Na Mira dos Holofotes - Capa do livro

Na Mira dos Holofotes

Rebeca Ruiz

Sensibilidade artística

LANEY

Ace desliza pela parede e quase cai no chão. Sua boca está aberta. Ele está obviamente em choque.

Não posso culpá-lo. Reagi exatamente da mesma maneira quando o teste de gravidez deu positivo.

"Eu sei que é muita coisa para absorver," eu tento quebrar o silêncio.

Ace olha lentamente para mim. Mesmo neste momento, seus olhos são tão brilhantes e infinitos, que é difícil não se perder neles.

Então, sua expressão de descrença se transforma em uma de desespero.

"Tem certeza que é meu?" Ele suspira sem fôlego.

"Claro, tenho certeza! De quem mais poderia ser?"

O corpo de Ace fica tenso e se contorce enquanto ele luta com a realidade.

"Eu não sei!"

"Eu não sou uma puta!" As palavras saem da minha boca tão alto que estou praticamente gritando. "Eu não sou como vocês rockstars!"

"Eu sinto muito."

Ace se levanta novamente. Ele está vermelho, como um garotinho envergonhado. É difícil acreditar que esse cara é o guitarrista da maior banda de rock dos Estados Unidos.

"Isso não foi o que eu quis dizer."

"Então, o que você quis dizer?"

Ace respira fundo para falar e então desiste. "Eu sinto muito."

"Você já disse isso."

"Acho que é tudo o que tenho a dizer." Ele trava os olhos comigo novamente.

"E agora?"

E agora? ~Estou pensando nisso há uma semana e ainda não sei. Por um lado, ter um filho agora poderia atrapalhar toda a minha vida. Poderia atrapalhar a vida de Ace. Isso poderia me jogar no centro das atenções e me tornar um alvo de paparazzi.

Mas, por outro lado, me imagino segurando meu doce bebê em meus braços e nada mais parece tão importante.

Eu olho para Ace. Seus olhos estão grudados no chão. Eu me pergunto o que ele está pensando? Eu me pergunto se ele sonha em ser pai.

"Ace…"

Ele olha para mim. Seus olhos parecem ainda mais azuis agora que seu rosto está sombrio e pensativo.

"Isso é difícil para mim também. Eu não queria gritar."

Ele se aproxima e envolve seus braços grandes e musculosos em volta de mim. "Vamos começar de novo."

"OK." Eu enxugo uma lágrima do meu olho. Ela está misturada com a tinta azul do meu rosto. Percebo que deixei uma mancha azul em seu peito.

Seus braços me fazem sentir segura – eu poderia ficar assim para sempre.

Isso me lembra daquela noite um mês atrás. Penso em como me senti segura e cuidada. "Então, quem é Laney Michaels?" Sua voz é profunda e calmante.

Ace se afasta e olha ao redor da sala.

"Uma artista." Ele consegue dar um sorriso discreto. "Mas eu sabia disso."

Ele dá uma olhada no que eu estava trabalhando antes de minha irmã intrometida convidar Ace para o meu ~apartamento sem minha permissão.

Addie definitivamente vai levar uma bronca sobre isso mais tarde.

"Pelo que parece, você é muito boa."

"Obrigada. Dou para o gasto."

Ace olha para cima da tela e para o espaço.

"Parece um pouco apertado aqui." Ele puxa desconfortavelmente o colarinho da camisa.

"É o suficiente por enquanto. Eu sempre quero mais espaço para ampliar minha coleção, mas consigo me virar aqui."

Ace se senta em um banco velho de brechó que tenho no canto. "O problema é dinheiro?"

"O que você quer dizer?"

"Quero assumir a responsabilidade, Laney. Eu não vou deixar você lidar com isso sozinha."

"Eu não quero nada de você. Nem fui eu quem te chamou aqui. Estou tão surpresa quanto você."

"Eu sei, eu sei... você não parece esse tipo de mulher."

Ele não precisa deixar explícito, eu sei o que ele quer dizer.

Interesseira. Ele não acha que eu sou uma interesseira.

