Universidade dos Lobisomens - Capa do livro

Universidade dos Lobisomens

Brittany Carter

Capítulo Quatro

DAX

Mudar era a maior liberação, além do sexo, que alguém poderia ter. Era como soltar toda a pressão e irritação reprimidas.

E, cara, eu tinha muita.

A boca da minha companheira ia acabar comigo. Tentei levar em consideração que ela não entendia nada do que estava acontecendo, mas era uma tortura.

Passei noites incontáveis orando por uma companheira, e lá estava ela, sem saber da existência de companheiros ou lobisomens. Estalei o pescoço depois que Braxton me agarrou, sai correndo do refeitório e entrei na floresta ao nosso redor.

A Universidade dos Lobisomens tinha o maior campus da Louisiana, mas consistia principalmente em bosques para corrermos. E eu precisava disso. Eu mal tinha chegado à linha das árvores quando minhas roupas rasgaram e meu lobo explodiu dentro de mim.

"Idiota estúpido. Você deveria ter a beijado",meu lobo disse.

"Não me enche. Você viu como ela reagiu, eu não podia simplesmente beijá-la", rebati, mesmo sabendo que não adiantaria nada.

"Que seja. Você é um covarde."

"Repete isso", eu disse. " ~Vou ficar longe dela e de sua loba."~

"Você não duraria uma semana sem ela, imbecil."

Se pelo menos eu pudesse bater nele sem me machucar. Corri entre as árvores, meu pelo chocolate um borrão, tecendo dentro e fora dos galhos e pulando sobre os troncos.

Não sei por quanto tempo corri, mas o sol estava mais baixo quando terminei. Eu precisava voltar no início do jogo de futebol americano, os licanos deixavam todos nervosos.

Era o jogo que eu mais odiava. O único que me fez não jogar futebol. Licanos eram sujos e desonestos. Tudo sobre eles fazia minha pele arrepiar.

Eu precisava estar no jogo caso alguém tentasse algo com Savannah. Não era incomum que os machos procurassem uma lobisomem, e eu mataria um se a tocassem.

Eu consegui voltar, pegando um conjunto de roupas de um local onde as escondemos na floresta. Sempre me perguntei o que um humano pensaria se entrasse cambaleando em nossa propriedade e encontrasse peças de roupa aleatórias em todos os lugares.

Encontrei Kayden no portão do estádio. Stephanie, sua companheira, estava com ele, e tentei parecer animado com isso. Eu não estava. Eu estava chateado e com inveja.

"Não pareça tão feliz por estar aqui", disse Kayden.

"Não. Posso sentir a tensão daqui", eu disse, entregando meu ingresso para o porteiro.

Caminhamos para as arquibancadas, e olhei para o outro lado do campo. Estava cheio de licanos. A maior parte da multidão da universidade estava parada, com ombros tensos e rostos preocupados.

Chegamos ao topo das arquibancadas e sentamos no canto. Stephanie se enrolou em Kayden, enquanto eu me sentei do outro lado, procurando por Savannah.

Eu não tinha certeza se ela viria ou não, pois eu tinha certeza que a Sra. Jamieson contou tudo a ela. Ela provavelmente estava pensando em um plano de fuga neste exato momento.

O pensamento fez meu lobo uivar de dor. Eu não podia deixá-la ir. Não que eu achasse que a Universidade dos Lobisomens a deixaria ir depois de descobrir sobre tudo.

Eles têm um plano para ela, não é?

Não tivemos muitos casos de renegados que saíram da Universidade ou das áreas vizinhas. Mas, de vez em quando, as coisas davam errado e um lobisomem se tornava um renegado.

Mas isso não aconteceria com a minha companheira, porque ela nem mesmo acreditava que era uma lobisomem.

Kayden me deu uma ombrada. "Os licanos estão com tudo este ano", ele murmurou.

Eu nem tinha notado que eles marcaram ponto. Minha mente estava em outro lugar.

"Você já conheceu um licano?", Stephanie perguntou a Kayden.

Ele assentiu. "Só aqui. Meus pais eram rigorosos em me manter longe deles enquanto crescia."

Licanos, por outro lado, tinham muito mais renegados do que lobisomens. Eles eram implacáveis, e alguns tinham dificuldade em aceitar a autoridade.

Faltava disciplina.

