
O Jogo da Obsessão
Emily achava que era só uma paquera. Um sorriso provocante aqui, uma fala esperta ali... até Damion transformar aquilo em um jogo. E com Damion, as regras estão sempre mudando. O que começa como brincadeira se torna algo emaranhado e intenso, arrastando Emily para um redemoinho de reputações destruídas, corações postos à prova e sentimentos que ela jurava ter deixado para trás. Mas esquecê-lo? É mais fácil falar do que fazer. Damion joga para vencer, e o coração de Emily é o prêmio. O problema é que ela não está mais seguindo as regras dele. Amor, obsessão ou algo ainda mais perigoso? Tudo depende de quem vai se render primeiro.
Prólogo
DAMION
Eu observava as telas na parede do porão da república. Normalmente, esse era o território do Dylan, mas como eu tinha bancado o equipamento caríssimo, me sentia no direito de vir aqui quando bem entendesse.
Por sorte, Dylan não estava lá agora, então não precisei explicar por que eu estava de olho nas câmeras de segurança do campus e outras que eu tinha mandado instalar.
Paguei uma grana preta para algumas pessoas colocarem câmeras que a segurança do campus não podia ver.
Às vezes era bom ter um pai rico e sem coração.
Meus olhos percorreram as telas e pararam no canto superior esquerdo.
Mostrava o caminho perto da biblioteca.
Esperei. Era terça à tarde, então a aula de biologia dela tinha acabado de terminar. Ela passaria pela biblioteca, viraria à esquerda para sair do campus e passaria o resto da noite na casa dela.
Eu me endireitei na cadeira, me aproximando da tela, examinando os rostos dos outros estudantes, mas sabendo que nenhum deles era ela.
E então, lá estava ela.
A garota que conheci na semana antes das aulas começarem. A bela caloura que parecia inocente como um anjo.
Ela era uma gracinha e tímida, colocando o cabelo atrás da orelha enquanto inclinava a cabeça e sorria de leve. Eu queria mostrar o campus para ela.
Ela falou pelos cotovelos, gesticulando com graça enquanto caminhávamos pelo campus. Era doce, inteligente e não fazia ideia do quanto era bonita. Percebi então que ela era boa demais para mim.
Havia algo diferente nela – algo que eu não conseguia explicar.
Era quase assustador.
Me incomodou tanto que dei no pé e não falei mais com ela desde então.
Mas não conseguia tirar ela da cabeça.
Ela ia a todos os jogos de futebol em casa. Eu sempre dava um jeito de encontrá-la na multidão.
Não importava onde ela estivesse, eu sempre a via.
Apenas ela.
Ninguém mais.
Às vezes eu podia ouvir ela torcendo por mim, sua voz vindo das arquibancadas até o campo.
Isso me fazia querer jogar melhor. Ser bom o suficiente para merecer seus gritos de incentivo. Eu jogava meu melhor quando ela estava assistindo.
Isso era mais assustador do que deixar meu pai com os cabelos em pé.
Fiz disso minha missão: saber tudo sobre ela.
Ela vinha de uma família de médicos e estava estudando para ser médica, o que era curioso porque eu detestava médicos. Eles sempre faziam perguntas demais, querendo saber como eu me sentia, por que eu pensava de certas maneiras.
Não importava quantos médicos minha mãe me mandasse; eu era do jeito que era. E não ia mudar. Nem por ela. Nem pelo meu pai.
Mas mesmo assim, essa garota mexia comigo.
Eu a odiava por isso.
Ela era uma pedra no meu sapato.
Franzi a testa quando ela tomou um caminho diferente, indo para a biblioteca em vez de passar por ela.
E então eu o vi.
Dylan.
O mesmo Dylan cujo porão com sala de computadores eu estava agora. O mesmo Dylan que eu paguei para acessar as câmeras de segurança do campus.
O mesmo Dylan que estava no meu time e deveria ser meu amigo.
Meu coração disparou quando ela entregou algo a ele. Bateu ainda mais forte quando ela tocou o braço dele.
Cada segundo assistindo eles conversarem tornava mais difícil respirar.
Eu tinha um monte de perguntas.
Como eles se conheceram?
Há quanto tempo se conheciam?
Eram amigos?
Talvez ele só estivesse ajudando ela com coisas de computador. Dylan era craque com computadores, afinal.
Pensei em todas as vezes que os tinha visto, tentando descobrir quando isso poderia ter acontecido.
Para garantir a lealdade de Dylan, eu o fazia ficar colado em mim o tempo todo. Ele mal tinha tempo para seus outros amigos.
A conversa deles terminou, e ela continuou caminhando para fora do campus.
Olhei para as outras telas e segui Dylan, contando quanto tempo levou para ele chegar à república – dez minutos, se você contar o tempo que ele passou batendo papo com um de nossos colegas de time lá fora.
Ele entrou com duas bebidas e um caderno. Jogou o livro no sofá e me entregou uma bebida.
“Achei que você estaria aqui embaixo”, ele disse, sentando-se na cadeira ao meu lado.
Tomei um gole. “Aquela garota – Emily – como você a conhece?” Apontei para as telas antes que ele pudesse dizer algo.
Ele sorriu. “Você conhece a Emily? Nos conhecemos na biblioteca. Ajudei ela com o dever de casa, depois me atrasei para o treino e esqueci meu caderno. Ela só estava sendo gentil, trazendo de volta.”
Olhei para o rosto dele, tentando ver se estava mentindo.
