
Em Pedaços
Lily descobre que o namorado a está traindo no último ano do ensino médio, o que é apenas mais um caco quebrado na sua vida cheia de decepções. Então, ela conhece Mason, que também parece ser um cara quebrado por outro motivo, mas juntos eles resolvem viver o melhor verão de suas vidas e completar uma lista de desejos e promessas que eles juram não quebrar... e talvez alguns sentimentos surjam no meio do caminho. Mas o romance de verão está ameaçado quando Lily e Mason percebem que eles são de escolas rivais e competem em times inimigos. Para piorar, um acidente trágico acontece, colocando as suas prioridades em perspectiva. Será que a Lily e o Mason conseguirão ficar juntos, e será que seus amigos — e os times ultra competitivos — vão deixar que eles sejam felizes para sempre?
Classificação indicativa: 18+
A traição
LILY
O verão antes do meu último ano no Ensino Médio foi um dos melhores da minha vida.
Passei muitos dias longos e quentes no lago com meus melhores amigos: Ava, Leah e Harry e, claro, com o cara que eu namoro há dois anos, o Oliver.
À noite, íamos a festas diferentes, bebíamos e dançávamos até o sol raiar, e repetíamos tudo de novo no dia seguinte.
Até hoje.
Hoje é o meu segundo aniversário de namoro com o Oliver.
Planejamos fazer um piquenique em um lugar "secreto" que ele escolheu, depois voltaremos para a minha casa para passar a noite juntos. Tudo parece perfeito.
"Uau, você tá tão gostosa, amiga!" a Ava exclama, me olhando de cima a baixo.
Estou usando um vestido azul e branco, com as costas abertas, que vai até o meio da coxa e tem um belo decote.
"Você acha que ele vai gostar?," pergunto, dando uma voltinha.
"Vai adorar!" ela grita.
"Tenho que ir," digo, pegando o meu telefone e as chaves e jogando-os em uma bolsinha.
"Até amanhã, sua gostosa." Ava pisca, dando um tapa na minha bunda enquanto passo por ela.
Enquanto dirijo até a casa do Oliver, sinto um frio terrível na barriga.
Estaciono em frente à casa dele e checo a minha maquiagem no espelho antes de sair do carro e ajeitar o meu vestido.
Eu caminho lentamente até a porta da frente, tentando acalmar os nervos antes de bater. Espero cerca de um minuto, e então bato mais uma vez.
Estou prestes a girar a maçaneta quando a porta se abre e Oliver aparece, totalmente desgrenhado.
Ao vê-lo parado na minha frente, só de cueca boxer e com os cabelos loiros bagunçados, deixo a raiva tomar conta de mim.
"Seu filho da puta!," eu grito. Chutando a porta para abri-la, entro correndo para descobrir com quem ele está me traindo.
"Amor, calma. Não é o que parece!," ele grita freneticamente.
Eu o ignoro, abro a porta do quarto dele e dou de cara com a Leah, só de sutiã e calcinha.
"Lily." Ela suspira ao me ver.
"Isso é sério?," grito para os dois. "Há quanto tempo tá rolando?," pergunto, apertando a ponta do meu nariz para me acalmar.
"Essa foi a primeira vez..."
"Seis meses."
O Oliver e a Leah respondem ao mesmo tempo.
"Seis meses." Eu rio alto, balançando a cabeça.
"Lily, deixa eu explicar," o Oliver implora, agarrando o meu pulso.
"Não encosta em mim, porra!," eu grito, me libertando e correndo para fora, em direção ao meu carro.
Como ele foi capaz? Me fez perder dois anos inteiros! E a Leah! Ela é uma das minhas melhores amigas! Nunca pensei que ela faria uma coisa dessas comigo.
Dirijo no piloto automático para um dos meus lugares favoritos da cidade. Uma trilha que dá a volta num parque bem tranquilo e que não fica muito longe da minha casa.
Estaciono, saio do carro e começo a andar, sem dar a mínima para o fato de eu estar de vestido e sandália.
Enquanto começo a andar, finalmente me permito chorar. Minha vida inteira parece uma mentira agora. Estou soluçando quando alguém dá um tapinha no meu ombro, me fazendo gritar.
