FML: Nas Profundezas da Sedução - Capa do livro

FML: Nas Profundezas da Sedução

F.R. Black

Capítulo 4

Quando volto a mim, sinto que desta vez estou pronto.

Eu expiro com os olhos apertados enquanto observo o mar, com as minhas pernas apoiadas no convés superior de um enorme navio pirata— o meu navio pirata— ~sentindo o balanço das ondas altas enquanto elas se chocam contra a madeira.

Eu respiro fundo.

Que emocionante.

"Tiozão! O Encantadinho arrasou! Você é o capitão desse navio!"

Meu olhar continua a analisar os arredores, faço uma cara séria, tentando conter a minha excitação. O Encantado me colocou aqui por um motivo, e eu não vou decepcioná-lo.

O navio é enorme, com velas altas e rasgadas que mancham o céu noturno como se fossem espíritos negros batendo violentamente ao vento.

Uma névoa verde e brilhante envolve esse barco gigante, quase como se estivesse possuído.

"Nós temos o poder do Coração do Dragão protegendo o navio," Dolly sussurra ao meu lado, segurando o meu braço.

"A lenda diz que os Piratas da Baía de Boaba são amaldiçoados por todas as almas que eles vendem para o submundo. Mas, na verdade, é o poder do Coração do Dragão que corre na sua linhagem que te faz ser tão forte.

Você e os outros homens e mulheres dessa linhagem alimentam toda essa energia. No fim, isso torna o seu navio mais rápido e mais forte, e os seus homens mais preparados."

Eu lentamente olho para a Dolly com um sorriso, vendo a emoção em seus olhos arregalados. "Obrigado por informar."

Eu mentiria se dissesse que não estou sentindo essa energia intensa passando pelo meu corpo, como se fosse um poder à espreita, nas sombras da minha mente.

É uma sensação difícil de descrever, como se eu não estivesse sozinho no meu corpo. Como se alguma coisa estivesse ali - um lado diferente de mim.

"Capitão, avistamos um vivo! Veleje, HO!"

Ouço homens gritarem, puxando as velas violentamente para virar o navio para a direita. Eu arrumo o meu corpo ao ver todos os meus homens, e surpreendentemente sei a maioria de seus nomes e cargos, como se essas informações tivessem sido inseridas no meu cérebro.

"Que loucura," eu bufo, sorrindo e sentindo a adrenalina aumentar.

"Veleje, Ho!" ouço de novo.

Eu imediatamente sei o que isso significa, temos um navio à vista.

Olho para o convés inferior e vejo um homem alto correndo na minha direção com um cara baixinho atrás dele, e meus olhos se arregalam.

"Claus?" Eu sussurro, apertando o meu olhar para ver melhor.

"Olha! É o tiozão número dois!" Dolly diz, batendo palmas. "O agente dele é o Ash - eu gosto dele!" Ela olha para mim, fazendo um beicinho.

"Ano passado, fui suspensa porque eu," ela faz uma careta, "droguei ele, tirei as roupas dele e o amarrei na cama. A equipe de segurança levou ele embora antes que pudéssemos nos divertir - que idiotas."

Eu franzo a testa para ela, prestando pouca atenção. "Você fez o quê?"

"BlackHeart!" Eu olho para cima e vejo o Claus sorrindo para mim, chegando mais perto, com uma longa espada pendurada no quadril. "Eu estava querendo saber onde você tava! O que aconteceu?"

Ele caminha até mim, com seu traje de pirata preto e vermelho. Ele está pelo menos 10 centímetros mais alto do que eu.

"Olha pra você! Cacete! Todo pirata durão, hein?" Ele ri, com os olhos brilhando de entusiasmo, e estende os braços.

"Que loucura! Nós somos piratas de verdade, cara! Puta merda! Precisamos beber um pouco de rum pra entrar no clima bichoooooo!" ele diz com um sotaque estranho, aparentemente amando a situação.

Eu não o culpo. É realmente bem emocionante.

Eu observo o seu agente, e ele parece um pirata baixinho, todo de preto - não é ameaçador, mas também não parece ser um covarde.

Eu olho para a Dolly e vejo que ela está dando a ele o que eu descreveria como um olhar sexual e arrepiante~. O Ash fica pálido, sem fazer contato visual com ela, quase se escondendo atrás do Claus.

Posso dizer que o Claus está curioso sobre o medo repentino que seu agente demonstrou e ele olha para a Dolly, estudando-a. "Droga, mano. Essa é a sua agente?"

Eu suspiro, lutando contra um sorriso. "Pois é."

