Política de Boa Vizinhança: Bons Vizinhos - Capa do livro

Política de Boa Vizinhança: Bons Vizinhos

Al Holland

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Chapter
15
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18+

Summary

Lara está realmente se encontrando. Ela tem um ótimo emprego, amigos maravilhosos e um novo apartamento fantástico. Há apenas um porém: seu vizinho do outro lado do corredor é seu demônio pessoal, sem dúvida colocado ali para tornar sua vida um inferno. Pior que isso? Ela parece não conseguir ficar longe dele...

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1: Capítulo 1.

Livro 1: Bons Vizinhos

Lara pisou fundo no freio e deu um tapa no volante. A buzina de seu carro velho soltou um berro para o motorista que a fechou no trânsito.

"Filha, você está bem?" A voz preocupada de sua mãe veio do telefone, que estava no suporte de ar do lado do passageiro.

"Estou bem, mãe," Lara respondeu, tentando não soar irritada. "Tudo tranquilo."

"Você sabe que eu me preocupo..."

"Todo mundo sabe que você se preocupa," Lara resmungou baixinho.

"O que você disse?"

"Nada," Lara disse rapidamente. "Estou chegando no trabalho, mãe, preciso desligar."

"Tudo bem. Tenha um bom plantão, querida, e tome cuidado na volta para casa!"

"Pode deixar. Dá um beijo no pai por mim."

Lara se despediu da mãe enquanto estacionava no Hospital Geral Kinsley. Ela amava muito seus pais, mas às vezes conversar com eles a deixava com os nervos à flor da pele.

Ficou sentada no carro por alguns minutos para se acalmar. Depois da ligação com a mãe e de se estressar no trânsito, ela precisava de um momento sozinha.

Lara não gostava dos plantões noturnos porque dirigir até o hospital nesse horário era mais estressante do que de manhã. Ela sempre saía cedo para estar preparada, querendo dar o seu melhor no trabalho.

Lara se considerava sortuda.

Ela tinha um bom emprego, que a fazia se sentir realizada, mesmo sendo puxado. O hospital pagava o suficiente para ela alugar um apartamento legal e ter um carro, e sempre tinha comida na geladeira.

Na maior parte do tempo, sua vida era boa.

Mas quando as coisas ficavam ruins, elas ficavam ruins de verdade.

Algumas horas depois de começar seu primeiro dia de trabalho após duas semanas de folga para se mudar para o novo apartamento, Lara sentia que estava de volta à rotina normal. Tinha acabado de dar pontos em seu terceiro paciente da noite e, até agora, tinha sido um plantão tranquilo.

"Você tem mãos de fada." A voz do Sr. Mandaby tremeu enquanto ele observava Lara guardar o material de sutura. Ele parecia mal desde que chegara com um corte longo, mas não profundo, na perna.

Lara sorriu para ele, esperando acalmá-lo agora que estava tudo bem. "Eu era a craque dos pontos na minha turma," ela disse, meio brincando, meio falando sério.

Depois, Lara virou-se para a esposa dele, que estava ao lado, parecendo menos preocupada que o marido. Lara explicou como cuidar do ferimento antes de encaminhá-los ao médico do pronto-socorro, que iria prescrever os remédios necessários.

"Obrigada, Enfermeira Hendry," disse a Sra. Mandaby.

O Sr. Mandaby soltou um grito antes de pigarrear e dizer: "Sim, sim, obrigado, enfermeira." Ele esfregou o traseiro, que Lara imaginou que sua esposa provavelmente tinha beliscado com suas longas unhas vermelhas. "Espero que você tenha uma noite tranquila."

Lara não era muito supersticiosa, mas todo profissional de saúde sabia que, quando alguém dizia a palavra tranquila, o bicho ia pegar.

Naquele momento, um som tocou antes de um anúncio, e todos na sala ficaram em silêncio para ouvir.

"Código laranja, todas as unidades disponíveis se apresentem ao Departamento de Emergência. Repito, código laranja, todas as unidades disponíveis se apresentem ao Departamento de Emergência."

Como enfermeira do setor de traumatologia, Lara já estava na Emergência, então foi uma das primeiras a se apresentar à supervisora para receber instruções.