"Nossa, calma princesa," diz um garoto da minha idade, levantando as mãos.
"Você me assustou," eu fungo, enxugando os olhos.
"Você tá bem?" ele pergunta gentilmente.
"Sim," respondo.
"Não parece," ele afirma, indo se sentar em uma grande pedra. "Eu sou ótimo em escutar," ele diz, dando um tapinha na pedra para que eu me sente.
"Acabei de pegar o meu namorado me traindo com uma das minhas melhores amigas," deixo escapar.
"Que merda." Ele diz.
"Eles estão transando há seis meses!," exclamo e começo a andar de um lado para o outro na frente dele.
"Nós passamos o verão inteiro juntos!" Eu grito, chutando uma pedra, me arrependendo instantaneamente quando a dor atinge o meu dedão do pé.
"Eu simplesmente não entendo. Tipo, não é como se eu não fosse uma boa namorada!" Eu balanço a cabeça.
"E a minha amiga…," sussurro, sentando ao lado do cara estranho. "Você não vai me matar, vai?" pergunto, pensativa.
"Eu não vou te matar." Ele ri.
"O último ano do Ensino Médio vai ser uma droga," resmungo, puxando os joelhos até o peito.
"Você tem outros amigos?" ele pergunta.
"Sim. Mas o Harry tá no mesmo time do Olly e provavelmente vai parar de falar comigo. A Ava deve continuar sendo minha amiga." Eu suspiro.
"Você não tá falando do Oliver Kingsley, né?"
"Você o conhece?" pergunto, virando para olhar para o estranho e fico surpresa com a beleza de seus olhos verdes.
"Somos meio que inimigos mortais." Ele estremece.
"Você é o Mason Cooper?" Eu franzo a testa, olhando-o de cima a baixo.
Oliver e Mason são rivais desde o primeiro ano. Ambos são quarterbacks dos times de futebol americano das escolas da cidade e se odeiam profundamente.
Somos rivais em tudo. Em todos os esportes, eventos acadêmicos, números de formandos, quantas gravidezes na adolescência acontecem. As duas escolas nasceram para competir.
Ninguém sabe como essa rivalidade começou; só sabemos que nos odiamos, e a coisa segue assim há pelo menos cinquenta anos.
"Você provavelmente não quer saber," murmuro, olhando para os meus pés.
"Eu meio que adoro saber o quanto ele se ferrou." O Mason ri.
"Eu estudo na Ridgewood," acrescento, olhando para ele.
"E eu na Greendale," ele responde em um tom de "dããããããã".
"Provavelmente não deveríamos estar conversando," afirmo.
"Provavelmente não. Mas você precisa conversar com alguém, e eu preciso me distrair." Ele dá de ombros, indiferentemente.
"Se distrair do quê?," pergunto, sem conseguir me conter.
"Da vida." Ele suspira. "Você é líder de torcida, né?" ele pergunta, mudando de assunto.
"Sou." Suspiro, pensando se devo simplesmente sair do time quando as aulas começarem.
"Eu odeio... Só entrei na equipe porque a minha mãe tinha sido líder de torcida e queria que eu seguisse a linhagem. Mas ela nem vai me assistir," sussurro.
"Meu Deus, e estar na mesma equipe que a Leah… eu não vou conseguir lidar. Eu vou querer dar um soco na cara dela a cada 5 minutos," eu resmungo e o Mason ri. "Não é engraçado," eu digo.
"Não mesmo," ele concorda rapidamente. "Tô rindo porque pensei que você fosse quietinha."
Franzo os lábios e viro a cabeça para o lado.
"Eu já vi você nos jogos... Você nunca conversa com as outras pessoas," ele explica.
"Porque todas as pessoas são toscas!," exclamo, ele ri novamente e concorda.
"Quer desabafar mais alguma coisa, princesa?"
"Acho que tô de boa." Balanço a cabeça. "E você? Quer revelar algum segredo ou ter um colapso emocional na minha frente pra eu me sentir melhor?," pergunto.
"Talvez da próxima vez." Ele pisca.
"Da próxima vez?" Minhas sobrancelhas se erguem, com surpresa.
"Eu tenho que ir. Mas você pode me mandar mensagem se quiser conversar," ele afirma, me entregando um iPhone preto.
