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Carrero - O Efeito Carrero

Capítulo 4

As duas se sentam e começam a comer; o silêncio é constrangedor e tenso, mas ninguém tenta iniciar uma conversa. A enfermeira olha em volta timidamente antes de decidir que olhar para a sua refeição é a melhor opção e então abaixa a cabeça. Finalmente, sinto a minha irritação aumentar mais do que consigo suportar e quebro o gelo com uma porrada.

"Por que você está aqui?" Pergunto com um veneno nada sutil na voz.

"Eu... Nós precisamos conversar sobre algumas coisas, Emma," a minha mãe diz, baixando os cílios, tentando parecer tímida, talvez até mesmo fraca, o que só me irrita mais. Ela se inclina na minha direção, solta o garfo e cruza as mãos sobre a mesa.

"Sobre o que exatamente? O fato de você estar transando com o homem que gosta de bater em nós duas e que tentou estuprar a sua única filha?" Eu acuso, sentindo prazer com o suspiro de choque da enfermeira e com a cor subindo nas suas bochechas.

Acho que ela não sabia, afinal.

"Sim. Emma, não tenho mais nada com ele. Eu sei o que fiz; posso ver o que fiz." Ela tenta pegar a minha mão, mas a puxo para longe dela. A sua voz tem aquele ar de vítima que eu odeio.

Quantas vezes já ouvi essa besteira? Quantas vezes ela expulsou os homens quando eles batiam em uma de nós, apenas para deixar eles voltarem para a cama dela alguns dias depois?

"Tarde demais, mãe! Você acha que pode simplesmente aparecer aqui e fingir que nada aconteceu? Você ao menos sabe o que ele fez enquanto você estava deitada em uma cama de hospital?" A minha voz está alta e agitada; preciso recuperar um pouco de autocontrole se vamos resolver isso. Odeio que ela sempre faz com que eu desmorone desse jeito.

"Nã-ão...?" A voz fraca dela revela o seu nervosismo; ela tem medo de que eu diga que ele conseguiu o que queria. Vejo a dúvida nos seus olhos e me lembro da expressão no seu rosto quando ela pegou ele tentando me estuprar aquela vez, o medo de que ele me quisesse em vez dela. Esse pensamento me dá nojo, o que só ajuda a alimentar a minha raiva.

"Ele me atacou!" Eu rosno. "Ele é o mesmo homem terrível que era há oito anos. Nada mudou!"

"O quê?" Os olhos dela se arregalam com o choque. "Ele...?" Ela não consegue pronunciar as palavras, mas eu posso ler ela como um livro aberto. Tudo o que ela quer saber é se ele fez sexo comigo. Não é sobre mim ou se me machuquei; é sobre o namorado dela a traindo.

"Não. Ele não fez. Ele só queria provar que tinha domínio sobre mim e me assustar. E ele conseguiu," grito para ela, sinto o nó no meu estômago ficando mais apertado à medida que a sua expressão confirma o que eu tinha imaginado.

Ela está aliviada. O seu namorado não a traiu. Ela está feliz. Ela nunca se importou comigo; sempre foi sobre ela e os seus homens. Eu era só um empecilho. Uma consequência.

Estou guardando isso para mim mesma há semanas e não consigo mais. Começo a me descontrolar e perco completamente a paciência quando algo dentro de mim se rompe com muita facilidade. É como se uma represa explodisse e a água corresse solta.

"O Jake deu uma surra nele e fiquei feliz com isso! Ele mereceu! Eu queria que ele tivesse matado ele." Eu desmorono por completo, gritando como uma maluca, enquanto me levanto de um pulo e o meu corpo esbarra na mesa furiosamente. As tigelas tombam e os copos caem, derramando bebidas por toda parte. Não tenho controle sobre as minhas reações.

O rosto dela fica pálido com a súbita descoberta de como o Ray se machucou e eu percebo o seu olhar enquanto as peças se encaixam no seu cérebro. A enfermeira tenta levantar os copos, com o rosto vermelho de susto por causa da minha explosão.

Isso mesmo, mãe! Foi o Jake que deixou ele desse jeito. O Jake deu uma surra nele por colocar as mãos em mim, alguém que não tinha nenhuma obrigação de me amar ou me proteger. O meu chefe! Não a minha mãe. A minha mãe nunca teria me defendido dessa maneira e nunca teria me escolhido em vez do seu namorado.

Só de pensar nisso, tenho vontade de atacar a cara ridícula dela, como o Jake fez com o Ray.

"Por que você não consegue perceber o que faz comigo?" Grito novamente, com lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto as emoções me dominam. A minha voz está rouca com o esforço de tentar não perder a cabeça.

"Emma, como pode ser culpa minha? O Jake não tinha o direito de machucar o Ray; foi por causa dele que o Ray foi embora!" Ela grita de volta para mim, derrubando a sua máscara, com a voz transbordando de raiva e acusação, como se quisesse me atingir. Ela está de pé, tentando elevar o seu corpo pequeno e frágil até a minha altura para me repreender. A enfermeira continua sentada, olhando para as próprias mãos no seu colo, como se quisesse estar em qualquer lugar, menos aqui. Sinto uma pontada de pena dela; ela não é paga para se envolver no drama das mulheres Anderson nem para testemunhar nada disso.

