Addy é uma jovem loba rejeitada. Em casa, sua vida é traumática e as coisas na escola não são muito melhores. Mas quando ela se torna maior de idade, ela descobre que o seu companheiro predestinado é Drake - que vai ser o alfa em alguns meses. Tudo muda. E não ajuda que Drake está envolvido com a maldosa Macie. O que vai acontecer quando ele descobrir quem Addy é na verdade?
Chapter 1
A rejeitadaChapter 2
Escola InfernalChapter 3
Por favor, agora nãoChapter 4
Descobrindo o meu destinoAddy
"Levanta, rejeitada. Você tem dez minutos pra tomar café da manhã." A voz do meu pai ecoa pelo quarto enquanto ele abre a porta, que bate contra a parede.
Eu abro meus olhos lentamente, tendo um vislumbre do corpo dele, que rapidamente sai do meu quarto. Sento, observando a minha cama de solteiro. O edredom rosa desbotado e os lençóis surrados são meus companheiros desde meu aniversário de 5 anos de idade. Esse foi o ano em que o afeto da minha família por mim desapareceu, para nunca mais voltar.
Levanto as pernas e empurro as cobertas para baixo, meus pés tocam no chão frio, causando um arrepio pelo meu corpo. Fiquei confinada no menor cômodo da nossa casa por tanto tempo que já deixei de ligar, assim como o abuso emocional a que meus pais me submeteram desde que descobriram que eu seria a única filha deles.
Eles me baniram da mesa de jantar, das viagens em família e das aparições públicas. Eles contaram a todos que a Deusa da Lua negou um filho a eles, que tudo o que conseguiram foi uma rejeitada. Caminho na ponta dos pés até o banheiro, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho que possa incomodar os meus pais. Abro o armário, e meus dedos tocam nos vestidos surrados.
Pego um vestido amarelo brilhante que a Myra me deu há algumas semanas, quando a acompanhei em um dia de compras no shopping. Eu cuidadosamente o tiro do cabide. Tentei esconder a minha alegria quando o experimentei naquele dia, por pura diversão, enquanto ela organizava as pilhas de novas peças para o seu guarda-roupas.
Ela o arrancou de mim enquanto eu tentava devolvê-lo na arara várias vezes, insistindo que eu não tinha dinheiro para comprá-lo. Ela sabe como os meus pais me maltratam, eles nunca me dão um centavo. Ela rejeitou meus pedidos para não comprá-lo, afirmando que era dinheiro de pinga na conta bancária do pai dela.
Somos amigas desde a sexta série, quando ela me resgatou de um grupo de meninas que estava me espancando em um canto do ginásio – hoje, meus braços estão cheios de marcas pretas e azuis do ataque que sofri ontem por um grupo que me encurralou depois do almoço. Um professor finalmente apareceu, fazendo com que os alunos se dispersassem. Eles me interrogaram durante horas, tentando extrair os nomes dos meus agressores, mas mantive a boca fechada, sabendo que as coisas só iriam piorar se eu dedurasse.
Coloco o vestido e um par de sapatilhas brancas surradas. As encontrei no lixo quando voltava para casa, há cerca de três anos. Uma família estava se mudando para outra matilha e deixou algumas peças de roupas e calçados para trás.
Eu trouxe as sapatilhas para o meu quarto, escondida, e coloquei no meu armário. Se os meus pais tivessem percebido, eles teriam me acusado de roubo e me forçado a devolver as sapatilhas, me repreendendo com palavras duras sobre como eles desejavam que a Deusa da Lua me levasse embora.
As palavras deles entram por um ouvido e saem por outro desde que tudo isso começou, quando fiz cinco anos. Não importa quão cruelmente eles falem sobre mim, meu coração não registra as palavras. Eles me faziam chorar quando eu era mais jovem e riam da minha cara enquanto eu soluçava com suas palavras cruéis sobre a filha rejeitada ~. Desço as escadas com leveza, indo até a cozinha. Uma fatia de pão amanhecido e algumas frutas maduras estão no meu prato; deixo escapar um suspiro.~
Eu daria tudo para ter uma família como a da Myra: seus pais são gentis e amorosos com todos os filhotes. Cada um deles têm um cartão de crédito vinculado à conta do pai, que deixa comprar o que desejarem. Enfio o pedaço de pão na boca e vou até a pia para lavar o prato laranja desbotado, o único prato em que posso comer. Abro a torneira e lavo o prato, colocando-o no canto onde ele deve ficar após o uso. Em casa, me sinto como um zumbi, executando mecanicamente as tarefas que meus pais me ensinaram ao longo dos anos; tudo deve seguir as regras da maneira correta.
