Um Crush Alienígena - Capa do livro

Um Crush Alienígena

Raven Flanagan

Capítulo 2

NOVA

Ele era um pouco mais alto do que eu, com dois chifres prateados curvados na testa, que combinavam com suas escamas lisas e prateadas e acentuavam o cabelo branco que caía em ondas suaves até a altura dos ombros. Seus olhos vermelhos brilhavam enquanto me observavam.

Recuperei um pouco da minha sanidade e me soltei de seus braços. "Eu... eu sinto muito. Não achei que o impacto da hiper onda seria tão forte assim."

Percebi algo se movendo e precisei disfarçar minha surpresa. Uma longa cauda serpenteava atrás dele, balançando lentamente.

Seus olhos, agora azuis, percorreram minhas bochechas coradas, e suas narinas se dilataram. Em seguida, ele deu de ombros. "Não foi tão ruim assim receber minha próxima refeição direto nos braços. Nem precisei caçar."

"Ah, estrelas." Pressionei meus dedos gelados em minhas bochechas quentes, piscando rapidamente. Senti um frio na barriga. Se eu não fizesse algo logo, a sensação logo se espalharia para baixo.

Juntei os joelhos, em pânico, enquanto sentia meu rosto ficando quente.

Os olhos do estranho, que voltaram a exibir um tom de vermelho intenso, perceberam o que estava acontecendo. Ele deu um sorriso travesso, como se estivesse orgulhoso da reação que causou em mim, mas não disse nada.

Eu nunca tinha visto um alienígena Dragaken antes. Até onde eu sei, eles raramente saem de seu planeta natal. Mas acho que até alienígenas podem ser atraídos pela ideia de um cruzeiro como esse. Quanto a quem ele era, eu poderia arriscar um palpite. Ele usava os trajes pretos de um nobre intergaláctico, com ombros largos e corpo musculoso.

"Não posso me distrair com um Dragaken agora. Não vim aqui para ficar com ninguém." Levei a mão à boca rapidamente.

Eu não pretendia dizer isso em voz alta.

"Estamos em um cruzeiro recreativo, luz das estrelas. Existe jeito melhor de se divertir?" Seus olhos se fecharam quando ele riu. Uma risada profunda e grave, como o som de pedras rolando pela lateral de um penhasco. Ele abriu os olhos e os fixou em mim novamente, e eu me derreti inteira.

"Na verdade, estou aqui por questões familiares." Limpei a garganta e tentei disfarçar a indignação que crescia dentro de mim. Essa mulher me convidou para um cruzeiro recreativo e meu pai não disse nada? Não parece o tipo de coisa que ele gosta de fazer.

Olhei novamente para o Dragaken, e o calor em meu rosto aumentou. Se ele continuasse flertando comigo desse jeito, não demoraria muito para eu acabar em sua cama.

Ele piscou, e seus olhos assumiram um tom de dourado por vários segundos. Virei em direção a ele e precisei me controlar para não cair em seus braços novamente.

Eu não estava louca. Aqueles olhos estavam mesmo mudando de cor.

"Dourados,” deixei escapar.

O Dragaken se endireitou, e seus olhos voltaram a brilhar em um tom de vermelho intenso. "O que você disse?"

"Seus olhos. Estavam dourados." Inspirei e dei um passo para trás. "Como você faz isso?"

"Dourados? Impossível!" Sua voz parecia tensa. Ele passou a mão sobre a bochecha e estendeu os dedos sobre o olho, e notei as garras cinza-escuras afiadas nas pontas.

Balancei a cabeça e passei a mão no rosto. "Mais uma vez, me desculpe. Tomei um daqueles drinques quando cheguei e acho que foi demais para mim. Devo estar vendo coisas."

Ele abaixou a mão e deixou os ombros caírem quando se endireitou. "Não tem problema. Meus olhos mudam de cor de acordo com meu humor. O vermelho faz sentido, dadas as circunstâncias."

"Circunstâncias?" Guinchei, encolhendo-me nervosamente.

"Um pedaço delicioso de carne humana acabou de cair no meu colo, e eu pretendia convidá-la para beber alguma coisa." Seus olhos brilhavam com diversão e excitação, oscilando entre tons de verde e vermelho.

Precisei pensar em uma resposta rápida. "Sendo bem sincera, acho que já bebi demais por hoje." Soltando um suspiro agudo, passei a mão pelas longas tranças negras do meu cabelo.

"Entendo." A ponta de sua cauda balançava, agitada, como um gato contrariado.

