De Papel Passado

SILAS

Silas observou Emory fechar a porta. Ele congelou quando ela o encontrou, sem saber o que dizer a ela. Ele nem sequer pensou em perguntar para onde ela estava indo.

Ele sentou-se e abriu a agenda compartilhada, mas a agenda dela não estava mais disponível para ele. Ele tentou puxá-la novamente, mas não encontrou nada. Ele olhou para os materiais de apresentação dela enquanto bebia um isotônico.

Ele sentiu como se alguém tivesse batido nele com um taco de beisebol. Sua cabeça latejava por causa dos intermináveis martinis que ele e Tanner beberam na noite passada.

O jantar de Emory não era com as amigas. Era com membros do conselho do hospital da nova ala para a qual ela estava ajudando a arrecadar dinheiro. Era muito importante para ela. Ela praticamente implorou para que ele viesse. Ele apoiou os braços na mesa ao lembrar que esse projeto era em homenagem à mãe dela.

"Putz." Tentou se lembrar de quem estava à mesa quando voltou para casa, mas não conseguiu visualizar os rostos. "Ai, Jesus... eu a chamei de cara de peixe."

Ele tinha fodido tudo. Ele a insultara na frente de seus convidados, com o batom de outra mulher espalhado em seu rosto. Uma coisa era fazê-la de boba, mas isso não parecia bom para ele e para as Indústrias Bishop. Ele queria forçá-la ao divórcio, mas não queria fazer isso às custas da empresa.

Ele deveria estar feliz com a partida dela, mas não estava. Em última análise, empurrá-la para o divórcio era o que ele queria e parecia que estava no caminho certo, mas ele fizera papel de bobo. Seu estômago embrulhou ao pensar em como ele se comportara diante de um grupo de pessoas importantes.

Seu telefone tocou quando uma mensagem da garota com quem ele esteve na noite passada chegou. Ele ignorou e acessou seu histórico de mensagens de texto com Emory. Percorreu suas mensagens.

Ele nunca respondeu a ela. Ele estava em um quarto de hotel, rolando na cama com uma mulher.

Ele também nunca respondeu a essa pergunta. Ele estava tomando café da manhã na cama com outra mulher.

Ele estava no iate na costa da Flórida, com Tanner e algumas modelos.

Ele estava em um jogo de pôquer de altas apostas com os rapazes.

As mensagens continuaram, mas ele percebeu que começaram a se tornar pouco frequentes e a soar mais formais. Ele releu e se sentiu pior. Ele era um idiota total. Emory era legal. Ele sabia que ela ouvira rumores sobre ele, mas ela não disse nada. Ela permaneceu exatamente como deveria.

Ele havia se envergonhado e, acima de tudo, zombado de uma instituição de caridade. Seria difícil se recuperar disso. Ele precisava se desculpar com ela imediatamente. Pegou o telefone e digitou o contato dela. Foi direto para o correio de voz. Tentou mandar uma mensagem para ela.

Ele esperou para ver se ela leu, mas suas confirmações de leitura estavam desativadas. Ele se perguntou se ela o havia deixado. O pensamento azedou instantaneamente seu estômago, e ele não sabia por quê. Ele queria que ela fosse embora. Ele queria o divórcio, mas não queria estragar tudo com ela no hospital.

Fez um bule de café, tomou banho e se sentiu melhor. Estava vestindo calças justas quando seu telefone tocou. Esperando que fosse Emory, ele suspirou quando o nome de Tanner apareceu na tela. Ligando o viva voz, ele puxou a camisa pela cabeça.

"Tanner."

"Si, ainda estou bêbado," Tanner murmurou.

"Eu estraguei tudo ontem à noite, Tanner," Silas suspirou enquanto pingava colírio nos olhos, limpando a vermelhidão.

"O que aconteceu? Sua bela esposa finalmente lhe deu o toco?" Tanner riu.

"Não fale assim dela. Aquele jantar que pensei que ela estava tendo com as amigas foi com um grupo do hospital." Ele sentou-se pesadamente na beira da cama.

"O quê?!"

"Sim. Não me lembro quem estava aqui. Os rostos estão um pouco confusos."

"Caralho, Silas. É melhor você estar mentindo. O presidente Rogers ia estar naquele jantar. Ele é muito próximo do seu pai. O que você fez?"

"Só sei que cheguei em casa com batom no rosto e a ofendi na frente de todo mundo."

"Ai, merda! Ai, merda, Silas! Seu idiota!"

"Eu sei que estou pressionando ela pelo divórcio, mas isso... eu não queria estragar tudo. Era sobre a mãe dela... a mãe dela, Tanner. Ela saiu esta manhã e não sei onde ela está. Ela saiu da minha agenda."

"Ligue para ela, seu idiota! Ligue para ela e resolva isso!"

"Eu tentei! Vai para o correio de voz e ela tirou a notificação de leitura."

"Vou ver o que posso fazer por aqui. Preciso ficar sóbrio antes de poder dirigir, mas apareço mais tarde."

"Fique aí. Preciso de um tempo de silêncio." Silas deitou-se na cama. "Preciso esclarecer minha história e conversar com meu pai. Isso vai ser feio. As consequências disso podem me afetar na obtenção da empresa."

"Bem, pelo lado positivo, parece que você está a caminho do divórcio, meu amigo. Parabéns!" Tanner começou a rir. "Vai conseguir exatamente o que queria."

Silas não achou graça. "Eu a magoei ontem à noite. Eu me envergonhei e queimei o filme das Indústrias Bishop."

"Si, você andou aprontando durante todo o tempo em que foi casado. Acredite em mim, você se envergonhou muito mais do que isso, e ela está bem ciente."

"O quê? O que você quer dizer? Foi tudo no sigilo." Silas levantou-se e andou pela sala. Seu coração estava batendo forte.

"Você é um idiota se acha que as pessoas não falam demais. Aquele jantar que tivemos há dois meses chegou até ela."

Silas voltou ao telefone e começou a ler as mensagens novamente. Fora há cerca de dois meses que suas mensagens se tornaram menos amigáveis e mais formais.

"Droga, Tan. Ainda tenho nove meses. Como vou consertar isso?"