
A Corte do Inverno: Prólogo
Cazimir, o implacável rei Unseelie, está aprisionado na inimiga Corte da Primavera, privado de poder e orgulho. Seraphina, uma jovem princesa da Corte da Primavera, arrisca tudo para libertá-lo.
Vamos mergulhar em um mundo mágico de segredos da realeza e desejo proibido?
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Capítulo 1
Cazimir, o rei da Corte do Inverno, era um grande idiota.
Apesar de toda a força do Caz, as correntes não cediam.
O que estava deixando ele irritado.
Ele não fazia ideia de quanto tempo estava na masmorra do seu inimigo, feito prisioneiro por causa da sua própria ignorância. Já fazia pelo menos alguns dias. O irmão dele, Samael, com certeza já foi avisado que ele estava desaparecido.
O Caz sabia que seu irmão cairia na gargalhada quando descobrisse o que tinha acontecido com ele. O rei do Inverno, conhecido por ser frio, cruel e vingativo, tinha sido capturado por alguns soldados da Corte da Primavera que provavelmente tinham acabado de dançar num campo de flores.
O lábio superior do Caz se curvou, mostrando seu canino afiado. Só de pensar naqueles palhaços que o tinham capturado, ele ficava com ânsia de vômito.
Mas ele sabia que a maior parte da sua raiva era direcionada a si mesmo.
Caz deveria ter sido mais esperto e não ter dado ouvidos a uma velha vidente maluca. Ele deveria ter dado meia-volta quando ela lhe disse para entrar no território da Primavera para salvar o seu ‘destino’. Ele quase seguiu a sua intuição e a ignorou.
Então, ele seguiu o conselho dela. Cavalgou noite adentro para o lugar que ela descreveu. Atravessou montanhas nevadas e rios congelados que começavam a derreter conforme ele se aproximava da fronteira com a Corte da Primavera.
A sua mente estava tão preocupada em tentar decifrar as palavras da vidente que não percebeu quando seu escudo encantado começou a falhar.
Foi apenas por um instante—segundos, no máximo—mas foi o suficiente. Seu poder sombrio se espalhou pela floresta, fazendo as pequenas criaturas fugirem e perturbando o ar ao seu redor.
Logo depois, soldados da Primavera apareceram, atraídos pela movimentação.
Ele poderia ter matado eles e seguido em frente. Mas aqui na Corte da Primavera, a magia era forte. Um poderoso Fae da Primavera poderia conversar com as árvores, as plantas e o musgo, e logo o próprio solo estaria contra ele. As plantas sussurrariam para seus governantes que o rei do Inverno tinha entrado em suas terras sem ser convidado.
Matar aqueles soldados teria dado início a uma guerra.
Agora que teve tempo para refletir, ele foi capaz de admitir a verdade. Ele se lançou pelas terras inimigas sem pensar duas vezes, não porque era o seu dever, mas por causa da rainha da Primavera.
Ele se agarrou às palavras da vidente como um tolo, com a esperança de que o seu ‘destino’ pudesse estar envolvido com o da mulher que ele amava há tanto tempo.
Anos atrás, ele se apaixonou pela princesa da Primavera e fez de tudo para fazer ela perceber que ela deveria ser dele. Celeste parecia perfeita e muito diferente dos Faes estúpidos da sua corte.
Fria. Calculista. Cruel.
Todas as qualidades de uma boa rainha da Corte do Inverno.
Ele queria ela como a sua esposa e rainha. Ele a amava profundamente e estava disposto a fazer qualquer coisa para tê-la.
Ela também o amava. Ou era o que ele achava. Foi só quando ele soube que ela tinha se casado com o rei da Primavera, seu primo distante, que entendeu o quão pouco significava para a Celeste.
E agora, quase cinquenta anos depois, ele estava na prisão do marido dela.
Caz cerrou os dentes e se moveu para frente sobre os joelhos, esticando os braços atrás das costas enquanto tentava arrancar a corrente da parede usando apenas o peso do seu corpo. A magia pulsava em suas veias, ansiando para sair e poder libertar ele.
Se pudesse.
Ele podia controlar as sombras, se misturar com elas e desaparecer, podia controlar gelo e neve, e até mesmo a Morte. Mas ele ficava impotente assim que as algemas tocavam os seus pulsos.
