A Caçada por Kiarra - Capa do livro

A Caçada por Kiarra

N. K. Corbett

Bar do Sam

Kiarra

Assim que entrei no bar, minhas narinas foram imediatamente atingidas pelo cheiro de cerveja e fumaça de cigarro.

Para algumas pessoas isso seria nojento, mas eu havia trabalhado em tantos bares nos últimos 6 anos, desde que fiz 18, que quase me senti em casa. Por dentro, parecia muito com qualquer outro bar.

Seu interior escuro estava mal iluminado, e as mesas estavam espalhadas por toda parte com pequenas velas colocadas no centro de cada uma delas.

Havia uma área de jogos de um lado da sala com duas mesas de sinuca, um alvo de dardos pendurado na parede, uma mesa para beer pong e algumas máquinas caça-níqueis.

O bar em si era posicionado ao lado, e era feito em madeira escura. Atrás dele, eles tinham todas as garrafas de bebidas alcoólicas cuidadosamente posicionadas em cima de prateleiras, penduradas em uma parede espelhada.

Os copos brilhavam sem uma única mancha de sujeira e isso fazia com que tudo parecesse surpreendentemente limpo para um bar.

A música estava alta, mas não tão alta que você não pudesse ouvir sua própria conversa, e graças a Deus não havia pista de dança. Isso teria sido um pouco cafona em um bar como este.

No geral, parecia um bar que merecia ser visitado e, pelo movimento, era isso que todos os outros jovens da cidade pensavam.

Quase todos no bar pareciam jovens, provavelmente entre 21 e 26 anos. Alguns pareciam um pouco jovens demais para ir a um bar, mas eu aprendi ao longo dos anos que isso é algo comum em cidades pequenas.

Eles raramente se importavam com a idade legal para beber, já que o barman normalmente os conhecia desde quando usavam fraldas.

O bar estava cheio e a atmosfera fervilhava de vida. Garotos e garotas estavam se divertindo, bebendo, rindo e cantando junto com a letra de "Life is a Highway"

Eu sorri sutilmente por causa do ambiente agradável e caminhei mais para dentro do bar, pela porta.

O vento decidiu aumentar novamente do lado de fora e soprou forte pela porta, e quase me fazendo tropeçar no caminho através dela.

Eu balancei minha cabeça rindo de mim mesma, pensando em como isso teria parecido ridículo se eu realmente tivesse tropeçado sozinha.

Eu olhei para cima novamente percebendo o silêncio repentino na sala, e encontrei todos os olhos no bar apontados para mim.

Droga, eles nunca viram uma garota entrar sozinha em um bar antes. Jesus, arrumem o que fazer.

Eu dei meu melhor olhar mortal para as pessoas, mas elas continuaram encarando até que um barulho alto de campainha foi ouvido vindo do bar.

Eu olhei na direção do som, assim como todo mundo, e vi um homem de meia-idade, com uma daquelas barbas enormes de homem da montanha que iam até o meio do seu peito largo.

Seus braços eram provavelmente tão grandes quanto minhas coxas, senão maiores, e ele era alto. Talvez um e oitenta de altura.

Para qualquer pessoa, talvez ele fosse terrivelmente assustador de se olhar, mas em um ambiente daqueles era reconfortante tê-lo trabalhando atrás do bar.

O barulho alto soou novamente e eu percebi que ele estava tocando um sino dourado pendurado no teto.

"OK, pessoal, temos um cavalheiro gentil se oferecendo para comprar uma rodada de cerveja para todos esta noite, então a próxima é por conta dele", o grande homem gritou e pareceu tirar todos de seu transe anterior.

Eles começaram a falar entre si novamente e a maioria parou de olhar para mim, embora eu sentisse que alguns deles estavam tentando um pouco demais não me encarar.

Surpreendentemente, ninguém se levantou e foi ao bar pegar sua cerveja grátis.

Talvez seja uma oferta para a noite toda, então eles não estavam com pressa, mas eu fiz meu caminho em direção a um dos banquinhos no final do bar e enviei um sorriso ao barman.

"Bem, se alguém oferece uma cerveja e me salva de olhares me encarando, dificilmente tenho coragem de recusar."

