Tiffanyluvss
"Os lábios encontram os dentes e a língua. Meu coração quase para oito vezes de uma vez." -Billie Eilish.
Música tema do capítulo: "Watch", de Billie Eilish.
NARRADOR
Harmony sente como se o mundo estivesse parando quando os lábios dele finalmente encontram os dela. A vibração em seu coração se intensifica muito com a sensação de calor e suavidade dele contra a sua boca.
Seus olhos se fecham para evitar qualquer distração. Esse é seu primeiro beijo; é um momento sagrado para ela e ela precisa saborear cada pedacinho dele. Embora não seja como ela imaginava que seria.
Dizem que "quem beija de olhos abertos não está sentindo nada". Bom, o ditado deve ser legítimo, já que os olhos do Blaze estão semi abertos no momento, observando-a com satisfação.
Os lábios dela são tão delicados quanto parecem e ele tem plena consciência de que ela nunca beijou ninguém antes dele, pois quando ele cutuca o lábio inferior dela com a língua, ela se recusa a abrir.
Ele decide que ela não está pronta e mantém o beijo modesto, embora isso não seja algo que ele normalmente faça.
Ele é uma bola de ferocidade quando se trata de sexo e intimidade. Para ele, é tudo ou nada. Beijos e carícias não são suficientes; são muito simples, muito suaves.
Mas ele precisa se conter para não afugentar essa garota. Ele já viu quantas vezes ela foge dele como se ele fosse um fantasma assustador.
Ele interrompe o beijo lentamente, observando-a com um leve sorriso enquanto ela abre os olhos, aos poucos.
O rosto dele ainda está próximo ao dela, enquanto ela respira suavemente pela boca, ainda em estado de choque por eles terem acabado de se beijar.
Blaze dá algum tempo para ela recuperar os sentidos, já que parece que ela está chapada no momento.
"Esse foi o seu primeiro beijo?", ele pergunta, e ela acena com a cabeça hesitante, se sentindo um pouco mal em admitir isso.
Algumas pessoas achariam ridículo nunca ter sido beijada aos dezoito anos de idade. Ela não tem certeza se o Blaze é da mesma opinião, mas tem certeza de que ele já foi o primeiro beijo de muitas mulheres.
Ela não é a primeira e provavelmente não será a última.
"Eu percebi", ele sussurra, e ela morde levemente o lábio inferior, com uma queimação subindo pela sua garganta.
Então, o Blaze vê algo que não estava esperando. Os olhos dela começam a ficar úmidos; lágrimas grossas e brilhantes espumam em seus olhos vulneráveis.
Ele inclina a cabeça com interesse, observando como ela as esfrega com as costas da mão.
"Por que você tá chorando?"
Seus ombros minúsculos se erguem em um encolher de ombros enquanto seu rosto redondo fica vermelho e molhado. "Eu não sei... É só um momento especial pra mim, eu acho".
Blaze a encara em silêncio. Ele tem muito a aprender. Ele nunca viu uma garota chorar só porque acabou de dar o primeiro beijo.
"Foi especial pra você?", ele pergunta.
Ela balança a cabeça, choramingando enquanto enxuga mais lágrimas. "Sim. Significou muito pra mim."
Ele a inspeciona em silêncio. Será que significou tanto assim para ela a ponto de derramar lágrimas? Para alguém como ele, isso é bem estranho. Ele não consegue identificar a última vez que chorou de verdade.
E, então, acontece. Uma pequena pontada de culpa - não muita, mas é o suficiente para que ele reconheça. Sua testa se enruga enquanto ele baixa o olhar, se perguntando de onde diabos veio esse sentimento estranho.
No entanto, tão rápido quanto veio, foi embora, e agora um forte sentimento de conquista se instala dentro dele.
Ele acabou de roubar o primeiro beijo dela e está animado para ver o que mais pode fazer para corromper esse anjinho sentado à sua frente.
A Harmony gostou do beijo, mas agora que ela voltou a si, ela percebe o quanto a noite foi fora do normal.
Ela não só tocou o rosto de um garoto de um jeito muito estranho, como também permitiu que ele a beijasse. Ela não é assim e não se sente bem com essa estranha mudança de comportamento.
"Eu... acho que tenho que ir", ela murmura, pegando seu bloco de desenho na cama.
O comportamento do Blaze agora é distante e indiferente, enquanto ele fixa o olhar no chão. Como se a sua missão essa noite tivesse terminado e ele não sentisse a necessidade de "fingir" mais.
"Ok." Ele bate com o dedo no joelho, uma coisa que ele normalmente tem quando está pensando coisas sombrias. "Até mais."
Ela olha para ele, percebendo instantaneamente como o seu comportamento é incomum. Ele está franzindo os lábios com um rosto vazio enquanto seu olhar está fixo, bem longe dela.
