Juniper é uma lobisomem que não consegue se transformar. Quando seu pai, o alfa, a expulsa de sua própria matilha, ela se torna uma renegada em uma terra estranha. Mas Juniper está prestes a conhecer outro alfa. Aquele que mudará sua vida para sempre...
Chapter 1
Feliz aniversário para mimChapter 2
Amigos ou inimigos?Chapter 3
Outra tempestade chegaChapter 4
Até logo, até mais, adeusJUNIPER
Era para ser um dos dias mais felizes da minha vida. Eu devia estar alegre.
Exultante.
No entanto, o peso do que estava por vir nesse dia, meu décimo terceiro aniversário, era um buraco devastador de ansiedade e depressão.
Havia expectativas que eu precisava atender. Expectativas que eu tinha que cumprir se eu quisesse ser aceita pelo meu pai e pela minha mãe.
Os aniversários eram uma provação – pelo menos para mim. Eu não consigo me lembrar exatamente de uma época em que meus pais celebraram meu nascimento. Não que eles demonstrassem muito afeto fora dessa data também.
Em vez disso, fui empurrada para os meus avós, um pequeno milagre que passei a apreciar à medida que eu crescia. Foram eles que me criaram, me ensinaram, me amaram.
Como em muitos dos meus outros aniversários, a manhã começou nublada e cinzenta.
A chuva cuspiu do céu contra as janelas. O som dos pingos batendo na casa era calmante, um bálsamo para os meus nervos em frangalhos.
Eu não estava nervosa com o meu aniversário. Mas com o que, supostamente, deveria acontecer neste dia. Todos – meu pai, minha mãe, o resto da minha família, nossos vizinhos, nossa matilha – estavam esperando que eu fosse lá na frente deles e me transformasse pela primeira vez.
Hoje eu tomaria meu lugar de direito como herdeira alfa.
Isso é, se eu conseguisse me transformar na minha loba.
Comi sozinha, um café da manhã sem graça que eu poderia ter dispensado.
Foi um trovão, que sacudiu a casa, seguido por vozes distantes tentando gritar por cima dele, que me deu a pista sobre o perigo que me esperava lá fora.
A chuva estava mais forte, ou talvez tenha aumentado quando cheguei à varanda da frente. Pessoas do meu bando se aglomeraram e murmuravam, mas eu não conseguia entender o que diziam.
Então, um por um, eles me viram e ficaram em silêncio. Apesar da chuva torrencial, todos estavam lá. Adultos, crianças, meu avô.
Meu pai.
Ao lado dele estava Jacob, altivo e orgulhoso. Ele era novo na matilha, um órfão que meu pai acolheu. Meu pai adorava Jacob e o tratava como um filho.
Isso me deixava com ciúmes.
"Juniper. Venha."
Eu queria dar um passo para trás, voltar para o meu quarto, dormir.
Quem me dera.
Mas eu não tinha saída. Eu precisava fazer o que ele exigia.
Dei um passo à frente, na lama barulhenta, e a multidão se afastou.
"Dayton, ela não está pronta", meu avô implorou. Eles se pareciam muito, mas enquanto os olhos do meu avô estavam cheios de calor, os do meu pai mostravam uma frieza cortante.
"Ela tem que estar. Ela vai estar. Nenhum filho meu existe sem seu lobo." Meu pai esperou com expectativa enquanto eu me aproximava.
"O que está acontecendo?" Minha voz era quase um sussurro e vacilou quando meu avô olhou para mim. Havia medo em seus olhos. Desespero.
"Por favor, filho. Ela é sua filha." Com as palavras do meu avô, o rosto do meu pai se contorceu em um sorriso cruel.
"Se June for digna, ela vai se transformar. Ela vai lutar. Como todos os alfas antes dela. " Jacob já se transformava em seu lobo. Ele tinha sangue alfa, como eu, e se transformou pela primeira vez recentemente, em seu décimo terceiro aniversário.
"É muito cedo."
Eu não sabia onde minha avó estava naquela manhã, mas mamãe estava lá, uma espectadora silenciosa com um olhar de indiferença. Quando ela falou, porém, suas palavras foram tão frias quanto as de meu pai. "Não se for para acontecer. Um alfa respeitável muda em seu décimo terceiro aniversário. "
"Você não entende. Vocês nunca entenderam." Meu avô foi para cima do meu pai, implorando.
"Basta!" Outro estrondo de trovão acompanhou o grito de meu pai, e ele empurrou meu avô para o chão.