Claus franze a testa, olhando para nós. "Que... legal. Tipo, tenho certeza de que ela é boa no que faz", diz ele, como se estivesse tentando me tranquilizar.

A Dolly dá uma risada maluca, o que só a faz parecer com a Noiva do Chucky. "Claro que sim, tiozão gostosão~."

Claus empalidece, boquiaberto com o tom sensual dela. Eu belisco a ponta do meu nariz e escondo um sorriso. A Dolly é maluca.

De repente, ouvimos um alto estrondo, e olhamos para a terra ao longe, vendo altos penhascos na noite escura.

Uma parte da montanha se desprende ao ser atingida por alguma coisa poderosa, algum tipo de explosivo. Eu fico olhando quando, de repente, a ficha cai.

"Dolly! Essa é a mesma montanha em que nós caímos?"

Parece familiar.

Eu lembro perfeitamente da sensação de cair do abismo.

A Dolly está digitando. "Oh! Sim, é isso mesmo."

"Você caiu daquela montanha?" Ouço o Claus ao meu lado.

"Fomos informados que houve um problema na extração de vocês e que o Encantado cometeu um erro!" ele grita tentando manter a voz mais alta que as explosões.

O Encantado não cometeu um erro, porra.

Eu o ignoro enquanto o meu coração bate forte com as vibrações profundas da explosão. "Quem tá atacando, caralho?!"

"Capitão, o navio da marinha tá avisando pra recuar!" Um homem de aparência rude corre até nós, todo grande e musculoso. "Ordens, Capitão?"

O Claus aponta, e os meus olhos seguem. "Olha. O exército de Bridgedell tá na costa. É por isso que eu estava tentando te encontrar, pra dizer que eles estão nos alertando pra recuar.

Eu avistei um enorme navio atirando na encosta da montanha."

"Por que eles estão atirando na nossa ilha?! Essa é a Baía de Boaba! Eles estão em guerra conosco? Espera aí..." Eu paro, pensando. "Aquele não é o navio do Felix? Ele é o capitão naval, certo?"

Por que diabos ele está atacando a nossa terra?

Tantas perguntas passam pela minha cabeça e eu lembro do aviso do Encantado.

O agente do Claus fala, com a mão se movendo no ar. "Eles não estão em guerra com a gente. Eles estão caçando sereias.

E eles capturaram uma das mais importantes, é tipo uma princesa ou membro da realeza – as informações que estão chegando pra mim não são muito específicas.

Eles estão tentando demolir um sistema de túneis subterrâneos na lateral do penhasco, pra que as sereias não consigam escapar."

Eu olho para ele, respirando com dificuldade. "Eles pegaram a porra de uma sereia?"

Ash assente. "E ela é bem importante. Infelizmente, os humanos raramente veem as sereias, e por isso alguns acreditam que elas são apenas mitos."

Minha mente está cambaleando. "Então, eles pegaram uma sereia? Por que isso é importante?"

"Cara, as sereias já têm duas peças do medalhão – pelo menos esse é o boato", responde Claus, olhando para o navio distante.

"Não se preocupa. Estamos todos no mesmo time que o Felix, talvez ele consiga fazer a sereia nos dizer onde estão as outras peças ou quem é a traidora."

Isso mesmo. As sereias são os bandidos - precisamos encontrar a traidora.

"Merda," murmuro, lembrando o que o Encantado disse sobre um dos nossos jogadores que trabalha para o Conselho e que essa pessoa poderia criar o verdadeiro caos se possuísse duas peças do medalhão.

Vincent do caralho - eu nem conheço aquele idiota, mas eu já quero colocar uma bala na cabeça dele.

"Precisamos pegar essa sereia."

Todos olham para mim, confusos. "Eu não confio no Felix, e o Encantado também não confia!" Eu grito sobre outra explosão, com o meu corpo tenso, enquanto observo mais uma parte do penhasco cair no oceano.

"Ele acha que um dos agentes tá aqui pra sabotar a missão e aquele tal de Felix parece ser desses."

Ash franze a testa para mim, com os olhos arregalados. "Ele te disse isso?!" Ele olha para o Claus. "O Encantado nunca erra."

"Com certeza." Eu olho para a Dolly com um sorriso e viro o meu pescoço para o lado. "Ei, boneca, você quer brincar de explodir?"

Ela grita, fazendo com que muitos homens olhem na nossa direção. "Siiim," ela pula como se eu tivesse acabado de contar a ela a melhor notícia do mundo.

"Qual a ordem?!" meu primeiro subordinado pergunta.

