
O Ladrão de Corações
Millie tem 32 anos, está solteira e decidiu que não aguenta mais desastres amorosos. Seu plano de vida é claro: “casada e com filhos até os 40”. Mas, para isso, precisa primeiro encontrar o cara certo. Quando já está prestes a desistir do amor, seu chefe — jovem, absurdamente bonito e um tanto ousado — aparece com uma proposta inesperada: ele mesmo vai bancar o cupido. Para Roman, seria só uma diversão passageira… ou pelo menos era o que ele pensava. Só que ajudar Millie a encontrar alguém logo se complica quando ele percebe que está se apaixonando de verdade. Agora, Millie precisa encarar a possibilidade de que o homem que ela tanto procurava pode ser justamente aquele que nunca imaginou. Entre faíscas, limites confusos e regras quebradas, tudo pode mudar.
Capítulo 1
MILLIE
A vida não é moleza. Ou você foge dos problemas ou eles te pegam. É uma luta constante para se manter firme e não jogar a toalha.
Eu nunca fugi de nada. Levei muita porrada, mas sempre tentei me levantar. Minha mãe dizia que esse era meu pior defeito: eu tinha me acostumado com a dureza da vida.
Parecia que eu nunca lutava por nada, então perdi anos sem ser quem eu poderia ter sido. Era como se a vida tivesse implicância comigo por eu não ser como todo mundo – por não me arriscar e ser espontânea. A vida simplesmente não ia com a minha cara.
Tivemos uma relação estranha por anos. Me machucava sempre que eu achava que ia ser bom. Me quebrava toda vez que eu pensava ter entendido o jogo.
Eu era uma mulher de 32 anos sem controle sobre minha vida ou meus relacionamentos. A vida metia medo, mas relacionamentos eram ainda piores. Minha mãe achava que eu tinha problemas com compromisso. Depois achou que eu era lésbica, e então que eu tinha problemas mentais. Por fim, assumiu que sua filha não tinha sido feita para o amor.
Eu nunca realmente evitei relacionamentos. Só não tinha encontrado a pessoa certa que me fizesse vibrar. Eu queria alguém com quem pudesse bater papo todo dia, compartilhar coisas e ficar a noite inteira conversando.
Hoje em dia, a maioria dos homens só quer ir para a cama. Não rola uma conexão de verdade. Sem química, sem construção lenta de sentimentos. Sem mais paixonites. É só atração física à primeira vista.
Eu não tinha estado em um relacionamento, mas ouvia muitos papos na sala de descanso. As histórias de relacionamento dos meus colegas me davam uma boa ideia de como era.
Era cansativo. Era difícil. Era uma batalha, e todo mundo só queria sobreviver a isso. E não era para o meu bico ainda.
O mais perto que cheguei de um namoro foi no último ano do colégio, mas eu não chamaria aquilo de um relacionamento de verdade. Era mais sobre querer contato físico. Era sobre satisfazer os desejos de uma adolescente com os hormônios à flor da pele.
Eu nunca tive muitos amigos quando era mais nova. Nunca fui convidada para festinhas. Eu batia papo com as pessoas, mas elas nunca ficavam tempo suficiente para serem amigos de verdade. Eu estava numa boa com isso.
Me acostumei tanto a não ter amigos que quando entrei na faculdade, nem tentei fazer nenhum. Nunca aproveitei ser jovem, livre e maior de idade para encher a cara. Nunca fui a festas da faculdade, fumei ou fiquei chapada.
Quando cheguei lá, já sabia que tinha perdido o bonde. Não fiz as coisas que garotas da minha idade faziam na adolescência e juventude. Não tive nenhuma dessas experiências. Não tinha lembranças felizes para contar para os meus futuros filhos.
Nunca me incomodou gostar de ficar na minha. Mas ainda assustava minha mãe. Ela marcava encontros de amizade para mim que eu não ia, e encontros com o filho da amiga dela, que eu cancelava em cima da hora.
Costumava irritá-la e preocupá-la, mas ela tinha jogado a toalha. Quando fiz 30 anos, ela caiu na real que não podia mudar quem eu era. Mas quando fiz 32, percebi que precisava mudar.