"Obrigada, Ace. Isso com certeza significa muito." Eu reviro os olhos. Como alguém tão charmoso pode ser tão idiota?

"Quanto custa?"

"O que você quer dizer?"

"O procedimento? Eu pago tudo". Ele está travando os olhos comigo novamente.

"Eu tenho plano de saúde, isso não é um problema."

Ele parece surpreso. "Eu não sabia que o plano cobria... você sabe, isso."

"Você está insinuando que vou fazer um aborto?" A raiva está crescendo em minha voz.

Ace parece um cervo nos faróis, "Eu… eu apenas achei—"

"Eu não posso acreditar que você pode ser um idiota tão egoísta! Você pensou por um segundo como eu poderia me sentir sobre isso?!"

"Eu sou o idiota? Eu nem queria estar aqui! Você e sua maldita irmã me encurralaram!"

Estou tremendo, estou com tanta raiva. "Então, eu sou apenas mais uma conquista para você, hein? Apenas mais uma interesseira tentando enganar Ace Flanagan. Bem, você pode simplesmente ir... ir... ir se foder!"

Eu não posso acreditar que ele simplesmente SUPÔS que eu gostaria de terminar a gravidez assim. Sem sequer uma discussão! Ele está pronto para enterrar as provas e seguir em frente.

Enquanto corro em direção à porta, ele se levanta e me chama de volta: "Eu também achei que você não ia querer um bebê! Eu estava fazendo isso por nós dois!" Ace diz, rouco de frustração.

Ele parece genuinamente confuso. Como se ele não tivesse ideia do quão insensível ele está sendo.

Ele realmente é apenas mais um pegador fodido tentando se safar. ~

"Vou sair para tomar um ar." Eu olho para ele. "Quando eu voltar, quero que não esteja aqui."

"Tudo bem, Laney. Você não terá que lidar comigo nunca mais."

Eu alcanço a maçaneta e começo a girá-la.

"Laney, pare."

ACE

"Por que eu deveria?" A voz de Laney treme de raiva.

Eu realmente gostaria de ter uma boa resposta. Eu não fico totalmente sem palavras com frequência. Mas também… eu nunca tive que lidar com nada assim….

O que eu digo? ~

"Olha... uh... você está estressada. Inferno, eu entendo o porquê. A gravidez pode deixar as mulheres realmente... emotivas. Seus hormônios provavelmente estão deixando você louca."

"O quê!?" Suas narinas se dilatam como um touro vendo vermelho.

Merda. Estou ferrado. ~

"Você vai ver o que é ser emotiva!"

Ela bate a porta na minha cara.

Isso não deu certo. ~

Mas o que Addie esperava? Ela simplesmente nos enfiou em um quarto juntos e fechou a porta.

Esta foi apenas a segunda vez que estive em um quarto fechado com Laney, e ela me pegou de surpresa novamente. Ela tem algo de diferente...

Sinto algo crescendo na minha garganta. Algo que eu não sentia há muito tempo.

Rejeição?

Pode ser.

Não. Solidão.

Eu me senti vazio assim que ela começou a sair.

"Devo estar louco!" Exclamo para mim mesmo. Como posso me sentir abandonado por alguém que mal conheço?

Meus pensamentos voltam para o início da minha carreira – logo quando eu atingi o sucesso pela primeira vez. Parece uma eternidade atrás. É uma loucura o quanto aconteceu em apenas alguns anos.

Naquela época, eu experimentei muitas drogas, bebi demais, dormi com muitas pessoas... nunca realmente me conectei com ninguém.

Agora estou mais acostumado aos olhos do público, e é muito mais fácil ser eu mesmo. Já faz um tempo desde que eu me senti desconfortável em qualquer situação. E isso aqui é outro nível.

Que direito a Laney tem de estar chateada comigo?! ~

Nós dois tomamos a decisão de fazer sexo! ~

Isso é tanto culpa dela quanto minha! ~

E eu só estou tentando ser realista sobre essa coisa da gravidez! Tenho um álbum para gravar, turnês para fazer, uma vida para viver. Não tenho tempo para ser pai!

Sem falar que eu não sei nada sobre crianças! E pela aparência deste apartamento velho e cheio de mofo, Laney também não está nem de longe pronta para sustentar uma criança.

