Bilionário Enfeitiçado

VERONICA

A luz do sol caindo em meu rosto me fez resmungar quando abri os olhos para ver a hora—uma e meia da tarde.

De alguma forma, enquanto lia meu livro, consegui cair em um sono profundo, resultado de ter ficado sem dormir na noite anterior.

Suspirei quando me sentei no banco e olhei para cima, encontrando um pássaro construindo seu ninho na árvore.

A sombra da árvore recaía sobre mim, mas através daquelas folhas, a luz do sol se infiltrava e atingia diretamente o meu rosto.

Pegando o livro pela metade, coloquei a folha marca-página dentro e fechei antes de colocá-lo de volta na minha mochila e me levantar, pronta para ir para a próxima aula.

Enquanto andava pela escola, podia sentir os olhares de alguns alunos sobre mim e ouvir seus cochichos enquanto eu passava.

Talvez minha transferência para esta maldita escola no meio do semestre tenha chamado a atenção deles, e eles queriam saber quem eu era.

Eu fiquei na minha e, ao tocar no meu cabelo, senti algo na parte de trás da minha cabeça e puxei, encontrando um galho com folhas que possivelmente havia caído em mim enquanto eu estava dormindo.

Joguei-o de lado e caminhei pelo corredor movimentado em direção ao meu armário. Eu tinha química na próxima aula, então precisaria do caderno, do livro didático e do jaleco que havia colocado lá no primeiro dia.

Vi que faltavam cinco minutos para 1h45 e acelerei o passo até meu armário.

Enquanto eu pegava os itens necessários, uma mão bateu ao meu lado e olhei para a direita para encontrar ninguém menos do que o mesmo cara do dia anterior sorrindo para mim.

"E aí, novata, o que me conta?" ele disse enquanto sua altura se elevava acima da minha, e eu olhei para seus colegas atrás dele. Uma loira estava bem atrás dele com três outros caras altos.

"Nada demais, ruivo." Eu sorri quando vi seu sorriso se desmanchar.

"Olha!" ele começou, mas eu fechei meu armário, ignorando sua existência enquanto passava por ele, nem mesmo me preocupando em ouvir, mas não antes de responder: "Até mais tarde! Eu tenho aula…"

Eu pensei que eles iriam entender, mas então a loira apareceu bem na minha frente, me parando com um sorriso irritante no rosto.

Inclinei minha cabeça para o lado, querendo saber por que ela tinha feito isso, e notei que ela havia trançado seu cabelo loiro em um estilo urbano peculiar.

Ela usava delineador nos olhos, calça jeans rasgada com uma camiseta branca e uma jaqueta jeans por cima.

Praticamente contra o código de vestimenta da escola.

Calças jeans rasgadas eram estritamente proibidas na Escola de Ciências de Londres. Pelo menos foi o que me disseram no meu primeiro dia. Tanto faz!

"Ora, ora! Eu já ouvi muito sobre você," ela disse enquanto olhava por cima da minha cabeça para o ruivo.

"Sério? Legal!" Eu disse e tentei contorná-la, mas ela me bloqueou novamente, e agora estava me irritando ainda mais.

"Saia da frente…", eu disse o mais calmamente que pude.

Ela levantou as sobrancelhas e deu um sorriso falso, balançando a cabeça. Claro, ela também era alguns centímetros mais alta do que eu, mas isso não significava que ela pudesse me fazer sentir inferior de alguma forma.

"Ou?" Ela imitou minha voz e, antes que eu percebesse, arrancou meu livro de química da minha mão.

"Ei!" Dizer que eu estava mais do que irritada seria um eufemismo.

Ela o pegou e ergueu a mão acima da cabeça, me impedindo de pegá-lo.

"Meu Deus!" Eu disse enquanto esfregava a ponta do meu nariz em irritação. "Vocês estão tentando me intimidar?" Eu perguntei, e eles se entreolharam antes de rir como hienas, o que me fez revirar os olhos.

A garota estava tão ocupada com a mão na cintura e rindo tanto que ela nem percebeu quando eu peguei meu livro de volta em um único movimento rápido.

Ah! Ela baixou a guarda!

"Ei!" E ela estava bem na minha frente, e desta vez aquele sorriso irritante havia desaparecido de seu rosto, substituído por uma careta. "Você se acha inteligente?" No momento seguinte, ela me empurrou.

"Não faça isso!" Eu a avisei enquanto olhava para a mão no meu ombro.

"Ou o quê?" ela zombou.

Aquela foi a gota d’água para mim. Em um movimento fluido, peguei a mão que batia continuamente em meu ombro e apliquei pressão sobre ela, fazendo-a estremecer de dor. Um sorriso satisfatório estava estampado em meu rosto enquanto eu a estudava.

Ela tentou tirar sua mão de mim, mas não conseguiu. "Me solta!" ela gemeu e usou a outra mão para me empurrar, mas quando ela não conseguiu se livrar do meu aperto, ela me beliscou com força.

Mesmo sentindo a dor, eu me recusei a soltar.

"Ei! O que você pensa que está fazendo? Solta ela!" O mesmo ruivo se aproximou e colocou a mão na minha, querendo soltar a mão da loira.

"Vou dizer a segunda coisa"—usei meu polegar para pressionar seu pulso, fazendo-a chorar de dor—"que eu não gosto. Pessoas bloqueando meu caminho e me perturbando quando estou com pressa.

"E agora? Será que eu devo quebrar sua mão por me fazer perder tempo e bloquear meu caminho várias vezes?" Eu perguntei com doçura, e o cara ruivo usou sua força para tirar meu aperto do pulso da loira.

Ela estremeceu e olhou para a região que eu havia apertado; com certeza, tinha as marcas das minhas mãos e estava dolorida.

"E você, ruivo," eu disse enquanto me virava para o cara que estava verificando o estado da loira.

"Parece que você causa muitos problemas para as pessoas ao seu redor," eu disse, e em seguida, sua cabeça virou na minha direção e ele franziu a testa.

"Mas deixa eu te contar uma coisa. Você não quer ter problemas comigo."

Quando eu disse isso, seu rosto se contorceu de raiva e ele deu alguns passos à frente.

Eu tinha certeza de que ele queria me bater, então levantei a mão, pronta para me defender, mas então o sinal tocou, indicando que a próxima aula havia começado.

Droga!

"Saia do meu caminho," eu disse enquanto empurrava o ruivo para o lado e corria pelo corredor em direção à minha classe.

Não posso me atrasar para minha primeira aula. Caramba! Graças àquele bando de pirralhos irritantes, eu já estou atrasada. Uau.