Quase me esqueci, e ando até ele, parado na beirada do convés com vista para os níveis inferiores dessa plataforma impressionante.

Os meus piratas são todos rudes e musculosos, vestindo roupas pretas e vermelhas e estão equipados com armas.

Eu limpo a minha garganta, vendo todos os olhos de repente em mim.

"Tudo bem, seus bandidos!" Eu franzo a testa quando as palavras saem da minha boca sem pensar. Eu rapidamente olho para a sobrancelha levantada do Claus e continuo, ignorando-o.

"Subam a âncora! Vamos até os navios de guerra! Temos uma sereia pra capturar!"

Os homens franzem a testa para mim e, relutantemente, correm para cumprir as minhas ordens, sem querer questionar a minha loucura. "Carreguem as armas de perseguição!" Eu ordeno em um tom áspero, sentindo uma onda de excitação.

"Capitão, estamos em guerra?" Um dos meus piratas parece hesitante. "Não nos metemos nessas disputas há anos."

Olho para o homem à minha esquerda e estranhamente sei que seu nome é Wolf e que eu posso confiar nele. Que estranho.

"Eu quero a sereia, e nós vamos capturá-la – agora. Esses medalhões pertencem a nós, não aos Bridgedell."

Ele pensa um pouco e então acena com a cabeça, e eu vejo um sorriso lento se espalhando pelos seus lábios barbudos. "Sim, capitão."

"Preparem-se pra batalha! Eu quero aquela sereia!" Eu grito e pego a minha espada, olhando para a Dolly. "Nós só temos espadas?!"

Eu olho para cima e vejo o Claus dando ordens aos homens, preparando o navio para atacar a marinha. Eu olho para ela e vejo os seus olhos brilhando.

"Não, é muito melhor. VOCÊS TEM CANHÕES DE OMBRO!" Ela grita, com os olhos brilhando com um propósito sombrio.

"Prepara um," eu ordeno, e rio quando ela grita de alegria.

Eu tenho que girar, me sentindo como um idiota. Mas puta merda, a Dolly me encomendou um canhão de ombro do arsenal da Fada Madrinha LTDA, dizendo que ela mesma o escolheu.

Então, quando paro de girar, vejo que estou segurando uma arma enorme, parecida com uma bazuca.

Ele está apoiada no meu ombro e, se não fosse pelo meu sangue de dragão, seria impossível segurar isso e continuar vivo.

Na verdade, ainda pode ser perigoso, mesmo com a minha nova força.

"Dolly, posso usar isso sem gastar um salva-vidas?" Eu realmente não quero acabar voltando pra sede da Fada Madrinha LTDA - de novo.

"Sim, você aguenta!" Ela começa a bater palmas e acrescenta: "Quaaaase ~", com um sorriso torto.

Seja como for, vai ter que dar certo.

"Dolly. Vamos botar pra foder," eu digo, e me inclino para agarrar uma corda pendurada, segurando-a com força enquanto salto sobre a borda do navio com a arma pesada pra caralho no meu ombro.

Mesmo assim, consigo pousar no convés inferior graciosamente, surpreso que a madeira não se partiu com o peso. Eu não consigo tirar o sorriso do meu rosto ao perceber as minhas habilidades.

Que incrível.

Eu gostaria de poder ver a expressão no rosto do Felix quando essa belezinha atirar em seu lindo barco, com a minha sereia a reboque.

"Puta merda, mano." Eu ouço o Claus atrás de mim enquanto eu me ergo na borda para atingir uma altura de tiro ideal, apoiando o meu peso para aguentar levantar esta arma. "Onde você conseguiu isso?!"

"A Fada Madrinha me deu", eu digo, e pisco para ele, "Ela é ótima." Então, eu me volto para os meus homens.

"Me coloquem numa posição melhor! Essa sereia é nossa!" Eu ordeno, vendo os olhares de choque para o meu mini-canhão. Tenho certeza que eles estão se perguntando onde eu consegui essa belezura.

Eu olho para trás e vejo a minha tripulação olhando boquiaberta para a Dolly em estado de choque, quando ela pousa no convés ao meu lado, com a sua grande arma na mão, girando-a habilmente.

"Quem é essa maluca?" Um homem grita e, depois, ouço murmúrios.

"Sai fora! Ela parece uma bruxa!"

Ela parece, mesmo. Não tem como negar.

Eu suspiro, sentindo o peso da arma no meu ombro dolorosamente, me perguntando como eu vou aguentar.