O barman veio em minha direção com um sorriso gentil e me entregou uma garrafa de cerveja, que eu não tinha ideia que marca era e nem me importava.

"Desculpe por isso, senhorita, não estamos acostumados a ver gente nova na cidade. Todo mundo conhece todo mundo, então os jovens aqui ainda não aprenderam boas maneiras", sua voz não era tão sombria e rouca como eu esperava, mas calma e acolhedora, e eu me peguei sorrindo novamente.

"Sem problemas, eu meio que tropecei nesta cidade e achei que parecia boa o bastante. Embora vocês não tenham placas de sinalização ou motéis." Eu sorri para ele enquanto tomava um bom gole da cerveja antes de colocá-la de volta no bar. A cerveja gelada fez maravilhas com o meu humor, e o calor do bar já havia aquecido meu corpo depois da minha pequena caminhada.

Senti os olhares nas minhas costas de novo, mas continuei agindo como se isso não me incomodasse.

Nem os olhares, nem a sensação de que todos no bar estavam ouvindo minha conversa com o barman, iriam estragar meu pouco tempo de descanso depois dessa longa viagem.

"Sim, teremos que averiguar isso para o próximo visitante que vier. O meu nome é Sam e este é o meu bar." Ele me deu um sorriso e fez um gesto em volta do bar com um dos braços enquanto falava.

"Prazer em conhecê-lo, Sam, sou Kiarra Belle." Eu dei a ele um sorriso e levantei minha cerveja em uma pequena saudação, antes de tomar outro gole e olhar ao redor do bar novamente.

Os outros clientes tinham voltado às suas conversas, mas não haviam mais pessoas cantando felizes, apenas sorrisos tensos e forçados e sussurros baixos enquanto todos eles espreitavam olhando para mim de vez em quando.

Encolhi os ombros e me virei para Sam.

"Diga, Sam, por acaso você não está precisando de um barman?"

Joguei verde, esperando colher maduro.

Demorou mais quatro cervejas antes de finalmente convencer Sam de que eu estava falando sério sobre o trabalho de barman.

Ele tinha me dado um olhar que dizia claramente que ele não acreditava que uma garota aguentaria ficar atrás do bar lá.

Fiquei muito ofendida com isso. Não seria meu primeiro trabalho de barman, nem mesmo seria meu segundo. Eu tinha trabalhado como barman em várias das cidades em que fiquei, desde que fiz 18 anos.

Sim, eu tecnicamente não tinha permissão para ficar atrás do bar naquela época, mas eu tinha uma identidade falsa decente o bastante para convencer os bares e pubs obscuros onde tinha passado de que eles poderiam contratar a garota que vestia ótimos trapos sem problemas com as autoridades.

Palavras deles, não minhas.

Mas a tarefa mais difícil sempre foi convencer os homens da indústria de que uma mulher conseguia balançar uma garrafa e preparar um coquetel, tão bem e tão rápido quanto um homem.

Eles não se importavam de contratar você pela sua roupa, é claro, com tops pequenos e justos que mostravam tudo, exceto os mamilos. Nojentos, todos eles. Mas era dinheiro fácil, e as gorjetas eram ótimas.

Depois do meu último trabalho de garçonete com Marlin, o babaca, eu não estava afim de trabalhar em lanchonetes por um tempo, então ser bartender parecia a melhor opção.

Sam ainda estava relutante, para dizer o mínimo, mas eu o convenci a me deixar mostrar um pouco das minhas habilidades.

Eu estava agora parada atrás do bar, pronta para mostrar a ele como fazer malabarismo com uma ou duas garrafas.

Eu tinha tirado minha jaqueta mais cedo, e felizmente estava vestindo minha calça jeans preta básica, e minha blusinha preta caída, com ombro de fora, então parecia que eu pertencia ao bar.

"Tudo bem, Belle, me mostre o que você sabe fazer." Sam tinha se posicionado no canto do bar com os braços cruzados, encostado na parede.

Ele parecia alegre, provavelmente pensando em todas as maneiras que eu iria falhar. Eu dei a ele um sorriso cativante e me virei para a tela do computador que estava pendurada na parede, escolhendo minha música. Quando "Pour a Little Sugar on Me" começou a irromper pelo bar, comecei a balançar meus quadris levemente, rindo de mim mesma. Se essa música não te coloca em clima de festa, não podemos ser amigos.