Ela se levanta lentamente, e as suas sobrancelhas se franzem. Pegando a sua bolsa no sofá, ela o ouve se despedir secamente atrás dela.
"Foi bom desenhar com você."
Ela olha para ele, e vê que ele finalmente está olhando em sua direção, com um pequeno sorriso no rosto.
"Sim... foi bom pra mim também."
Ela junta os lábios em um sorriso apertado, e ele permite que seu sorriso se alargue um pouco. Mas ele quebra o contato visual logo, baixando o olhar para o celular que está segurando na mão.
Decepção. Arrependimento. Essas duas emoções estão atualmente lutando para dominar o coração dela.
Ela gostou do beijo, mas a reação dele a confunde. Ela não tem certeza do que esperava, mas o comportamento repentinamente formal e estranho dele é estranho demais.
Ao fechar a porta do quarto dele, seus pensamentos começam a se concentrar nos avisos das outras pessoas.
"Ele só usa as garotas."
"Ele não tem coração."
"Fica longe dele."
"Você vai se arrepender."
Talvez ela não devesse ter ido ao quarto dele essa noite. Ela acabou de dar a ele algo que nunca mais poderá dar a ninguém. O primeiro beijo nunca mais volta.
HARMONY
Com um suspiro cansado, deito na cama, pressionando o rosto nos travesseiros e solto um leve gemido.
Lábios vermelhos e quentes contra os meus, hálito de menta e desodorante masculino inundam os meus pensamentos, e balanço a cabeça rapidamente, tentando apagá-los.
Mas não está dando certo, pois a lembrança do meu primeiro beijo só se torna mais vívida. Toco os lábios com os dedos, meu estômago se revira ao pensar no que acabou de acontecer.
O Blaze me beijou. O local e o lugar onde aconteceu não eram os que eu tinha imaginado, mas, apesar disso, gostei da experiência.
Os lábios dele eram macios demais para serem feitos de carne. Eu não ficaria surpresa se, mais tarde, descobrisse que eles são, na verdade, feitos de marshmallows.
Aperto o rosto no travesseiro, corando profusamente como se fosse uma menina do ensino médio.
A porta do quarto se abre quando a April entra e eu rapidamente tiro a cabeça do travesseiro enquanto a minha colega de quarto a examina com um sorriso suspeito no rosto.
"Você tá bem?" Ela levanta uma sobrancelha curiosa e fecha a porta.
"Hum, sim." Me senta com tudo, engolindo em seco enquanto passo as palmas das mãos pelo cabelo, que agora está bagunçado.
A April ri. "Ok..." Ela estreita os olhos de um jeito curioso. "Você só parece um pouco confusa."
"Eu tô bem."
A minha colega de quarto balança a cabeça e dá um sorriso, colocando a bolsa preta brilhante em cima da mesa antes de caminhar até mim e se deitar na cama. "Eu tô super cansada."
"Como foi no restaurante?" pergunto, dobrando os pés enquanto tento me livrar da vermelhidão nas bochechas.
Se eu continuar com esse rubor, a April descobrirá que ela e o seu primo acabaram de se beijar, apesar dos inúmeros avisos que ela deu.
A April dá de ombros. "Foi bom. Mas teria sido melhor se você tivesse vindo com a gente... e se o Blaze tivesse vindo, também. Mas ele disse que tinha outros planos. Não sei o que pode ser mais importante do que um jantar com a prima dele."
Uma linha pensativa se forma entre as minhas sobrancelhas diante dessa notícia.
Será que o Blaze cancelou os planos de jantar com a prima para passar um tempo comigo? A ideia comove o meu coração, mas prefiro não pensar demais, especialmente porque, depois do beijo, ele ficou muito distante.
Tento não interpretar demais o que aconteceu essa noite ou criar expectativas para algo que provavelmente não foi nada.
Ficar ansiosa por um cara só porque ele deu o primeiro beijo não é muito inteligente. Eu estou ciente disso.
"Enfim, você viu o Blaze recentemente?"
Imediatamente fico tensa, engolindo em seco enquanto esfrego os joelhos. Fico pensando se devo ser sincera ou esconder o fato de que o vi essa noite.
Decido dizer a verdade.
"Não, eu não o vi recentemente".
O quê? Não era isso que eu pretendia dizer.
Reprimindo a dúvida, me sinto mal pela mentira que acabei de contar.
"Ok, ótimo. Eu tava preocupada que ele fosse continuar te incomodando. O Blaze nunca desiste até capturar todas as vítimas em sua teia. Só não deixa ele te beijar, porque é aí que tudo começa."
Ela se levanta e eu mordo o lábio, me sentindo culpada.
Tarde demais.
"Mas ele me trata bem", digo, optando por não levar em conta o comportamento bizarro dele depois do beijo.