Eles provavelmente estão questionando como uma mulher entrou no navio - ou por que eu faria uma coisa tão maluca. Não quero que eles pensem que ela é a minha ~mulher. NÃO quero nada com a noiva do boneco assassino.

Eu relaxo um pouco, olhando de homem para homem. "Ela é..." Faço uma pausa, tentando pensar rápido. "A minha irmã", proclamo, e vejo expressões confusas e chocadas.

"Ela foi adotada é verdade, ~ela foi adotada! Ela é valiosa pra nós e pode lutar melhor do que alguns homens que eu conheço! Acostumem-se com ela!" Acrescento rapidamente e ignoro a expressão divertida do Claus enquanto ele cobre um sorriso.

Eu vejo os olhos de todos se arregalarem quando eles olham para a Dolly enquanto ela acena, parecendo uma pervertida assustadora.

"Que se foda", eu sussurro em frustração, olhando para a Dolly, sem saber o que fazer.

"Dolly", eu sussurro, desesperadamente. Ela olha para os meus homens como se quisesse fazer coisas ruins com eles, e o pior é que eu sei que ela quer, mesmo.

"Dolly," eu assobio um pouco mais alto. Então, finalmente, ela olha para mim, caminhando como se estivesse saindo de seu transe de luxúria.

"Desculpa, tiozão", ela suspira. "Tantos homens – tantos músculos."

"Se controla," eu digo baixinho, sentindo todos os olhos em nós.

"Qual é o seu nome aqui? Como eu te chamo!?" Eu sussurro, acenando para os meus homens como se essa fosse uma interação normal, e como se a minha irmã adotiva ~não fosse uma psicopata com tesão.

"Tetuda gostosa", diz ela, à queima-roupa, com uma expressão neutra.

Minha mandíbula se aperta, e eu falo ainda mais baixo. "Eu não vou te chamar assim." Ela parece magoada, como se eu tivesse acabado de dar um tapa na cara dela.

Eu gemo, ah, pronto.~

Consigo segurar melhor o meu canhão apoiado no meu ombro. "Uh – o nome dela é – Jujuba. Jujuba Letal," eu rapidamente acrescento, e dou a ela um olhar duro para que ela não faça beicinho, ou eu vou estrangulá-la.

Não, ela até que gostaria de ser estrangulada. Vou trancá-la num quarto com uma maldita freira.

"Fiquem longe dela se vocês gostam das suas bolas - estão avisados!" Ouço muitos murmúrios surgindo e volto ao assunto. "Me coloquem em posição! Vamos! Agora, vermes!

Vermes? Gostei.

É como se esse vocabulário simplesmente saísse da minha boca sem o meu consentimento.

Os homens se separam, movendo o navio como eu ordenei, e então me alinho perfeitamente com o navio da marinha.

Nosso navio escuro geme como se ele possuísse uma alma, enquanto a névoa verde flutua ao redor dos meus pés, me lembrando que ele está vivo.~

O navio corta as águas negras indo direto para o navio de guerra em um ritmo alarmante.

"Eles dizem que é a alma dos dragões antigos," Dolly sussurra ao meu lado. "Essa névoa verde."

Interessante.~ Eu engatilho a enorme arma com um grunhido alto, travando-a, sabendo exatamente o que fazer com essa besta. "Fogo!"

Que divertido dizer isso.

Eu puxo o gatilho e a minha mira é perfeita.

O BOOM! ~é ensurdecedor, rompendo o ar da noite com o seu estrondo de trovão. Eu sinto uma onda de choque bater no meu corpo, tirando o ar dos meus pulmões quando sou jogado para trás.

Estou no chão e percebo que estou rindo e tossindo em meio à fumaça. "Dolly! Você é louca pra caralho!"

"OHHH! Que incrível, tiozão!" Eu a ouço através da fumaça, e suas mãos me puxam para cima. "Você atingiu a lateral do navio! Mira perfeita!"

Eu ouço gritos e caos ao meu redor enquanto tusso mais. Eu puxo o meu grande corpo para cima e me preparo para atirar novamente.

O Felix não vai saber o que diabos fazer com os Piratas da maldita Baía de Boaba.

"FOGO!" Eu grito e ouço mais canhões disparando.

1, 2, 3.

BUM. ESTRONDO. BUM.

Minha orelha direita está zumbindo, mas não me importo porque eu nunca me diverti tanto em toda a minha vida.

Eu me sinto vivo.

"BlackHeart!" Eu ouço o Claus gritar através do zumbido nos meus ouvidos. "Nós afundamos o navio deles! Tá naufragando!"