A primeira coisa que fiz foi pegar um dos guardanapos quadrados impressos com o logo de Sam.

Eu o coloquei no topo da minha outra mão, virei a mão e coloquei o guardanapo no balcão. Peguei um dos copos, joguei para o alto, o peguei e o coloquei em cima do guardanapo.

Continuei minha pequena jornada e peguei o copo da coqueteleira, o lancei no ar, o agarrei com minha outra mão e peguei os cubos de gelo.

Assim que os cubos de gelo estavam na coqueteleira, a segurei por cima, balancei algumas vezes, girando sem que os gelos caíssem.

Nessa altura do campeonato eu estava bem ciente de todos os olhares. Ninguém estava mais se escondendo ou disfarçando sua diversão ou curiosidade, e eu não me importei. Eu adorava dar um show e era isso.

Cada rodopio, cada movimento era uma ação bem ensaiada, e esta era a noite de estreia.

Eu olhei para Sam enquanto pegava a tampa da coqueteleira, e não pude evitar a pequena risada que escapou de mim quando fiz um pequeno giro com todo o meu corpo, pegando a vodca no meu caminho de volta.

Sam parecia um pouco surpreso agora. Ele já não estava mais encostado na parede, mas sim em pé, com os braços ao lado do corpo, intrigado.

Ok, Sam, entendi, é preciso mais que isso para fazer seu queixo cair. Pode deixar comigo.

Peguei a garrafa no topo entre meu dedo médio e indicador, girando-a em um círculo completo antes de girá-la novamente, outro semicírculo com sua abertura apontando para a coqueteleira na minha outra mão, despejando cerca de metade do conteúdo que a bebida precisaria.

Enquanto eu dirigia a garrafa de volta para cima, ouvi assobios e elogios em todo o bar, e sorrindo, eu joguei a garrafa no ar, pegando-a com as costas da minha mão, segurando-a parada antes de empurrá-la de volta no ar, pegando-a na minha mão mais uma vez.

Desta vez, ouvi alguns gritos vindos do bar e não pude deixar de rir e balançar meu corpo com a música.

Esse é o clima que eu amo em um bar, tendo a atenção de todos e proporcionando um bom divertimento.

Desta vez, quando olhei para Sam, vi suas sobrancelhas levantadas e olhos completamente vidrados no que eu estava fazendo. Acho que era hora de fazer o movimento final mais chamativo e fazer seu queixo cair.

Agi rápido ao jogar a garrafa no ar, colocando a coqueteleira no meu cotovelo direito, a apertando, pegando a garrafa com a mesma mão e virando-a para que o resto da vodca necessária fosse despejado no recipiente.

Eu estiquei meu braço deixando a coqueteleira cair, mas o peguei com a outra mão.

Fiz mais alguns giros e rotações antes de colocar a vodca de volta na mesa e despejar um pouco de vermute junto com a vodca.

Fiz mais algumas manobras para a multidão, que obviamente estava adorando, antes de agarrar a parte inferior da coqueteleira, onde havia o gelo, unir o líquido a ele e sacudir seu conteúdo um pouco antes de finalmente derramar o líquido através da pequena abertura para que nenhum gelo caísse.

Eu virei para Sam com um sorriso e deslizei o coquetel para ele.

"Um vodca martini, batido, mas não mexido, senhor." Eu dei a ele uma piscadela brincalhona e simplesmente não pude evitar a risada que se seguiu quando vi a cena que se desenrolava na minha frente. O grande homem tatuado e assustador estava lá, mandíbula basicamente no chão, parecendo que tinha acabado de testemunhar dinossauros andando na terra novamente.

Demorou alguns minutos para se recompor, mas quando o fez, ele balançou a cabeça e começou a rir de forma selvagem.

O bar inteiro se juntou e a sala se encheu de risos, todos tendo prestado muita atenção a todo o show, e a atmosfera despreocupada de antes de eu entrar no bar havia retornado.

Depois de se acalmar, Sam se aproximou e pegou a bebida, tomando um grande gole antes de se virar para mim.

"Ok, 007, quando você pode começar?"

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