Os Alfas da Floresta do Norte

EMMANUEL

"Sim. Eu acho que é apenas apropriado, não acha? Mamãe e papai são os Alfas da Floresta Sul, nós seremos os Alfas da Floresta Norte. É poético."

Eu o encaro por um minuto antes de perceber que ele está falando sério. "OK. Então, quem é o Alfa da Floresta do Norte de novo?"

Ez faz uma careta. "Peter Turner."

"Turner... ele não é o cara que teve problemas com o conselho por aprovar aquele casamento forçado?"

"Sim," Ez responde.

Ele abre uma das gavetas da escrivaninha e tira uma pilha de papéis.

"Sente-se, isso vai demorar," ele me diz.

Puxo uma das cadeiras e me inclino sobre a mesa. Ezekiel apresenta os papéis, mostrando formulário de reclamação após formulário de reclamação que foi arquivado no conselho sobre Alfa Turner.

"Ele tem quarenta e um anos. Ele tem sido Alfa nos últimos dezenove anos, desde que seu pai morreu. Ele tem um filho, que tem dezesseis anos. Sua companheira morreu há cerca de dez anos."

Pego um dos formulários e examino meus olhos sobre ele.

"Ele é famoso por encorajar acasalamentos benéficos ~ao invés dos verdadeiros escolhidos pela Deusa da Lua. Ele acredita que temos o poder de escolher nossa companheira.

"Ele encoraja os membros de sua matilha a rejeitar seu verdadeiro companheiro se o acasalamento não for benéfico e a encontrar alguém que ofereça mais sucesso na vida."

"Que bastardo."

"Fica pior. Ele não tem mulheres como seus subordinados ou em sua força guerreira. A matilha tentou derrubá-lo duas vezes, sem sucesso."

"Seu único seguidor verdadeiro é seu filho, que defende seu pai sem questionar."

"Ok, eu não preciso ouvir mais. Estou dentro. Quero que ele saia."

Ez sorri. "Bom. Eu disse a você que ele é a melhor escolha.

Ezekiel e eu nunca quisemos herdar o território de nossos pais. Sempre quisemos nos provar e ganhar nossos títulos Alfa.

Além disso, nossos pais não estão nem perto da idade de se aposentar. Eles ainda têm mais vinte anos liderando esta matilha e meu irmão e eu queremos assumir um bando no momento em que terminarmos a escola.

Temos apenas um mês antes dos exames. Dois meses e terminamos completamente.

Nós temos dezoito anos, nós dois estamos ansiosos para ser Alfas. Pode parecer jovem para alguns lobisomens, mas já ouvi falar de pessoas que se tornam Alfas aos dezesseis anos.

Contanto que você seja forte, maduro e tenha a cabeça no lugar, você pode ter sucesso. Ez e eu nos equilibramos. Ele é o pensador calmo e controlado, e eu sou a executora precipitada e impulsiva. Trabalhamos em equipe.

Assim que finalizamos nosso plano, levamos nossos pais ao escritório e mostramos a eles. Eles examinam, apontando buracos e fazendo comentários.

No final, eles concordam que é um bom plano. Eles estão preocupados, é claro, porque uma luta pelo status de Alfa geralmente é uma luta até a morte. A maioria dos Alfas não está disposta a entregar sua matilha.

Ez e eu não vamos enfrentá-lo ao mesmo tempo. Não seria justo. Nós dois lutaremos contra ele individualmente, e provavelmente contra seu Beta ou Gama.

Temos dois meses para treinar. Dois meses para ser o melhor que podemos ser. Dois meses até conseguirmos nossa própria matilha.

***

O dia chega muito mais cedo do que eu esperava. Depois que terminamos a escola em julho, visitamos a matilha da Floresta do Norte.

Alfa Turner aceitou nosso pedido de visita, sem perceber o que iríamos dizer a ele.

Temos que ver e conversar com algumas pessoas. Perguntamos a eles se estavam felizes na matilha, como se sentiriam sobre alguém desafiar seu Alfa.

A princípio, eles estavam preocupados que Alfa Turner tivesse armado e estivesse tentando prendê-los. Explicamos que nós dois queríamos desafiar Alfa Turner.

A reação foi incrível. Eles ficaram entusiasmados e nos desejaram boa sorte.

Nós nos encontramos com Alfa Turner em seu escritório e dissemos a ele que o estávamos desafiando verbalmente por sua posição. Então, assinamos o contrato de desafio físico na frente dele.

Ele riu na nossa cara. Ele nos disse que dois adolescentes não iam bater nele, um adulto.

Permanecemos sérios e profissionais. Foi difícil, especialmente quando tudo que eu queria fazer era rasgá-lo em pedaços, mas mantive a calma, pelo bem do meu irmão gêmeo.

Ele queria lutar contra nós dois ao mesmo tempo, a arrogância levando a melhor sobre ele. Recusamos e ele concordou em lutar contra nós separadamente, um após o outro.

Uma data foi escolhida. Uma semana a partir dessa data. Hoje, na verdade. Ezekiel e eu estamos parados no meio do campo de treinamento dos guerreiros.

A matilha inteira formou uma multidão por todos os lados, aqui para assistir ao evento. Nossa família e amigos estão na frente, segurando as mãos uns dos outros e rezando para a Deusa da Lua.

Brock, o filho de Alfa Peter, queria lutar contra nós, mas seu pai não deixou. Ele está parado ao lado, um olhar furioso em seu rosto.

Ele é apenas dois anos mais novo que nós, mas não vamos lutar com ele, ele parece muito jovem.

Ele não é muito alto e é bastante magro. Um Alfa fraco às vezes pode gerar descendentes fracos.