Eu rio com uma alegria maligna enquanto corro para a borda do navio para espiar o navio afundando à distância, vendo as chamas altas. "Encantado," eu grito, "espero que seja isso que você queria!"

"A sereia tá naquele navio", o Claus me lembra, em pânico.

"É mesmo."

Pensa.

Eu preciso dela.

Sem pensar demais, subo na beirada do navio e mergulho nas monstruosas águas escuras. Sou um nadador habilidoso e, assim que o meu corpo mergulha nas águas negras e frias, nado com toda a força.

Se ela não vem até mim, eu vou até ela.

"Tiozãããão! Eu posso falar com você mentalmente! Você acabou de passar dos limites! Você caiu?"

Eu volto para a superfície, ouvindo a Dolly perfeitamente. "Que estranho," eu digo, e começo a nadar. Quando a minha cabeça volta à superfície novamente, pergunto: "Você pode me ouvir!?"

"Sim! Muito bem!"

Eu afundo por alguns segundos, depois volto, nadando com braçadas poderosas. "Cadê a sereia? Não, eu não caí!"

Posso sentir a corrente das águas me puxando quando vejo botes salva-vidas perto da enorme plataforma e homens gritando. Aposto que o Felix está em um desses botes, chocado por eu atirar neles. Espero que esse idiota tenha usado um salva-vidas também.

"Estou fazendo uma pesquisa rápida!"

"Ela tá no navio?" Xingo quando vejo a plataforma em chamas afundar no mar, nadando mais rápido em sua direção.

"Para!"

Eu volto para a superfície novamente. "Parar?!" Eu gaguejo.

"Ela tá bem embaixo de você! Quem diria!"

Eu tento olhar para baixo. "Debaixo de mim?" Eu respiro fundo. "Eu não consigo ver. Caramba!" Eu olho para trás, mirando no meu navio.

Não posso perder a sereia.

Está de noite e a água está escura como breu.

"Tenta nadar direto para baixo! Eles a amarraram, mas pelo que estou vendo, ela se soltou, mas agora tá meio presa em alguma coisa. É melhor você se apressar antes que ela se liberte!"

"Merda," eu digo, respiro fundo e mergulho.

Para baixo e reto.

Eu uso golpes poderosos nos pés enquanto o meu corpo mergulha mais fundo no oceano negro, direto para baixo, e meus braços tocam ao redor, procurando por qualquer coisa.

A essa altura, nem tenho certeza se estou nadando mesmo para baixo.

Eu tateio ao redor e não sinto nada.

Meu ar está acabando.

Solto um grito frustrado debaixo d'água, sentindo as bolhas de ar zunirem em volta do meu rosto.

Estou prestes a subir quando sinto alguma coisa tocar no meu pé, algo macio. Meu corpo reage e eu me abaixo e agarro.

Minha mão se agarra a alguma coisa, e eu a sinto estremecer como se fosse escapar do meu alcance. Uma emoção dispara através de mim enquanto eu seguro firme o que eu estou supondo que seja cabelo.

Cabelo.

E eu preciso de ar.

Agora.

Eu sei que peguei a sereia.

Do nada, percebo que agora ela está pressionada contra o meu corpo, presa firmemente a mim pela minha força. Esta criatura não é párea para mim, ao que parece.

A estranheza disso me encanta. Só preciso subir à superfície e colocar esse peixe no meu barco o mais rápido possível. Eu não quero saber do exército do Bridgedell se recuperando para nos atacar.

"Tiozão! Você pegou a sereia?"

Eu finalmente chego à superfície. "Peguei ela!" Eu suspiro. "Diz pro Claus me jogar uma corda!"

E nesse momento eu vejo a criatura do mar pressionada contra o meu peito. Eu suspiro enquanto os meus olhos dizem ao meu cérebro o que eu estou vendo.

Ela - a sereia - parou de tentar lutar contra mim, sabendo que as suas tentativas eram em vão.

Eu encaro os olhos da mulher.

Essa coisa é hipnótica.

Ela parece a porra de uma mulher, com deslumbrantes olhos amarelos brilhantes e características espetaculares que fazem a minha mente falhar em confusão e choque.

Quando toco a delicada parte superior do corpo dela, sinto que parece pele — não é pegajosa como eu esperava, mas macia como cetim.

"Me solta," ela sussurra com uma voz sedutora – eu sinto a sereia do mar dominando todo o meu corpo.

Merda.

Droga.

Eu me recupero, tentando me concentrar. "Desculpa, gata," murmuro de volta para ela, lutando para ficar na superfície, segurando o seu torso nu ~firmemente. "Nós acabamos de nos conhecer."

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