
Dana respirou fundo antes de abrir a porta e entrar no restaurante do Hotel Hilton.
Para a surpresa total de Dana, Allen Clay entrou em contato com ela e perguntou se ela concordaria em se encontrar com Jake mais uma vez.
Mas não havia como negar o quanto ela estava curiosa para ouvir o que ele tinha a dizer.
O saguão do hotel era elegante, e todos os homens usavam ternos, enquanto as mulheres estavam radiantes em seus vestidos extravagantes, brilhando com diamantes nas orelhas e no pescoço.
Somente os ricos podiam se dar ao luxo de ficar lá, e Dana não era nem de longe rica. Ao ver seu reflexo no espelho, ela se sentiu deslocada com seu vestido preto simples e brincos baratos de brechó.
Depois de suspirar profundamente e ajeitar o vestido, ela entrou no restaurante.
Com seu corpo largo e musculoso, olhando para o relógio Rolex com uma carranca no rosto bronzeado, a aparência dele chamou a atenção dela.
Ela riu para si mesma antes de chegar à mesa, satisfeita por tê-lo deixado esperando por vinte minutos.
Ele se levantou e esperou que ela se sentasse antes de se sentar novamente. Jake olhou para o relógio e franziu a testa. "Dana, estou feliz por você ter concordado em me encontrar. Tomei a liberdade de pedir uma taça de vinho branco para você."
"Eu teria preferido o vermelho." Ela encolheu os ombros e levantou a taça. "O que o senhor quer, Sr. Rayburn?"
Jake levantou a sobrancelha, mas se recusou a morder a isca. "Por favor, me chame de Jake. Olhe, eu preciso de uma esposa. Quero que seja você. Por um ano, só isso."
Ela piscou enquanto tentava se concentrar no que ele estava dizendo, mas foi um esforço. O sorriso dele mostrava suas covinhas, e sua loção pós-barba era inebriante.
"Dana, o que foi?,” perguntou ele.
Levando a taça de vinho aos lábios, ela tomou um grande gole. "Por que eu? Tenho certeza de que você poderia ter qualquer mulher que quisesse."
Ele se sentou e observou Dana atentamente.
"Isso é verdade. Muitas mulheres aproveitariam a chance de ser minha esposa. O problema é que elas gostariam de permanecer como minha esposa, e eu não tenho interesse em ser arrastado pelos tribunais nos próximos anos."
Dana bateu o pé contra a perna da mesa. "Por que eu concordaria em me casar com você depois da maneira como você falou comigo no outro dia?"
"Porque eu posso te dar o que você quer, um bebê. Mas saiba que não quero ter nada a ver com ele, nem com você depois disso.
"Você assinará um contrato, declarando que não preciso ser responsável pelo bebê depois que ele nascer e que você não vai reaparecer no futuro querendo alguma coisa de mim. Faça isso e o dinheiro será seu."
Jake se inclinou sobre a mesa e lambeu os lábios. "Mas me diga, como vai ser essa fabricação do bebê? Você vai aquecer minha cama todas as noites?"
As orelhas de Dana ficaram quentes. A ideia de estar na cama com ele a fazia suar. Por mais que ela tentasse se concentrar, seus olhos ficavam passando pelos lábios dele, pelo pescoço, pelos dedos...
Fazia tanto tempo que um homem não a tocava, não a beijava.
Ela se remexeu e endireitou uma dobra invisível de seu vestido. "Isso não será necessário."
Jake levantou uma sobrancelha. "Não entendo, achei que você queria um bebê."
"Eu sei. Mas com o dinheiro que você vai me dar, vou pagar o tratamento de fertilidade. Tudo o que vou ter que fazer é esperar até o fim deste um ano."
"É uma pena, eu não me importaria de transar com você sempre que pudesse. Aposto que você é uma verdadeira tigresa na cama e sabe como fazer um homem gozar." Ele examinou o rosto dela, apreciando a expressão de choque.
Dana cruzou os braços e inclinou o corpo para longe dele. "Você é um porco."
"Um temperamento e tanto e uma boca suja.” Jake riu. "Então, presumo que você vai se casar comigo?"