Quando chegou o intervalo, eles ainda estavam na frente, vinte e um a quatorze, e eu podia sentir a hostilidade na multidão. Kayden se levantou para pegar uma bebida para Stephanie quando senti algo.

Aborrecimento. Medo. ~Era Savannah. Levantei rapidamente, meu olhar varreu a multidão, mas ela não estava lá. Empurrei Kayden para fora do caminho e subi os degraus de dois em dois degraus pelas arquibancadas e em direção à entrada.

Senti o cheiro dela cada vez mais forte, e seu pânico me invadiu como água corrente.

Meu lobo uivou e arranhou, tentando sair, mas eu não podia mudar, a menos que eu quisesse ser expulso.

Ela estava ao lado da cerca que levava aos banheiros, sua colega Jaka ao lado dela, tentando tirar algum cara. Meus dedos se fecharam e se abriram, e meus dentes se apertaram com tanta força que pensei que fossem quebrar.

O olhar de Savannah encontrou o meu por cima do ombro do cara, e eu jurei que vi alívio em seu rosto. Eu o puxei para trás, ficando cara a cara com um licano.

O fedor de raiva e frustração saiu dele. Ele era alto, seu cabelo loiro puxado para trás com muito gel, mostrando olhos azuis gelados com uma enorme cicatriz que descia por seu rosto.

"Cai fora", ordenei. "Acho que ela não gosta que você a toque."

Sua risada deslizou sob minha pele. "Ah, é? E o que te faz pensar isso?", ele perguntou, serpenteando os dedos em direção ao cabelo dela e pegando a ponta.

Savannah tentou se livrar dele, mas bateu na cerca de arame. Eu o parei para ela, batendo em sua mão como se ele fosse uma criança. "Toque nela de novo e vou arrebentar sua cara."

Seu olhar se moveu de Savannah para mim, e um sorriso curvou em sua boca. "Este é o seu companheiro, boneca?", ele perguntou. Ele estendeu a mão e verificou seu pescoço. "Você não está marcada–"

Eu não consegui parar. Eu me lancei para frente, derrubando-o. Um alvoroço explodiu ao meu redor quando meu punho atingiu seu rosto repetidamente.

Meu lobo queria sangue, e eu queria vê-lo se arrepender de tocar o que era meu.

Ele chutou seus pés, me cegando, e voei contra o portão de madeira que bloqueava os banheiros, os destruindo.

Os olhos do licano brilharam vermelhos quando me levantei e caminhei em direção a ele. Antes que eu chegasse, Braxton agarrou a parte de trás da minha camiseta e me puxou para trás ao mesmo tempo que alguém parou na frente do licano.

"Acalme-se", Braxton disse, me puxando para olhar para ele. Olhei para seus olhos tempestuosos e ele me deu um olhar que dizia "Não se atreva."

Eu me afastei dele e corri meus dedos pelo meu cabelo. "Temos algum problema?", Braxton perguntou ao professor da outra escola.

"Não sei. Temos, Luther?"

O licano olhou para mim por cima do ombro de seu professor e balançou a cabeça. "Não."

Braxton me arrastou até o portão e enfiou o dedo no meu rosto. "Daxton Allaire", ele sibilou. "Sei que você é novo nessas coisas de companheira, mas jurei ao seu pai que iria mantê-lo longe de problemas.

Não deixe que seu ciúme o leve a fazer besteira. Você precisa se formar com um histórico bom e limpo para assumir a posição de seu pai. Nenhuma matilha quer um encrenqueiro como alfa."

"Diga a ele para sair da frente. Quero ver o licano sangrar",meu lobo rosnou.

Suspirando, esfreguei o rosto e tentei acalmar meus nervos. O que eu realmente queria para me acalmar estava ao lado da cerca, olhando para mim com olhos castanhos arregalados.

Braxton olhou para ela. "Vá até lá. Mas não me venha com mais problemas."

Ele saiu correndo e fiquei feliz. Savannah observou eu me aproximar dela e de Jaka.

"Isso foi… uau", Jaka disse. "Obrigada. Ele não estava me ouvindo e estava sendo muito agressivo com Savannah."

Balancei a cabeça, mas não desviei o olhar de Savannah. Ela mordeu o lábio inferior e não pude deixar de traçar seus lábios com o meu olhar.

"Eu não queria te colocar em problemas", ela sussurrou. "Obrigada por... me defender. Você não precisava arrebentar a cara do cara, mas talvez ele pense duas vezes da próxima vez."

