A Princesa Guerreira

KANE

"O Príncipe Alexander e o Príncipe Matthew, acompanhando a Princesa Milly da Matilha da Lua Azul, estão aqui para vê-lo, vossa Majestade."

Levantei os olhos de meus livros e acenei para meu mensageiro deixá-los entrar.

Nixon, meu segundo em comando, observava de sua mesa no canto, enquanto os três convidados entravam.

Os príncipes eram altos e largos, com quase um metro e noventa de altura, e a mulher ficava entre eles, com uma altura média de um metro e setenta e cinco.

Suas feições contrastavam fortemente com as dos homens. Eles tinham cabelos castanhos dourados e olhos castanhos, enquanto ela tinha cabelos pretos e olhos azuis penetrantes que podiam enxergar dentro de sua alma.

"Bem-vindo à Matilha Lua Sangrenta. Acredito que sua jornada foi agradável?" Levantei-me e apertei a mão dos príncipes. A fêmea revirou os olhos enquanto eu passava, ignorando-a, e deixou cair a mão de volta ao seu lado.

Por que eu iria querer apertar a mão dela?

"Sim, foi satisfatório, obrigado," disse um dos irmãos.

Eu olhei para eles mais de perto.

Hum. Gêmeos.

"Desculpe. Estou tendo problemas para distinguir vocês dois."

Eles riram em uníssono. A fêmea observava cada movimento que eu fazia, com o queixo erguido em desafio.

Gosta do que vê, claramente.

Ela zombou e revirou os olhos, cruzando os braços sobre o peito.

"Eu sou Alexander e ele é o Matthew," disse o gêmeo à esquerda da mulher.

Eu balancei a cabeça. "Obrigado por isso. Vou tentar não confundir vocês dois."

"Não se preocupe. Isso acontece o tempo todo. Estamos acostumados." Alexandre riu.

Nixon se aproximou e apertou a mão dos irmãos, depois ficou na frente da mulher.

"O que há com o couro blindado?" Ele puxou a alça de uma arma em seu peito.

Ela endireitou os ombros e olhou para ele. "Eu sou uma guerreira. Isso exige que eu use um uniforme de guerreira."

Nixon se curvou de tanto rir. "Uma guerreira! Eu realmente ouvi de tudo agora." Ele olhou para mim, enxugando as lágrimas dos olhos.

Tentei e não consegui esconder meu sorriso.

Uma guerreira, de fato!

"Você é um..." Ela deu um passo à frente, mas Alexander e Matthew a agarraram de volta.

Eu ri para mim mesmo. Voltando à minha mesa, fiz sinal para que se sentassem.

Alexander e Matthew sentaram-se nas cadeiras e a mulher ficou entre eles.

"Posso perguntar o que traz vocês à minha matilha?" Recostei-me na cadeira, ignorando a mulher carrancuda.

Que coisinha feia.

"Nosso rei acredita que uma relação amigável entre matilhas vizinhas poderia ser benéfica no futuro," disse Matthew, enquanto Alexander concordava com a cabeça.

Meus olhos deslizaram novamente para a mulher parada entre eles e depois de volta para o grupo como um todo.

Nixon pigarreou atrás de mim. Eu compartilhei um olhar de compreensão com ele.

Rafael era um bom rei, excelente até. Implacável em sua juventude, foi um forte modelo para muitos jovens lobos da realeza enquanto eles ascendiam aos seus respectivos tronos, inclusive eu.

Mas com o passar dos anos, ele ficou frouxo.

Permitir o acasalamento entre lobos e bruxas – diluindo as linhagens, por assim dizer. Permitir o nascimento de mestiços, incluindo a própria família.

Ele manchou a linhagem real, jogando fora milhares de anos de lobos reais de sangue puro.

"Sim, bem, sempre acolhemos bem os relacionamentos com nossos vizinhos..." Antes que eu pudesse continuar, sirenes soaram por todas as terras.

"Humanos!" Nixon rugiu enquanto disparava para a porta. Eu estava logo atrás dele. Eu podia sentir os três membros da realeza nos seguindo de perto enquanto descíamos as escadas e saíamos para o terreno.

Meus guerreiros conduziam as mulheres e crianças para os bunkers. Os homens nos viram saindo da área de matilha e nos apontaram na direção dos intrusos.

Ao longe estava um grupo de humanos. Eles atravessaram nossas fronteiras, usando máscaras de esqui azuis, com alfinetes vermelhos no lugar dos olhos e facões nas mãos. Homem ou mulher, não importava. Eles iriam morrer hoje.

Durante o último ano, os humanos se tornaram um grande problema para mim. Todos os meses, um grupo atravessava as fronteiras. Todas as vezes nós os matamos ou os assustamos, mas eles sempre voltavam em maior número e mais fortes.

Eles estavam matando todos os meus lobos comuns. Esses eram facilmente substituíveis, mas, como Rei, eu odiava perder qualquer coisa para aqueles que estavam abaixo de mim. E os humanos estavam absolutamente abaixo de mim.

Virei-me para dizer à princesa irritante para se juntar às mulheres nos bunkers, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela passou por mim, empurrando Nixon com força para o lado enquanto passava.

Os gêmeos seguiram logo atrás dela, desembainhando as espadas enquanto corriam.

A fêmea correu mais rápido e saltou no ar. Girando através dele, ela caiu de quatro, socando o chão ao fazê-lo.

A terra retumbou debaixo dela. Alguns segundos depois, quando ela se levantou e desembainhou a espada, os humanos voaram alguns metros para trás em direção à floresta.

Ela deveria tê-los matado.

Fraca.

"Você tem que admitir, a fêmea é bastante impressionante," Nixon murmurou sombriamente ao meu lado.

Balancei a cabeça, cerrando a mandíbula com força, optando por permanecer em silêncio. Não havia como negar que todos os três eram lutadores excepcionais. Bem, eles eram filhos de Diego Gray.

Ela passou as mãos diante de si, derrubando mais humanos além da fronteira.

Mestiça imunda.

Meus guerreiros se viraram para mim em estado de choque. Uma guerreira era algo inédito em minha matilha. Praticamente criminoso.

Ela abriu caminho através dos humanos com tanta facilidade, os gêmeos trabalhavam em uníssono – era louvável.

"Não fique aí parado! Lutem!" Eu rugi para meus guerreiros. Nixon e eu avançamos.

Eu lidarei com a princesa guerreira mais tarde. Ela será repreendida. A presença dela dará às mulheres uma ideia errada.

Nunca haverá uma guerreira enquanto eu respirar.