Carrero - Capa do livro

Carrero

Capítulo 6

Já passa do meio-dia. Estou me sentindo um pouco tonta, porque agora está abafado no escritório, quase sufocante, e está me deixando enjoada.

Liguei para a manutenção duas vezes para descobrir por que eles ainda não consertaram o ar-condicionado; ele está soltando um vento quente em vez de ar frio e está nos cozinhando.

O meu rosto está pegando fogo e o meu batimento cardíaco está tão rápido que parece que acabei de correr. As minhas roupas estão grudadas no meu corpo com o suor e estou irritada por não conseguir respirar nem encontrar qualquer tipo de alívio. Me sinto asfixiada.

A Margo saiu para almoçar e eu devo ir quando ela voltar. Ela estava passando tão mal com o calor quanto eu, mas eu disse a ela que eu poderia ficar, querendo provar a minha capacidade.

Sempre a salvadora da pátria, Emma! Muito bem.

É um grande sinal de confiança e acho que ela está me testando, me deixando como responsável e tendo que lidar sozinha com uma agenda agitada.

Já se passaram três dias desde que o Jake voltou e sinto que a Margo está confiando um pouco mais em mim, que estou correspondendo às expectativas dela e que estou progredindo.

A minha central telefônica se acende e o meu estômago se contrai quando a voz do Sr. Carrero ecoa do aparelho.

Odeio esse calor no meu rosto e a minha blusa está grudada em lugares em que nunca esteve antes, como uma segunda pele.

Estou contando os minutos para que ela volte e me dê uma hora de alívio dessa maldita sauna antes que eu desmaie.

"Emma, pode vir aqui, por favor?" ele diz em uma voz profunda, baixa e sensual. Sinto um formigamento já familiar no estômago, sobre o qual ainda não tenho controle.

Hesito, mas respondo, "Sim, Sr. Carrero". Não preciso disso quando já estou derretendo na cadeira e de mau humor.

Merda. Merda. Merda.

Eu me levanto, tentando desgrudar a blusa do meio da minhas costas e alisá-la, mas sem sucesso.

Pego o meu caderno e a caneta, passo pela porta aberta do escritório da Margo e entro no dele, abrindo a pesada porta de madeira escura. Quero que isso acabe o quanto antes.

"Sim, Sr. Carrero?"

Ele parece casualmente sedutor hoje, sentado atrás da sua mesa entre um notebook aberto e pilhas de pastas de documentos.

A sua camisa azul clara está com os dois primeiros botões abertos no pescoço, seu cabelo escuro está bagunçado com o seu penteado de sempre, como se ele tivesse passado as mãos por ele, e as suas mangas estão dobradas para cima, revelando uma das tatuagens na parte interna do braço esquerdo, um lembrete da sua juventude rebelde.

Sei que ele tem algumas tatuagens tribais pretas por todo o corpo, vi fotos na internet. O efeito é avassalador e tento não reagir, irritada por ele ainda causar isso em mim.

"Como está o conserto do ar-condicionado? Está muito quente aqui!" Ele se inclina para trás, colocando as mãos atrás da cabeça de uma maneira muito "mano".

Ele se alonga e mostra aquele belo corpo, seus bíceps aumentando de tamanho ao esticar o tecido da camisa. É difícil evitar uma ligeira aceleração no batimento cardíaco.

Não olha!

"Já liguei duas vezes para a manutenção, senhor. Parece que estão trabalhando nisso." Mantenho o meu olhar para baixo e o meu tom constante, soando o mais normal possível.

"Emma, parece que você vai desmaiar. Acho que você precisa ir para outro andar e se refrescar." Ele passa os olhos por mim.

Estou consciente de que devo estar desarrumada. Eu sinto isso.

Mas se pareço que vou desmaiar, isso tem mais a ver com o jeito que ele está sentado e o fato de o meu corpo estar prestando atenção em como ele fica mais sexy só de camisa. Elimina a formalidade, de alguma forma.

Sério, Emma? Ele é seu chefe!

"Não posso sair até que a Margo—a Sra. Drake—volte, senhor." Pisco para ele e resisto à vontade de deixar os meus olhos viajarem pelo seu corpo.

"Quando ela volta?" Ele franze a testa para mim, sem saber sobre os hormônios que se rebelam no meu corpo. Ou talvez ele só não liga para eles.

"Logo, daqui uns quinze minutos. Ela está almoçando e eu vou quando ela voltar." Pareço educada e direta, tentando não me contorcer nos meus sapatos úmidos e torcendo para não estar tão horrível quanto me sinto.

