
Summer caminhou em direção à Casa da Matilha, torcendo as mãos enquanto se preparava para se encontrar com o alfa novamente.
Ele era muito intimidador.
Ela passou pela porta da frente da grande casa da matilha, sem saber por que ele pediu para vê-la. Ele já havia feito um pequeno interrogatório há alguns dias; o que mais ele queria?
"Não está ajudando," ela repreendeu antes de bater levemente na porta do escritório do alfa.
"Entre," ela ouviu sua voz profunda ecoar de dentro da sala.
"Você queria me ver, alfa?" Ela falou timidamente ao entrar.
"Por favor, sente-se," ele ofereceu, com os olhos ainda grudados nos papéis à sua frente.
Ela ficou sentada em silêncio por um momento, seus olhos examinando o cômodo enquanto esperava. Quando seus olhos finalmente pousaram no alfa, ela o observou em silêncio.
Na luz quente do escritório, ele parecia ainda mais assustador.
Seus olhos escuros ficaram ainda mais escuros por seu olhar firme e cabelos pretos. Seu grande corpo parecia espremido atrás da mesa, desconfortável de um jeito meio cômico.
Seus olhos encontraram a cicatriz em seu pescoço que parecia ir de logo abaixo da orelha até a gola da camisa. Ela olhou para cima e viu que ele estava a encarando.
"Você... você pediu para me ver?" ela gaguejou.
Ele olhou para ela por mais um momento, examinando seu rosto.
"Agora que estamos sozinhos, preciso que você me diga a verdade."
"A verdade?" ela repetiu suavemente, sendo tomada pelo medo.
"Sim. Eu sei que você não foi sincera sobre seu passado. Sinceramente, eu não ligo. Não é da minha conta. Mas eu sou o alfa desta matilha e meu dever é com eles."
Ele recostou-se na cadeira, seus olhos escuros perfurando os dela.
"Então, vou repetir minha pergunta do outro dia. Você vai me causar algum problema?"
Summer balançou a cabeça furiosamente para ele. "Não. Não, eu não-"
"Não permitirei que meu povo seja ameaçado por quaisquer problemas dos quais você parece estar fugindo," ele respondeu sombriamente.
Ela olhou para ele antes de abaixar a cabeça. "Eu... vou embora."
Ela se levantou e caminhou até a porta.
"Obrigada por cuidar de mim. Tenho uma grande dívida com sua matilha por salvar minha vida."
Gage observou com surpresa enquanto ela saía da sala.
Não era assim que ele esperava que a conversa terminasse. Geralmente havia mais súplicas por piedade.
Gage grunhiu antes de se levantar da cadeira e segui-la. Ele a encontrou andando pelo caminho que levava à estrada.
"Summer!" ele chamou, correndo para alcançá-la.
Ela se virou com um olhar cansado. "Alfa?"
"Aonde você vai?"
Ela encolheu os ombros antes de falar as palavras de Freya: "Não tenho certeza. Saberei quando chegar lá."
Gage passou a mão pelos cabelos, exasperado. "Eu nunca disse que você tinha que ir embora."
Ela se virou para ele, com a testa franzida. "Mas você também não me pediu para ficar."
Gage olhou para ela, sentindo-se ainda menor por causa do tamanho dele. Olhando-a nos olhos, ele viu o medo crescendo dentro dela.
Ele não tinha certeza do que havia acontecido com ela, mas sabia que fazê-la ir embora não era a resposta para nenhum dos seus problemas.
Ela observou a expressão dele se suavizar por um momento quando seus olhos se encontraram, esperando que isso significasse que ele não a mandaria embora. Ela estava tão cansada.
"Se desejar, há um lugar para você aqui na Lua de Sangue," disse ele.
Summer esboçou um sorriso fraco antes de voltar para o armazém.
Eles voltaram para casa em silêncio, nenhum dos dois sabendo o que dizer. Ela o seguiu para dentro e em direção ao longo corredor de quartos antes de parar em frente a uma porta.
"Você pode ficar aqui."
Ela olhou para a porta antes de se voltar para ele. "Obrigada."
Gage deu-lhe um sorriso tenso e observou enquanto ela entrava lentamente no quarto e fechava a porta.
Assim que entrou no quarto, Summer caiu na cama, sentindo-se em paz e segura no colchão macio da cama.
Enquanto estava ali deitada, ela podia sentir as emoções intensas da última semana crescendo dentro dela.
Summer enfiou o rosto na cama, seus gritos sendo abafados pelo edredom. Ela soluçou e colocou tudo para fora enquanto os últimos cinco anos passavam pela sua cabeça.
À medida que as lágrimas continuavam a fluir, ela percebeu que não conseguia parar. Todo o seu corpo tremeu quando tudo o que ela segurou por tanto tempo veio à tona.
Quando Gage começou a se afastar, ele parou, seus ouvidos captando os sons suaves dos gritos dela. Ele se encostou na parede ao lado da porta, os olhos fechados enquanto se concentrava no som.
Ele podia ouvir seus soluços intensos e as batidas de seu coração enquanto ela ficava cada vez mais triste.
Ele ouvia suas tentativas de parar e se acalmar, seguidas por novas ondas de choro.
Gage assentiu silenciosamente antes de caminhar pelo corredor em direção ao seu escritório.
Depois que Summer chorou todas as lágrimas, ela olhou para o teto com uma nova determinação de fazer com que sua segunda chance na vida fosse boa.
Chega de se encolher, chega de se esconder, chega de se diminuir, chega de sofrer o abuso dos outros.
Não existe mais Todd.
Ela sorriu e adormeceu, seu corpo mais uma vez esgotado por horas de soluços.