Ainda assim... quando penso em Laney, seus quadris naquele macacão coberto de tinta, aquele cabelo bagunçado e manchado de tinta, o jeito que suas bochechas ficaram vermelhas quando ela estava gritando comigo...

Isso me faz sentir algo...

Algo inexplicável….

Algo - por enquanto, de qualquer maneira - que eu preciso esquecer.

Pego meu telefone para mandar uma mensagem para Vince, meu empresário. Ele está na banda desde os dezesseis anos e me livrou de mais confusões do que eu gostaria de lembrar. Se alguém pode me ajudar, é ele.

Aceoi, você conhece algum músico bom em Chicago?
VinceAlém de você, haha? tudo bem?
Aceeu sinto que estou enlouquecendo
Aceeu preciso tocar
VinceVocê quer dizer um show solo?
VinceOs outros caras podem não gostar
Acepor favor vince estou estressado. só preciso extravasar
VinceTalvez seja melhor apenas transar?😈
VinceE aí???
AceNão, sem mulheres Vince.
AceApenas músicos.
Acepor favor?
VinceJá estou procurando um baterista e acho que conheço um baixista
VinceAlém de um velho caso que você pode se lembrar
VinceStephanie Cox
AceVince, eu disse sem mulheres!
VinceEu já disse a ela que você estava na cidade
VinceSe você não quer falar com ela, a escolha é sua
VinceDivirta-se esta noite 😉

Está definido. Farei um show surpresa em um bar local e esquecerei tudo – pelo menos por um tempo. Laney e o bebê ainda estarão lá no final da noite.

Saio do prédio de Laney e desço o quarteirão até uma pequena loja de música pela qual passei no caminho. Se planejo tocar esta noite, preciso de uma guitarra. Algumas pessoas compram sapatos quando estão nervosas – eu compro instrumentos.

Ao passar por uma janela, meu reflexo chama minha atenção. Tem algo na minha camisa.

É uma mancha de tinta azul.

Laney chorou e passou a mancha para meu peito. Eu nem percebi até agora.

Eu me pego sorrindo, pensando em segurá-la em meus braços. Eu me pergunto onde ela está. Ela se sente tão sozinha quanto eu?

Como ela se sente sobre ter um bebê?

Isso me assusta muito... porém... parece certo. De alguma forma, toda essa grande bagunça parece perfeita.

Ouço câmeras clicando e pessoas gritando.

Alguns fãs pararam para tirar fotos minhas. Hoje em dia, isso parece nunca parar.

E não importa o quão acostumado você esteja, estar sob o microscópio 24 horas por dia, 7 dias por semana, pode realmente te afetar às vezes.

Felizmente, tornei-me um profissional em me distrair e ignorar a maior parte das conversas ao meu redor. Se eu não o fizesse, eu nunca teria a chance de pensar.

Tento imaginar como seria ser uma daquelas famílias de celebridades doentiamente perfeitas espalhadas nas capas de tabloides baratos de farmácias, nossos sorrisos photoshopados irradiando branco perolado sobre nosso bebê recém-nascido.

A princípio, devo admitir, há algo atraente nessa ideia. É agradável.

Mas então, penso em como seria a vida além das fotos bonitas.

Todos os nossos momentos privados em exibição para o mundo ver.

Colunistas insensíveis criticando cada escolha que fazemos para criar nosso filho.

Isso não é maneira de criar uma família... ~

Eu suspiro. Não é como se isso fosse uma opção agora. Com base em como as coisas aconteceram hoje, se Laney tiver o bebê ou não, duvido que ela me deixe chegar perto da criança – ou dela, no caso.

Talvez Vince esteja certo.

Talvez transar seja tudo que eu preciso.

E se alguém pode me fazer esquecer Laney, é Stephanie Cox. Uma loira linda, de pernas longas, com belos lábios carnudos e a bunda mais incrível…

Ainda assim, alguma parte desesperada de mim deseja que talvez Laney e eu ainda possamos...

Porra! Eu não sei o que fazer... ~

Próximo capítulo
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