A Última Esperança - Capa do livro

A Última Esperança

Karrie

Um novo alguém

LAKE

A escola está fervilhando com rumores e especulações sobre o que aconteceu naquela sexta-feira.

Alguns contam que Delilah tinha apenas entrado no banheiro e eu perdi o controle, enquanto outros dizem que eu a arrastei para o banheiro e a ameacei. Acho as histórias divertidas.

"Aqui, Sra. Mavris." A senhora Otis, instrutora de suspensão na escola, me conduz até uma mesa pequena e detonada no canto de sua sala de aula. Dá para perceber que ela não gosta de mim, não me deixando sentar nas mesas muito melhores vazias do outro lado da sala.

A senhora Otis é uma figura com forma de pêra. Ela tem muitas rugas no rosto e no pescoço. Sua expressão está sempre esquisita com suas sobrancelhas pintadas e uma cintilante sombra azul barata sobre os olhos. Ela parece escolher roupas de um tamanho menor, o que a deixa parecendo um muffin. Meus olhos sempre acabam se fixando em seus cílios grudados e emplastrados com quilos de rímel.

Eu me sento na cadeira apertada e coloco minhas coisas no chão ao meu lado. Eu mal consigo caber nessa coisa que eles chamam de carteira. Tenho certeza de que é para um aluno do ensino fundamental.

"Preste atenção", começou a sra. Otis. "Sem falar, olhar para trás ou conversar com os outros. Você deve terminar seus trabalhos escolares até o fim do dia, para não me deixar presa aqui depois das aulas. Se você terminar antes, pode fazer um crédito extra atribuído a você nas Diretrizes. Alguma pergunta? Não? Ótimo."

Com isso, a professora em forma de pêra cambaleou de volta para sua cadeira e começou a mexer em seu telefone. Revirei meus olhos e comecei minha lição de matemática.

Algum tempo depois, é hora do almoço. Meu apetite não tem estado muito bom ultimamente, então tomo água e como alguns biscoitos.

"O que eu disse sobre conversar?" A senhora Otis diz entre uma mastigada e outra do seu almoço.

Olho para ela me encarando. "Eu não disse nada. Estou apenas respirando, comendo e bebendo..."

"Faça todas essas coisas em silêncio ou vou denunciá-la ao diretor." Respiro fundo e peço desculpas o mais sinceramente que consigo antes de guardar meu almoço.

Este vai ser um longo mês.

Termino toda a minha lição e o meu crédito extra e ainda falta uma hora para o sinal tocar.

"Aqui." A senhora Otis joga uma pilha de papéis na minha mesa minúscula e eu olho para ela. "Leve esses papéis para os professores indicados nas notas. Leve suas coisas com você também. Isso vai mantê-la ocupada até o sinal."

Sinto os olhares fixos dos alunos espalhados pelos corredores da escola que estão trabalhando ou apenas matando aula. Alguns com medo, outros com ódio. De qualquer forma, ignoro todos eles.

Estou quase terminando de entregar os papéis quando uma grande multidão de garotas chama minha atenção. Parecem todas umas tontas, dando risadinhas para a porta do escritório. Meus olhos seguem os delas.

Uma figura vestindo uma jaqueta de couro, jeans e botas de motoqueiro se afasta. Seu cabelo castanho claro está penteado para trás e sua mochila cinza está jogada sobre seu ombro direito.

Sua figura alta e larga me lembra alguém, mas não consigo lembrar quem. Sem me importar muito com isso, dou de ombros e subo as escadas para a minha última parada antes que o sinal toque, anunciando minha liberdade.

"Oi, mãe." Afundo em um banquinho na frente da minha mãe que está fazendo o jantar. Landon e Riley seguem atrás de mim. Suas mãos estavam entrelaçadas quando eles entraram na sala. Riley se senta entre nós.

"Oi, pessoal." Minha mãe segura o peru recém-morto para mostrar as habilidades de caça do meu pai. Ele sempre vai caçar nas manhãs de ocasiões especiais. Desta vez, estamos celebrando meu irmão e minha cunhada, que estão completando seu vínculo de acasalamento.

Riley ri e meu gêmeo apenas revira os olhos, mas sorri também. A mão do meu irmão está descansando na coxa de sua parceira e os dedos dela estão preguiçosamente entrelaçados nos dele.

"O que foi? É uma ocasião especial!", minha mãe diz, animada. Ela usa o antebraço para afastar a mosca de seu rosto. Sempre me maravilhei com a beleza natural da minha mãe. Seu olhar penetrante parece cativar a todos.

Mesmo quando ela faz as coisas mais simples, como cozinhar, sua pele perfeita parece brilhar com a luz do sol que entra pela janela durante o verão.

"Lake, você ouviu sobre o novo aluno transferido?" Riley me tira dos meus pensamentos. Seus olhos estão fixos em mim enquanto Landon e minha mãe conversam sobre seu dia.

"Não, eu estive presa com a senhora Otis o dia todo, lembra?", eu falo, pegando uma maçã da tigela de frutas na ilha à minha frente.

"Ah, enfim, supostamente ele vem de um bando desconhecido do Leste. Todas as garotas não acasaladas estavam falando sobre ele hoje."

Dou de ombros e dou uma mordida na minha maçã. "Não sei se você notou, mas os meninos são a última coisa na minha mente atualmente."

"Lake, há rumores de que ele está procurando sua companheira." Riley me puxa escada acima para o meu quarto enquanto Landon sai com meu pai e mamãe continua na cozinha.

"Por que eu teria algum interesse nisso?", pergunto, enquanto minha melhor amiga senta na minha cama ao meu lado. "Eu já disse, meninos são a última coisa na minha cabeça agora."

"Talvez foi ele quem deixou você e Lynne desconfortáveis todo o fim de semana!", Riley praticamente grita, seus cachos ruivos naturais balançando. "Talvez ele seja seu-"

Eu levanto minha mão para interromper minha melhor amiga. Não consigo sustentar seu olhar; apenas encaro o chão.

"Não, Riley", murmuro "Por favor... só... não..."

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