Nada.
Me inclinei. “Não chame ela para sair. Ela não é para você.”
O sorriso dele aumentou. “Você gosta dela. Legal.”
Eu não tinha certeza disso. Ela meio que me dava arrepios.
“Parece que ela gosta de você também”, disse Dylan. “Mesmo se eu a chamasse para sair, ela diria não.”
Isso me fez sentir melhor. “Tem algo nela”, eu disse lentamente. “Não sei o que é ainda, mas até eu descobrir, não quero ninguém mexendo com ela.”
Dylan riu. “Ok, cara. Você não precisa se preocupar comigo.”
Não, mas havia outros caras no campus com quem eu tinha que me preocupar.
Eu não podia me envolver com ela. Seria arriscado demais, mas isso não significava que eu queria que alguém mais encostasse um dedo nela.
Eu precisava descobrir por que ela me fazia sentir do jeito que eu sentia. Até lá, ninguém deveria chegar perto dela.
Levantei-me, tentando parecer normal.
Dylan olhou para mim. “Aonde você vai?”
Terminei minha bebida em um gole só. “Vou falar com o time. Eles precisam saber para ficar longe dela.”
Dylan riu um pouco. “Faça o que quiser, mas você sabe que os veteranos são osso duro de roer, né?”
Sim, eu sabia. Mas não era à toa que eu era filho do meu pai.
Sorri. “Posso dar conta deles.”
Fui para o salão, procurando por Lance e Jeremy, os líderes do time.
Se eu conseguisse que eles topassem, o resto do time seguiria.
Eles estavam jogando videogame nos fundos. Caminhei até lá, tentando parecer que estava em casa.
“Quero que vocês façam uma regra para o time”, eu disse, sem rodeios.
Jeremy ergueu uma sobrancelha, parecendo se divertir.
Lance apenas riu, ainda focado no jogo. “Olá para você também, Richardson.”
Forcei um sorriso mesmo estando com os nervos à flor da pele.
Lance venceu Jeremy, e “Game Over” apareceu na tela. Jeremy xingou e jogou o controle no chão.
Finalmente, Lance olhou para mim. “Que regra?”
“Tem essa caloura chamada Emily.” Olhei para a câmera escondida na prateleira ao lado da TV. “Dylan, pode mostrar uma foto dela?”
A TV mudou do jogo para uma foto de Emily.
“Hum”, Jeremy disse, parecendo interessado. Ele e Lance trocaram olhares.
“Quero que vocês avisem os caras que ela está proibida”, eu disse, tentando soar casual.
Antes que Lance pudesse responder, Jeremy falou: “E o que ganhamos com isso? Ela é um avião, cara. Gostosa demais, caloura ou não.”
Tive que me segurar para não partir para cima dele.
“Certo”, eu disse, o encarando. “Vocês podem ir atrás dela, ou eu posso levar você e o time todo para Miami durante a semana do saco cheio. Meu pai tem uma casa à beira da praia. Ele não se importaria se ficássemos lá.”
Jeremy se recostou, pensando. Lance olhou ao redor da sala, como se estivesse pesando suas opções.
“Então, o que vai ser?” Perguntei, batendo o pé impacientemente.
Lance olhou de volta para mim. “É uma boa oferta, garoto, mas…”
“O quê?” Jeremy o interrompeu, franzindo a testa. Ele lançou um olhar irritado para Lance. “Podemos ter um minuto, Rich?”
Eu sabia que estava certo. Jeremy sempre escolheria coisas de graça em vez de uma garota.
Garotas sempre caíam de amores por ele. Perder uma caloura não o incomodaria.
Assenti e dei um passo para o lado. Jeremy e Lance começaram a cochichar.
Depois de alguns minutos, ambos se levantaram e caminharam em minha direção.
“Olha, eu entendo o que você está fazendo”, disse Lance. “Você quer proteger sua namorada. Isso é legal. Mas da próxima vez, pelo menos finja que está pedindo. Estou fazendo isso porque você é um bom garoto – irritante e muito confiante, mas bom.” Ele deu um tapinha nas minhas costas e se afastou.
Eu pedi a ele. Jeremy foi quem quis algo em troca.
“Ele está mentindo”, Jeremy disse com uma risada. “Ele sempre ia dizer sim, não importa como você pedisse. Só para você saber – Lance odeia ser controlado. Lembre-se disso. Ele pode parecer legal, mas pode ser cruel. Ele gosta mais de você do que dos outros, porém. Não estrague isso.”
Ele se afastou, e eu soltei um suspiro que não sabia que estava segurando. Eu fiz o que queria fazer.
“Escutem aqui.” Lance bateu palmas, chamando a atenção de todos. “Richardson aqui está nos oferecendo uma viagem durante o spring break.” Todos olharam para mim. “Mas há algumas regras. Como essa garota Emily.” Ele apontou para a foto dela na TV.
“Fiquem longe dela. Se eu vir alguém perto dela ou falando com ela, vão se dar mal. E tenho certeza que o garoto rico vai fazer vocês se arrependerem ainda mais. Entenderam?”
Alguns caras disseram sim. Outros apenas assentiram.
“Ótimo.” Lance sorriu. “Contem para todos os outros.”
Me senti aliviado.
Emily era minha. Eu só não sabia o que queria fazer sobre isso ainda.













































