Fuga

Ela correu pela floresta, com o coração disparado enquanto avançava em direção à fronteira.

"Vamos conseguir..." ela sussurrou enquanto se aproximava da fronteira, tentando se manter realista, sabendo que poderia ser pega novamente como havia sido duas vezes antes.

"Só corra," ela repetiu, forçando-se a seguir em frente, embora o cansaço estivesse começando a tomar conta.

Seu coração batia forte no peito e todo o seu corpo pegava fogo, tomado por adrenalina e esperança, enquanto elas cruzavam a fronteira da matilha, determinadas a não parar a menos que ela morresse de exaustão ou se afastasse o suficiente para nunca mais ser encontrada.

Naquele momento, qualquer opção seria boa para ela.

"VOCÊ GOSTA DISSO?! POR QUE VOCÊ CONTINUA ME OBRIGANDO A FAZER ISSO?"

Todd se elevou sobre ela, com o rosto vermelho como um tomate enquanto sua raiva continuava a aumentar.

Summer sentou-se no chão, segurando a barriga com a mão enquanto a dor dos golpes fortes crescia dentro dela.

Mais uma vez ele alegou que ela o havia envergonhado e mais uma vez ele bateu nela.

Ela ficou muito feliz quando o conheceu cinco anos atrás. Ele era tão bonito e tão carismático. Ele adorava ela e ela se apaixonou por ele quase instantaneamente.

A primeira vez que ele bateu nela, ela ficou tão chocada que se convenceu por um tempo de que aquilo não tinha acontecido de verdade.

Seu companheiro nunca a machucaria, ainda mais de propósito. Ele deveria amá-la e protegê-la, assim como ela o amava.

Mas já não era mais assim.

Ela apertou o estômago com mais força quando ele ficou de pé sobre ela. Ela conseguia ouvir sua loba rosnando no canto de sua mente.

Freya queria sair, queria transformar aquele homem imprestável em um amontoado de sangue. Ela queria arrancar aquelas mãos nojentas dele e transformá-las em seu jantar.

Mas Todd era maior e mais forte.

Na segunda vez que ele bateu nela, Freya avançou e mudou, na esperança de protegê-la. Naquela noite, ele acabou batendo tanto nela que ela não conseguiu andar por dois dias.

Ela havia perdido a conta de quantos ossos diferentes ele provavelmente havia quebrado, de quantos hematomas ela precisou esconder.

Não que alguém tenha notado ou se importado.

"SUA VAGABUNDA! O QUE VOCÊ ACHA QUE OS OUTROS VÃO PENSAR DE MIM QUANDO VOCÊ VAI PARA OUTRO LOBO!? HEIN? O QUE VOCÊ TEM A DIZER SOBRE ISSO, HEIN?"

"Eu..." ela gaguejou baixinho. "Sinto muito. Eu não fiz isso, eu prometo."

"Você está dizendo que estou errado? Que não vi o que vi?" ele respondeu sombriamente.

"Não, me desculpe. Eu não quis... eu não estava..."

Summer não sabia o que dizer. Ela sabia que não tinha dado em cima daquele homem. Ele lhe fez uma pergunta e conversou amigavelmente na fila sobre o jantar da Casa da Matilha.

Ela se encolheu quando Todd se aproximou de seu rosto, seus olhos azuis como aço ardendo de fúria enquanto sua mão grande agarrava um punhado dos longos cabelos castanhos dela.

Seus gritos ecoaram alto enquanto ela ouvia, mais uma vez, o quanto ela era inútil e uma companheira horrível para ele.

Depois de liberar sua fúria, ele foi embora, deixando Summer caída no chão da sala.

Ela respirou fundo, abafando o choro com as mãos para que ele não ficasse zangado novamente com seus gritos.

"Não podemos... ele nos encontrará de novo. Ele sempre encontra. Não temos para onde ir."

Summer sabia que ela estava certa. Era só uma questão de tempo.

Ela se lembrou da última vez que fugiu. Ela quase conseguiu sair da fronteira antes que ele a alcançasse.

Ele acabou batendo nela ali mesmo no meio da floresta e praticamente a arrastando de volta para casa.

Ela foi trazida de volta ao presente quando ouviu Todd sair do quarto, com passos lentos quando parou no final do corredor. Ele se encostou na parede e olhou para ela.

"Sinto muito, querida."

Summer respirou fundo, enquanto a dor no estômago finalmente começava a diminuir. Ela olhou para ele com um sorriso: "Eu sei."

Ele passou a mão pelo cabelo com um suspiro enquanto dava um passo à frente. "É que você... você não sabe o que faz comigo. Às vezes eu fico com muita raiva."

"Eu sei."

"Você sabe? É só isso que você consegue dizer?" ele disse em voz alta enquanto sua raiva começava a ressurgir.

"Não," Summer gaguejou, recuando enquanto ele dava um passo à frente.

"Eu só quis dizer que sei que deixei você com raiva... me desculpe. Foi tudo culpa minha. Eu não deveria ter sido tão descuidada. Você estava certo."

Todd parou por um momento e Summer sabia que ele estava tentando decidir se queria deixar para lá. Ela esperava que seu pedido de desculpas lamentável fosse suficiente.

Ela se levantou lentamente, agarrando-se ao sofá enquanto se endireitava.

Todd estava mais perto, segurando os braços dela suavemente com suas mãos ásperas.

Ele beijou a bochecha dela, fazendo todo o corpo de Summer querer recuar. Ela ficou imóvel, enrijecendo com aquele toque. Ele beijou sua bochecha suavemente mais uma vez.

"Eu te amo."

"Eu também te amo," ela sussurrou, inspirando profundamente quando ele se virou, todo o seu corpo tomado por tensão.

Naquela noite, ela ficou acordada na cama, com a mente presa em uma confusão sem fim enquanto tentava descobrir uma maneira de escapar. Uma maneira de finalmente ser livre.

Ela sorriu para a bravura de sua loba. "Conhecendo Todd, ele vai acordar no minuto em que eu tentar," ela respondeu mentalmente.

A mente de Summer clareou de repente quando ela decidiu naquele momento que iria embora.

Ela sabia que conseguiria tentar outra vez, então seu plano teria que ser infalível ou ela morreria tentando. Porque não havia volta.

Deitada no escuro ao lado de seu pior pesadelo, ela finalmente elaborou um plano.

Ela só precisava esperar o momento certo.

"Só precisamos que as estrelas finalmente se alinhem e que o destino finalmente esteja do nosso lado... aí sim, acho que conseguiremos sair daqui," ela sussurrou para sua loba.

"Desta vez vai dar certo," ela repetiu.