Naquele dia acordei me sentindo diferente, e de repente vi todos os meus arrependimentos. Entrei em pânico quando caí na real que não tinha nada além de um emprego com um chefe que eu detestava. Aquele dia me mudou porque me fez encarar a realidade em que eu vivia.
Eu não podia passar mais 32 anos assim. Não queria continuar na mesma rotina sem graça. Queria aproveitar o que a vida tinha a oferecer.
Eu queria amor. Queria paixão. Queria ser desejada. Queria o que todo mundo tinha. Acima de tudo, queria emoção.
O primeiro passo foi criar coragem para tentar namorar. Pela primeira vez, decidi me arrumar e sair, na esperança de conhecer uns caras atraentes e talvez ficar com alguém gostoso.
Mas a noite terminou sem eu trocar ideia com ninguém. Ninguém veio puxar papo comigo, e ninguém me pagou drinks, então acho que isso só acontece em filmes.
Sites de namoro eram o próximo da minha lista. Pensei que seria mais fácil conhecer alguém antes de sair. Havia mais coroas e feios do que bonitões.
Eu era o tipo de mulher que curtia homens como Andrew Garfield e Michael B. Jordan – embora meu xodó fosse Idris Elba. Minha mãe e eu adorávamos assistir aos filmes dele.
Aqueles eram bons tempos. Ela não passava metade do filme falando sobre envelhecer e ter filhos. O site de namoro finalmente começou a parecer promissor quando conheci um cara chamado Alfie.
Ele era legal e bonitinho, não um deus grego, mas bonitinho o suficiente para mim. Ele não me fazia cair na gargalhada, mas me fazia sorrir. Ele me deixava interessada em sua vida e em como eu poderia me encaixar nela.
Decidimos nos encontrar em um restaurante bacana e ver no que dava. No começo foi ok, mesmo ele sendo tão sem graça pessoalmente quanto por mensagem. Pensei que ele fosse apenas tímido e educado. Ele acabou sendo outra versão de mim mesma.
Eu queria alguém espontâneo, engraçado e divertido. Alfie perguntou quantos namorados eu já tinha tido. Ele acabou sendo interessado apenas em mulheres que outros homens desejavam.
Saber que tinha a mulher mais cobiçada o deixava todo empolgado. Tive que ir ao banheiro porque fiquei tão chocada. Não rolou segundo encontro ou despedida depois que saí de fininho do restaurante.
Joshua foi o próximo cara com quem saí. Ele era um gato, e achei que as coisas iriam bem. No momento em que ele abriu a boca, ficou menos atraente. Ele só queria falar sobre si mesmo.
Fez isso a noite toda, se gabando de tudo que tinha feito e faria, seus amigos, sua vida e seu trabalho, exagerando muito. Ficou puto comigo quando tentei falar sobre mim mesma e teve a cara de pau de dizer que eu gostava de falar de mim.
É seguro dizer que não dei um tapa nele quando saí do restaurante. Tinha prometido não sair em outro encontro por algumas semanas, mas quando conheci Reggie, um corretor de imóveis, quebrei minha regra.
Afinal, regras foram feitas para serem quebradas. Mas eis o que aconteceu: nunca cheguei a trocar ideia com Reggie. Ele olhou para mim e disse: “Você não é a mulher certa para mim.”
Ele saiu na hora, enquanto fiquei sentada, me sentindo uma idiota. Eu tinha certeza que era ele. Estava usando a camisa azul e gravata preta que disse que usaria.
Aqueles encontros tinham sido um fiasco, e desisti deles. Se eu estava destinada a ficar encalhada, morrer e ser enterrada sozinha, quem era eu para lutar contra o destino? Pensei que aceitaria.
Achei que teria que engolir essa até Stan, um contador, me convidar para jantar depois de nos conhecermos na cafeteria. Fiquei animada, mesmo ele não sendo o Henry Cavill. Eu estava prestes a sair com alguém que esperava ser o homem certo.
