Mikayla S
ZAYLA
Companheiros.
Para os humanos, eles podem ser muitas coisas: amantes, amigos, conhecidos. Para os vampiros, são um lembrete constante da vida que eles são forçados a viver em morte, uma esperança sagrada que eles sabem que será arrancada deles com uma mordida, o último pedaço de sua alma que se esvai.
E para os lobos, bem, para os lobos são tudo! Cada felicidade, cada batimento cardíaco, cada vibração em seu estômago na forma de uma pessoa! Seu cheiro, seu sabor! Tudo sobre eles é inebriante!
Para a maioria dos lobos, encontrar seu companheiro é relativamente fácil, a cada ano, lobos maiores de idade entram em nosso território de matilha para o baile anual de meus pais, e todo ano alguém sai com seu companheiro no braço.
Por 21 anos, sonhei com o dia em que conheceria o meu companheiro.
Quem é ele? Qual sua aparência, ele me quer como eu o quero? Todos os dias eu me arrumo, dando tudo de mim para ficar o mais bonita possível, para ter certeza de que ele presta atenção em mim, e todos os dias eu saio do estado de consciência decepcionada.
Veja você, a questão sobre meu companheiro é que, ao contrário de meus irmãos mais velhos Drayden e Draxel, que são gêmeos, eu não conheci meu companheiro quando fiz 15 anos como eles fizeram. Não.
Draxel e Drayden tiveram sorte! Draxel acasalou com uma das filhas dos melhores amigos dos meus pais, Kimber.
Nós a conhecíamos desde crianças, então quando descobrimos que ela não era apenas a companheira de Draxel, mas a futura Luna de nosso bando, todos ficaram emocionados. E por que não ficariam, ela é incrível!
Foi apenas 3 semanas após o acasalamento de Draxel e Kimber que Drayden encontrou sua companheira Blair.
Mas meu acasalamento, bem, meu acasalamento é muito mais complicado.
Veja, ao contrário de todo mundo, que tem a chance de conhecer seus companheiros aos 15 anos, eu conheci o meu antes disso.
Quero dizer, muito antes disso. O único problema é que, acho que devo especificar que nunca o conheci pessoalmente.
Meu primeiro encontro com meu companheiro foi na tenra idade de 6 anos.
Meus pais e eu estávamos visitando meus tios Silas e Thackery para discutir negócios da matilha, tinha sido um dia agitado de reuniões quando meus pais decidiram sair com meus tios, meu primo mais novo Kasyn e minha tia Milani. Iríamos todos ao lago para nadar e nos divertir.
Os três meninos estavam correndo como loucos ao redor da margem, nossas mães estavam tomando sol e nossos pais estavam cozinhando perto da costa. Eu, por outro lado, estava ocupada perseguindo borboletas.
Eu tinha encontrado esta linda borboleta azul neon voando ao longe, então saí atrás dela, quase a capturando enquanto ela voava sobre as árvores. Isso me levou a ir cada vez mais para o interior da floresta, até que fui cercada pela escuridão e a borboleta foi embora.
Com medo, comecei a chorar! Eu não conseguia mais ver minha família ou mesmo ouvi-los por causa do som do vento batendo contra as árvores. "Shh, pequena Lux, vai ficar tudo bem", disse ele, e sua voz era tão profunda que me assustou, mas ao mesmo tempo me acalmou.
Ficando em pé, procurei o dono da voz, mas não consegui encontrá-lo.
Eu estava sozinha, ou pelo menos pensei, até ele falar novamente. "Você realmente não deveria estar aqui minha pequena Lux."
Limpando minhas lágrimas na manga do meu vestido, procurei novamente e não encontrei nada, mas sei que o ouvi.
Sua voz me tranquilizava tanto, e mesmo quando criança eu ansiava por ouvi-la novamente. "Quem é você?" Procurando ao redor novamente, eu esperava e rezava para ter ao menos um vislumbre do dono daquela melodia calmante que ele chamava de voz.
Mas ao invés disso eu não ouvi nada e não vi nada, meu pai veio e me encontrou logo depois, e me repreendeu por ter fugido, me lembrando que mesmo que estivéssemos em território seguro, eu precisava estar acompanhada de alguém o tempo todo.
Tentei entender, tentei mesmo! Mas mesmo aos 6 anos ele me cativou de um jeito tão primitivo que não pude deixar de procurá-lo.
Depois disso, não vi nem ouvi mais nada desse homem misterioso até os meus 13 anos.
Foi um dia estranho para mim, eu tinha acabado de menstruar pela primeira vez e meus irmãos e eu estávamos brigando mais do que o normal, então eu me dirigi ao bosque atrás de nossa casa.
Eu sabia que estaria segura ali, sendo o único lugar que eu tinha permissão para ir quando meu pai e meus irmãos me incomodavam.
Sentando no tronco de uma velha árvore esquecida, não pude deixar de gritar de frustração! Por que hoje, de todos os dias, tio Chico decidiu me visitar pela primeira vez na vida.
Porque meus irmãos não conseguiam entender que eu não precisava deles se irritando com o fato de eu estar crescendo, não era como se eu tivesse controle sobre a progressão natural da idade do meu corpo, quer dizer, eu não era uma vampira.
Depois de sentar no velho tronco cheio de musgo por uma boa hora, minhas lágrimas finalmente cessaram, meu corpo estava nos últimos estágios de se acalmar com leves soluços que se faziam notar a cada poucos minutos. Foi quando o ouvi pela segunda vez.
"Oh, minha pequena Lux, como você cresceu."
Sua voz me chocou profundamente, então me levantei um pouco rápido demais e acabei perdendo o equilíbrio.
Até que, levemente, sua mão ligeiramente calosa mas gentil tocou meu ombro, impedindo minha queda e fazendo com que eu parasse de respirar.
Eu o senti achando graça e rindo da minha falta de jeito e disse: "tome cuidado, minha pequena Lux."
"Meu nome é Zayla, eu não sei quem é Lux." Eu gritei, sentindo sua mão tirar o cabelo de cima do meu ombro, antes de ouvir como uma risada profunda correu pelo seu corpo com tanta força que balançou no meu.
"Oh, mas Zayla, você sempre será minha pequena Lux", sua voz estava muito mais alegre dessa vez, e me virei para olhá-lo, mas para meu azar ele tinha ido embora.