
Apaixonando-se
Thea, princesa de Versailles, anseia por um gostinho da vida comum além dos muros do palácio. Em sua universidade dos sonhos, está pronta para liberdade, amizade e, quem sabe, uma segunda chance no amor. Mas nada sai como planejado. Seu ex já seguiu em frente, segredos circulam nas sombras dos salões grandiosos, e um vizinho misterioso insiste em cruzar seu caminho nos momentos mais inesperados. Ele é magnético, irritante e estranhamente familiar, até que uma única palavra de seus lábios destrói tudo o que ela achava que sabia. Com o destino puxando seu coração, Thea precisa navegar por bailes reluzentes, histórias ocultas e uma conexão que parece o destino se recusando a ser ignorado.
Prólogo
THEA
A música vem pelo corredor, suave e doce, e não consigo deixar de sorrir. Encosto-me na parede, de braços cruzados, apenas aproveitando o momento. Há uma bolhinha de felicidade no meu peito, e me permito contar junto com a batida. Um... dois... três...
De repente, a porta se abre. A voz de Emrich ecoa pelo quarto, mas todo mundo está falando ao mesmo tempo. Pressiono a mão sobre a boca, tentando não rir.
“Onde ela está?”
“Ela fugiu? Você está brincando comigo?” A voz do papai está afiada, e ouço a mamãe ofegar.
“Não, por que eu brincaria quando sei que não vou ganhar?” A mamãe soa cansada, mas há um sorriso em suas palavras.
Consigo imaginar o papai revirando os olhos enquanto Emrich ri.
“O que vamos fazer agora?” A mamãe pergunta, soando um pouco perdida.
“Vamos ligar para o celular dela. E vou verificar com os guardas do palácio se ela fugiu com as amigas.”
“Ela não fugiu! Ela me contaria.”
“Você não me contaria.”
“Theo... Eu te contaria tudo.”
“Não contaria.”
“Vocês dois vão brigar a noite toda? As velas estão derretendo!” Emrich interrompe, sua voz impaciente. “Quem vai apagar as velas?”
“Eu.” Saio do armário, e de repente, todos os olhos estão em mim.
“Thea” o papai suspira, alívio estampado no rosto. Os olhos da mamãe se arregalam, como se ela não pudesse acreditar que estou realmente aqui.
“Você não fugiu?”
O papai se vira para a mamãe, sobrancelhas erguidas. “Ela ia fugir?”
“Era para ela ter fugido, mas ela está aqui. Acho que ela não vai.”
O papai esfrega a testa, parecendo cansado. “Você disse que não tinha ideia sobre ela fugir.”
“Eu honestamente não tenho.”
Emrich puxa o vestido da mamãe. “A gente devia cantar parabéns e deixar a Thea apagar as velas derretendo, mãe.”
Eu rio e me aproximo, ficando bem no meio do meu quarto.
“Feliz aniversário, querida.” Eles começam a cantar, e fecho os olhos, fazendo um pedido antes de apagar as velas.
O papai me puxa para um abraço, quente e seguro, e beija minha testa.
“Feliz aniversário, Thea. Eu te amo.” Seu sorriso é suave, e as linhas ao redor dos olhos ficam mais fundas.
“Eu te amo, pai.” A mamãe entrega o bolo para o papai e me envolve em seus braços, me apertando forte.
Respiro seu perfume — rosas, baunilha, jasmim, e aquele toque de algo picante que sempre me lembra o papai.
“Feliz aniversário, bebê.”
“Obrigada, mãe.” Olho para Emrich, que está encarando o bolo como se fosse a única coisa que importa. Dou um peteleco na testa dele.
“Ai.” Ele franze a testa, mas então me abraça pela cintura. “Feliz aniversário, irmã. Espero que você cresça este ano.”
“Emrich...” o papai avisa, e Emrich rapidamente se aproxima da mamãe, que apenas ri.
Ela bagunça o cabelo dele. “Por que você quer que ela cresça?”
“É complicado.”
“Complicado?”
Ele abre a boca, depois a fecha, pensando melhor sobre o que estava prestes a dizer. “Tá bom, eu não quero que ela cresça. Agora, a gente pode comer o bolo? Eu adoro os bolos da Megan.”
A mamãe balança a cabeça. “Não, não antes da foto de família.”
Emrich reclama, mas fica na minha frente mesmo assim. O papai chama o guarda de fora.
A mamãe entrega o celular e fica ao lado do papai. O papai nos envolve com o braço, e nos inclinamos para ele de cada lado. Emrich fica na frente do papai, encostado em suas pernas, enquanto a mamãe e eu colocamos uma mão no ombro de Emrich.
Nós quatro nos reunimos ao redor da lareira, e começo a abrir meus presentes. Emrich senta no chão, olhos arregalados enquanto encara a pilha.
“Tem tantos presentes” ele diz, soando maravilhado.
Pego o primeiro, o da mamãe. Ela parece animada, mas o papai parece estar se preparando para algo ruim.
Tiro os livros, e meus olhos ficam enormes.
“Meu Deus! Muito obrigada, mãe. Eu amei!”
O papai resmunga, mas a mamãe apenas sorri radiante.
“Eu sei que você sempre quis a coleção.”
“Sim, eu quero! Não acredito que você me deu...”
Lembro de ter ficado chocada, mas os queria desde então. Sei o quanto ela ama suas edições especiais.
“Isso não é uma boa influência” o papai murmura.
A mamãe dá um tapinha brincalhão na mão dele. “Ela tem dezessete anos, e é claro que vai ler romances picantes. Não há nada de errado com isso, é só um tipo diferente de história de amor.”
Eles continuam discutindo ao fundo, mas não consigo parar de sorrir para minha nova pilha de livros.
Emrich faz um barulho de desprezo. “Por que todo mundo está fazendo tanto drama? Você não vai abrir o resto dos seus presentes?”
Olho para ele. “O que você me deu?” Pergunto, e ele acena para uma caixinha pequena ao lado da maior.
Coloco os livros no meu colo e pego a caixa. A mamãe e o papai pararam de discutir e estão nos observando agora.
Abro a tampa e encontro um cubo mágico dentro. Franzo a testa, confusa, e olho para ele. “Não tenho ideia de como resolver um desses.”
Emrich apenas revira os olhos.
“Emrich” o papai diz baixinho, sua voz é um aviso gentil.
As bochechas de Emrich ficam rosadas. “Desculpa. Eu sei que você não sabe, mas vou te ensinar. Não é tão difícil, prometo.”
Eu rio. Ele tem estado muito interessado em aprender a resolver cubos mágicos com o papai ultimamente.
Ele sempre amou quebra-cabeças — quebra-cabeças de montar, Sudoku, qualquer coisa que faça seu cérebro trabalhar duro.
Jogo o cubo para ele, e ele pega facilmente. “Ok, me mostra o que você sabe fazer.”
A mamãe se encosta no papai, e todos nós observamos Emrich.
Seus olhos brilham enquanto ele começa a girar o cubo, totalmente focado. Não consigo deixar de sorrir, observando meu irmãozinho fazer sua mágica.
Vou realmente sentir falta dele — e até das nossas brigas bobas — quando eu sair para a universidade.
“Isso é incrível, macaquinho. Você está ficando tão bom nisso.” Bagunço o cabelo dele, e suas bochechas ficam ainda mais rosadas.
“Bom trabalho” o papai diz, e a mamãe beija o topo da cabeça de Emrich. “Meus bebês.”
Emrich olha direto para mim. “Você vai aprender a resolver este cubo antes de sair para a universidade.”
“Aww, espero que sim.”













