"Espera aí... O quê?!" O meu estômago se agita com as suas palavras quando entendo o que ela disse e me esforço para me acalmar. "Como assim, ele foi embora? Você disse que não tinha mais nada com ele; deu a entender que a escolha foi sua?" Fico paralisada, um momento de pausa na minha histeria enquanto a lógica me atinge. As minhas lágrimas secam e a dormência toma conta de mim.

Fui muito estúpida em acreditar que ela decidiria mandar ele embora por vontade própria.

"Ele foi embora," ela rosna. "Ele chegou parecendo que tinha sofrido um acidente de carro, me disse que estava tudo acabado e foi embora. Não o vi mais desde então. Você tirou ele da minha vida... de novo!! Espero que esteja feliz dessa vez, Emma," ela grita comigo com ódio, sem perceber que acabou de se incriminar com cada palavra que saiu da sua boca.

Ela é tão egocêntrica que não consegue ouvir o que está dizendo?

A Emma adolescente raivosa dentro de mim não consegue mais se conter. Com o acúmulo da agonia de todas as últimas semanas sem o Jake, a minha capacidade de me controlar se desfaz e eu explodo.

Avanço descontroladamente, pego o meu prato de comida e o lanço às cegas, já que as lágrimas tomam conta da minha visão. O prato erra a cabeça dela por poucos centímetros e se espatifa de forma dramática na parede. As duas mulheres soltam gritinhos e pulam de susto e eu empurro a mesa com força para o lado, fazendo com que ela vire e caia no chão, derramando tudo o que ainda tinha sobre ela com um estrondo horrível. A fúria e a agressividade que ficaram presas por tanto tempo estão transbordando de mim desenfreadamente.

"SAÍ DA PORRA DO MEU APARTAMENTO!!!" Grito de uma forma aterrorizante para ela, chutando a minha cadeira com tanta brutalidade que machuco o meu pé, então agarro o meu cabelo e quase o arranco em frustração. Ando de um lado para o outro, me esforçando ao máximo para manter a última gota de autocontrole que pensei ter conquistado nos últimos anos.

Eu não fico desse jeito desde a minha última semana em Chicago, há tanto tempo, quando ela me deixou nesse estágio de explosão e loucura, e então eu fugi. Fugi para proteger a mim e a ela dessa raiva dentro de mim que queria tanto machucá-la e se vingar por causa das suas falhas como mãe. Não posso fugir agora, nem quero. É a minha casa... o meu espaço e a minha vida.

"Vai embora!" Grito mais uma vez, mas menos alterada, já que a minha voz está ficando rouca. A enfermeira pega as bolsas delas rapidamente e puxa a manga da minha mãe em uma tentativa desesperada de fazer ela se mexer. Ela percebeu que estou perdendo a sanidade e que tenho ainda mais raiva para soltar.

"Emma...?" O lábio da minha mãe treme enquanto ela se coloca novamente no papel de vítima, com a sua máscara de volta no lugar.

"Não! Chega! Só vai embora!" Levanto os braços, violenta e furiosa, parecendo louca. Ela precisa sair daqui antes que eu a ataque diretamente. Sei que sou mais do que capaz de fazer isso. Já revidei o ataque de homens antes, mas nunca bati nela, apesar de querer. Sou dominada por uma necessidade pulsante de bater a cabeça idiota dela contra alguma coisa dura para tentar enfiar alguma noção ali dentro.

Eu a odeio muito! Ela fez isso comigo.

As duas se viram e saem correndo em pânico, me deixando com o caos e a raiva. A porta aberta bate contra a parede atrás delas e o meu desespero toma conta de mim depois de uma breve pausa. Assim que a porta volta e se fecha, caio no chão, liberando tudo de dentro de mim com um choro devastador, que continua até que o meu corpo não tenha mais energia para emitir nenhum som.

***

Finalmente, me sento e olho em volta, avaliando a bagunça que fiz, mas não me incomodo. Observo a comida deslizando pela parede cinza claro como uma ferida aberta. Parece certo ficar sentada aqui cercada de coisas quebradas e de destruição, como se eu fizesse parte disso. Sei que logo vou me levantar e limpar tudo, escondendo as evidências do meu colapso. Vou ficar em pé, ajeitar as minhas roupas e voltar a ser a Emma equilibrada antes do amanhecer.

Não é sempre assim?

É o que eu faço. Foi o que ela me ensinou! Não importa o que aconteça, devo reprimir tudo o que tem de errado comigo e esconder, mostrando ao mundo que sou competente e forte... mas, por dentro, ainda sei que sou inútil.

Ninguém pode ver a Emma vulnerável, ninguém... ninguém!... pode me fazer sofrer mais. Amanhã de manhã já vou ter arquivado tudo na minha caixa preta interna e vou estar com o meu sorriso profissional, pronta para enfrentar mais um dia.

É assim que a Emma é, quem eu sou. Ela tem um sorriso falso e um comportamento frio. Ela é inabalável e tranquila por fora e não tem nada na sua vida vazia que possa levantar qualquer dúvida sobre a sua sanidade.

O Jake viu aquela Emma e acreditou que aquilo era tudo o que havia nela. Ele a mandou embora em vez de ver o caos dentro dela, caindo aos pedaços só de conhecer ele. Ele quebrou aquela fachada e nem sabe disso.

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