Kiarra sempre foge de seus problemas, de seus sentimentos, de si mesma. Então ela corre direto para os braços do misterioso e sexy Aidan Gold. Kiarra não tem certeza se quer arrancar a cabeça de Aidan ou deixá-lo rasgar sua roupa. De qualquer forma, Kiarra logo descobre que Aidan tem um grande segredo macabro, e agora as suas garras estão de fora.
Chapter 1
Lanchonete do MarlinChapter 2
A Mulher na FotoChapter 3
Bar do SamChapter 4
O ApartamentoKiarra
"Belle!!!"
A voz estridente do meu chefe ecoou pela lanchonete, bem no momento em que eu servia uma caneca de café para clientes regulares.
"Ihh, alguém está em apuros", Joe riu enquanto eu revirava os olhos.
"Quem sabe, Joe, talvez ele finalmente tenha percebido que meu nome é a alternativa perfeita para palavrões." Encolhi os ombros e dei uma piscadela para o homem de meia-idade, antes de voltar para a cozinha.
"Ah, ele sabe disso desde que te contratou, querida. Não o ouço dizer ‘porra’ há um mês. Mas esse seu sobrenome parece ser a nova palavra favorita dele", eu o escutei rindo atrás de mim.
Como uma boa moça, mostrei-lhe o dedo do meio sem me virar e continuei a caminhar em direção à cozinha, onde sabia que encontraria meu chefe, com rosto vermelho-tomate e vapor visivelmente saindo de suas orelhas.
Eu realmente não me importava, este não era um lugar onde eu pretendia ficar muito mais tempo.
A lanchonete do Marlin, que ficava no limite da cidade, e tinha um máximo de 50 clientes por dia, não era exatamente onde eu planejava realizar meus sonhos de ser garçonete em tempo integral recebendo um salário-mínimo.
Como eu suspeitava, encontrei meu velho chefe gordo de pé, com papéis na mão, vermelho como um tomate e fumegante como uma chaleira prestes a assobiar.
"E aí, chefe?" Eu dei a ele um sorriso inocente e nada irônico, já que eu não fazia ideia do que tinha tirado ele do sério dessa vez.
A última vez foi porque eu tinha esquecido de levar o lixo para fora após um turno de 12 horas, e na vez anterior foi porque eu tinha dado um sermão inflamado em um cliente.
Sinto muito, mas se alguém responde ao meu ‘precisa de mais alguma coisa, senhor?’ com uma resposta nojenta falando pra eu fazer um boquete nele atrás da lanchonete, minha tendência é ficar um pouco agressiva. Me processe, mas pelo menos não o agredi fisicamente.
Então, o que estou dizendo é que meu chefe fica zangado por qualquer coisa. Eu poderia ter esquecido de colocar uma das cinco colheres de açúcar em seu café da manhã e ele se irritaria com isso.
"Explique-me Belle, que porra é essa?" Ele empurrou os pedaços de papel em minhas mãos, e pude ver suas veias saltando em sua testa.
Suspirei e dei uma olhada nos papéis. Eu li as primeiras linhas, olhei de volta para o meu chefe nervoso e revirei os olhos.
"Obviamente, trata-se de uma ação judicial que está sendo movida contra a lanchonete, e daí?" Eu sabia o que viria a seguir e já estava arrumando minhas coisas na minha cabeça, pensando onde seria minha próxima parada.
Talvez eu devesse encontrar uma cidade mais amigável da próxima vez. Esta não foi a pior, mas definitivamente também não foi a melhor em que estive.
"Isso é um processo contra a minha lanchonete porque você decidiu atirar a porra do café quente em um cliente!" Nesse momento, Marlin estava furioso.
Achei mais engraçado do que ameaçador.
Na verdade, achei hilário.
Imagine um tomate andando com cerca de 1 metro e meio de altura, muito redondo, e tão quente e fumegante que a qualquer minuto haveria ketchup por todas as paredes.
Eu ri com esse pensamento. Aposto que seria meu trabalho limpar a bagunça.
"Sim, bem, se você se lembra direito, o cara bateu na minha bunda e me chamou de gostosa, o que sem dúvida nenhuma é assédio sexual. Se não me engano, você disse ao filho da puta para dar o fora da lanchonete, e me disse que eu não fiz nada de errado. Então. Qual é o problema?"
"O problema é essa porra de ação judicial que eu tenho agora contra a lanchonete, Belle! Seu temperamento vai me custar caro! E eu vou me foder! Se você não sentar na frente do júri e contar a todos que o filho da puta basicamente te estuprou, vou me certificar de que você passe o resto de sua vida me pagando."
Eu só fiquei ali parada olhando para o homem baixo e gordo que estava pagando meus cheques no último mês e não senti absolutamente nada, exceto a impaciência para acabar logo com isso.
"Claro Marlin, mas eu preciso voltar para os clientes agora. Ah, e não se esqueça que eu recebo meu pagamento semanal hoje", eu disse enquanto voltava para o salão da lanchonete.
Não adiantava discutir sobre o que eu falaria no tribunal, eu não estaria lá de qualquer maneira. Eu só precisava do meu último pagamento antes de fazer as malas e deixar minha demissão.
O bom de nunca ter ficado em um lugar por muito tempo é que nunca passei dos primeiros dois meses de treinamento no trabalho, então as demissões de última hora não eram um grande problema.
O resto do dia transcorreu como de costume. Alguns clientes aqui e ali.
Quando o relógio finalmente disse que eram oito da noite, fiquei feliz em ver Charlotte entrando pelas portas para assumir o turno noturno.
"O que aconteceu com Marlin?" Charlotte estava voltando da cozinha enquanto amarrava seu avental e olhava com divertimento para mim.
"Ah, nada de mais. O pervertido do outro dia entrou com uma ação baseada em nada. Marlin está usando isso para tirar uma grana extra." Dei de ombros e sorri para ela.
Era verdade que Marlin esperava conseguir algum dinheiro com isso. Ele poderia ter me despedido se não achasse que poderia ganhar o processo e fazer um acordo.
Mas como havia câmeras escondidas na lanchonete, das quais o pervertido obviamente não sabia, Marlin poderia contra-atacar com uma reclamação de assédio sexual.
Porém eu não estaria aqui para depor, então provavelmente tudo seria resolvido sem nenhum tipo de ganho ou gasto para Marlin.
Ele não ficaria muito feliz com isso, mas honestamente, o idiota não deveria tentar usar assédio sexual como um investimento financeiro de forma alguma.
Charlotte franziu a testa por um segundo, então se sacudiu e levantou a cabeça, rindo.
"Entendi. Bem, estou pronta para começar a trabalhar, então pode ir para casa, querida. Durma bem!"
E com isso ela pegou a cafeteira e foi até os 3 clientes sentados na lanchonete, perguntando se alguém precisava de um refil.
Antes de voltar para casa, certifiquei-me de receber meu último pagamento de Marlin, cujo humor havia mudado de fervendo para fermentando, provavelmente pensando no que faria com todo o dinheiro que ele não receberia.