir um alfinete cair nessa sala.
"Não", eu sussurro.
"Hmmm", diz ele, mas soa mais como um gemido.
Não é... Tesudo. De forma alguma.
Pense em outra coisa.
"Deixa eu ter certeza de que nada está errado, já que você guarda informações muito confidenciais para mim", diz ele no sotaque e na voz de alguém que trabalha para uma telesexo italiano.
Eu quero rir – e olha que eu costumava tirar sarro das agentes da Fada Madrinha cobiçando esses homens tipo macho alfa.
Entendi.
Totalmente compreensível.
Suas mãos agarram a minha cintura e me giram. Os alarmes soam na minha cabeça. Ele vai descobrir que não sou um robô completo? Meu pulso está batendo forte.
"Não estou recebendo alertas", tento raciocinar.
Ele está desabotoando o meu vestido. Minha pele está quente e fria ao mesmo tempo, e com cada desabotoamento, posso sentir a carícia suave de seus dedos na minha pele. Meu Deus, se esse homem colocar a mão entre as minhas pernas, estou acabada.
Desculpe, faz tempo que eu não transo.
E ele é um macho alfa da Fada Madrinha LTDA.
Ele desabotoa o último botão, e minhas costas estão nuas para ele. Minha pele está pegando fogo, e é como se eu pudesse sentir o seu olhar vagando sobre mim. É bobagem porque ele provavelmente está apenas tentando ver se a sua secretária está com algum defeito.
"Ative o seu sistema interno", ele sussurra.
Eu luto contra um calafrio de sua voz.
É tão sensual.
Suas mãos envolvem a minha cintura nua, e eu tento não gemer ou gritar com o choque. Sinto sua boca no meu ouvido. "Confirmar ativação."
"Confirmado", eu digo, rezando para não parecer uma prostituta luxuriosa. Isso é tão diferente da minha personalidade.
Eu sinto as suas mãos alisarem a minha cintura, em seguida, param logo abaixo dos meus seios. "Algum alerta vermelho da pressão?" Suas mãos estão quase me acariciando, aplicando pressão.
Ele está me zoando?
Eu não sei dizer porque estou quase gozando ~. ~
Eu sinto os seus dedos desabotoarem o meu sutiã, meus olhos se arregalam, e minha respiração para. Não posso me mover, estou sentindo o calor do corpo dele atrás de mim.
O que está acontecendo?
Ele abaixa as alças do meu sutiã lentamente, e eu posso sentir a tensão aumentar para a velocidade de um atropelamento. Estou respirando com mais dificuldade - não tenho certeza se ele percebe ou não, mas eu apostaria no fato de que ele percebe sim.
"Parece que você está estranhamente programada para responder sexualmente", ele sussurra em meu pescoço. "O que normalmente não é feito com secretárias de laboratório."
Merda.
Filho da puta.
Eu sinto os seus dedos passando para cima e para baixo nas minhas costas, em seguida, circundam as minhas costelas nuas. Meus seios estão meio expostos, mal segurando o sutiã de renda.
Eu posso senti-lo olhando para mim por cima do meu ombro, e eu permaneço o mais imóvel possível.
Não me atrevo a dizer nada. Eu não confiaria em mim mesma.
Minha respiração falha quando sinto a sua mão mal acariciar a parte de baixo do meu seio. Meu rosto cora, e minha pele inflama.
"Coloca uma roupa chamativa, Luna. Eu vou te buscar na recepção em uma hora," ele sussurra contra o meu pescoço. "Eu preciso de uma acompanhante essa noite, e vai ser você."
Ele sai.
Eu não me viro para olhar para ele. Minha respiração é superficial.
"Onde vamos, s-senhor?" Eu mal digo.
"Para o Moonlight Lounge."
Eu fecho meus olhos. Bom, eu tô fodida ~.