Passos pesados ecoaram do lado de fora de sua cela, sapatos elegantes fazendo barulho no chão de pedra. Em seguida, veio o som de uma chave sendo inserida na fechadura.
Embora soubesse que nenhum visitante seria bom, ele estava curioso.
Ninguém desceu até ali desde que ele tinha sido capturado. Quem estaria visitando ele agora?
Seu coração, aquela coisa estúpida, se apertou quando o rosto da Celeste surgiu na sua mente. Seria ela? Vindo visitar um antigo amante apodrecendo em uma cela?
Uma parte patética dele esperava que sim.
A porta se abriu e a luz da tocha do corredor iluminou a cela escura e vazia.
A barriga dele pendia sobre o cinto marrom, sua camisa verde-clara estava muito apertada mesmo tendo os melhores alfaiates da terra. Cabelos loiros claros e cacheados emolduravam seu rosto, escondendo grande parte de sua coroa. Uma barba bem aparada cobria a parte inferior de seu rosto, mas nada podia esconder seu sorriso presunçoso.
Guardas pararam ao lado dele, se apertando na pequena cela e permanecendo imóveis como estátuas ao longo da parede mais próxima, com as mãos nas espadas enquanto esperavam seu precioso rei.
Caz não reagiu, sua expressão, fria como sempre, não mostrava nenhuma emoção enquanto encarava o outro rei como se fosse um inseto a ser estudado.
“Não tem nada a dizer, Cazimir?”, o Rei Auburn perguntou, seu sorriso desaparecendo, a diversão em seu rosto sendo substituída por outra coisa bem mais feia. “Ou você estava esperando ver minha querida companheira Celeste?”
Caz ficou tenso.
Ele amou Celeste em segredo todos aqueles anos atrás. Ninguém deveria saber sobre isso.
“Ah, sim”, o rei continuou com um sorriso satisfeito. “Eu sei tudo sobre a sua paixonite. Você nunca foi sutil, Cazimir. Já foi tema de algumas piadas na minha corte.”
Caz se segurou para não responder, se sentindo furioso por dentro.
Mesmo que a Celeste tivesse rejeitado ele, ele nunca pensou que ela iria contar sobre qualquer momento que eles passaram juntos para o Auburn, muito menos para toda a corte dela.
Ele guardou aqueles dias íntimos para si mesmo por décadas, pensando neles à noite quando se sentia solitário. E saber que ela usou suas memórias mais preciosas para fazer seu grupinho de fadas rir—a traição era quase demais para suportar.
Um músculo se moveu na bochecha de Caz, mas ele permaneceu em silêncio enquanto o rei bobalhão continuava falando.
“A Celeste é linda”, disse Auburn, “então posso entender por que você ficou tão... apaixonado. Ela não é nada parecida com as criaturas horríveis da sua corte congelada. Mas minha compreensão termina no momento em que você entra nas minhas terras para vir atrás dela.”
“Não vim aqui por ela”, respondeu Caz, sua voz rouca depois de tanto tempo sem falar. Os Fae não podem mentir, mas nesse caso, Caz estava apenas distorcendo a verdade. A vidente não tinha dito que ele precisava entrar nas terras da Primavera para encontrar a rainha, então tecnicamente, não foi isso que ele fez.
Mesmo que ele esperasse que ela fizesse parte da profecia.
“Acha mesmo que vou acreditar nisso?”, Auburn cuspiu a pergunta, suas bochechas gordas ficando vermelhas de raiva. “Só uma mulher faria alguém como você perder a cabeça—arriscar a frágil relação entre as nossas cortes se infiltrando nas minhas terras como um espião qualquer. Se você não tivesse más intenções, teria me avisado da sua vinda.”
O homem deu um sorriso malicioso. “Mas você não avisou. Você se esgueirou pelo meu território como um ladrão no meio da noite, claramente com a intenção de roubar algo precioso de mim. E pensar que eu finalmente estava considerando te ajudar com o pequeno problema da fome da sua corte.”
Caz ficou imóvel, evitando de negar imediatamente.
“Já pensou em oferecer as orgias como um espetáculo para as cortes vizinhas?”, Auburn disse com a voz suave. “Tenho certeza de que as cortes Seelie pagariam um bom dinheiro para ver os Unseelie atacando uns aos outros como animais desenfreados.”
