Fera Ferida - Capa do livro

Fera Ferida

Ahanaa Rose

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Chapter
15
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18+

Summary

Nenhuma jovem de dezessete anos espera encontrar seu companheiro, mas a jornada de Kara Knight tomou um rumo inesperado quando ela encontrou o seu. E, para sua surpresa, ele era ninguém menos que Zane Morgan, um dos alfas mais poderosos do mundo. A reviravolta? Kara era considerada imprestável em sua matilha, sendo julgada e excluída após a morte de seus pais. À medida que a conexão entre os dois se fortalece, eles logo percebem que suas famílias guardam segredos obscuros que ameaçam separá-los. Será que Kara e Zane podem desvendar os mistérios do passado e encontrar uma maneira de construir um futuro juntos? Entre nessa aventura repleta de amor, lealdade e busca pela verdade.

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45 Chapters

1: Prólogo

DESCONHECIDO

LIVRO 1: Luna Marcada

LYCOA, GRÉCIA - 373 AC

Estou deitado no duro chão de mármore da minha casa enquanto os sons da destruição ecoam pelo ar.

A visão da minha bela cidade envolvida por chamas e desmoronando diante dos meus olhos é absolutamente devastadora. A dor e o desespero são intensos ao observar as consequências da batalha.

A minha espada, uma companheira leal durante toda a luta, está no chão ao meu lado, um símbolo da minha coragem e da minha força.

Mas apesar dos incontáveis licanos que derrubei, é tarde demais. O estrago já foi feito e a minha cidade, a minha casa, foi reduzida a cinzas.

"Lytus," eu sussurro, a minha voz é quase inaudível em meio ao caos e à destruição.

O meu mentor e amigo aparece na minha frente e eu o vejo observar a cena devastadora.

Depois de registrar o horror, ele caminha na minha direção, com passos controlados e medidos, até se ajoelhar ao meu lado, encontrando o meu olhar.

A palavra que pronuncio está repleta de exaustão, tristeza e saudade: "Selene".

Mantenho o meu olhar fixo em Lytus, o homem que esteve comigo nos bons e maus momentos, me aconselhando com uma lealdade inabalável.

E, mesmo assim, nesse momento solene, enquanto as chamas consomem a nossa cidade, ele balança a cabeça, com os olhos cheios de uma mistura de tristeza e determinação.

Percebo que algo parece estar diferente, e as dúvidas giram dentro de mim enquanto questiono as ações e intenções dele. "Você sabia."

Ele não diz uma palavra, mas o seu silêncio diz tudo.

Dou uma risada e desvio o olhar. "Ela sabia."

O meu amigo sussurra, "Quando descobri, já era tarde demais. Estava feito."

Fecho os olhos devagar e me deixo consumir pela dor lancinante que vem do fundo do meu ser.

Na escuridão, por trás das minhas pálpebras, surgem lembranças da minha linda companheira e das nossas preciosas filhas.

Os seus sorrisos radiantes, cheios de amor e alegria, iluminavam o meu mundo sempre que eu chegava em casa.

Ainda posso sentir o sabor das deliciosas comidas que a minha companheira preparava, sempre colocando o seu coração e a sua alma em cada prato.

E pensar que depois de séculos de solidão eu seria abençoado com um presente tão incrível, apenas para que ele fosse arrancado de mim de forma impiedosa, bem diante dos meus olhos.

E por quem? Meu próprio sangue, meu filho, que se transformou em um monstro que vai assombrar para sempre o meu coração.

A terrível verdade da morte brutal delas permanece como uma ferida aberta em mim, um espectro fantasmagórico que se recusa a desaparecer.

Cada detalhe daquela noite terrível se repete sem parar na minha mente: os gritos penetrantes, o cheiro de sangue misturado ao fedor ácido da traição.

Parece que as paredes do meu mundo se romperam e estão desabando com um desespero crescente.

O peso do luto repousa sobre o meu peito como um fardo eterno enquanto lido com a tragédia que alterou o curso da minha existência para sempre.

Através da dor e da angústia, tento buscar lembranças mais felizes: os momentos que compartilhamos, o amor que fluiu entre nós como uma chama eterna.

Elas podem não estar mais aqui fisicamente, mas os seus espíritos permanecem profundamente dentro de mim, e não tenho dúvidas de que elas vão me guiar pelas noites escuras que se aproximam.

A dor é cruel e impiedosa, mas me conforta o pensamento de que a luz delas vai brilhar para sempre, não importa quão escuro o mundo se torne.

"O que devo fazer, Lytus? A minha casa foi destruída, a minha família foi tirada de mim e o meu filho partiu com mais da metade do nosso povo determinado a destruir os humanos."

Lytus se levanta e se vira para mim com um olhar determinado no rosto. "A destruição da sua cidade não é o fim; o seu povo está vivo.