Acho que as coisas ficaram um pouco estranhas e talvez ele não tivesse ideia do que dizer depois. Admito que eu mesma me senti muito desconfortável depois do beijo.
"Sim, porque ele quer alguma coisa de você. Ele nunca é gentil com ninguém a menos que queira alguma coisa", diz a April enquanto vai até o armário para guardar a jaqueta.
"Eu sou prima dele e ele não vai na minha casa a menos que queira um favor."
"Que tipo de favor?" estou disposta a aceitar qualquer informação sobre ele. Mesmo que seja um soco no estômago.
"Tipo o número de uma garota ou pra pedir o meu carro emprestado se o carro dele estiver quebrado.
Olha, o James é o melhor amigo dele desde o ensino médio e ele só é amigo dele pra poder ficar com as garotas que ele conhece, e ele nem tenta esconder isso."
Ela se vira e coloca uma mão no quadril.
"É um ciclo sem fim pra ele. Ele gosta de conquistar as coisas e acha que tem o direito de ter tudo o que vê pela frente. Ele vê uma garota, olha pra ela, mira nela, beija ela, e a partir daí ela é toda dele."
Percebo que é exatamente isso que vem acontecendo ultimamente entre nós dois. Ele me viu na noite de orientação educacional, ficou olhando para mim, me seguiu e, essa noite, ele me beijou.
Mas a sorte é que eu ainda não estou totalmente presa na teia dele, certo? Então, eu posso sair facilmente... certo?
"Ah. Ele parece um cara mau", murmuro com a cabeça baixa, e a April sorri.
"Ele não é mau, ele só é... problemático."
Lembro da terrível morte da mãe dele e pondero se devo perguntar para a April se isso é verdade ou não.
Mas quando ela olha para cima novamente, sua colega de quarto já está entrando no banheiro, então ela decide engolir a curiosidade.
Além disso, ela não gostaria que a April descobrisse que eles estão se vendo muito mais do que deveriam.
BLAZE
"Foi especial pra você?"
Sim, foi tudo pra mim.
Estou de costas para a cabeceira da cama, com imagens brilhantes dos olhos grandes e lacrimejantes da Harmony afligindo a minha mente. Eu não consigo entender o que está acontecendo comigo.
Na noite passada, tive a oportunidade de acabar com toda a inocência dela de uma vez só e, ainda assim, não senti vontade de levar as coisas além de um beijo.
Mentalmente, usei a desculpa de que não queria afugentá-la, mas quando foi que eu, ninguém menos que Blaze Xander, me preocupei em "afugentar alguém"?
Além disso, tive uma sensação estranha quando ela disse o quanto o beijo tinha sido especial. A minha cabeça está muito confusa, porque não pareço eu mesmo.
"Ai, porra!", ele xinga em voz alta, apalpando com força o pescoço que agora está latejando. "Você acabou de me morder?"
Olho para a garota de cabelos ruivos sentada no meu colo, com as coxas grossas pressionadas contra as minhas.
O rosto dela se contorce de vergonha enquanto ela responde, timidamente. "Se chama chupão, Blaze."
"Isso não foi um maldito chupão. Você é uma vampira? Cacete..."
"Desculpa." Ela tenta encostar os lábios no meu pescoço novamente, mas eu afasto a cabeça com uma careta.
O meu humor agora está tão amargo que eu só quero mandá-la sair de cima de mim, e a minha boca sem filtro fala antes que eu possa pensar duas vezes.
"Para. Sai de cima de mim, por favor."
Ela enruga o rosto, desapontada. "Por que, Blaze?"
"Eu não tô mais afim."
Não que eu estivesse a fim em qualquer momento antes.
"Ai, doeu."
"Sim, bom, até depois."
Eu começo a sair da cama enquanto ela, a contragosto, desliza do meu colo, ajustando a minissaia jeans. Ela franze a testa enquanto se ajoelha, fazendo uma careta desesperada.
"Blaze."
Suas sobrancelhas estão franzidas enquanto eu caminho para a cozinha usando apenas o meu colar de prata e uma calça de moletom.
Hoje não estou no seu melhor humor, pois atualmente estou passando por uma crise bipolar, portanto, não tenho tempo para essa garota chorona.
Se ela não sair do meu quarto até o momento em que eu chegar à cozinha, não terei outra escolha a não ser aconselhá-la, com muita raiva, a ir embora.
Abro a geladeira e pego uma garrafa de água, abro e a levo aos lábios.
A morena finalmente entende a mensagem e assobia alto, os lençóis da cama se agitam antes dos passos chegarem à porta do quarto. Ela não se fecha e, em vez disso, a voz do James ecoa pelo quarto.
"Uau. Justine Meyers. A presidente do clube de música. Você fica com todas as bonitas! Caralho."