Sabiamente, Caz manteve a boca fechada.
Nos últimos anos, as colheitas no reino Unseelie tinham morrido, cada safra rendendo pouco ou nada, embora suas colheitas já tenham sido abundantes no passado. Mas agora? Seu povo estava morrendo de fome.
Pior ainda, nas raras vezes em que um campo produzia frutos ou grãos, eles causavam uma terrível doença em quem os comia. Era uma doença cruel, que primeiro fazia as suas vítimas enlouquecerem com uma luxúria incontrolável, forçando-as a se atirar sobre qualquer coisa que se movesse. Depois vinham as convulsões e a paralisia—e finalmente, a morte.
Nos últimos dois anos, ele trocou mensagens com as outras cortes Fae, esperando encontrar um aliado para salvar seu povo.
Verão e Outono haviam oferecido ajuda—por um preço alto. Outono queria algo terrível demais para se dizer, enquanto Verão queria que o Caz usasse seus poderes como uma arma contra os inimigos da corte. Nenhuma opção era boa para ele, mas ele acabou aceitando a ajuda da Corte do Outono—uma decisão que estava pesando na sua consciência nos últimos meses.
Quanto à Primavera... Bem, a Corte da Primavera não fez nenhuma oferta.
Uma pena—a magia deles teria sido a mais valiosa. A realeza da Corte da Primavera podia fazer a vida brotar do solo morto com apenas um sussurro de poder e um toque gentil. Até mesmo um único membro real da Primavera pisando no seu reino e usando o seu dom na terra... poderia ser o suficiente para salvar o seu povo.
Também evitaria que o seu irmão fizesse coisas terríveis em nome do Reino Unseelie como pagamento para a Corte do Outono.
“Não? Será que você está ocupado demais com a sua própria luxúria não correspondida pela minha rainha, querido Cazimir?”
Caz engoliu sua raiva, tentando ser diplomático. “É um mal-entendido…”
“Me solta”, Caz rosnou, sua última tentativa de ser educado desaparecendo enquanto o rei da Primavera zombava dele. “Me manter aqui vai ser considerado um ato de guerra.”
“Um ato de guerra?”, Auburn riu. “Seus exércitos podem ser mais fortes que os meus, mas foram as suas ações que nos trouxeram até aqui. Se a guerra estourar entre nossos povos, quem você acha que as outras cortes vão apoiar? Você? Escória Unseelie? Ou eu? Um rei Seelie injustiçado que só queria proteger seu povo?”
Caz estreitou os olhos, sua mandíbula se apertando em indignação, embora soubesse que Auburn estava certo. A Corte do Inverno abrigava todos os Unseelie, um grupo de Fae que as outras cortes consideravam anormal.
Enquanto todos os Fae Seelie eram belos, a maioria com poderes graciosos, os Unseelie eram mais rudes. Mais brutos. Os Fae mais sombrios viviam nas terras do Caz, simplesmente porque não eram bem-vindos em nenhum outro lugar.
Não que as cortes Seelie tivessem apenas Fae bondosos. Longe disso. Apesar de todo o seu discurso sobre bondade e beleza, a maioria dos Seelie era tão ruim quanto os da Corte do Inverno—eles só conseguiam esconder isso melhor.
“Vou te soltar. Eventualmente”, prometeu o Rei Auburn com um sorriso maligno. Ele olhou para seus guardas. “Deem ao Rei Cazimir a hospitalidade que ele merece depois da sua longa viagem.”
O Rei Auburn mal tinha saído pela porta quando o primeiro soco foi disparado, acertando Caz bem na lateral da cabeça. Os guardas o atingiram até que ele desmaiou, enquanto o ferro queimava seus pulsos e impedia a magia que poderia tê-lo ajudado a se curar.
O último pensamento de Caz enquanto o mundo escurecia ao seu redor foi que ele teria sua vingança. Ele mataria todos que o Rei Auburn amava até que não restasse ninguém da sua linhagem.
Mesmo que fosse a última coisa que ele fizesse.















