"Pare!" Eu estava diante deles agora, indefesa e apavorada. O lobo de Jacob estava parado ali do lado, ameaçador. Meu pai se virou para mim, sua expressão cheia de malícia e de uma agitação ansiosa.
"Está na hora, Juniper. Você sabe que hoje é o dia. Faça sua transformação e lute pelo seu título com Jacob. "
Eu não consegui.
Tentei e tentei, chamando minha loba, torcendo por qualquer sinal de transformação, mas eu estava travada, congelada.
O clique de uma arma soou – ainda mais ensurdecedor do que a chuva ou o trovão. Eu vi meu avô estremecer quando o cano pressionou sua cabeça. Os olhos do meu pai brilharam cruelmente, enquanto ele cravava a arma na têmpora do meu avô.
"Transforme-se ou vou matá-lo." Sua mão não tremeu. Não tremeu. Permaneceu estável e a multidão assistia em silêncio.
Implorei a eles e ao meu pai. Implorei à minha besta interior.
"Transforme-se!"
"Eu não consigo!"
A arma disparou.
***
Com o coração acelerado e encharcada de suor, pulei da cama, o som do estrondo ainda ecoando em minha cabeça.
Outro pesadelo.
Outro sonho revivendo o pior momento da minha vida.
Você está segura agora, June. Acabou.
Starlet. Suspirei de alívio, confortada por suas palavras. Meu batimento cardíaco desacelerou, meu coração não tentava mais sair do meu peito. ~Eu gostaria de não ter que ficar revivendo isso.~
Eu gostaria de ter vindo para você mais cedo.
Starlet veio até mim depois daquele dia horrível, cinco anos atrás, embora ainda não tivéssemos completado nossa transformação. Minha loba não me contou o porquê, e ela ainda não contaria. Eu não me importava. Eu a tinha – uma amiga querida quando eu mais precisava de uma – e isso era o mais importante.
Uma batida suave nos despertou e a porta se abriu.
Minha avó entrou, sorrindo quando me viu de pé. Os anos foram gentis com ela, mas o estresse de perder seu companheiro há cinco anos deixou sua marca nas linhas ao redor de seus olhos e nos seus ombros sempre curvados.
Eu tinha certeza de que ela me culparia por aquela manhã. A devastação em seu rosto ao ver meu avô morto no chão me convenceu de que eu também havia a perdido. O grito dela assustou meu pai o suficiente para ele recuar.
Depois de um tempo, minha avó veio até mim e me envolveu em seus braços. Ela me levou para sua casa, e lá fiquei pelos últimos cinco anos.
Eu estava morrendo de medo de ir embora, com a certeza de que meu pai repetiria comigo o que tinha feito ao meu avô. Juntas, decidimos que seria melhor eu ficar escondida com segurança até que, bom, algo me fizesse ir embora.
"Feliz aniversário, June. " Ela arrastou os pés ao longo das tábuas que rangiam. Em suas mãos estava um pequeno bolo com velas tremeluzindo no topo. "Faça um desejo, menina."
Eu sorri e fechei meus olhos, me concentrando.
Uma brisa varreu a sala. As cortinas se moveram e a porta se fechou. Quando abri meus olhos novamente, as velas estavam apagadas e minha avó estava com uma expressão de espanto e os cabelos bagunçados pelo vento.
"June!"
"Você disse que eu deveria praticar!"
"A magia não foi feita para ser usada dessa forma. Especialmente os poderes elementais. " Ela me repreendeu enquanto arrumava o cabelo.
Com um pensamento, reacendi as velas e pequenas chamas apareceram com uma faísca de magia. Franzi os lábios e as soprei normalmente, sorrindo inocentemente para a minha avó, que estreitou os olhos para mim.
"Está bem, está bem", ri, cedendo. "Desculpe."
A expressão da minha avó suavizou, um sorriso deslizando em seus lábios.
Meus poderes mágicos foram surgindo gradualmente ao longo dos anos em que morei aqui. A primeira vez que mostrei sinais de magia elementar foi quando acordei com febre e enchi o banheiro de vapor por muito tempo.
Minha avó lidou com aquilo com tranquilidade, apesar de ser outro fenômeno anormal sobre mim. "É porque você é especial, Juniper. Você vai fazer grandes coisas, garotinha ", ela me disse, quando eu cheguei chorando.
"Está chovendo de novo hoje?" Ela fez que sim com a cabeça, mas não fiquei surpresa.