"Salva o seu contato aí," ele diz lentamente, e eu reviro os olhos, digitando o meu número. "Quer que eu te acompanhe até o seu carro?," ele pergunta, colocando o telefone no short de basquete.
Estou prestes a dizer a ele que não precisa, mas quando olho em volta e percebo que o sol está se pondo, concordo rapidamente.
Odeio ficar na rua à noite, sozinha. Já assisti a muitos documentários sobre crimes reais.
"Por quanto tempo ficamos conversando?," pergunto, acompanhando os passos dele.
"Uns vinte minutos," ele responde.
"Obrigada por me ouvir," eu sussurro.
"Quando quiser, princesa." Ele sorri tristemente, chutando uma pedra.
"Se você quiser conversar, também sou uma boa ouvinte," ofereço, sentindo que algo o está incomodando.
"Pois é... Quem sabe na próxima vez." Ele balança a cabeça enquanto chegamos aos nossos carros.
"Obrigada, Mason." Eu sorrio, abrindo a minha porta. "Ah, o meu nome é Lily, a propósito," eu digo, me virando.
"Eu sei." Ele balança a cabeça, abrindo a porta.
Sinto as minhas bochechas ficando vermelhas, então entro no carro e saio dirigindo.
Quando chego em casa, tiro os sapatos e me jogo no sofá. Eu deveria ligar para a Ava. Pego meu telefone na bolsa para ligar para ela, mas, em vez disso, acabo ligando para a minha mãe.
Toca duas vezes antes de cair na caixa postal.
Ótimo. Nem a minha própria mãe quer falar comigo.
Eu me olho no reflexo da tela quando ela se ilumina com uma mensagem.
Suspiro para mim mesma enquanto leio a mensagem dela. O papai sempre viajou muito a trabalho, e a mamãe costumava ficar em casa comigo, mas assim que fiz dezesseis anos, ela começou a viajar com ele.
Parece que eles estão mais fora de casa do que dentro, ultimamente.
Não sei quando adormeci, mas sou acordada por uma vibração na minha cabeça. Demoro um momento para perceber que é meu telefone tocando.
"Alô?," respondo, com a voz pesada de sono.
"Te acordei?" Uma voz masculina soa.
Abro um olho e viro o meu telefone para ver que a chamada é de um número desconhecido. "Quem é?," pergunto, sentando no sofá.
"O Mason."
"Ah. Ei," eu digo, olhando para o relógio.
"Desculpa," ele murmura antes que a linha fique muda.
Franzo a testa, imaginando o que aconteceu. Mordo o lábio enquanto penso em ligar de volta.
Afinal, ele me deixou desabafar por uma hora hoje. É o mínimo que eu poderia fazer, certo?
Para nem dar tempo de mudar de ideia, ligo de volta para ele.
"Olha, me desculpa. Volta a dormir," a voz dele é suave, mas tensa.
"Já dormi por três horas," digo, levantando e indo até a cozinha para pegar alguma comida.
"Nossa, é só meia-noite," ele ri.
"Caso você tenha esquecido, tive um dia muito intenso," respondo, pegando uma pizza congelada e colocando-a no forno.
"Justo."
"Quer vir aqui e comer pizza?," ofereço, sentando no balcão. Há uma pausa, e verifico o celular para ter certeza de que ele não desligou novamente.
"De qual sabor?" ele finalmente responde.
"Pepperoni."
"Me manda uma mensagem com o endereço."
Rapidamente tiro o telefone do ouvido e mando uma mensagem para ele.
"Chego rapidinho, princesa," ele diz quase imediatamente depois que clico em enviar.
"Até daqui a pouco," sussurro.
Meu surto interno não dura muito tempo, pois o Mason manda uma mensagem dizendo que está aqui fora.
Abro a porta da frente e o vejo parado na varanda, com um moletom preto e shorts de basquete. "Cadê o seu carro?," pergunto, espiando por cima do ombro dele.
"Eu moro há duas quadras daqui." Ele dá um meio sorriso quando abro mais a porta para ele entrar.
"Entããão...," eu digo lentamente enquanto nos sentamos um ao lado do outro no balcão, com a pizza no meio de nós.
"Você tá se sentindo melhor?," ele pergunta, pegando uma fatia.