Ele fecha a porta depois da mulher irritada sair enquanto coloco a garrafa de volta na geladeira. Volto para o quarto e encontro o James pegando o desenho que a Harmony fez na mesa de cabeceira.
"Quem desenhou isso..."
Arranco o papel da mão dele antes que ele possa terminar a frase, abro uma gavetinha e o coloco lá dentro.
O James sorri, levantando uma sobrancelha, intrigado. "Espera aí... foi a Harmony que desenhou isso?"
Decido não responder e me jogo na cama, apoiando a cabeça nas palmas das mãos e observando o James ficar todo animado.
Eu também deveria estar feliz, pois eu deu o primeiro beijo dela. Mas, de repente, isso não é tão divertido quanto eu imaginei que seria.
"Uau, espera aí, então ela desenhou você e depois vocês fizeram sexo, igual no Titanic?"
Bufo. "Por favor, não diga mais nada. Eu vou te dar um soco".
"Essa é uma ótima notícia!" o James levanta o punho no ar, dançando como um idiota, e reviro os olhos.
"Você tá ficando tão empolgado com a ideia de foder uma garota inocente. E eu pensava que eu era um cuzão".
O James está fazendo a dança do robô agora e eu rio de suas palhaçadas, balançando a cabeça.
Quando estou tendo um desses episódios de agressividade, o James fazer um completo papel de idiota com certeza ajuda muito, me colocando de volta em um estado de espírito calmo.
Sempre que estou tendo um dia ruim, basta olhar para o meu melhor amigo e percebo a sorte que tenho.
"Se você não parar, vou te cortar em mil pedaços com a faca de pão, James."
"Me conta como foi!" Ele cai ao meu lado, sorrindo. "Eu quero saber tudo! Ela é mesmo virgem? Qual a cor do sutiã que ela tava usando? Melhor ainda, qual a cor da calcinha..."
Pego o travesseiro ao meu lado e bato no menino que está divagando, fazendo-o rir como um babaca.
"Tudo bem, vamos falar sério agora. Você não fez sexo com ela, fez, Blaze?" o James estreita os olhos.
"Não." Me sento, coçando o pescoço. "Não aconteceu."
O queixo do James cai, e ele lentamente estende um dedo para cutucar a minha bochecha. Franzo a testa. "O que você tá fazendo?"
"Eu tô testando para ver se você é mesmo o Blaze Xander e não uma versão de isopor dele."
"James, se você encostar no meu rosto mais uma vez, eu quebro o seu dedo."
Um sorriso largo surge no rosto dele diante da ameaça e ele lentamente empurra o dedo na minha bochecha novamente, então eu perco a paciência, agarro o dedo com firmeza e o torço dolorosamente.
"Ahhhh! Merda!!!" o James se agacha com os olhos arregalados, olhando para o dedo que agora está espremido e eu começo a rir.
Ele sabe que eu amigo não blefo quando se trata de infligir dor aos outros, eu juro que não sei qual demônio da coragem o possuiu agora.
"Ah-ah-ah! Ow, merda, você tá quebrando o meu dedo, seu psicopata! Solta!" Ele está a ponto de chorar como uma criança.
Sorrio de um jeito assustador, claramente gostando disso muito mais do que deveria. "Se eu soltar, o que eu ganho?"
"Blazeeee!" Ele grita
"Diz: Eu sou o rei do mundo."
James me encara incrédulo, e eu levanta uma sobrancelha, esmagando ainda mais o dedo.
"Ahh! Você é o rei do mundo - uau, que merda."
"Digamos que eu seja a pessoa mais incrível que já existiu." Seguro um sorriso, enquanto o rosto do meu amigo se deforma de sofrimento.
"E você tem o quê, cinco anos?!"
Mais pressão no dedo. "Diz!"
"Tudo bem, tudo bem! Você é a melhor pessoa que já existiu! Ah!"
"Eu não disse 'melhor'. Eu disse: 'mais incrível!'"
"Qual é a maldita diferença?!"
Olho para ele, fingindo estar em choque. "Você quer perder o seu dedo?"
"Tudo bem! Beleza! Você é a pessoa mais incrível que já existiu!"
"Mais alto!"
"VOCÊ É A PESSOA MAIS INCRÍVEL QUE JÁ EXISTIU!"
Finalmente o solto dando uma risada alta, jogando a cabeça para trás em satisfação enquanto me levanta da cama para ir em direção ao banheiro. Ah, eu adoro ter todo o poder e domínio!
"Seu idiota louco e psicótico!" o James massageia o dedo torcido com uma expressão de dor. "Às vezes, tenho certeza de que você é um sociopata!"
Rio ao entrar no banheiro, virando para mostrar o dedo do meio ao James. "Quem disse que eu não sou?" Sorrio antes de fechar a porta.