Eu sabia que haveria uma próxima vez se encontrássemos ele novamente. Ele parecia implacável, e isso significava que ele faria qualquer coisa para me irritar, especialmente se Savannah não estivesse marcada.

E eu não esperava que isso acontecesse em um futuro próximo, já que ela estava relutante em ficar perto de mim.

"De nada," eu disse.

O silêncio cresceu sobre nós três, e me xinguei mentalmente. Não era assim que eu queria impressionar minha companheira. "Bom…"

"Uau, cara. Pensei que era você mesmo lutando", Kayden disse atrás de mim. "Da próxima vez que precisar me defender de um licano, vou te chamar. O que ele fez?"

"Tocou Savannah", murmurei.

Ele parou na nossa frente com Stephanie e olhou Savannah de cima a baixo. "Você deve ser Savannah, sou amigo de Dax."

Ela assentiu, mas não ofereceu mais nada. Ela parecia desconfortável e meu lobo estava chateado com isso.

Stephanie ofereceu a mão a Savannah. "Sou Stephanie. Acho que chamaram seu nome hoje na Luna 101, mas você não estava lá. Você não conseguiu encontrar a sala?"

Savannah ficou vermelha e meu sangue aqueceu. "Eu estava... com a Sra. Jamieson."

Jaka riu ao lado dela. "Ela mudou na frente dela e Savannah desmaiou."

Savannah deu a ela um olhar mortal.

"Você desmaiou?", perguntei, me aproximando dela. "Você está bem? Você se machucou? Por que ninguém me chamou?"

Ela se endireitou e cruzou os braços.

"Estou bem. Foi um pouco chocante de ver, já que dois dias atrás eu nem sabia que algo assim existisse, e agora todo mundo está me encarando porque eu não sei o que é um companheiro e não quero um cara que nunca vi na vida me reivindicando."

"Diga que ela é nossa", meu lobo disse. "~Diga que se ela ceder, não vai se arrepender."~

"E, por causa daquela noite, não posso ir a uma aula sem ouvir sussurros sobre mim. Eu nunca deveria ter ido àquela festa alfa–"

Apertei minha mandíbula com força. "Grande merda", rebati. "Não importa se você foi à festa ou não. Estamos acasalados e eu teria encontrado você de qualquer jeito."

Dei um passo mais perto, ignorando Kayden puxando meu antebraço. "E se aquele seu namoradinho vier, eu vou deixá-lo pior que o licano."

Ela virou para me dar um tapa, mas peguei seu pequeno pulso na minha mão. Faíscas se formaram na minha pele e derreteram ao longo do meu braço como borboletas.

Seus olhos cor de avelã estavam aquecidos, e meu coração batia fortemente contra minhas costelas. Eu queria tanto beijá-la que minha alma doía. Eu podia sentir o cheiro do beijo de Kayden e Stephanie. Seus cheiros estavam um sobre o outro, e eu queria isso.

Eu sabia que Savannah sentiu algo, porque sua frequência cardíaca subiu rapidamente e ela não conseguia tirar o olhar da minha boca.

"Ah, é?" ela disse. "Você me encontrou agora, e não estou vendo você fazer nada sobre isso."

"Beije-a, caramba,", meu lobo implorou.

Eu queria, mas se ela queria jogar esse jogo, eu poderia jogar. Dando um passo à frente, ela recuou para a cerca e olhou para mim com um olhar não intimidado.

"Você acha que eu vou fazer algo sobre isso na frente de toda a escola?", perguntei, nossos peitos a apenas um centímetro um do outro.

"Ou você sabe que eu não vou?", sussurrei, inclinando minha cabeça e deixando meu olhar viajar por seu seio. "Por que você não faz isso quando estivermos sozinhos, Savannah?"

Ela apertou a mandíbula com força e suas narinas se dilataram.

"Porque você sabe que quando eu te pegar sozinha, e eu vou te pegar sozinha, você não será capaz de parar. Você me quer.

Você quer que eu esmague sua boca com a minha, e isso vai acontecer. E quando isso acontecer, você nunca mais vai pensar nesse seu namorado idiota."

Eu me afastei dela e sai andando, sabendo que sua respiração pesada não tinha nada a ver com raiva e tudo a ver com ela me querer tanto quanto eu a queria.

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