Ele poderia ser a resposta às minhas orações. Era verdade o que diziam: coisas boas vêm para quem espera – ou no meu caso, para quem tem paciência de Jó.
Stan me mandou mensagem com o endereço do restaurante onde planejávamos nos encontrar. Eu nunca tinha ido lá, mas ouvi dizer que era caro para caramba. Ouvi dizer que era o tipo de restaurante que esvaziaria sua conta bancária se você não tivesse um bom emprego.
Eu não estava reclamando, mas estava preocupada com nosso futuro e quaisquer filhos que pudéssemos ter. Não queria que Stan torrasse dinheiro comigo antes de perceber que estava viajando na maionese. Eu tinha que esperar até depois do primeiro encontro para começar a pensar em nomes de bebês.
Dois meninos e duas meninas. O restaurante italiano parecia um luxo quando saí do meu carro velho e caindo aos pedaços. Ajeitei minhas roupas – uma blusa preta rendada e saia justa que destacava meus seios e bumbum.
Não podia negar que tinha curvas. Era a única coisa que atraía idiotas para mim. Eu gostava do visual por dois motivos. Um, eu gostava de como me fazia sentir, e dois, eu ficava bem nele. Também era fácil de tirar.
Nunca achei que fosse bonita o suficiente para estampar a capa de uma revista. Eu era uma mulher de aparência comum e altura média, que parecia ter uns 27 anos. Meu cabelo escuro era longo e cacheado – difícil de cuidar, mas bagunçado o suficiente para parecer sexy.
Minha pele era marrom, e eu tinha olhos castanhos escuros com cílios longos e grossos. Meus lábios carnudos eram naturalmente vermelhos, com apenas um toque de gloss por cima.
Fui levada à mesa de Stan.
Quando me aproximei, ele se levantou, me deu um beijo na bochecha e puxou uma cadeira para mim.
Sorri nervosamente, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Estava com frio na barriga porque não queria estragar as coisas antes mesmo de começarem. Isso era importante.
Até agora, não tinha visto nenhuma bandeira vermelha – o que significava que ainda havia esperança. Eu torcia para que se saísse daqui hoje à noite com um namorado, minha mãe parasse de me encher o saco sobre casamento, filhos e morrer sozinha.
“Você está linda esta noite”, ele disse, me olhando de cima a baixo com aprovação.
“Obrigada.”
“Gostaria de vinho? Ou algo mais forte? O que quiser, não se preocupe comigo.”
“Um copo d'água, por favor”, eu disse educadamente, não escolhendo o vinho saboroso. Stan era o tipo de cara que fazia você se sentir à vontade. Foi sua simpatia que primeiro me atraiu.
Depois que pedimos, ele se recostou na cadeira, com um sorriso charmoso. “Como você está hoje?”
“Estou bem, obrigada. E você?” perguntei, caindo em uma conversa fácil e confortável. “Como está o trabalho? Você disse que era contador – números e tudo mais.” Sorri com uma risadinha. “Eu era uma negação em matemática no colégio. Era difícil me fazer sentar quieta durante a aula.”
Ele tentou não demonstrar, mas sua sobrancelha tremeu. Minha testa se enrugou levemente, o que me deixou inquieta, mas continuei sorrindo. Talvez eu estivesse viajando.
“O trabalho está ok”, ele respondeu rapidamente, não dizendo mais nada. Ele não respondeu ao resto do que eu disse. Embora parecesse estranho, eu não queria jogar a toalha ainda.
Todo mundo tem dias bons e ruins. Talvez hoje fosse o dia de folga de Stan. O fato de ele ainda ter vindo jantar mesmo estando de mau humor mostrava o quanto ele gostava de mim.
Quando o garçom trouxe nossa comida, Stan, como um cavalheiro, me disse para começar a comer primeiro. Coloquei meu garfo no pappardelle, um prato italiano, e dei a primeira mordida com um gemido. Quando caí na real do que tinha feito, meu rosto ficou vermelho que nem um pimentão.
“Desculpe”, eu disse, sentindo vontade de me estapear por ser tão sem noção.
Stan riu. “Tudo bem, Millie. Este restaurante é conhecido por ter a melhor comida. É por isso que é meu lugar favorito.”