"Sim," respondo honestamente. Chorar e dormir ajudou. "Tô mais brava do que triste agora," acrescento, dando uma mordida na pizza.
"Eu acho que você tava bem brava antes." Ele sorri para mim. "Então, você vai ser uma líder de torcida bem estereotipada e planejar uma vingança?" Ele limpa a garganta, e eu franzo as sobrancelhas.
"Vingança? Não, isso me tiraria muitas horas de sono."
"Então, nada de vingança?," ele pergunta, erguendo as sobrancelhas.
"Não. Vou simplesmente esquecer que aconteceu." Suspiro, sabendo que é mais fácil falar do que fazer. "Então, quer falar alguma coisa?," pergunto, terminando a última fatia da minha pizza.
"Só quero espairecer." Ele suspira, e noto olheiras sob seus olhos verdes.
"Quer nadar?," pergunto, me levantando.
"No lago?" ele questiona, com um sorriso divertido.
"Tem piscina aqui."
"Eu não trouxe sunga e acho que você não quer me ver pelado."
"Eu nunca nadei pelada," digo, mordendo o lábio nervosamente.
"Sério?" Ele me olha boquiaberto.
"Todos os meus amigos já nadaram pelados, mas o Olly sempre dizia que isso me faria parecer uma vagabunda," murmuro, corando.
"Ele é um idiota." o Mason bufa, revirando os olhos.
"Então todos os seus amigos foram nadar pelados enquanto você tava no meio deles de biquíni?" ele pergunta.
"Não entrei no lago com eles né, fiquei na areia," murmuro, desejando nunca ter tocado no assunto.
"Bom, vamos nessa então, princesa." O Mason sorri, levantando.
"Você tá falando sério? Eu não vou ficar pelada na sua frente!" Eu suspiro, olhando para ele com os olhos arregalados.
"Não vou olhar." Ele revira os olhos, e por algum motivo eu me sinto um pouco magoada. "Vamos viver!" ele acrescenta, apertando os lábios. "A menos que você seja covarde." Ele sorri.
"Eu não sou covarde," afirmo confiante, levantando.
"Só acredito vendo," ele diz.
"Vamos," decido, caminhando em direção à porta da cozinha.
"É melhor pegar umas toalhas! A menos que você goste de correr pelada e molhada pela casa!" ele grita atrás de mim.
Eu me viro e passo por ele, sem dizer nada, pego duas toalhas antes de colocá-las em seus braços e sair pisando duro.
Quando chego do lado de fora, fico em pé na beira da piscina e não me sinto tão confiante quanto antes. "Você promete que não vai olhar?," pergunto baixinho enquanto sinto o Mason ficar ao meu lado.
"Eu prometo."
"E não vai contar pra ninguém, vai?," acrescento, virando a cabeça para olhar para ele.
"Se eu contasse, estaria admitindo que passei um tempo com uma pessoa da escola Ridgewood. Seria suicídio social, e eu realmente quero aproveitar o meu último ano..."
Respiro fundo, fechando os olhos enquanto procuro o zíper nas costas do meu vestido. Eu me esforço para alcançá-lo e bufo.
Estou prestes a tirar o vestido pela cabeça mesmo, mas, em vez disso, sinto os dedos do Mason roçando suavemente a minha pele nua, arrepios percorrem o meu corpo e então ele lentamente abre o zíper do meu vestido.
Deixo cair no chão e formar uma pequena pilha aos meus pés. As mãos do Mason tocam o meio das minhas costas, me dando um pequeno susto, então percebo que ele está abrindo o meu sutiã tomara-que-caia.
Assim que o sutiã se junta ao meu vestido no chão, respiro fundo outra vez e tiro a calcinha. Olho para a minha esquerda e dou de cara com o Mason.
Seus olhos estão focados na piscina à frente. "Pronta, princesa?," ele pergunta, virando o rosto para olhar para mim.
Fiel à sua palavra, seus olhos não desgrudam do meu rosto.
"Pronta," digo e agarro na mão dele.
"Três, dois, um," ele conta em voz baixa antes de pularmos na água fria.
















































