Correndo Contra o Passado - Capa do livro

Correndo Contra o Passado

A. Duncan

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Chapter
15
Age Rating
18+

Summary

Rayna descobre que seu marido a está traindo com sua melhor amiga. O divórcio é turbulento, e Miles está disposto a tudo para não perdê-la. Arrependido, ele tenta de todas as formas mostrar o quanto a ama. Mas Rayna decide que é melhor recomeçar, longe de Nova York. Então ela volta para o lugar onde tudo começou.

Kelly Hawthorne é um detetive que carrega seus próprios traumas e segredos. Mas ao decidir ajudar Rayna, nenhum dos dois imagina o quanto o destino está prestes a mudar suas vidas. Será que eles conseguirão seguir juntos, mesmo se o passado vier à tona?

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Mensagem indesejada

RAYNA

A respiração fraca. O sangue subindo até a cabeça. O coração batendo muito forte. Vinte anos pelo ralo. Vinte anos de promessas não cumpridas. Não posso dizer que não esperava, mas precisava chegar a esse ponto? Aquilo destruiu completamente o meu coração.

Sinto o metal frio do pequeno dispositivo em minhas mãos e fecho os olhos, pensando que só pode ser mentira. Deve ser minha imaginação. Gotas caem sobre a tela, e percebo que lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto. Vinte malditos anos desperdiçados.

Quando abri minhas mensagens e vi que era uma foto da minha melhor amiga, minha mente desligou. Não era nada demais. Ela me mandava selfies o tempo todo. Mas essa foto específica não era para ter sido enviada para mim, e acho que ela ainda não percebeu.

Não, não é a foto dela nua e curvada mostrando tudo o que ela tem a oferecer que me deixou arrasada. É a mensagem.

"Tô te esperando, Miles. Ainda bem que Rayna vai trabalhar até tarde no escritório porque tô com tesão. Não esquece de falar pra ela que você vai fazer hora extra. Vai rápido que eu já tô molhada só de pensar na última vez."

Em qualquer outra ocasião, eu não me incomodaria com quem quer que ela saísse. Chovia homem no quintal dela. Mas dessa vez, ela estava transando com Miles, meu marido. E ele não só é meu marido, mas me disse antes de eu sair para o trabalho esta manhã que ele iria fazer hora extra no hospital e não estaria em casa de noite.

Agora deu pra entender minha reação, né? Eu ligo para Miles.

"Oi, Miles. Eu só queria ter certeza de que você vai trabalhar hoje à noite."

"Ah, sim. Vou ficar no plantão. Desculpa, Rayne" — ele sempre me chamava assim — "não precisa me esperar. Vejo você de manhã, querida."

"Tudo bem, se cuida."

"Pode deixar. Te amo."

"Eu sei. Tchau."

Ainda estou de pé dentro do meu escritório, onde atualmente trabalho como assistente para os melhores advogados criminais e de família do estado de Nova York. Há um caso enorme surgindo, e todos estão a postos, ou, pelo menos, estavam até agora porque, logo após a ligação, meu chefe entra e me vê extremamente irritada.

"Rayna, meu Deus, o que houve?! Você está bem?"

Eu apenas balanço a cabeça e deixo meu telefone cair na minha mesa. "Nem um pouco."

Tá aí uma boa maneira de ser demitida. Chorar no ombro do seu chefe. O mesmo chefe que odeia o fato de que mulheres têm sentimentos. Aproveita e já conta tudo sobre o absurdo que você acabou de descobrir. Conta que seu parceiro está tendo um caso com sua melhor amiga. A mesma melhor amiga que você tem desde os oito anos de idade.

Ele imediatamente me empurra para fora da porta e me diz para tirar alguns dias de folga. Mas não antes de me dar alguns conselhos "de graça." Então, em vez de ter pena de mim mesma, eu engulo o choro e sigo meu plano. Trabalhar com advogados cruéis te faz aprender algumas coisas.

E eu estou com raiva.

Primeiro de tudo: assim que chego em casa, faço minhas malas. Ao terminar, quase tudo que é meu e do nosso filho, Logan, está embalado no meu SUV. Dou uma olhada em todas as memórias pela casa, incluindo as fotos de Miles e eu no ensino médio. Éramos namorados e ficamos juntos durante a faculdade.

O momento mais difícil para nós foi quando ele estava na faculdade de medicina, focado nos estudos, e eu tentava terminar a faculdade EAD, cuidar de um bebê e trabalhar ao mesmo tempo.

Nosso filho, Logan, ficará arrasado. Eu o tive quatro anos depois que Miles e eu fugimos quando eu tinha dezenove anos. Logan admira seu pai, e eu não quero ser a pessoa que conta a ele por que nosso casamento acabou. Ele tem só dezesseis anos e já tem muita coisa acontecendo na vida dele. Acabou de terminar seu segundo ano no ensino médio e está passando o verão em um acampamento de futebol.

Pego uma foto de nós três, de quando Logan nasceu, e a quebro no chão. Observo o vidro se estilhaçar, mas permanecer no lugar, quase uma representação direta do meu coração. Então, entrando no escritório de Miles, pego a foto que ele mantém em sua mesa, dele e de mim. É uma que tiramos quando tínhamos acabado de fugir. Quebro o vidro contra sua mesa, amassando a superfície de mogno polido, então enfio a moldura na minha bolsa.

Ele guarda a chave reserva do carro numa gaveta da cozinha. Vou precisar dela para o que vou fazer a seguir. Quero que ele se machuque como eu me machuquei. Ligando o carro, vou até a casa da minha melhor amiga. Estaciono na mesma rua, atrás de uma van enorme. Claro, o carro dele já está estacionado na entrada da garagem dela, e todas as luzes estão apagadas, exceto uma, a luz do quarto dela.

Eu me certifico de que meu telefone esteja no silencioso e que o flash da câmera esteja desligado. Andando até os fundos da casa, uso a chave reserva que ela me deu para destrancar a porta, atenta a qualquer movimento. Está tudo muito quieto, quieto demais. Vou até o quarto dela e é quando ouço.

Um gemido de prazer. Ela está gritando o nome do meu marido. Meu estômago revira e quase vomito. O som da cama batendo na parede quase me mata. Está batendo na parede com tanta força que nenhum dos dois me ouve abrir a porta.

Minha mão voa sobre minha boca ao ver suas mãos sobre ela, penetrando-a por trás. A cena agora está gravada em meu cérebro. Rapidamente pego meu telefone e tiro as fotos que vou precisar futuramente e mal consigo sair antes que eu ponha pra fora tudo que comi no almoço.

Silenciosamente, caminho até o carro dele e o destranco. Pego a foto quebrada de nós dois e a coloco no banco do motorista. Então, tirando minha aliança, coloco-as em cima.

Voltando para o meu carro, aperto o botão de alarme no estepe dele. Observo as luzes piscarem e escuto a buzina soar. Assim que as luzes externas acendem na casa, abaixo-me atrás da van, espiando de longe para ver o que acontece.

Miles sai correndo de casa. O robe de seda rosa que ele está usando esvoaça atrás dele, que rapidamente abre a porta do carro. Ele pega a foto e minha aliança. Parado ali, ele olha para cima e para baixo na rua em busca de mim. Sem sucesso, ele grita antes de bater a porta do carro e correr de volta para casa.

Entro no meu carro e ligo a ignição. Vamos torcer para que suas decisões tenham valido a pena. A única certeza da vida é que mentira tem perna curta.

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