Ótimo. Uma conversa começou. Eu estava com medo que o silêncio me enterrasse viva e me forçasse a cavar minha saída. Tinha me sentido desanimada quando ele não disse muito alguns minutos atrás, mas agora que ele estava falando, rindo e me dando chance de falar, me senti melhor.
Eu renasci. Como uma Fênix, voltei à vida. Sorri.
“Ah, você vem aqui com frequência?”
Ele assentiu enquanto comia seu bife Fiorentina. “Já experimentei todos os pratos do cardápio, mas tenho que dizer, eles têm o melhor bife da cidade.” Ele apontou para seu prato. “Digo a todos os meus encontros para pedir o bife, mas você, eu sabia que gostaria de outra coisa. Deixei você pedir, mas peço por todos os meus encontros.”
Congelei. O garfo na minha mão poderia muito bem ter derretido porque não conseguia mais senti-lo.
Mas eu não queria fazer um barraco, especialmente porque planejava voltar. O ambiente era agradável e a comida parecia boa.
Mas agora, tinha gosto de cinzas. Que apetite arruinado.
“Sim”, ele disse, sem um pingo de vergonha. “Você não achou que era a primeira que eu trouxe aqui, achou?” Ele riu suavemente, cortando um pedaço do bife e colocando na boca, me observando como se estivesse me provocando. “Você é a quinta mulher que trouxe esta semana.”
Pausa.
Seu sorriso aumentou. “Mas você é uma das minhas favoritas”, ele continuou, como se estivesse batendo papo com seus amigos, falando tudo aquilo sem vergonha nenhuma. “Eu sabia que você era incrível assim que te vi. Você era calma. Gostei disso.”
Meu garfo escorregou dos meus dedos e caiu no prato. Cerrei os dentes e escondi minhas mãos debaixo da mesa para poder fechar os punhos enquanto respirava fundo.
“O que exatamente você quer dizer? Você está–”, eu me interrompi, com medo de que quanto mais eu falasse, mais engasgaria com minhas palavras. Mas eu tinha que continuar porque QUE PORRA ERA AQUELA?
Eu estava gritando, me jogando contra as paredes, batendo minha cabeça no concreto, rasgando minha pele e berrando o mais alto que podia. Tudo isso dentro da minha cabeça, claro. Por fora, mantive minhas emoções sob controle.
Respirei fundo, tentando me acalmar. “Stan, você está saindo com outras pessoas além de mim?”
Seus olhos se arregalaram. “Saindo?”
Foi a primeira vez que ele pareceu surpreso. Quer dizer, ele parecia estar prestes a gritar mais do que eu agora.
“Sim. Você está saindo com outras enquanto está saindo comigo?”, perguntei educadamente. Talvez educada demais. Talvez eu precisasse segurar algo afiado na mão. Como a faca no prato dele. Sim, acho que a faca conseguiria cortar sua pele. Talvez não fosse afiada o suficiente para causar muito estrago, mas o suficiente para machucá-lo.
Ele começou a rir. Eu não estava de brincadeira. A risada virou uma gargalhada, e ele abaixou a cabeça, abafando os sons com o guardanapo enquanto seus ombros tremiam.
Todo meu sangue virou gelo, me deixando fria e entorpecida. Meu coração era a única coisa que parecia estar batendo. Batia rápido e tremia. Tremia de frustração, medo e raiva.
Eu estava brava.
Brava não, eu estava puta da vida.
“Como é que é?”, eu disse entre dentes cerrados, interrompendo sua risada. Eu não ia ficar sentada aqui e ser ridicularizada. “Que porra você está fazendo?”
“Não, o que você está fazendo?”, ele retrucou quando parou de rir. Ele se recostou na cadeira, jogando o guardanapo na mesa. “O que te fez pensar que estávamos namorando, Millie? Você e eu?” Ele riu. “Você não está falando sério, está? Eu não vou namorar você.”
