Colégio Saint Rock 1: Sabor Agridoce - Capa do livro

Colégio Saint Rock 1: Sabor Agridoce

Elfy G

Um novo começo

TORY

Recomeçar do zero é fácil quando se trata de empacotar minhas coisas e me mudar fisicamente. Mas quando os meus pais vão embora, me dando um beijo de despedida entre lágrimas, e eu passo a noite em claro chorando, a coisa fica mais complicada.

Como alguém consegue recomeçar?

Não é ficando de molho na cama por uma semana. Depois no sofá. Depois em qualquer canto do apartamento.

Hoje vai ser diferente.

Faz um mês que eu caí de paraquedas em Saint-Rock, e eu vou comemorar. Só vou começar a trabalhar daqui uns dias, então tudo bem se eu exagerar na bebida e acordar na cama de um desconhecido.

Oh, Deus. Por que é que eu estou pensando nisso?

Troco meu cropped por uma camisa mais soltinha. Talvez as palavras do Davis tenham mexido mais comigo do que eu imaginava.

Dou uma olhada no celular mudo. Tive que desligar as notificações porque ele e a Katy não paravam de me importunar. Não me importo com o que eles têm a dizer. Não ligo se ele me chamar de covarde. Não há nada de errado em fugir porque não quero meu ex e minha ex-melhor amiga me atormentando.

Depois de trocar de roupa mil vezes e atender uma ligação da minha mãe para ver se estou bem, vou para um bar no centro chamado Puzzle13! Está lotado, barulhento e difícil de respirar. Todas as mesas estão ocupadas, então eu me esgueiro até o balcão e me sento no banco mais limpo que encontro.

Por que é que eu vim parar aqui?

Não gosto deste lugar.

Uma voz mansa me tira dos meus pensamentos. “O que vai ser, querida?”

“Uísque com soda”, digo, falando a primeira bebida que me vem à cabeça.

“Certo.” Ele anota meu pedido e se afasta.

Dou mais uma olhada nas pessoas, sem prestar muita atenção, e aí eu paro. Quem é aquele? Seja lá quem for, tem os olhos cinza mais lindos que eu já vi na vida. Não consigo vê-lo direito por causa de outra mesa, então me debruço no balcão, me inclinando toda para a esquerda para dar uma espiada melhor.

Ele tem uma barba curta castanho-escura com uns fios grisalhos.

Normalmente, eu não gostaria, mas nele fica um arraso. Faz os olhos cinzentos dele saltarem ainda mais.

Sempre detestei quando o Davis deixava a barba crescer. Espere aí, por que é que estou pensando nele? Afasto esse pensamento. Hoje não.

De repente, aqueles olhos lindos se erguem e me pegam no flagra. Droga. Me viro rápido demais, quase caindo do banco.

Droga, droga, droga!

Me endireito, agarrando a borda do balcão com força. Ele me viu olhando. Não, não olhando — secando. Que nem uma adolescente.

Que vergonha.

“Aqui está, querida.” O barman me entrega minha bebida.

Sem pensar, eu pego e viro tudo de uma vez.

Péssima ideia. Minha garganta pega fogo.

“Me dê mais uma, por favor?” Eu tusso, com os olhos lacrimejando. O quê? Por que é que pedi outra? Essa não é uma boa maneira de recomeçar.

.

Desta vez vou beber mais devagar.

“Oi, gata.” Alguém se senta ao meu lado. “Doeu quando você caiu?”

Franzo a testa. Caí? Do que ele está falando?

Não digo nada, mas olho por curiosidade. Ele tem cabelos castanhos longos até os ombros e olhos castanhos profundos com um sorriso caloroso que muita garota gostaria.

“Sabe, do céu. Porque uma mulher linda como você só pode ser um anjo.”

Eu abro a boca e paro. Por que é que estou me sentindo tão envergonhada hoje? Não posso ter uma folga? Olho para o barman pedindo socorro, mas ele não está lá. Beleza. Como é que vou me livrar dessa agora?

“Olha, você parece...”

“Bonito? Eu sei que sou bonito. Somos dois gatos. Poderíamos fazer algo a respeito.” Ele sorri.

Ele está mesmo fazendo isso agora?

Pense em algo, pense em algo. Minha mente fica em branco, então eu viro toda a minha bebida de novo. Isso vai doer amanhã de manhã.

