Após ser traída pelas duas pessoas em quem mais confiava, ela decide deixar sua antiga vida para trás e recomeçar em uma nova escola. Sempre a boa menina, ela nunca se desviou das regras - até que uma noite imprudente e embriagada leva a uma aventura de uma noite com um estranho misterioso. Envergonhada e ansiosa para esquecer, ela fica aliviada ao pensar que nunca mais o verá. Mas enquanto navega em sua nova vida, ela percebe que estava errada. O passado não é tão facilmente deixado para trás, e nem ele. Será que esse encontro inesperado pode levar a algo mais?
TORY
Livro 1: Quando o amargo e o doce se encontram
"Você, Tory, aceita Davis como seu legítimo esposo?"
Nesse instante, sinto um suor frio escorrer. São apenas duas palavras que preciso dizer. Mas não consigo.
Sequer consigo encarar Davis. Ele foi meu namorado desde o colégio. Deveria ser o amor da minha vida. Meu coração dispara. Eu sinto um nó na garganta. A dor da traição dele ainda lateja.
Alguém atrás de mim pigarreia discretamente. Isso me traz de volta à realidade.
“N-não”, eu gaguejo, e todos na igreja ficam boquiabertos. Algumas pessoas sacam os celulares. “Não, eu... eu...”
Ouço mais cliques de fotos, e a igreja parece me sufocar. Eu mal consigo respirar. Minha mente fica em branco.
“Ele... Davis e.. K-Katy...”
Pronto. Soltei os nomes. Isso não é o suficiente? Estou tremendo. Não consigo continuar. Não consigo falar sobre o que presenciei… sobre o que eles estavam ~fazendo~.
“Eles estavam se agarrando na sala do noivo”, Judy dispara. Minha madrinha fica do meu lado, colocando uma mão no meu ombro e aponta para Davis. “Sabe por que a Katy não estava conosco no início? Porque ela estava muito ocupada com ele, como tem estado nos últimos dois anos.”
“Judy, não se meta”, Davis rosna.
Ele parece irritado e impaciente, mas nem um pouco arrependido. Caio de joelhos e arranco os grampos do meu cabelo.
“Você é um canalha”, Judy prossegue, apertando meu ombro. “Acha que não é da nossa conta que a Tory pegou a melhor amiga dela chupando você? Quem você pensa que é?”
Eu grito, desejando que isso fosse apenas um pesadelo.
Respire. Respire. Respire.
Mas quando levanto o olhar, Katy está agarrada ao braço de Davis.
“Judy, pare”, ela diz com voz esganiçada. “Você não diria isso se soubesse…“
“Soubesse o quê? Que você é uma vadia falsa que dorme com o namorado das outras?”, Judy dá uma risada seca. “Desculpe querida, mas agora todo mundo sabe…“
“Que vamos ter um bebê!” Katy anuncia toda animada, e eu sinto o estômago embrulhar ao ouvir como ela parece orgulhosa e feliz. “Você vai mesmo nos difamar, em uma igreja? Na frente do meu bebê que ainda nem nasceu?”, ela pousa a mão na barriga.
Ergo os olhos e me viro, ainda de joelhos.
“Acho que o bebê devia saber que pais horríveis tem”, Judy diz, expressando meus pensamentos. “E como foi concebido de um jeito bem sujo. Você contou para ele antes ou depois de começar a chupar? Ou foi no meio do boquete? Aposto que foi isso, você simplesmente não conseguiu esperar…”
“Chega!” Davis berra, e eu me encolho quando ele avança. Ele fecha os punhos.
Preocupada, me levanto num pulo e puxo Judy para trás para protegê-la. Ninguém aqui precisa saber sobre as explosões agressivas de Davis. Então me pergunto se a Katy sabe.
Quem se importa?
Odeio me importar. Ela pode ser uma péssima amiga, mas não merece apanhar.
Mas você merece?
“Me... me tire daqui”, murmuro, segurando o braço da minha amiga enquanto ela ainda fuzila Davis e Katy com o olhar. “Por favor, Judy. Por favor.”
Ela olha para mim novamente. Agora seu olhar é carinhoso em vez de furioso.
“Vamos”, ela diz com suavidade, me abraçando e cobrindo minha cabeça para que eu não veja as pessoas nos encarando.
Antes que possamos passar pela primeira fileira de bancos, duas pessoas se levantam e seguram meus braços.
“Tory, meu amor”, minha mãe diz. “Ah, Tory.”
Ela não consegue dizer mais nada.
Choro copiosamente, sem me importar com a maquiagem borrada. Meu pai aperta meu ombro com força.
“Senhoras e senhores”, ele começa, “houve uma mudança de planos. Como todos vocês acabaram de ouvir em, ahn, detalhes bem explícitos, o casamento não vai acontecer. Por favor, deixem Davis e Katy explicarem.” Sua voz muda. “Vocês devem isso à minha filha, no mínimo.”
Não ouço o que Davis diz. Quando meu pai volta, eu agarro os braços dele com força. “Posso ir para casa com vocês?” Não quero voltar para o apartamento que Davis e eu dividíamos. Não agora. Nem nunca mais.
“Claro, meu bem”, ele diz, beijando minha testa enquanto ainda nos move pela igreja silenciosa. “Nem precisa pedir.”
“Judy, você pode pegar minhas coisas e levar de volta para a casa dos meus pais?”, eu pergunto.
Por favor, diga que sim. Diga que sim, por favor. Por favor.
Ela me aperta uma vez antes de me soltar. “Claro. Não se preocupe com isso.”
Eu suspiro de alívio, e então congelo quando ouço a voz da Katy.
“Tory!”
Katy. Meus pais andam mais rápido, mas posso ouvir o vestido de madrinha de Katy farfalhando enquanto ela nos alcança. Fecho os olhos, abro-os e me viro para encarar a expressão suave dela.
Deus, eu tenho uma vontade louca de estapear ela. Mas nunca bateria em uma grávida. Ela, uma dama! Ah, claro. Ela era uma dama quando estava dormindo com Davis esse tempo todo pelas minhas costas?
Ainda assim, não posso odiar o bebê. O bebê não me fez nada. Ele é inocente. “Eu... espero que você tenha um bebê saudável”, consigo dizer. Ela abre a boca, mas me viro e saio com meus pais, deixando ela — e toda a minha vida — para trás.