Meus olhos se arregalaram. “Como é que é?”, perguntei chocada. Minha incredulidade deveria ter sido gravada para que eu pudesse pendurar uma lembrança da minha decepção e fracassos nas minhas paredes. “Você não planeja me namorar, mas me convidou para sair?”
“Acho que você está confundindo as coisas”, ele disse calmamente. Ele nem estava nervoso. Estava gostando disso. Parecia que não era a primeira vez que ele tinha essa conversa. Isso parecia tranquilo demais para ele.
Eu o encarei.
“O único relacionamento que teremos é sexo, como aconteceu com todas as outras que conheci esta semana. Estou te pagando o jantar e sendo fofo para ter uma chance de transar com você.”
“Como é que é?”, estourei. Meu vocabulário tinha diminuído para esta frase. Droga. Se eu não conseguia pensar em mais nada para dizer, era ruim. Minhas entranhas estavam prestes a se desintegrar, mas felizmente, eu ainda estava viva para ver este momento. Este era o ponto em que eu, Millie Jenson, tinha falhado completa e miseravelmente na minha busca por um homem. Pior, Stan era a pior pessoa com quem eu já tinha saído.
Eu queria socar a cara dele, pegar um garfo e furar seus olhos, esfaqueá-lo na nuca e arrancar sua carne como as pessoas cavam túmulos. Eu imaginava colocar cada camada de sua pele no chão como bacon numa frigideira. Meu corpo trêmulo e coração furioso, o fogo ardente dentro de mim, não queria nada mais do que tirar a vida deste homem.
“Não posso namorar você quando sou casado, Millie”, ele continuou calmamente.
“Achei que você soubesse. Eu estava usando minha aliança quando nos conhecemos.”
Mesmo que tudo que eu quisesse fazer fosse levantar e espancar ele, eu era muito boa em me controlar. Como eu pude ter perdido algo tão importante quanto uma aliança no dedo dele?
Eu deveria ter notado, mas não notei porque fui burra feito uma porta. Perdi quem ele realmente era porque estava tão animada por ter sido convidada para um encontro.
Meu sangue estava quente e minhas entranhas ferviam. Suor se formou na minha testa. Engoli em seco. Minha boca estava seca.
“Por que diabos você me convidou para sair quando é casado?” Perguntei com raiva, segurando meu vestido com força enquanto minha vida de sonho desmoronava diante dos meus olhos. Todos os meus planos foram jogados pela janela.
“Porque você é gostosa”, foi sua resposta inteligente. “Eu gostaria de ir para a cama com você.”
Olhei feio para ele antes de me levantar, não querendo passar mais um segundo com ele. Todo o meu corpo tremia violentamente. Eu poderia acabar atrás das grades se não saísse agora.
Peguei minha bolsa. “Você é um porco, e espero que sua esposa perceba que porco você é.” Então rapidamente caminhei entre as mesas, não notando os dois pares de olhos divertidos me observando. Respirando tremulamente, saí do restaurante.
Recebi o ar frio na minha pele enquanto ele entrava. Se ao menos pudesse acalmar a tempestade furiosa no meu coração. Lágrimas de raiva e vergonha ameaçavam sair dos meus olhos, mas as forcei de volta.
De jeito nenhum. De jeito nenhum. Não por homem nenhum. Eu sabia que não estava destinada a conhecer alguém. Não estava destinada a me apaixonar.
Quem era eu para lutar contra o destino?
Fiquei parada na calçada, olhando para a noite fria. O homem certo devia estar se divertindo em algum lugar lá fora naquele momento. Ou talvez ele estivesse olhando pela janela, pensando em mim tanto quanto eu pensava nele.
Talvez, o que me esperava fosse nada.
Franzi a testa, afastando o pensamento da minha cabeça. Nada de bom vinha de pensar em alguém que não existia.
“Com licença, senhorita.” Tudo que meu cérebro notou das palavras foi o sotaque. O sotaque sexy. A voz rouca.
Virei-me lentamente. “Sim, posso ajudar?”
Ele sorriu maliciosamente. “Não, mas acho que posso ajudar você.”














