"Sim,” respondeu ela, ainda sem olhar para ele.
O cheiro de comida fez seu estômago roncar.
"Vamos pedir o jantar? Ainda temos muito o que conversar."
Dana deu um sorriso sarcástico. "Acho que não devemos passar mais tempo um com o outro do que o necessário, não acha?"
O sorriso de Jake vacilou. "Estamos prestes a nos casar, Dana. Você vai me ver muito."
Ela se virou para encará-lo, embora, por princípio, mantivesse os braços cruzados. "O quê? Por quê? Por que não podemos simplesmente continuar com nossas vidas como elas são?"
Jake colocou a mão embaixo da mesa e tirou um pedaço de papel da sua maleta. "Eu estava esperando a mesma coisa."
Ele apontou para um parágrafo na metade da página. "Infelizmente, o testamento estipula que temos que viver sob o mesmo teto durante nosso primeiro ano de casamento..."
"O quê? Isso é totalmente..."
"...no Alasca."
Dana se levantou. "Alasca?!"
As pessoas das mesas vizinhas pararam de falar e olharam para Dana com carrancas e sorrisos divertidos.
"Por favor, se sente, Dana,” disse Jake, levando-a de volta à sua cadeira.
"Está bem, então. Acho que o próximo passo é nos casarmos, quanto mais cedo melhor. Parece que meu avô sabia que eu tentaria sair dessa de alguma forma. Essa foi sua maneira de garantir que não."
"Mas..." Dana se abaixou lentamente em sua cadeira. "Mas por que o Alasca?"
Jake deu de ombros. "Calmo, remoto, bonito. Imagino que ele tenha pensado no lugar perfeito para um romance que estava começando. Além disso, ele tinha um ex-colega que tem uma casa lá."
Millie apareceu de repente na mente de Dana. "Eu tenho um emprego, Jake. Não posso simplesmente me levantar e ir embora por um ano."
"E daí? Você vai ganhar muito dinheiro em breve, e eu vou cuidar de você até lá."
Dana zombou antes de engolir mais vinho. "Que papo de playboy mimado. Acontece que eu gosto do meu trabalho."
Jake bufou. "Se você diz… Mas você vai ter que dar um jeito. O testamento é inflexível, temos que estar no Alasca juntos."
"Isso é... uma loucura."
Jake se recostou em sua cadeira. "Não me diga. Olha, vamos em frente. Como você quer fazer isso? Você quer algum tipo de casamento? Ou devemos ir ao cartório?"
Dana esfregou as têmporas. "Não, eu não quero um casamento, seria ridículo. O cartório está ótimo. Só me avise quando e onde."
Seu lábio inferior começou a tremer. Ela pegou um guardanapo e esfregou-o nos dedos.
"O ano vai passar voando, Dana." Jake estendeu a mão e colocou seus dedos quentes sobre as costas da mão dela.
A ideia do casamento pesava muito no seu coração. Ela já sonhou em se casar e ter uma família.
Mas esses sonhos foram destruídos anos atrás.
Jake bateu na mesa e a fez pular. Mordendo o lábio inferior, ele colocou a mão dentro do paletó, tirou um envelope marrom e o entregou a Dana.
"O que é isso?"
"O contrato. Tudo está detalhado, inclusive o valor que você receberá no final."
"Quer dizer que, depois de tudo isso, você já tinha o contrato? Pensei que tivesse me convidado para me convencer a fazer isso." Dana podia sentir as bochechas esquentando.
Jake deu de ombros e piscou, divertido. "Imaginei que você diria sim."
"Por que você..."
"Agora, depois de assinar, você é obrigada a honrar os termos. Se tentar voltar atrás a qualquer momento, eu vou te processar. E eu nunca perco. Agora, assine e vamos pedir algo para comer."
Ela pegou os papéis e lançou um olhar frio para ele. "Nunca assino nada sem ler primeiro."
Jake fez que ia dizer algo, mas parou. Ele acenou com a mão. "Tudo bem, vá em frente e leia. Eu só vou fazer o pedido para nós."