"A sua família pode ter sido tirada de você nessa vida, mas haverá muitas outras vidas em que elas podem voltar para você."

Lytus estende a mão. "Mas se desistir agora, você nunca mais vai ver o seu povo ou a sua família."

Mostro a minha confusão e a minha curiosidade no olhar ao encontrar os olhos do Lytus. "O que você quer dizer?"

"O destino gosta de brincar, principalmente com aqueles que ele acredita que o desprezam.

"Você pode ter perdido tudo hoje, mas vai recuperar tudo que foi tirado de você. Eu prometo." Ele se aproxima um passo de mim. "Agora, levante e lute."

Olho para a sua mão estendida enquanto a minha mente gira com emoções conflitantes.

Devo aceitar ela, permitindo que ele me guie através desse tormento, ou devo sucumbir à dor que parece que vai me engolir?

No fundo do meu coração, já sei a resposta. Apesar das probabilidades estarem contra mim, devo reunir forças para continuar lutando, mesmo que a vitória pareça impossível.

Com um aperto firme, agarro a mão do meu amigo, sentindo uma onda de força me atravessar quando ele me levanta sem esforço. Ao mesmo tempo, pego a minha espada e a uso como um suporte para me firmar de pé.

Lytus coloca a mão no meu ombro e um brilho irradia do seu toque. A energia luminosa começa a envolver o meu corpo, espalhando calor e cura por todas as fibras do meu ser.

Em um instante, a dor excruciante e as feridas quase letais desaparecem e são substituídas por uma sensação renovada de força e vitalidade.

Paro por um momento, observando a cena melancólica. O salão que era animado e alegre é agora apenas uma lembrança assustadora do desespero e do horror que caiu sobre nós.

Lembranças de risadas e festas vêm à minha mente, um forte contraste com os corpos sem vida que estão diante de mim.

Mas então, em meio ao silêncio e à calmaria, um movimento chama a minha atenção. Sem parar para pensar, a minha mão se levanta e me vejo segurando a garganta de um homem suspenso no ar.

Raiva e dor surgem em mim e alimentam a minha força enquanto aperto. Estou consumido por uma mistura de emoções que não consigo identificar por completo. "Faltou um."

O homem começa a arranhar a minha mão. "Nyctimus! Por favor."

Fecho os olhos e olho dentro da mente desse ser perverso.

Posso sentir o peso das memórias, a dor e a raiva. É difícil colocar em palavras como me senti quando aqueles traidores invadiram a minha casa, pegando a minha companheira e as minhas filhas desprevenidas.

Lutamos com todas as nossas forças, derrubando inimigo após inimigo, mas era uma batalha impossível. Eles eram muito mais numerosos do que nós.

Eu me lembro de ver a minha companheira, firme e destemida, preparada para sacrificar tudo, apenas para acabar sendo submetida a torturas abomináveis e estupros na frente das nossas filhas.

O mesmo destino caiu sobre cada uma delas, uma por uma.

Abro os olhos, fixando o meu olhar no homem diante de mim. O medo dança nos olhos dele, um reflexo do perigo iminente.

Em um momento de intensidade, aperto ainda mais sua garganta, sentindo o poder correndo pelas minhas veias.

Então eu o solto e, com um movimento rápido e decisivo, balanço a minha espada, cortando o homem ao meio. Dois pedaços caem no chão e o sangue flui de cada metade.

Levanto a minha espada e limpo o sangue com a manga. "O que fazemos agora?"

"Selene e Axiom conseguiram levar aqueles que são leais a você para um local seguro," Lytus diz atrás de mim. "Só eu sei a localização e eles foram instruídos a continuar em movimento até segunda ordem."

"Axiom?"

"Morto." Tem um tom de encerramento na sua voz.

Ele me concede um pequeno momento para mim mesmo e depois se aproxima, parando ao meu lado.

"Periphetes acha que você está morto. Se aproveite disso. Espere até que esteja forte de novo. Até que o seu povo esteja forte de novo."

Eu me viro para o meu mentor e amigo, deixando que ele veja a dor e a angústia no meu rosto. "E depois? Eu perdi tudo. Minha companheira, minhas filhas, minha casa. Nunca vou recuperar o que tinha."

Lytus coloca a mão nos meus ombros, sua voz cheia de sabedoria e compaixão.

"Somos meros fios na tapeçaria da vida e, como indivíduos dotados de força, é nosso dever proteger os vulneráveis, mesmo que isso signifique sacrificar aqueles que são mais próximos de nós.

"Mas não tema, pois o destino não é injusto. O que foi tirado de você será devolvido, de uma forma ou de outra."

As palavras ecoam na minha mente, ficando mais fortes a cada repetição.

"O que foi tirado será devolvido," murmuro, como se tentasse entrelaçar as palavras na minha própria estrutura. "Vou me vingar por essa perda, mesmo que demore mil vidas."

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