"Assim que ela chegar, quero que você vá se refrescar; esse andar parece um forno. Enquanto isso, preciso escrever uma carta. Talvez você se sinta melhor aqui dentro, porque as janelas estão abertas."

Ele aponta para a parede de vidro e noto as persianas se movendo um pouco com a entrada de uma leve corrente de ar. Ele tem razão; está mais fresco aqui...um pouco. Bem, estaria mais se ele não estivesse vestido assim.

Emma, de novo? Sério?

"Pode falar," eu digo, segurando o meu caderno para incentivar ele a falar e bloquear os meus pensamentos. Ele vira a cadeira, encarando o sofá à minha esquerda, imerso em pensamentos.

"É para o CEO da Bridgestone... um cara chamado Eric Compton. Você pode encontrar os contatos dele no sistema." Ele está no modo empresário, com um tom sério e focado.

"Sim, senhor." Faço anotações rápidas.

"Emma?" O tom questionador leva a minha atenção de volta para ele.

"Sim?" Levanto os olhos, com a certeza de que fiz alguma coisa que ele não gostou, e congelo por um momento.

"Você sabe que pode se sentar, né?" Ele sorri para mim, se divertindo, e acena para a cadeira ao lado da sua mesa, que está na sua linha de visão. Foi por isso que ele virou a cadeira.

Fico vermelha e dou a volta para me sentar na frente dele. Odeio que a minha incapacidade de controlar o meu rubor tenha voltado desde que comecei a trabalhar para ele, mas parece que ele tem um talento especial para fazer eu me sentir infantil.

"Eu não mordo… muito!" Ele sorri com o seu olhar de sei-que-sou-irresistível. Os meus olhos encontram os dele, em choque, e percebo o humor.

Dou um sorriso pequeno e sem graça para disfarçar a minha reação enquanto o meu coração acelera e repreendo a minha estupidez internamente.

Ele gosta de fazer piadas. Tudo bem. Entendi. Não leve tudo ao pé da letra!

"Eu sei disso." Sorrio friamente, parecendo inabalável, apesar das batidas irregulares do meu coração e dos arrepios na minha pele. Estou brava comigo mesma.

"Você não precisa ser tão... séria comigo, Emma." Ele relaxa na cadeira, deixando as suas mãos caírem casualmente nos encostos de braço.

"Séria?" Olho nos seus olhos, evitando seguir o movimento das suas mãos. Uma leve irritação surge dentro de mim e encobre qualquer outra coisa; não lido bem com críticas masculinas.

Principalmente sobre o meu comportamento.

"Pode se soltar um pouco. Sei que você é eficiente. Você não vai ser demitida por relaxar." Ele parece estar achando graça, mas a irritação aumenta dentro de mim.

Vim aqui trabalhar e tenho orgulho do meu profissionalismo; é a única área em que sei que sou excelente.

Nem todos podemos nos dar ao luxo de sermos descontraídos, Sr. Nascido em Berço de Ouro. Nem todos podemos influenciar as pessoas só com um sorriso ou ter vidas perfeitas com infâncias felizes ou ser irresistíveis.

"Estou relaxada", respondo com firmeza, forçando a minha expressão para não revelar o meu humor.

O mais relaxada que você vai me ver, Sr. Carrero, já que sou paga para trabalhar e não para satisfazer o seu ego.

Estou mau humorada por dentro e evito um olhar direto. Ele levanta uma sobrancelha para mim e abre um sorriso indefeso, confiante e bonito, mas dessa vez, seu sorriso me irrita.

"Se você diz", ele responde, com aquele olhar presunçoso dele, que é o outro lado dos Carrero. Ele tem aquela cara que faz as mulheres tirarem as calcinhas em um piscar de olhos, mas ele também tem uma arrogância insuportável de homem sabe-tudo, como se estivesse sempre prestes a contar uma boa piada. Deve ser uma das características mais irritantes dele.

"Então, para o CEO da Bridgestone…?" Digo com um tom firme, levantando as sobrancelhas e batendo a caneta no caderno, indicando que devemos seguir com a tarefa.

Não gosto do seu excesso de intimidade. Por mais que eu tenha visto ele agir assim com a Margo, estou determinada a manter essa relação de trabalho a um nível profissional. Tenho muito a perder e trabalhei duro para chegar aqui.

Ele franze a testa para mim, me encarando sem expressão por um momento, mas eu o ignoro, depois olho para o caderno com expectativa e me sinto aliviada quando ele se recosta e fala o que quer que eu anote.

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