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Os Viajantes de Tyr: Hellhound

Prece atendida

Hellhound

Iris

Procurar comida em uma lixeira não é a pior coisa que já fiz. Já fiz coisas piores para conseguir um pedaço de pão. Não me sinto mal enquanto vasculho o lixo.

Pelo menos estou livre, sozinha e relativamente segura.

“Ei, garota!” Uma voz me assusta.

Uma mulher negra está parada na porta dos fundos de um prédio. Ela está segurando um saco marrom. Puxo o capuz mais para perto do rosto. Olho ao redor procurando por perigo.

“Vem, garota. Pega isso aqui.”

Ela estende o saco para mim. Olho para ele com cuidado, como se pudesse me machucar. O saco tem manchas de gordura. Isso significa que tem comida dentro.

Mas não sei o que ela quer de mim.

“Não tenho o dia todo, garota. Pega a comida.”

Caminho em direção a ela devagar. Meus olhos observam tudo ao redor. Pego o saco e corro de volta para um canto seguro para comer o que tem dentro. O dia está claro e ensolarado, mas minha vida parece escura e triste.

Quase não consigo me lembrar de uma época em que não era assim. Sobreviver é meu único objetivo. Preciso encontrar um jeito de conseguir dinheiro e comida. Preciso encontrar um lugar para dormir.

Não vou durar muito nas ruas. Logo alguém vai me ver e saber que estou sozinha e fraca. Vão saber que sou uma garota.

Então vou ter que fugir de novo, se tiver sorte o suficiente para escapar.

Esse pensamento me deixa com medo. Alcanço a chave de fenda no bolso do meu moletom. Não vou deixar que me levem sem lutar.

Não vou desistir e morrer. Tenho que continuar viva. Ela ia querer que eu continuasse viva.

O problema é que não posso simplesmente arrumar qualquer emprego. Empregos precisam de nomes e documentos, e não tenho essas coisas. E prefiro viver nas ruas do que deixar que me encontrem.

“Merda!” Uma voz perto de mim me assusta.

Paro de pensar e olho para cima. Há um Prius branco com o capô aberto na rua. Uma mulher está olhando para o motor.

“Porra! Merda!” ela continua soltando palavrões.

Chego mais perto, sem ter certeza se quero ajudar. Ela parece muito irritada. Mas este é um bairro ruim para uma mulher com um Prius branco ficar presa.

Respiro fundo, puxo o moletom mais para perto e me aproximo dela. Sempre gostei de carros quebrados. A ideia de ficar debaixo de um capô e consertar um problema me acalma.

“Uhm...” eu digo.

Isso é tudo que é preciso. A mulher se endireita. Ela é alta, mas todo mundo parece alto para mim. Seu cabelo preto e comprido cai sobre os ombros.

Ela se vira para mim com olhos verdes e me examina rapidamente. Se estivesse de terno, eu pensaria que trabalha em um escritório. Mas sua blusa cinza larga, legging preta e sapatilhas macias me fazem pensar em outra coisa.

Talvez seja filha de alguém que trabalha em um escritório. Mas o olhar inteligente em seus olhos me diz que não é alguma patricinha que se perdeu na parte errada da cidade.

“Hum... Posso ajudar?” pergunto.

“Se você entende alguma coisa de carros, pode ser.” Sua voz é séria, mas não má.

Olho ao redor e de repente me sinto estúpida. Isso pode ser uma armadilha. Me abaixo para ajudar, alguém me bate na cabeça, e acabo de volta no lugar ruim do qual trabalhei tanto para sair.

“Tudo bem” a mulher diz. “Duvido que eu ajudaria minha própria mãe neste bairro.”

Ela sorri e contorna o carro. Ela se inclina pela janela para pegar o celular que está carregando. Solto o ar e olho para o motor.

Há muitas coisas no mundo que não entendo, e ainda mais que não quero entender. Mas entendo de motores. De batedeiras a caminhões grandes, sei como as coisas funcionam.

E quando não sei, aprendo rápido. Afasto as memórias de como aprendi isso e olho para o motor.

“Atende!” a mulher diz baixinho enquanto trabalho.

“Tenta aí!” grito para ela.

Ela parece surpresa, mas desliga o telefone. Entra no carro e aperta o botão Start. O motor começa a funcionar.

Ela sai do carro, sorrindo.

“Obrigada!” ela diz. “Já tenho problema suficiente por escolher um Prius do meu namora... Merda! Acho que deveria dizer do meu noivo.”

Ela sorri para si mesma e balança a cabeça. Me viro para sair o mais rápido possível. Ouvir sobre a vida normal de outras pessoas não é algo que eu goste.

“Com licença!” ela grita atrás de mim.

Me viro devagar, ainda tentando esconder o rosto. Não confio em ninguém. Estou melhor sozinha.

Deixa as outras pessoas viverem suas vidas, ficarem noivas, se casarem. Não quero nada disso.

“Você é boa com motores?” ela pergunta.

Aceno com a cabeça.

“Está procurando emprego?”

Olho confusa. Já ouvi falar de pessoas rezando, mas nunca acreditei que alguém respondesse. Ninguém nunca respondeu minhas orações.

Não agora, nunca. Já rezei para ser salva, para morrer. Ninguém nunca me ajudou. Não acho que alguém vá começar agora.

Não digo nada. A mulher me olha, então levanta uma sobrancelha como se tivesse tomado uma decisão. Ela se move para o banco do motorista e pega sua bolsa.

Ela tira uma caneta e um papel e escreve algo.

“Tem uma oficina aqui.” Ela me dá um pedaço de papel com um endereço. “Se está procurando emprego, vai lá e diz que Ava te mandou.”

“É... é o tipo de emprego que...” paro. “Que pagaria em dinheiro?”

“Paga em dinheiro, paga bem e faz poucas perguntas.” Seus olhos bonitos se estreitam.

Ela não é uma funcionária de escritório, e não é uma patricinha. Há algo nela, algo quase perigoso.

Eu deveria ter percebido antes. Ela é uma mulher que tem perigo ao seu redor o tempo todo.

Foi o Prius que me enganou. Mas agora, enquanto me olha, seu rosto está suave e gentil.

Apenas aceno com a cabeça. Coloco o papel no bolso e vou embora.

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