Seu tamanho pode melhorar, mas sua atitude não. Está claro em seu rosto o quanto ele nos odeia. Ele não está apto para liderar, assim como seu pai.

Eu enfrentarei Alfa Peter primeiro. Ele pode me matar, mas eu não posso matá-lo. Eu tenho que deixá-lo bater, para que ele possa lutar contra o Ezekiel. Ezekiel então lutará contra o Beta, que pode bater.

Isso dará a Alfa Peter algum tempo para se recuperar. Depois disso, Ezekiel lutará contra Alfa Peter até a morte, e eu lutarei contra o Beta até a morte.

Não faríamos isso se não tivéssemos confiança em nossa vitória. Nossos pais não nos deixariam fazer isso se não tivessem a confiança de que venceríamos.

Eu olho para o céu e rezo para a Deusa da Lua ficar do nosso lado. Ela conhece as atrocidades que Alfa Peter cometeu e perdoou.

Ela sabe que Ezekiel e eu seremos líderes justos e justos. Ela sabe que somos mais adequados para esta matilha e confio nela para cuidar de nós hoje.

Eu estou em primeiro lugar. Alfa Peter entra na área de treinamento. Vestindo nada além de um par de shorts, ele avança com confiança. Eu tiro minha camiseta e caminho até o meio para apertar sua mão.

Ele cospe no chão aos meus pés. "Prepare-se para morrer, vira-lata," ele rosna.

Ele poderia ter pensado em algo mais original, mas tudo bem.

O Beta pede silêncio e ordena que Alfa Peter e eu fiquemos frente a frente. Nós dois assumimos uma postura de luta. Ele apita e começa.

Alfa Peter faz o primeiro movimento. Ele balança o punho para me bater. Eu me esquivo e dou a ele um dos meus nas costelas.

Em lutas como essa, vale tudo. Morder, arrancar os olhos, agarrar a bola, você escolhe. Não há regras. Alfa Peter joga sujo. Ele vai para os meus olhos e meu pescoço com quase todos os ataques.

Eu luto com ele e vou para sua cabeça. Tento acertar o máximo possível de golpes em sua cabeça para desorientá-lo e torná-lo um oponente mais fácil para Ezekiel.

Ele morde a parte superior da minha orelha com os dentes e eu grito de dor. Ele usa o momento de fraqueza para acertar um golpe no meu queixo, quebrando-o.

A dor é insuportável, mas tento respirar. Minha orelha vai crescer de novo em alguns minutos e minha mandíbula vai sarar.

Eu coloco o osso de volta no lugar e me lanço para ele com energia renovada, deixando minha raiva alimentar meu corpo. Eu o ataco sem piedade, acertando soco após soco em seu rosto.

Ele cai no chão e eu o esmago com meu peso, sentando em seu peito para que ele não consiga respirar. Continuo esmurrando seu rosto até que fique uma mistura de sangue sob meus dedos.

De leve, sinto o toque de seus dedos contra minha coxa.

Com uma expiração profunda, eu saio de cima dele. Alfa Peter engasga e tosse sangue na grama. Meus sentidos voltam e percebo que todos na multidão estão torcendo.

Ganhei essa rodada.

O Beta ajuda o Alfa a chegar nos bastidores, onde seu filho cuida dele com o médico da matilha. O Beta e Ezekiel são os próximos.

Eu os assisto lutar, estudando os movimentos do Beta para tentar usá-los contra ele durante minha luta com ele.

Não é igual. Ezekiel pode não ser tão experiente quanto o Beta, mas é mais inteligente. Ele usa seu peso contra ele.

Ele é mais rápido e desvia de todos os seus socos lentos e confusos. Não leva mais de dez minutos para o Beta terminar.

Agora, Ezekiel tem que enfrentar Alfa Peter. Meu irmão olha para mim e acena com a cabeça. Ele sabe que tem isso. Ele o viu lutar; ele viu quantos socos eu dei em sua cabeça.

Alfa Peter cambaleia para o campo, balançando ligeiramente. Ele volta a atuar no ataque ao invés da defesa, um de seus principais erros. Ele é ainda mais impulsivo do que eu.

Ele tropeça para a frente cada vez que vai para Ezekiel, que facilmente se abaixa e sai do caminho. Ez gira e o acerta por trás, chutando-o nas costas e jogando-o no chão.

Ele sobe em suas costas e envolve o braço em volta do pescoço, prendendo-o em um estrangulamento. Alfa Peter se contorce e tenta lutar contra ele, mas seu rosto começa a ficar vermelho, depois azul.

Ele bate no braço de Ez, que hesita por um momento. Ez deveria matá-lo, mas sei que ele não quer. Nenhum de nós matou antes.

Em vez disso, Ez o solta e o deixa viver. Alfa Peter respira fundo e cai contra a grama.

"Você venceu," o Beta rosna.

Ele se vira para mim. "Você agora."

Ez vai para o lado de fora, enquanto Brock, o filho do Alfa, ajuda seu pai a se sentar em uma cadeira. O apito soa e o Beta e eu começamos a circular um ao outro.

Ele aprendeu com os erros de seu Alfa. Ele não é tão impulsivo. Ele espera que eu dê o primeiro passo.

Eu o observo cuidadosamente. Ele está colocando mais peso na perna direita, pois machucou a esquerda. Eu finjo um golpe para a direita, ele desvia para a esquerda.

Eu bato meu pé contra sua coxa, chutando-o bem no fêmur. Ele estala sob a pressão e ele grita de dor.

Eu giro e acerto um chute em seu rosto, nocauteando-o completamente. A multidão começa a gritar, aplaudindo tão alto que meus olhos marejam.

Meu irmão vem para ficar ao meu lado. Estamos ambos ensanguentados e machucados, mas agora somos Alfas.

Ganhamos.