A Última Esperança - Capa do livro

A Última Esperança

Karrie

Lar

LAKE

O escritório não é o lugar mais acolhedor para se estar. Estou sentada em uma cadeira do lado de fora da sala do Diretor Stewart enfiada num canto. A secretária me olha de vez em quando, enquanto suas unhas batem no teclado.

Provavelmente ela está mandando um e-mail para os meus pais sobre o que aconteceu, mas eles não vão se importar nem um pouco. Meus pais ficarão mais surpresos por eu não ter arrancado um chumaço do cabelo dela ou um naco da sua carne por ela ter mentido.~

"Sra. Mavris." O Diretor Stewart está parado de pé atrás de mim. Delilah me dá um sorriso malicioso e lança um olhar astuto para o diretor.

Eu me sento à esquerda de sua cadeira. De jeito nenhum vou ficar sentada no mesmo lugar que ela. Posso sentir o cheiro de Delilah na outra cadeira e a última coisa da qual preciso hoje é do cheiro dela em mim.

"Então, pelo que a Sra. Steele me relatou, você tentou atacá-la no banheiro feminino sem que ela tenha feito nada. Isso é verdade?"

Eu tenho que fisicamente morder minha língua. Esse nome.

Sra. Steele.

Isso faz meu sangue ferver.

"Acredite no que quiser, senhor Stewart." Dou de ombros e encosto na minha cadeira. Braços cruzados. "Eu sei que, como a futura luna, ela é sua favorita em termos de autoridade. Não importa o que eu diga ou faça, a punição será a mesma."

Na minha mesa, papéis afirmam que fui suspensa pela escola pelos próximos três dias por ameaçar a futura luna da nossa matilha. Fui avisada de que, da próxima vez, as punições não serão tão leves.

Eu me afasto das advertências e agarro meus cobertores com força. Algo está mudando dentro de mim. Posso sentir isso pela Lynne.

Ela está em silêncio desde que Delilah me encurralou no banheiro. Há uma pressão suave e contínua em todos os meus membros. Posso sentir meu temperamento mudando em relação a todos ao meu redor.

Fico irritada com o som das vozes abafadas dos meus pais lá embaixo. Consigo ouvir quase tudo o que eles estão dizendo por causa das minhas habilidades aprimoradas. Eles estão discutindo o que fazer.

Se eu devo ou não ir para outro bando com meu tio. Minha mãe veio de outra matilha cerca de vinte anos atrás, quando conheceu meu pai em um evento anual entre as matilhas.

Ele mora a cerca de três horas de distância e é o beta de seu bando. Ele e minha mãe são próximos e têm discutido sobre eu ir morar com ele desde aquela noite.

"Ela está quase nesse ponto, Phil!" A voz da minha mãe aumenta. O suficiente para minha audição regular captar.

"Eu não vou deixar minha filha ir para aquele bando de pagãos do seu passado, Fay." O tom do meu pai é calmo e controlado. Ele não vai ceder. "Ela está mais segura conosco aqui do que lá. Você sabe o que eles fariam com o poder dela e a explorariam. Eu não vou permitir."

Ouço um baque que sacode as luzes penduradas acima da minha cama. Meu corpo enrijece quando percebo o que está para acontecer.

Minha mãe em sua bela e reluzente loba marrom. Ela faz isso toda vez que meu pai diz algo negativo sobre sua casa e seu irmão.

Sua velha matilha não é o melhor dos lugares. Está cheia de lobos que estão mais preocupados com seus instintos sexuais e de manter as mulheres em uma categoria inferior. Mesmo sua luna não é respeitada como deveria ser.

"Chega." Antes que eu perceba, estou lá embaixo entre o lobo da minha mãe, Faith, e meu pai. Estou encarando Faith. Minha mãe, como parceira de um guerreiro, é mais temperamental e dificilmente ouve a razão.

Ao olhar sua loba nos olhos, estou afirmando meu lugar em sua vida e que sou sua filha. Que eu não quero fazer mal a ninguém.

"Sei que você quer o melhor para mim." Eu me viro para o meu pai antes de continuar. "Vocês dois querem. Mas tenho dezoito anos e, com isso, tomo minhas próprias decisões. Eu me recuso a ir para sua matilha, mãe. Ela está cheia de homens que não respeitam as mulheres."

Meu pai cruza os braços e olha para a loba da minha mãe. Ela parece estar desanimada e magoada. Eu sei que ela está se lembrando da sua própria vida naquela matilha antes de meu pai conhecê-la.

"Eu prometo." Seguro o focinho de Faith em minhas mãos. Ela está a mais de um metro e meio acima de mim, mas me permite trazê-la à minha altura. "Eu não vou rejeitar essa matilha. Lynne e eu somos mais fortes do que isso."

Algumas horas depois, vou me sentar na varanda dos fundos. Está chovendo muito, mas não consigo deixar de me sentir relaxada. Durante toda a noite, um latejamento por todo o meu corpo deixou claro que tinha algo muito fora do normal.

As nuvens da tempestade bloquearam a Lua. Isso faz meu coração doer. Por eu ter o Alinhamento Espiritual, minha alma se reconhece no céu noturno, nas estrelas e, principalmente, na própria Lua. Isso me deixa mais próxima daquela que me considerou digna de ter todo esse poder.

Vim para cá porque tem algo diferente entre mim e minha loba. Não é perturbador nem enervante, mas é um sentimento que não conheço.

"Ei." Riley se senta ao meu lado sob a copa das árvores. Lynne se instala no fundo da minha mente e não se mexe. Eu respondo um oi superficial e continuo olhando para o céu.

"Você sempre fazia isso quando éramos crianças." Riley ri. "Vinha aqui, mesmo nas noites em que tinha aula no dia seguinte, para olhar para a Lua."

Ela está certa. Eu amo o ar do outono e o sabor da chuva fresca. O cheiro do pinheiro úmido me dá a sensação de estar em casa.

"Há algo no ar", digo a ela. "Uma mudança está chegando na nossa matilha. Não sei o que é. Não é nada ruim, mas Lynne está inquieta."

"Bom." Riley coloca seu braço sobre mim e Landon aparece ao meu lado. Ele está sorrindo suavemente e seu braço está entrelaçado com o de sua parceira. "Estaremos aqui. Agora, quando algo estiver errado, Landon e eu estaremos aqui para você. Afinal, somos sua família. "

"Obrigada." Landon puxa nós duas em seus braços e nos aperta com força, mas suavemente. O calor e os cheiros do meu irmão gêmeo e da minha melhor amiga me envolvem.

E não posso evitar minhas lágrimas.

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