Sempre chovia no meu aniversário.
"Vou estar fora hoje. Tenho que ir até a casa de Tabatha ajudá-la com uma coisa. " Ela tirou o cabelo do meu rosto, preocupada. "Você vai ficar bem se eu sair por algumas horas?"
Sorri suavemente. "Vai lá ajudar a Tabatha a sair da confusão que ela arrumou desta vez."
Eu tinha uma rotina, apesar – ou justamente por causa – de estar presa em casa. Café da manhã, deveres da escola, o máximo de exercícios que eu conseguia fazer, tempo livre e depois jantar. As noites eu geralmente passava como a minha avó assistindo a qualquer programa de TV em que estivesse viciada.
Hoje, porém, eu me peguei olhando para o quintal. Às vezes, eu queria muito sair para o calor do sol ou para sentir o respingo frio da chuva ou só a carícia do vento. No começo, esse desejo era insuportável, mas aprendi a reprimi-lo.
Pelo menos, imaginei que sim.
Só quando eu estava na metade do café da manhã que percebi que era uma insistência da Starlet, me pressionando para ir lá para fora.
A gente devia sair hoje.
Eu gelei, a colher de cereal presa no meio da minha boca.
Starlet, por favor. Você sabe que não podemos.
Nós precisamos, June. Precisamos.
Mas não podemos! O que há de errado com você?
Eu sinto... que está na hora. Não é certo ficar trancada. Não para um lobo. Não para um humano. Eu podia sentir o desespero de Star, um poço de frustração borbulhando na superfície.
E honestamente? Eu também queria sair.
É muito perigoso. E se alguém nos vir?, perguntei, mas minhas palavras eram vazias.
Eu não acho que vai ter muita gente lá fora hoje.
Starlet estava certa, claro. O dia estava cinza e o tempo, horrível. Quase todo mundo da matilha ficaria em casa, certo?
Poderíamos passear pela floresta. Você sabe que vai ser difícil alguém te achar lá.
Eu não precisava de muito mais incentivo que isso.
O ar lá fora estava frio, mas a chuva tinha diminuído. Apesar disso, corri da varanda dos fundos para a copa das árvores.
A casa da vovó era isolada e dava para as florestas que cercavam a nossa matilha. Quase ninguém se aventurava perto daqui, e eu tinha minhas suspeitas que a minha avó estava por trás disso.
Caminhar por entre as árvores foi libertador. Era uma sensação de paz, silêncio, exceto pelos galhos e folhas se partindo sob os meus pés. Os pássaros cantavam preguiçosamente acima de mim.
Eu gostaria de sentir o calor do sol.
Essa era uma ideia maravilhosa. A pobre Starlet teve apenas um gostinho do mundo exterior antes de ter que se esconder naquela casa comigo.
Você não pode fazer nada, June?, ela me implorou.
Eu queria. Starlet era a minha melhor amiga. Ela me fez companhia nos piores momentos dos últimos cinco anos. Ela me manteve sã e era uma das poucas que realmente me amava.
Mas o que eu poderia fazer? Não é que eu conseguia controlar o clima.
Sinto muito, Star. Suspirei.
Senti Star murchar, seu coração se partindo, e o meu junto.
Fechei meus olhos, um suspiro profundo esvaziando meus pulmões.
Que tipo de vida era essa? A gente tinha que se esgueirar pelo nosso próprio quintal, com medo de que alguém nos visse. Arriscávamos nossas vidas para sentir o sabor do vento, a sensação do sol na nossa pele.
Se pelo menos...
De repente, o vento aumentou, agitando as árvores e perturbando os pássaros.
Meus olhos abriram quando as nuvens começaram a mudar e se dissipar e, em seu lugar, surgiu o sol.
Iluminado, quente e brilhante.
Eu fiquei lá, paralisada, absorvendo seu calor. Senti Star desabrochar dentro de mim como uma flor, seu espírito se elevando.
Eu não pude deixar de rir. Talvez esse pequeno pedaço de boa sorte tenha sido o presente de aniversário do mundo para mim.
"Você!"
Meu coração saltou quando voltei à realidade.
O estalo de um galho, um baque forte, fez eu me virar a tempo de ver um estranho, ameaçador e nada familiar.
PARABÉNS!
Você acaba de completar seu primeiro episódio diário de Mateo Santiago. 🏆
Esta é uma história de ficção imersiva, feita na medida para o seu dia a dia agitado.
Todos os dias, um novo episódio de 5 a 10 minutos.
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