Aos poucos, e então de uma vez, mais funcionários do hospital chegaram à área. Enfermeiros, auxiliares, médicos, qualquer um que não estivesse ocupado com um paciente veio ajudar.

Uma ponte da rodovia havia desabado, deixando vários mortos e feridos. Como o centro de trauma mais próximo, o KGH receberia muitos pacientes de emergência.

Depois que todos foram orientados, Lara começou a preparar leitos para o primeiro grupo de feridos que chegaria à sua área. Quando os pacientes começaram a chegar, Lara ajudou onde era mais necessário.

Enquanto auxiliava um médico a cuidar de uma fratura exposta, Lara olhou para o lado e viu o Dr. Baumgartner, chefe de cirurgia do KGH e cirurgião de traumatologia. O médico a encarou por um longo momento antes de balançar a cabeça em desaprovação.

Lara sentiu o sangue ferver.

O Dr. Baumgartner era conhecido por ser um osso duro de roer. Mesmo tendo trabalhado com ele muitas vezes, preparando pacientes para cirurgia, auxiliando a equipe dele no pronto-socorro e cuidando dos ferimentos de seus pacientes, ele sempre encontrava algo errado no trabalho dela.

Lara sabia receber críticas, mas ele sempre passava dos limites. Quando ela fazia um trabalho impecável, ele ainda dizia que ela não tinha sido gentil o suficiente com os pacientes.

Isso era um tanto quanto irônico vindo de um homem que conseguia ser mais azedo do que um limão.

Um tempo depois, enquanto limpava a área e dava alta a dois pacientes que haviam sofrido pequenos cortes, Lara ouviu uma comoção.

Duas macas adiante, um paciente grande se debatia violentamente em seu leito. Seus braços e pernas atingiam médicos e enfermeiros, e uma bandeja de instrumentos caiu no chão.

Lara pegou instrumentos limpos e correu para lá, colocando-os longe antes de tentar ajudar a contê-lo. Ela quase amarrou um de seus pulsos quando ele se soltou novamente.

Sua mão grande veio em direção à cabeça dela, mas parou de repente.

Outra mão agarrou o punho na frente do rosto dela e o empurrou para baixo, segurando-o forte o suficiente para que ela conseguisse amarrá-lo.

"Você está bem?"

Lara se virou para olhar o auxiliar que acabara de impedir que ela levasse um soco no olho, talvez até de sofrer um traumatismo craniano. "Sim, estou..."

Ela parou de falar quando viu o homem musculoso ao seu lado. Uau. Como ela nunca o tinha visto antes?

"S-sim, estou bem, obrigada. Você salvou minha vida," ela disse, meio brincando.

"Que nada, só o seu olho," ele brincou com um sorriso simpático.

Ele ajudou a equipe a garantir que todas as amarras estivessem bem presas antes de ir ajudar outras pessoas que precisavam dele. Considerando o clima de choque e medo que tomava conta do hospital, Lara tinha certeza de que havia mais pacientes agitados que precisavam ser acalmados.

Só quando seu longo e difícil plantão terminou, ela percebeu que nem sequer tinha perguntado o nome dele.

***

Lara folheava distraidamente sua correspondência enquanto subia no elevador até o seu andar. Normalmente, ela até gostava de olhar as cartas, mas estava cansada demais para isso hoje.

Propaganda, propaganda, conta e mais propaganda.

Ela suspirou enquanto continuava olhando os envelopes e... aquela correspondência não era dela.

As portas se abriram, e ela passou por elas, virando à direita e ainda olhando para o nome que não conhecia.

Zavien Crane.

Talvez fosse o antigo morador, ou algum vizinho que colocou o número do apartamento errado.

Que falta de atenção.

Ela franziu a testa, pensando na história dessa pessoa, quando de repente esbarrou em um corpo duro e quente.

"Ai meu Deus, me desculpe!" ela disse, se abaixando para pegar os papéis que caíram no chão. "Tive um dia puxado no trabalho, e sou tão desastrada..."

Lara parou, encarando e piscando para o homem à sua frente, ainda agachada no carpete do corredor.

Lá estava ele - o homem musculoso do hospital - estendendo os envelopes para ela.

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