Limpei a garganta, esperando o calor em minhas bochechas se dissipar. "Além disso, eu nem sei seu nome. Talvez eu é quem devesse lhe oferecer uma bebida, já que você me salvou de cair de cara no chão."

"Que tal você retribuir esse favor uma próxima vez, com algo um pouco mais... prazeroso?"

Estrelas, ele não sabe pegar leve. Mas eu estava amando; meu corpo brilhava como o sol na presença dele, o que era novo para mim, ainda mais considerando a minha lista de romances passados.

Alguns não deram certo, outros nunca foram sérios de verdade, e todos me deixaram com mais uma camada de dor e solidão que eu vinha acumulando desde a infância.

Será que esse lindo Dragaken faria o mesmo?

Apesar dos chifres e das garras, a ideia de transar com um alienígena me atraiu. Talvez fosse o efeito do álcool no meu corpo, ou talvez fossem os ângulos agudos de seu rosto.

Ele estava certo. Eu estava em um cruzeiro recreativo e precisava me divertir.

Prometi a mim mesma que aproveitaria tudo o que essas férias interestelares tinham a oferecer. Além disso, seria uma bela forma de irritar meu pai, mesmo que eu não fosse correndo contar para ele. Seria minha vitória secreta.

Batendo os cílios, deixei um suspiro ofegante escapar dos meus lábios. "E a quem eu vou ficar devendo esse favor, estranho?"

Seus lábios carnudos se abriram em um sorriso largo, revelando dentes retos e caninos ligeiramente grandes. Pareciam presas - afiados, brilhantes e cheios de perigo.

Ele se inclinou para mais perto e desviou o olhar para a minha boca. Segurou uma mecha do meu cabelo e, ao enrolá-la em seu dedo, a ponta de sua garra roçou minha bochecha.

"Pode me chamar de Alek, luz das estrelas.” O tom lascivo em sua voz me invadiu.

Fico sem ar por um segundo e meu coração palpita sob as minhas costelas quando ele se inclina, aproximando seu rosto do meu. O calor de sua respiração aquece meus lábios, e eu estremeço.

Será que ele vai me beijar? Será que vou deixá-lo me beijar?

"E eu me chamo Nova... Nova Ramos." Um arrepio quente percorreu minha espinha e se acumulou em minha barriga como lava.

Alek exalou com força e, no segundo seguinte, se afastou e soltou meu cabelo, recuando como se tivesse sido picado.

Quase fui atrás dele com a minha boca. Uma pequena voz no fundo da minha mente sussurrou que não era justo da parte dele me atrair daquela maneira sem ir até o fim.

Tons de preto e marrom percorreram seus olhos, mas o vermelho ainda estava lá. Suas sobrancelhas escuras arquearam e o canto de seus lábios caiu, formando algo parecido com uma careta.

Cheirei sutilmente o ar entre nós, com medo de que eu estivesse com um cheiro ruim.

A mão de Alek se espalhou sobre seu peito enquanto ele se afastava. As emoções que piscavam rapidamente em seu rosto combinavam com as cores instáveis e agitadas de seus olhos. Ele pigarrou, visivelmente nervoso.

"Você disse Ramos?"

"Hum… sim?" Enruguei a testa, e parte do álcool em minha cabeça se dissipou.

"E você disse que está aqui por questões familiares?" Alek perguntou, se afastando ainda mais.

"Sim, meu pai se casou novamente e vou conhecer a nova esposa dele. Por quê?"

Eu não estava fedendo, então qual era o problema dele?

Alek passou a mão com garras perigosas sobre a boca e seus olhos se voltaram para a vasta extensão de espaço deformado fora da nave. A luz etérea do hiper onda refletia em seu olhar conturbado.

"Por acaso você é filha de Hector Ramos?"

O sangue sob minha pele congelou, e arrepios se espalharam pelo meu corpo. "Sim. Por quê?"

Alek inspirou profundamente e apertou os lábios. Lentamente, olhou para mim com o canto do olho. "Nesse caso, acho que sou o primeiro a lhe dar as boas-vindas à família, Sra. Ramos."

Uma onda de choque me atinge nas entranhas e deixo escapar um suspiro audível. "Como assim?"

Ele fechou as mãos atrás das costas, adotando uma expressão severa e sem emoção. Quando voltou a me encarar, seus olhos estavam vazios e sem cor. "Seu pai se uniu à minha mãe recentemente, Sra. Ramos. Sou o seu novo meio-irmão, Alekkon Velorum."

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