Os lençóis da minha cama e o edredom foram as últimas coisas que meus pais compraram para mim. Estou surpresa que não tenham se desgastado tanto ao longo dos anos. Pego minha mochila do chão, que trouxe do meu quarto, e saio de casa, garantindo que o clique suave da trava da porta seja tudo o que meus pais vão ouvir. A Myra está dentro de seu carro Land Rover prateado e acena para mim, como faz todos os dias.
Meus pais não me levaram para tirar a carteira de motorista quando completei quinze anos, como todos os outros jovens dos Estados Unidos. Sou a única pessoa do último ano sem carro e sem carteira de motorista, mas continuo caminhando por aí, como a rejeitada que sou.
"Qual é a sensação de ter dezessete anos?" ela pergunta alegremente enquanto eu fecho a porta.
Encolho os ombros. "Não sei. Meus pais não me desejaram feliz aniversário nem reconheceram a minha existência. Antes de eu sair, eles estavam no escritório, esperando que eu encontre meu companheiro hoje pra se livrarem de mim."
O sorriso no rosto dela desaparece. "Não consigo entender como eles podem tratar você tão mal. Eles não merecem uma pessoa tão gentil e atenciosa como você..."
Deixo escapar uma risada amarga. "Você sabe tão bem quanto eu que eles não se importam comigo. Eu não fui o filho que eles queriam desesperadamente, e minha existência não é motivo de orgulho. Eles querem que eu acasale com qualquer um, mesmo que seja um Ômega pobre, pra nunca mais terem que olhar pra mim."
Seus olhos refletem a tristeza que eu tanto odeio ver. "Bom, hoje vamos fazer compras depois da aula. Lembra que os meus pais vão dar uma festa de aniversário pra mim amanhã à tarde, então precisamos comprar vestidos novos."
Eu gemo. "Myra, você sabe que não tenho dinheiro pra isso. Eu vou com você, mas não posso comprar nada. O vestido rosa que você me deu há alguns meses é bom o suficiente..."
Ela zomba, revirando os olhos enquanto dirige. "Você sabe muito bem que esse vestido não é adequado pra minha festa. Vou comprar um pra você, como sempre."
Balanço minha cabeça lentamente. "Você não entende… não quero que você continue me comprando coisas. Até que eu encontre o meu companheiro, não tenho como pagar de volta."
Ela dá um soco no meu ombro, me fazendo estremecer por causa do hematoma que ela atingiu. "Desculpa, ah meu Deus. Eu sinto muito!"
Esfrego meu braço lentamente. "Não se preocupa... É que eu não me curo tão rápido desde que a minha loba recuou e não tenho mais uma conexão forte com ela."
Ela rosna. "Seus pais deveriam ser banidos da nossa matilha assim que você encontrar o seu companheiro. Eles colocaram você nesse estado onde a sua loba não aparece há anos. Inferno, eu nunca a vi!"
Eu rio da declaração dela. "Ela não é nada demais. É bem diferente de qualquer lobo que já vi, o que pode ser outra razão pros meus pais se voltarem contra mim. Ela não parece uma loba normal."
Ela estala a língua. "Mesmo assim eu quero vê-la um dia. Aposto que ela é linda."
Foco o olhar na estrada, sentindo a minha loba se mexer um pouco antes de voltar a dormir. Ela não acorda frequentemente, mas a Myra me avisou que se eu não a deixar aparecer nunca, isso poderá causar problemas no futuro.
A última vez que me lembro de ter me transformado foi quando tinha quinze anos e fui correr. Fiquei chateada por causa de um vestido que queria para uma festa, mas meus pais não quiseram comprá-lo. A minha loba ficou com tanta raiva dos meus pais gritando comigo, que saí de casa e fui correr. Consegui controlar a raiva dela, voltando à minha forma humana. Ela me repreendeu por não ter me defendido, mas eu a fiz se submeter a mim, para que ela soubesse que eu estava no comando.
Depois que isso aconteceu, ela permaneceu nesse estado adormecido, sem querer fazer muita coisa. Ela rosna de vez em quando, mas nunca assume o controle para me proteger ou tentar me transformar. Foi uma luta fazê-la se submeter com a sua personalidade impetuosa, mas uma hora ela cansou.
Algo a está deixando nervosa hoje, pois ela está mais ativa do que o normal, andando de um lado para o outro... Houve momentos em que senti falta de falar com ela. Quando eu tentava, ela abria um olho e revirava-o para mim antes de fechá-lo novamente. Acabei desistindo de tanto ela me ignorar e não tento falar com ela há mais de um ano.
Hoje ela está se mexendo, o que é um pouco chato, pois ela se move cada vez mais à medida que nos aproximamos da escola.