Chamando o garçom, Jake pediu um bife mal-passado, com todos os acompanhamentos para os dois. Ao levantar os olhos do documento, Dana voltou sua atenção para o garçom.
"Quero o salmão com uma salada." Ela sorriu quando viu um lampejo de irritação nos olhos de Jake. Ela não ia deixar que ele ditasse o que ela iria comer.
Depois de acenar para o garçom para dispensá-lo, Jake se virou para estudar Dana enquanto ela folheava o contrato.
Seu telefone começou a tocar, fazendo com que Dana olhasse para cima. Ele o tirou do bolso, fez uma careta para a tela e o jogou sobre a mesa.
Ao perceber que ela estava olhando, Jake pegou o telefone e o colocou de volta no bolso. "Desculpe por isso. O trabalho nunca para. Você está pronta para assinar os papéis?" Ele entregou uma caneta a ela.
Murmurando uma oração silenciosa, ela assinou o contrato, e um arrepio frio a percorreu.
"Ótimo!" O sorriso dele voltou quando ele dobrou os papéis e os colocou no bolso do paletó. "Mais uma coisa." Ele tirou uma pequena caixa preta do bolso da calça e a deu para Dana.
"O que é isso?"
"Seu anel de noivado."
Ao abrir a caixa, ela soltou um suspiro. Era um diamante enorme.
"Você está louco? Não posso aceitar isso."
Ele olhou nos olhos dela. "Você pode e deve. Tenho uma reputação a proteger. Como eu ficaria se a minha futura noiva não estivesse usando um anel de noivado?"
"Essa coisa deve custar mais do que eu ganho em um ano! Não, fique com ele. Tenho anéis em casa que posso usar." Ela fechou a caixa e a jogou sobre a mesa para ele.
Tirando o anel da caixa e segurando a mão dela, ele colocou o anel em seu dedo. "Pare de ser tão chata e use essa maldita coisa,” ele gritou.
Ela olhou para o anel, admirando seu brilho. Ela nunca tinha usado nada tão bonito ou caro antes. Era... impressionante. "Vou usá-lo, mas só até o divórcio. Depois, eu te devolvo."
Sentando-se, ele sorriu.
Por um momento, eles se olharam. Ela engoliu o caroço que parecia estar preso em sua garganta quando ele se inclinou. Os olhos dele se suavizaram ao encontrar os dela. Ela apertou as coxas uma contra a outra...
"Bom, Sr. Rayburn, se isso é tudo." Dana se levantou. "Preciso ir. Já está ficando tarde."
Jake levantou uma sobrancelha. "O quê? Mas eu pedi um jantar para nós."
"E eu te disse que não deveríamos passar mais tempo um com o outro do que o necessário."
"Mas…" Ele olhou para o garçom para quem tinha feito o pedido. "...o salmão?"
Dana sorriu. "Isso vai te ensinar a não fazer pedidos para outra pessoa sem perguntar a ela antes. Boa noite, Jake."
Jake chutou sua cadeira para trás e jogou dinheiro na mesa. "Como você vai para casa?"
"Da mesma forma que cheguei aqui, de ônibus."
Ele segurou o braço dela. "Vou te dar uma carona para casa."
"Não preciso da sua carona,” ela esbravejou quando ele tentou levá-la para a saída. "Cheguei aqui por conta própria, posso voltar para casa sem sua ajuda."
Ele balançou a cabeça. "Vou te levar de carro. De jeito nenhum vou deixá-la entrar em um ônibus a esta hora da noite. Não vestida desse jeito. E não com essa pedra no seu dedo."
Jake a levou até a frente e, um momento depois, o manobrista parou com o carro dele.
Ele abriu a porta do seu BMW prata e fez um gesto para que Dana entrasse. Os assentos eram elegantes e macios, e o veículo tinha aquele cheiro de carro novo.
Ele tinha todos os brinquedinhos possíveis, incluindo um media player e um sistema surround sound, assentos aquecidos e câmeras de ré.
Ele apontou para o GPS de aparência sofisticada no painel. "Coloque seu endereço aí."
No caminho, Jake tentou conversar, mas a mente de Dana estava em outro lugar.