“Stuart, você não tem nada melhor para fazer do que importunar essa moça com suas cantadas fuleiras?” Uma voz quente e suave, com um toque de rouquidão, fala acima de mim. Caramba, que voz incrível.

Quando eu me viro para ver quem está me salvando, meu coração para. É ele. Aquele que eu estava secando antes. Eu disse secando? Quis dizer olhando. É o cara dos lindos olhos cinzentos. E, percebo, cabelos castanho-escuros macios, longos o suficiente para agarrar...

Meu rosto fica vermelho. Por que é que estou pensando nisso? Puxo minha camisa, me sentindo tímida.

Sou eu ou está quente aqui? Talvez sejam as duas bebidas ou porque ele está tão perto que posso sentir o calor do corpo dele. Um arrepio de excitação percorre a minha espinha.

O outro cara ri. “Levi, você não estava de papo com uma loira mais cedo? Para de encher o saco.”

“Deixa eu dizer de outro jeito, Stuart. Você é quem está incomodando ~ela~. Não é isso, querida?” Ele olha para mim, seus lindos olhos cinzentos percorrendo minha pele.

Ele está falando comigo? Ah não, acho que está. Diga alguma coisa, qualquer coisa.

“Tory”, eu digo. Ótimo, acho que não foi isso que ele perguntou, Tory. “Como eu estava tentando dizer, não estou interessada.” ~Bom trabalho, boa saída.~

Stuart parece desapontado. Ele está prestes a dizer algo quando vê uma garota de cabelos castanhos sentada no canto do bar não muito longe de mim.

“Quem perde é você, Tory”, ele diz antes de se afastar e soltar uma das cantadas mais batidas de todas. “Ninguém coloca baby no canto.”

Ela o beija na hora, sem nem tomar fôlego. Ele nem precisou sorrir. Parece que tem gente desesperada neste nível.

Uma risada rouca me deixa nervosa. O homem ao meu lado balança a cabeça, seu braço forte levemente tocando meu ombro. Ai meu Deus. Pressiono dois dedos contra meu coração, surpresa com a rapidez com que está batendo. Como é que alguém que eu nem conheço pode me deixar tão nervosa?

Nunca me senti assim nem quando vi o Davis pela primeira vez. Na verdade, levou meses de insistência para eu sequer dar uma chance para ele.

Devia ter confiado nos seus instintos, garota.

Mas não confiei. Com o tempo, aprendi a amá-lo e ele aprendeu a parar de me amar. Eu afasto os sentimentos tristes e me concentro de novo, só para me perder em todas as sensações que tenho sobre esse estranho gentil e bonito.

“Obrigada por isso”, finalmente digo. Espero que ele não perceba o quanto estou nervosa.

“Sem problema, gata”, ele diz antes da voz dele ficar mais rouca. “Mas não pense que eu sou o herói da sua história. Não sou esse tipo de cara.”

Ergo as sobrancelhas. “Ah é? Que tipo de cara você é então?”

Ele se inclina para perto de mim, os lábios dele tocando minha orelha. “Tem certeza de que quer descobrir, gata?”

Meu. Deus. Do céu.

Estendo a mão para o meu copo, esquecendo que já o esvaziei duas vezes. Ele ri baixinho.

“Jerry, dê para essa garota outra dose do que ela estiver bebendo e coloque na minha conta.”

“Não precisa. Eu posso pagar.” Alcanço minha bolsa, mas ele me impede, colocando a mão sobre a minha. Sinto um formigamento da pele dele para a minha, e meus lábios se entreabrem.

“Eu insisto, gata.”

Eu me afasto, me sentindo irritada em vez de nervosa. Por que ele continua me chamando de gata?

“Eu tenho um nome, sabia? É Tory.”

“Eu sei. Ouvi da primeira vez.” Ele ri baixinho de novo.

“Fico feliz em te fazer rir”, digo, irritada.

Ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. “Pode acreditar, gata, não é diversão que estou sentindo agora.”

Meu coração bate tão alto que acho que o bar inteiro pode ouvir. Talvez eu realmente acabar na cama de um desconhecido. Pela terceira vez naquela noite, eu viro meu copo de uma vez. Então, pela primeira vez em mais de um mês, eu sorrio e pisco os olhos.

“Então por que você não me mostra o que está sentindo?”

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